Em julho Santa Catarina registrou o menor saldo de vagas formais de trabalho no ano de 2022

27/09/2022 10:48

Andrey de Paula e Silva*

Dando sequência às análises mensais sobre a evolução do mercado formal de trabalho no Brasil e em Santa Catarina, analisam-se informações relativas ao mês de julho de 2022, de acordo com os resultados do Novo CAGED divulgados recentemente. Para isso, são considerados os saldos mensais e as variações relativas do emprego formal por grupamento de atividades econômicas, gênero, escolaridade, faixas de remuneração e mesorregiões catarinenses, além do desempenho do indicador nas maiores cidades do estado.

De acordo com a Tabela 1, no mês de julho o Brasil apresentou saldo positivo de 218 mil vínculos formais de trabalho, obtendo uma expansão dos estoques de 0,5% no mês, comportamento ligeiramente inferior ao verificado no mês anterior. Já Santa Catarina apresentou saldo de 4,5 mil vínculos formais, o menor saldo registrado no ano de 2022. Com isso, pela primeira vez em 2022, o estado catarinense ficou fora do ranking dos estados que mais criaram postos formais de trabalho no país, amargando a 13ª posição no ranking nacional. Isso ocorreu, em grande medida, porque o estado apresentou crescimento dos estoques de empregos formais de apenas 0,2%.

Tabela 1 – Evolução mensal de estoque, admissões, desligamentos, saldo e variação percentual (Brasil e Santa Catarina, julho de 2021 a julho de 2022)

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Fonte: Novo CAGED (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

No acumulado dos últimos 12 meses1 foram abertas 2,55 milhões de vagas de trabalho formal no Brasil e 123 mil em Santa Catarina, um crescimento de 6,4% e 5,5%, respectivamente. Com isso, em ambos os casos, observa-se uma contínua diminuição das taxas anuais de crescimento devido à desaceleração da criação de empregos formais ao longo dos últimos meses de 2022.

Evolução do emprego formal no Brasil

Os dados de junho contidos na Tabela 2 constatam que novamente o setor de serviços apresentou o maior saldo no mês, com 82 mil vagas. Com isso, esse setor acabou sendo responsável por aproximadamente 40% do saldo mensal. Os subsetores que mais contribuíram para esse desempenho positivo foram: atividades administrativas e serviços complementares (20 mil); transporte, armazenagem e correio (13,4 mil); alojamento e alimentação (12,4 mil). O resultado foi que o setor de serviços apresentou uma expansão das vagas formais da ordem de 7,6% em um ano, ficando acima da média nacional de crescimento (6,4%), juntamente com a Construção (10,9%), o maior percentual de expansão dentre todos os setores considerados.

Tabela 2 – Saldo por grupamento de atividade econômica (Brasil, julho de 2022)

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Fonte: Novo CAGED (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

Com o segundo maior saldo dentre os grupamentos de atividades aparece a indústria, com saldo de 50,5 mil novas vagas, o que representa uma expansão da ordem de 0,6% no mês. No acumulado de 12 meses, o setor industrial apresenta uma taxa de crescimento de 4,5%, a segunda menor dentre os grupamentos2. Mais de 90% dos postos formais de trabalho criados pela indústria estão concentrados no grupo da indústria de transformação (46 mil). A fabricação de produtos alimentícios (10,7 mil); preparação de produtos de couro e artigos para viagem e calçados (7,5 mil) e a fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (3,7 mil), foram os subsetores da indústria de transformação que mais geraram novos postos formais de trabalhos no referido mês.

Na sequência vem o comércio, com 38,5 mil novas vagas no país, o que representou uma alta de 0,4% no mês. O varejo respondeu por aproximadamente 60% deste saldo com 23,6 mil vagas, as quais se concentraram no comércio de produtos não especializados ou não identificados (5,7 mil); produtos farmacêuticos e perfumaria (4,3 mil) e alimentos e bebidas (4,3 mil). Com isso, no acumulado anual o setor teve um crescimento de 5%.

A construção apresentou valores próximos aos do comércio com 32 mil novas vagas formais de trabalho criadas em julho/22, representando o maior crescimento no mês, ou seja, uma alta de 1,3%. Esse saldo mensal estava distribuído dentre o conjunto de atividades do setor, porém com forte influência do subsetor de construção de edifícios (12,2 mil). Quando se analisa o acumulado de um ano, nota-se que o setor permanece sendo aquele com maior destaque, correspondendo a uma de aproximadamente 11%.

