Mercado de trabalho formal em maio: Santa Catarina mantém fraco ritmo de crescimento

28/07/2022 14:38

Andrey de Paula e Silva[*]

Victor Hugo Azevedo Nass[**]

Dando sequência às análises mensais sobre a evolução do mercado formal de trabalho no Brasil e em Santa Catarina, no texto que segue analisam-se informações relativas ao mês de maio de 2022, de acordo com os resultados do Novo CAGED. Para isso, serão considerados os saldos mensais e as variações relativas do emprego formal por grupamento de atividade econômica, de gênero, de escolaridade, de faixa de remuneração, das mesorregiões catarinenses e do desempenho das maiores cidades do estado.

De acordo com a Tabela 1, em maio o Brasil apresentou saldo de 277 mil vínculos formais de trabalho, obtendo uma expansão dos estoques de 0,7% no mês. Santa Catarina apresentou saldo de 7,4 mil vínculos formais, com alta de 0,3% pelo terceiro mês consecutivo, onde somente no primeiro o nível não é inferior ao registrado nacionalmente.

Tabela 1 – Evolução mensal de estoque, admissões, desligamentos, saldo e variação percentual (Brasil e Santa Catarina, maio de 2021 a maio de 2022)

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Fonte: Novo CAGED (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

No acumulado dos últimos 12 meses[1] foram abertas 2,65 milhões de vagas de trabalho formal no Brasil, representando um crescimento de 6,8% dos estoques de empregos formais. Já em Santa Catarina, foram abertas 136,3 mil vagas no último ano, ocasionando uma taxa de crescimento de 6,2%, patamar levemente inferior ao do país.

Evolução do emprego formal no Brasil

Os dados contidos na Tabela 2, relativos ao mês de maio, revelam que o setor de serviços apresentou o maior saldo no mês, com 120,3 mil vagas. Com isso, esse setor acabou sendo responsável por 44% do saldo mensal. Os subsetores que mais contribuíram para esse desempenho positivo foram: atividades administrativas e serviços complementares (25 mil); administração pública (24 mil); alojamento e alimentação (21 mil). Em termos relativos, o setor de serviços teve alta de 0,6% no mês e de 7,8% no acumulado em 12 meses.

Tabela 2 – Saldo por grupamento de atividade econômica (Brasil, maio de 2022)

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Fonte: Novo CAGED (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

Beirando um pouco mais de um terço do saldo anterior, o comércio apresentou o segundo maior resultado mensal, abrindo 47,5 mil vagas no país, o que representou uma alta de 0,5% no mês. Neste caso, nota-se que o comércio varejista respondeu por mais metade desse saldo, com 30 mil novas vagas, ou 64% do saldo. Com isso, no acumulado mensal o setor teve um crescimento de 5,8%.

No setor industrial verificou-se o terceiro maior saldo mensal, em patamar similar ao verificado no setor de comércio, com 47 mil novas vagas.. Isso equivale a uma alta no mês de 0,6% e a um acumulado anual de 4,8%, o mais baixo entre os setores.[2] Quase a totalidade dos postos formais de trabalho criados dentro da indústria estão concentrados na indústria de transformação (40 mil). A fabricação de produtos alimentícios foi o subsetor da indústria de transformação que mais gerou novos vínculos formais de trabalho no mês de maio (12 mil).

A construção fica logo atrás, com 35,4 mil novas vagas, mostrando o segundo maior crescimento relativo no mês, com alta de 1,5%. No acumulado de um ano o setor permanece sendo o maior destaque, com alta de 10,9%. Dentre os subsetores, destacam-se a construção de edifícios (16 mil vagas) e os serviços especializados da construção (11 mil), os quais se tornaram os principais fatores responsáveis pelo saldo positivo do setor.

A agropecuária foi o saldo mais baixo do mês de maio/22, gerando 26,7 mil novos vínculos formais de trabalho, com uma taxa de crescimento no mês de 1,6% e uma alta de 5% no acumulado do ano. Só o início da colheita de café, nesse período, gerou 15 mil VFT.

