183 mil jovens catarinenses entre 12 a 19 não completaram o esquema primário de vacinação contra a covid-19
Lauro Mattei[*]
A vacinação da população catarinense contra a Covid-19 continua apresentando graves problemas quando ela é analisada a partir das diferentes faixas etárias da população, conforme é mostrado no Quadro 1, que considere a população adolescente entre 12 e 19 anos de idade.
Considerando-se a faixa etária entre 18 e 19 anos, inicialmente observa-se que a população estimada pelas autoridades de saúde foi inferior aos indivíduos que efetivamente se vacinaram com a primeira dose, indicando que havia mais pessoas nessa faixa etária do que a previsão governamental. Neste caso, nota-se que 195 mil pessoas foram vacinadas com a primeira dose contra a Covid-19. Já quando se considera a aplicação da segunda dose, verifica-se que 24.950 pessoas deixaram de comparecer à vacinação. Isso significa que o esquema primário desta faixa etária apresentou um déficit de 13%, percentual de pessoas desta faixa etária que efetivamente não estão mais protegidas contra a doença.
Quadro 1: Evolução da vacinação dos adolescentes catarinenses de 12 e 19 anos de idade
Fonte: Vacinômetro da SES-SC. Dados atualizados em 10.07.22. Elaboração: NECAT
*Déficit diz respeito a não complementação do esquema primário (1ª e 2ª Doses, Dose Única)
**Déficit em função da população estimada.
Já na faixa de 12 a 17 anos, com uma população estimada de 549 mil pessoas, verifica-se que 507 mil receberam a primeira dose, o que resultou num déficit de mais de 42 mil pessoas. Na vacinação da segunda dose desse público o não comparecimento foi ainda maior, resultando num déficit de mais de 116 mil pessoas. Ao final, nota-se que mais de 159 mil pessoas não completaram o esquema primário de vacinação, número que deriva da diferença entre a população estimada e aqueles que efetivamente completaram o primeiro ciclo da vacinação.
Quando são somados os déficits das duas faixas etárias, chega-se ao total de 183.612 pessoas que não estão devidamente imunizados. Diante de um número tão elevado de pessoas circulando sem a devida proteção, as chances do vírus continuar circulando de maneira expressiva se ampliaram bastante, como foi oficialmente registrado nos dois últimos meses.
Por isso, insistimos na importância da população catarinense manter sua vacinação em dia, de acordo com o programa estadual de vacinação contra a doença. Esse cenário de relaxamento da vacinação, por parte da população, está propiciando que novas mutações do vírus continuem aparecendo recorrentemente, de tal forma que o fim da pandemia permanece cada vez mais incerto e distante.
[*] Professor Titular do Departamento de Economia e Relações Internacionais e do Programa de Pós-Graduação em Administração, ambos da UFSC. Coordenador Geral do NECAT-UFSC e Pesquisador do OPPA/CPDA/UFRRJ. Email: l.mattei@ufsc.br Artigo escrito em 11.07.2022