Por fim, a agropecuária vem logo atrás, tendo aberto 15,8 mil vagas em julho/22, o que para esse setor significa uma expansão de 0,9% no mês. Esse saldo foi puxado, principalmente, pelos cultivos de soja (2,1 mil); alho (1,7 mil), os quais compensaram os desligamentos que ocorreram especificamente na produção de sementes certificadas (-2 mil).

A Tabela 3 apresenta o saldo dos vínculos formais de trabalho por sexo no Brasil. Houve maior participação da força de trabalho masculina no mês de julho, sendo o saldo dos homens de 137,2 mil, enquanto o resultado das mulheres foi de apenas 81,6 mil, praticamente 50 mil vagas a menos do total criado no mês de julho/21. A justificativa para uma maior predominância masculina é o baixo nível de admissões das mulheres dentro dos setores da construção e do agropecuário. No agregado dos últimos 12 meses a participação masculina apresentou um saldo superior de 52,8 mil vagas em relação à participação feminina. Todavia, analisando-se o crescimento da participação de cada sexo na força de trabalho formal total, nota-se que as mulheres apresentaram crescimento de 1,2%, patamar superior à participação dos homens no mesmo período.

Tabela 3 – Saldo por sexo (Brasil, julho de 2022)

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Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

A Tabela 4 apresenta a distribuição do saldo de empregos formais no mês de julho segundo o nível de escolaridade. Inicialmente, observa-se que os trabalhadores que possuíam ensino médio completo responderam por 76% de todas as vagas formais criadas no mês em apreço, percentual que em termos absolutos correspondia a 165,4 mil novas vagas, mesmo que a variação anual tenha atingido 7,9%. Já os trabalhadores com ensino médio incompleto responderam por 8,5%, o que correspondia a 19 mil vagas. Assim, nota-se que aproximadamente 85% das vagas formais de trabalho criadas em julho/22 estava localizada no ensino médio. Das vagas ocupadas por pessoas com ensino médio completo, 70 mil delas estavam concentradas no setor de serviços e 36,7 mil no comércio. Já as vagas dos trabalhadores com ensino médio incompleto estavam concentradas predominantemente nos setores da indústria (6,2 mil) e de serviços (6 mil).

Tabela 4 – Saldo por nível de escolaridade ajustado (Brasil, julho de 2022)

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Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

Além disso, é importante registrar que o ensino fundamental (completo e incompleto) ainda correspondia a 12% do total das vagas formais criadas, o que correspondia a mais de 25 mil trabalhadores. Isso indica que alguns setores do mercado de trabalho formal de Santa Catarina ainda preferem contratar trabalhadores com baixa escolaridade. E isso se verifica de forma mais explicita quando se analisa a participação das vagas de trabalhadores com nível superior, destacando-se que a contratação de pessoas com ensino superior completo foi inferior às contratações de trabalhadores analfabetos.

A Tabela 5 apresenta a distribuição do emprego formal por faixa de remuneração. Em primeiro lugar, observa-se que a grande maioria dos postos formais de trabalho está localizada na faixa de remuneração que varia entre 1 e 2 salários mínimos, ou seja, 81% das novas vagas criadas no mês de julho/22 se localizaram nesta faixa de rendimento, representando um saldo de 195 mil vagas. Já a faixa de remuneração de 0,5 a 1 salário mínimo gerou 16 mil novas vagas formais de trabalho no mesmo período, representando 13% do total de vagas do mês. Finalmente, a faixa de até 1/2 salário mínimo respondeu por 3,6% do total de vagas em julho/22.

Tabela 5 – Saldo por faixa de remuneração (Brasil, julho de 2022)

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Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

Nota: Faixas de remuneração em salários mínimos de 2022 (R$ 1.212)

Desta forma, verifica-se que 97% dos postos formais de trabalho criados no mês em apreço são de remuneração inferior a dois salários mínimos. Tal cenário indica que está em curso uma precarização das relações formais de trabalho, a qual afeta mais fortemente as faixas com as menores remunerações, uma vez que são as primeiras a perder o poder de compra, ao mesmo tempo em que o nível de endividamento das mesmas aumenta.