A Tabela 3 apresenta o saldo dos vínculos formais de trabalho por sexo no Brasil. Houve maior participação da força de trabalho masculina no mês de maio, sendo o saldo dos homens de 163,6 mil, enquanto a participação das mulheres foi de 113,3 mil. A justificativa para uma maior predominância masculina é o baixo nível de admissões das mulheres dentro dos setores agropecuário e industrial. No agregado dos últimos 12 meses a participação masculina apresentou um saldo com 46,5 mil vagas a mais em relação à participação feminina. Todavia, as mulheres apresentaram crescimento de 1,3 p.p. maior que o saldo dos homens no mesmo período.

Tabela 3 – Saldo por sexo (Brasil, maio de 2022)

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Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

A Tabela 4 apresenta a distribuição do saldo de empregos formais no mês de maio segundo o nível de escolaridade. A faixa dos trabalhadores que possuem ensino médio completo teve o maior saldo e a maior taxa de crescimento em um ano, ou seja, 200 mil novas vagas e 8,2%, respectivamente. Destes 200 mil novos postos formais de trabalho ocupados por pessoas com ensino médio completo, 88 mil estão concentrados no setor de serviços. A faixa dos trabalhadores com ensino médio completo também é responsável por mais de 75% de todas as vagas abertas no último ano. Com o segundo maior saldo, aparecem os trabalhadores com ensino superior completo, com 17,7 mil vagas, estando também extremamente concentrados no setor de serviços, com quase sua totalidade de vagas formais (15 mil) lotadas na área de educação.

Tabela 4 – Saldo por nível de escolaridade ajustado (Brasil, maio de 2022)

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Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

A Tabela 5 apresenta a distribuição do emprego formal por faixa de remuneração. Em primeiro lugar, observa-se que a grande maioria dos postos formais de trabalho está localizada na faixa de remuneração entre 1 e 2 salários mínimos.Ou seja, 78% das novas vagas criadas no mês de maio/22 se localizam nessa faixa. Já a faixa de remuneração de 0,5 a 1 salário mínimo gerou 40 mil novas vagas formais de trabalho no mesmo período, representando 14% do total de vagas do mês. Apesar dessa faixa ter atingido o segundo maior saldo no mês, no acumulado dos últimos 12 meses o resultado consolidou o nível mais baixo de vagas, com alta de 2,5 mil vínculos formais de trabalho. Finalmente, a faixa de até 0,5 salário mínimo respondia por 4% do total de vagas em maio/22, destacando-se que tal faixa apresentou a maior taxa de crescimento acumulado nos últimos 12 meses, ou seja, 18,4%.

A análise do comportamento dos postos formais de trabalho por faixa de renda revela que 96% das vagas criadas em maio são de remuneração inferior a 2 salários mínimos. Tal cenário indica que o crescimento do emprego formal no país se dá através da oferta de vagas de baixa remuneração e qualidade, fato que caracteriza uma tendência de precarização das relações formais de trabalho. Não bastasse, o efeito dessa precarização é potencializado pela aceleração inflacionária que tomou forma nos últimos meses, prejudicando, destacadamente, o poder de compra dos trabalhadores que se concentram nas menores faixas remuneratórias.

Tabela 5 – Saldo por faixa de remuneração (Brasil, maio de 2022)

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Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

Nota: Faixas de remuneração em salários mínimos de 2022 (R$ 1.212)

Evolução do emprego formal em Santa Catarina

A Tabela 6 apresenta a evolução do emprego formal em Santa Catarina no mês de maio/22, segundo os grupos de atividades econômicas. Inicialmente, verifica-se que no mês em apreço foram gerados apenas 7.416 novos postos formais de trabalho no estado, sendo que 4.448 deles foram ofertados pelo setor de serviços. Em termos percentuais, esse setor respondeu por 60% das vagas formais geradas no mês de maio/22. Isso representa uma variação mensal de 0,5%. Dentre os subsetores de serviços, os melhores resultados foram registrados em informação e comunicação, atividades profissionais, científicas e técnicas, que somadas criaram 1,5 mil vagas, e o subsetor de transporte, armazenagem e correio, que abriu mil vagas. No acumulado de 12 meses o setor de serviços apresentou a segunda maior taxa de crescimento, com variação de 8%.

O comércio registrou 1,6 mil novas vagas, sendo o segundo maior saldo dentre os setores analisados no estado de Santa Catarina, porém mantendo um ritmo lento de crescimento, com uma variação de 0,3% no estoque de vagas formais. Esse saldo representa uma distribuição heterogênea dentro dos subsetores do comércio, com o subsetor de comércio varejista representado mais da metade do saldo com mil postos formais de trabalhos criados. No acumulado, o setor comercial teve crescimento de 5,9%.

Já o setor industrial apresentou alta de 1,4 mil vagas formais de trabalho em maio/22, o que representou um crescimento de 0,2% no mês, e tendo em seu acumulado de um ano o crescimento de 3,6%. Observa-se, que a indústria catarinense também padece de todos os problemas macroeconômicos nacionais. A fabricação de produtos alimentícios foi a que mais se destacou no mês de maio, porém dentre todos os subsetores da indústria de transformação, o saldo está bem distribuído.

Com 1,1 mil novas vagas, o setor de construção vem na sequência, sendo os subsetores de construção de edifícios e serviços especializados para a construção, que juntos somaram 1,6 mil vagas formais, os quais garantiram que o setor permanecesse em alta mesmo diante das baixas ocorridas no subsetor de construção de obras de arte especiais, que individualmente desligou pouco mais de mil vagas formais de trabalho em maio/22. Tanto no mês quanto no acumulado, esse foi o setor que mais se destacou nas taxas de crescimento, atingindo 1% no mês e 13,5% no ano.

Tabela 6 – Saldo por grupamento de atividade econômica (Santa Catarina, maio de 2022)

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Fonte: Novo CAGED (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

A agropecuária foi o setor que apresentou o pior resultado, com perda de 1.305 vagas formais no mês. Em termos percentuais, isso significou uma variação negativa no mês da ordem de 2,9%, mesmo que o acumulado do ano tenha apresentado uma variação positiva de 0,9%. Em grande medida, as perdas de maio/22 estão concentradas na atividade da macieira, com o encerramento de 820 vagas, e nas atividades de pesca em água salgada que desligaram 262 postos formais de trabalho no mês.

A Tabela 7 apresenta a evolução dos vínculos formais de trabalho no mês de maio/22, segundo o sexo dos trabalhadores. Por liderarem o número de vagas ocupadas nos setores de construção e indústria, os homens obtiveram um saldo maior que as mulheres, de 3.925 vagas, em face de 3.491 vagas femininas. Entretanto, no acumulado de um ano, as mulheres apresentaram um saldo maior em cerca de 5,8 mil vagas.

Tabela 7 – Saldo por sexo (Santa Catarina, maio de 2022)

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Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

 A Tabela 8 apresenta o saldo do emprego formal catarinense no mês de maio/22, segundo o grau de escolaridade. Da mesma forma que o observado no país, as pessoas com ensino médio completo foram aquelas que mais conseguiram as vagas formais de emprego no estado, 78% do saldo total. Já a faixa de ensino médio incompleto, com 1.136 vagas, respondeu por 15% do total mensal. Com isso, observa-se que nestas duas faixas de escolaridade estavam concentradas 93% das contratações. A única faixa de instrução em que houve baixa no mês de maio/22 foi a de ensino fundamental incompleto, com 627 desligamentos.

Tabela 8 – Saldo por nível de escolaridade (Santa Catarina, maio de 2022)

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Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

Analisando o acumulado dos últimos 12 meses, nota-se que a faixa de ensino médio completo representa 70% do saldo acumulado, tendo aberto 91,5 mil novas vagas. A faixa com a segunda maior variação positiva nos últimos 12 meses, com expansão de 7,8%, somente atrás da faixa ensino médio incompleto, a qual teve uma variação de 9,8%.