Evolução do emprego formal em Santa Catarina

A Tabela 6 apresenta a evolução do emprego formal em Santa Catarina no mês de julho/22, segundo os grupos de atividades econômicas. Inicialmente, verifica-se que no mês em apreço foram gerados 4,5 mil novos postos formais de trabalho no estado, mas diferentemente do que vimos no âmbito nacional, não foi o setor de serviços quem protagonizou a criação de emprego no estado, mas sim a construção com 1,4 mil novas vagas de trabalho criadas, ou seja, esse setor respondeu 32% do total de vagas do mês. Dentre as atividades da construção, o subsetor de construção de edifícios foi quem mais se destacou com 531 dessas vagas. No acumulado de 12 meses, o setor da construção apresentou a maior taxa de crescimento, com variação de 13%.

Tabela 6 – Saldo por grupamento de atividade econômica (Santa Catarina, julho de 2022

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Fonte: Novo CAGED (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

Já o setor de serviços, de maneira muito similar à construção, criou 1,4 mil novos vínculos formais de trabalho em julho/22. Com isso, nota-se que esses dois setores (construção e serviços) foram responsáveis por 64% das vagas formais criadas no mês em apreço. Ainda com relação aos serviços, destaca-se que o elevado índice de desligamentos nos subsetores da educação e da administração pública, que normalmente são os subsetores que puxam o desempenho dos serviços, foram os responsáveis pelo baixo saldo. Mesmo assim, no acumulado do ano o setor teve o segundo maior percentual (7,7%) no conjunto dos grupamentos de atividades econômicas.

O comércio registrou o terceiro maior saldo dentre os setores em Santa Catarina, com 956 novas vagas, o que correspondia a 21% do total mensal. Em termos de subsetores, observa-se que o comércio varejista concentrou a maior parte do saldo, com 637 vagas. Com isso, o setor teve um crescimento acumulado de 12 meses da ordem de 5,2%.

Já o setor industrial apresentou alta de somente 738 vagas formais de trabalho em julho/22, o que representou 16% das vagas criadas no mês. Esse baixo crescimento das vagas formais do setor industrial se explicita no crescimento acumulado no ano de apenas 2,5%. A fabricação de produtos alimentícios e de artigos do vestuário e acessórios foram as atividades que mais se destacaram no mês, sendo que o saldo negativo ficou por conta do subsetor de fabricação de produtos de madeira, com redução de 436 vagas.

Finalmente, a agropecuária foi o setor que apresentou retração de 33 vagas formais no mês. Com isso, a variação acumulada do ano foi de apenas 1,3%. Em julho/22, os únicos subsetores que tiveram saldo positivo foram os da pesca (93 vagas) e de lavouras permanentes (48 vagas), sendo que todos os demais subsetores da agropecuária apresentaram saldos negativos, em especial o cultivo de oleaginosas de lavoura temporária ( -111 vagas).

A Tabela 7 apresenta a evolução dos vínculos formais de trabalho no mês de julho/22, segundo o sexo dos trabalhadores. Neste caso, verifica-se que houve uma predominância da força de trabalho masculina no mês, com aproximadamente o dobro das vagas ocupadas pelas mulheres, ou seja, as vagas formais preenchidas no referido mês foram de 65%. Em termos de grupamento de atividades, observa-se que os homens lideraram as contratações no setor da construção e na agropecuária, enquanto as mulheres nos serviços e no comércio. Entretanto, quando se analisa o acumulado de um ano, nota-se que as mulheres apresentaram um saldo superior da ordem de 2,7 mil vagas, inclusive com uma variação superior de 1,1%.

Tabela 7 – Saldo por sexo (Santa Catarina, julho de 2022)

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Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

 A Tabela 8 apresenta o saldo do emprego formal catarinense no mês de julho/22, segundo o grau de escolaridade. Da mesma forma que o observado no país, as pessoas com ensino médio completo foram aquelas que mais conseguiram as vagas formais de emprego no estado. Já a faixa de ensino médio incompleto, com 883 vagas, respondeu por aproximadamente 20% do total mensal. Com isso, observa-se que nestas duas faixas de escolaridade estavam concentradas a totalidade das contratações de julho no estado catarinense, descontados os saldos negativos dos outros grupamentos.

Analisando o acumulado dos últimos 12 meses, nota-se que a faixa de ensino médio completo, representando 69% do saldo acumulado e tendo aberto 85 mil novas vagas no período, apresentou a segunda maior variação dentre todas as faixas de escolaridade (7,2%), enquanto a faixa do ensino médio incompleto teve a maior variação positiva nos últimos 12 meses, ou seja, da ordem de 8,4%.