A Tabela 9 apresenta a distribuição do emprego formal no mês de maio/22, segundo as faixas de remuneração. A faixa entre 1 e 2 salários mínimos, com 7,4 mil vínculos, o elevado número de desligamentos presentes nas outras faixas salariais do estado fizeram com que ela se tornasse ainda maior que a totalidade do saldo do mês. O segundo maior saldo ocorreu na faixa de 0,5 a 1 salário mínimo, com mil vagas. Somadas com as 330 vagas formadas nas faixas de renda até 0,5 SM, estas são as três únicas que encerram o mês em alta.

As faixas salariais superiores a 2 salários mínimos somam 1,4 mil fechamentos de vagas formais de trabalho, aumentando ainda mais a concentração de vagas em menores faixas de remuneração. Esse comportamento é até mais expressivo que o verificado para o conjunto do país, indicando que a precarização das condições salariais pode estar sendo mais expressiva em Santa Catarina, comparativamente ao conjunto do país. E isso tem implicações diretas sobre a capacidade de reprodução das condições de vida dessas camadas de assalariados que recebem, no máximo, até dois salários mínimos mensais, ainda mais frente ao contexto da inflação que não para de crescer.

Tabela 9 – Saldo por faixa de remuneração (Santa Catarina, maio de 2022)

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Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

A Tabela 10 mostra a distribuição mesorregional dos empregos formais no mês de maio/22. Inicialmente destaca-se que a região do Vale do Itajaí registrou o maior saldo do mês e o maior saldo no acumulado do ano, mediante a abertura de 2,9 mil e 45,4 mil vagas, respectivamente, correspondendo a 39% da totalidade das vagas criadas em maio. Em termos relativos, apresentou-se uma taxa de crescimento de 0,5% no mês. O desempenho do Vale do Itajaí foi impulsionado pelo setor de serviços, onde os subsetores da educação e atividades administrativas e serviços complementares foram os grandes responsáveis pelo valor positivo dentro do saldo. No acumulado anual a região cresceu 7,6%.

A região da Grande Florianópolis, com um saldo de 1,4 mil postos formais de trabalho no referido mês foi o segundo maior dentre as mesorregiões. Esse crescimento foi causado pela recuperação do setor de serviços, principalmente pelo subsetor de atividades profissionais, científicas e técnicas que sozinho representou ⅓ do saldo da região. Com isso, a região apresentou a maior variação positiva dentre todas as regiões no acumulado de 12 meses, 9,4%.

Tabela 10 – Saldo por mesorregião (Santa Catarina, maio de 2022)

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Fonte: Novo CAGED (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

O Oeste Catarinense abriu 1,3 mil vagas no mês de maio, assim como as outras mesorregiões que quando não apresentam quedas em suas taxas de crescimento, tratam de valores quase análogos à estagnação, com uma variação de 0,3% em seu estoque de vagas formais de trabalho. Os setores de serviços e comércio foram os protagonistas do saldo do oeste catarinense apresentando valores similares, respectivamente 454 e 418 postos de trabalho. Com isso, a região atingiu um saldo anual de 15,2 mil vínculos formais de trabalho e um aumento de 3,9% no ano, configurando a variação percentual mais baixa entre as mesorregiões.

A região Norte, acompanha o ritmo de crescimento do estado, com alta mensal de 0,3% de crescimento no mês, fruto de um saldo de 1,1 vagas em maio. Esse resultado foi muito influenciado pelo setor de serviços,que de maneira homogênea alavancou o saldo. Porém, vale mencionar os desligamentos na indústria catarinense, pois apesar do setor ter encerrado o mês com saldo positivo, os desligamentos na indústria de transformação nos municípios Joinville, São Bento do Sul, Jaraguá do Sul e Mafra foram um discrepante notável da região. O acumulado do ano da mesorregião foi de 5%.

Na sequência, a região Sul apresentou um tímido saldo positivo, de 930 vínculos, sendo o segundo menor saldo do estado, com crescimento de também 0,3%. O setor industrial foi o principal responsável por esse aumento das vagas, destacando-se as atividades de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos. No acumulado do ano a mesorregião do sul catarinense teve 17,6 mil novas vagas formais e um crescimento de 6,3%.

Por último, a região Serrana foi a única que obteve saldo e variação percentual mensal negativa, porém acumulando alta de 5,8% nos últimos 12 meses. O fator principal para a baixa no saldo desta mesorregião foi o fechamento de vagas relacionadas ao cultivo macieiro.

A Tabela 11 analisa os saldos das 13 cidades de Santa Catarina que possuem mais de 100 mil habitantes, destacando-se que essas foram responsáveis por 67% de todos os postos formais criados durante o mês de maio/22. O município que teve a maior representatividade dentre os analisados foi o de São José, com saldo de 1,6 mil vagas formais de trabalho, responsável por 21,7% do saldo total do estado. Das 1,6 mil vagas formais criadas nessa cidade, 75% delas foram impulsionadas pelo setor de serviços, o qual havia sido fortemente afetado durante o primeiro ano da pandemia quando ainda não havia vacinas disponíveis e o controle da doença era feito por meio do controle das movimentações das pessoas no sentido de se evitar aglomerações.

Tabela 11 – Saldo das cidades com mais de 100 mil habitantes (Santa Catarina, maio de 2022)

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Fonte: Novo CAGED (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

O município de Blumenau, com a abertura de 834 vagas formais, passou a ser a segunda cidade com maior participação, representando 11,2% do saldo estadual. Neste caso, nota-se uma diversidade maior da atuação dos setores de comércio e indústria, ainda que o mais expressivo seja o de serviços, conforme tendência vista em quase todo o estado e país.

 Em contraste aos dois maiores saldos, Palhoça é o único município do grupo dos treze maiores com saldo negativo. Isso devido aos desligamentos que ocorreram no setor de construção, sendo mil deles somente na atividade de obras de infraestrutura.

Vale também a menção do município de Tubarão, que permaneceu na estaca zero mesmo gerando uma quantidade de vagas formais consideráveis na indústria. Foram os desligamentos ocasionados no setor de serviços que equilibraram o saldo, não havendo mudança em seu crescimento no mês de maio.

Considerações Finais

Os dados dos postos formais de trabalho criados no mês de maio/22 continuam mostrando uma desaceleração das contratações, sendo o 3º mês consecutivo que Santa Catarina cresce 0,3%. Setorialmente, nota-se que os serviços continuam sendo o setor que mais abriu vagas, processo que se verifica tanto no país como em Santa Catarina.

Regionalmente, os municípios de São José e Blumenau se destacam, de modo que somente o município de São José representou aproximadamente 22% da totalidade do saldo estadual e Blumenau 11%. Além disso, permanece (e aumenta) a tendência de concentração das novas vagas em faixas de remuneração mais baixas, visto que empregos entre 2 e 5 SM não obtiveram nenhuma alta. Esse cenário indica uma tendência de precarização das condições de vida dos assalariados, que já possuem um poder de compra deteriorado pelo avanço da inflação.

Referências

MINISTÉRIO DO TRABALHO (Brasil). Programa de Disseminação das Estatísticas do Trabalho (org.). NOVO CAGED. 2022. Disponível em: http://pdet.mte.gov.br/novo-caged. Acesso em: 29 jun. 2022.


[*] Graduando em Ciências Econômicas na UFSC e bolsista do NECAT. E-mail: andreydps16@gmail.com.

[**]  Graduando em Ciências Econômicas na UFSC e bolsista do NECAT. E-mail:  victorhugonass@gmail.com .

[1] A variação acumulada em 12 meses refere-se ao crescimento do estoque de empregos formais entre junho de 2021 e maio de 2022.

[2] O setor industrial sofreu vigorosas desacelerações nos anos de 2020 e 2021, em decorrência dos impactos da pandemia sobre os níveis de demanda internos e externos e dos gargalos das cadeias de fornecimento de insumos. Em 2022, se somando a esses fatores, a aceleração inflacionária e o ciclo de alta da taxa básica de juros têm desestimulado a produção e condicionado o resultado pouco expressivo para o saldo dos empregos formais.