Tabela 8 – Saldo por nível de escolaridade (Santa Catarina, julho de 2022)

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Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

A Tabela 9 apresenta a distribuição do emprego formal no mês de julho/22, segundo as faixas de remuneração. A faixa entre 1 e 2 salários mínimos, com 6,4 mil vínculos, acabou sendo maior que o saldo total do estado, devido aos desligamentos presentes nas faixas salariais superiores. O segundo maior saldo ocorreu na faixa de 0,5 a 1 salário mínimo, mas com somente 797  mil vagas. Somadas com as 51 vagas formadas nas faixas de renda até 0,5 SM, estas são as três únicas que encerram o mês em alta.

As faixas salariais superiores a 2 salários mínimos sofreram retração de 2,7 mil vagas em julho, aumentando ainda mais a concentração de vagas nas faixas de remuneração inferiores. Esse comportamento de Santa Catarina é consideravelmente mais expressivo que o verificado para o conjunto do país, indicando que a precarização das condições salariais pode estar sendo mais expressiva em Santa Catarina, especialmente neste mês de julho, comparativamente ao conjunto do país. E isso tem implicações diretas sobre a capacidade de reprodução das condições de vida dessas camadas de assalariados que recebem, no máximo, até dois salários mínimos mensais.

Tabela 9 – Saldo por faixa de remuneração (Santa Catarina, junho de 2022)

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Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

A Tabela 10 mostra a distribuição mesorregional dos empregos formais no mês de julho/22. Inicialmente destaca-se que a região do Vale do Itajaí registrou o maior saldo do mês e o maior saldo acumulado do ano, mediante a abertura de 1,1 mil e 39,5 mil vagas, respectivamente. Em julho, o saldo da região correspondeu a 24% da totalidade das vagas criadas no estado, sendo que o desempenho dessa região foi impulsionado pelo setor de serviços, especialmente pelas atividades de transporte, armazenagem e correio. Com isso, no acumulado anual a região cresceu 7,6%, a maior taxa dentre todas as regiões.

Em termos absolutos, a região da Grande Florianópolis foi a segunda com o maior número de postos formais de trabalho, ou seja, 946 empregos no último mês. Essas vagas foram criadas pelos setores de serviços e do comércio. Mesmo assim, a região apresentou a maior variação positiva dentre todas as regiões no acumulado de 12 meses, da ordem de 7,6%.

A região Norte manteve-se no ritmo de crescimento do estado, com alta mensal de 0,5% ao final do mês considerado, fruto de um saldo de 734 vagas formais de trabalho. Esse resultado foi muito influenciado pelo setor de serviços, com destaque para as atividades administrativas e serviços complementares. Porém, vale mencionar os desligamentos que ocorreram na indústria catarinense, apesar do setor ter encerrado o mês com saldo positivo. Por isso, a região aparece com o segundo menor acumulado dentre todas as mesorregiões (4,4%).

Na sequência, a região Sul apresentou um saldo positivo de 665 mil vínculos formais, com crescimento de 0,2%. O setor de serviços e comércio foram os principais responsáveis por esse aumento das vagas. No acumulado do ano, a mesorregião Sul catarinense teve 16,8 mil novas vagas formais e um crescimento de 6%.

Tabela 10 – Saldo por mesorregião (Santa Catarina, julho de 2022)

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Fonte: Novo CAGED (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

O Oeste Catarinense abriu 673 mil vagas no mês de julho/22, com uma variação de 0,2% em seu estoque de vagas formais de trabalho. Os serviços foram os protagonistas do saldo do oeste catarinense. Com isso, a região atingiu um saldo anual de 12,1 mil vínculos formais de trabalho e um aumento de 3,1% no ano, configurando a variação percentual mais baixa entre todas as mesorregiões.

Por fim, na região Serrana ocorreu a abertura de mais 432 novas vagas, o que correspondia a menos de 10% do total estadual. O fator responsável por essa baixa quantidade mensal de novas vagas pode estar relacionado ao fechamento de vagas em alguns subsetores devido à sazonalidade desse ramo de atividade econômica. Mesmo assim, o acumulado dos últimos 12 meses da região atingiu uma taxa de 4,9%, a terceira menor dentre todas as mesorregiões.

A Tabela 11 analisa os saldos das vagas formais nas 13 cidades de Santa Catarina que possuem mais de 100 mil habitantes, destacando-se que as mesmas foram responsáveis por 36% de todos os postos formais criados no estado durante o mês de julho/22. Isso indica que os novos empregos formais no estado não estão sendo gerados de forma tão concentrada nas grandes cidades como vinha ocorrendo. O município que teve a maior representatividade dentre os analisados foi a capital Florianópolis, com saldo de 578 vagas formais de trabalho, tornando-se responsável por 12,7% do saldo total do estado. Praticamente a totalidade das vagas formais criadas nessa cidade foi impulsionada pelo setor de serviços com ligeira participação do setor de comércio, além de pequenas oscilações negativas em alguns subsetores na indústria de transformação da região e na construção de edifícios.

Tabela 11 – Saldo das cidades com mais de 100 mil habitantes (Santa Catarina, julho de 2022)

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Fonte: Novo CAGED (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

O município de Itajaí, com a abertura de 363 vagas formais, passou a ser a segunda cidade com maior participação, representando 8% do saldo estadual. Neste caso, nota-se uma diversidade maior da atuação do setor industrial.

 Em contraste com os dois maiores saldos, verifica-se que os municípios de Blumenau, Lages e Jaraguá do Sul apresentaram saldos negativos que, quando somados, atingiram aproximadamente 566 postos de trabalho eliminados. Destaca-se que nessas cidades, os saldos negativos decorreram de diversos setores, exceto na construção.

Considerações Finais

O número de postos formais de trabalho criados no mês de julho/22 teve uma queda expressiva em relação aos meses imediatamente anteriores, inclusive em comparação com o conjunto do país. Em grande medida, esse resultado está associado ao baixo número de contratações no setor de serviços, o qual vinha sustentando os bons resultados apurados nos meses anteriores. Tal desempenho não foi ainda pior porque se registrou um bom ritmo de contratações no setor industrial.

Regionalmente, nota-se um ritmo mais lento das contratações em todas as regiões do estado, destacando-se o Vale do Itajaí com o maior volume de contratações formais. Já os municípios de Florianópolis, Itajaí e Joinville se destacaram, uma vez que juntos responderam por aproximadamente 30% do saldo estadual.

Além disso, notou-se uma tendência de concentração das novas vagas nas faixas de remuneração inferiores somado ao elevado índice de desligamentos de vagas de emprego nos setores onde há melhor remuneração. Esse comportamento de Santa Catarina é bem mais expressivo que o verificado para o conjunto do país, indicando que a precarização das condições salariais pode estar sendo mais expressiva em Santa Catarina, comparativamente ao conjunto do país. E isso tem implicações diretas sobre a capacidade de reprodução das condições de vida dessas camadas de assalariados que recebem, no máximo, até dois salários mínimos mensais.

Referências

Confederação Nacional do Comércio (CNC). Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor: julho/22. julho/22. 2022. Disponível em:https://portalbucket.azureedge.net/wpcontent/2022/08/052c2fb811e83994ca65268dc6e917ab.pdf. Acesso em: 23 set. 2022.

MINISTÉRIO DO TRABALHO (Brasil). Programa de Disseminação das Estatísticas do Trabalho (org.). NOVO CAGED. 2022. Disponível em: http://pdet.mte.gov.br/novo-caged. Acesso em: 02 jul. 2022.

 NSC TOTAL: SC fica de fora da lista de estados que mais criaram empregos pela 1ª vez em 2022. Santa Catarina, 29 ago. 2022. Disponível em: https://www.nsctotal.com.br/noticias/sc-fica-de-fora-da-lista-de-estados-que-mais-criaram-empregos-pela-1a-vez-em-2022. Acesso em: 05 set. 2022.


* Graduando em Ciências Econômicas na UFSC e bolsista do NECAT. E-mail: andreydps16@gmail.com.

1 A variação acumulada em 12 meses se refere ao crescimento do estoque de empregos formais entre agosto de 2021 e julho de 2022.

2 O setor industrial sofreu vigorosas desacelerações nos anos de 2020 e 2021, em decorrência dos impactos da pandemia sobre os níveis de demanda internos e externos e dos gargalos das cadeias de fornecimento de insumos. Em 2022, complementando esses fatores, a aceleração inflacionária, o ciclo de alta da taxa básica de juros e as tensões geopolíticas mundiais têm desestimulado a produção e condicionado o resultado pouco expressivo para o saldo dos empregos formais.