Retração acentuada em outubro aprofunda tendência de quedas do volume de serviços catarinense

06/01/2022 15:23

Por: Andrey Ide[1]

Panorama sobre o desempenho do setor de serviços no Brasil em outubro de 2021

Acompanhando o início de uma trajetória descendente registrada na passagem de agosto para setembro (-0,68%), o volume de serviços brasileiros segue em queda. Na passagem de setembro para outubro a retração foi de -1,2%. Juntos, os resultados acumulados do último bimestre chegam a quase – 1,9%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PMS-IBGE) em 14 de dezembro.

Segundo Rodrigo Corrêa Lobo, responsável pela gerência da Diretoria de Pesquisas, um reajuste nas tarifas de telefonia fixa (+7,3%) impactou negativamente o setor de telecomunicações (-2,2%). Essa pressão altista também afetou outros subsetores como o de transportes aéreos (-5,3%), o de serviços técnico-profissionais (-4,1%) e outros serviços (-6,7%). Com maior precisão, outros serviços englobam: compra, venda e aluguel de imóveis, administração de: condomínios, centros comerciais e outros imóveis, de bolsas de mercados, intermediação em transações de títulos, valores mobiliários e mercadorias, manutenção e reparação de veículos automotores, de equipamentos eletroeletrônicos, computadores de uso pessoal e doméstico, administração de fundos por contrato ou comissão, corretagem de seguros, previdência complementar e planos de saúde, além de atividades de apoio à pecuária, produção florestal, coleta de resíduos, reciclagem, gestão de esgoto, descontaminação de solos e águas, entre outros.

Comparando com outubro de 2020 há um avanço de 7,5%, no acumulado de 2021 o crescimento é de 11% e nos últimos 12 meses o avanço foi de 8,2%. É fundamental ressaltar que comparações com resultados pós fevereiro de 2020 não são parâmetros fiáveis, haja vista a excepcionalidade do momento de encolhimento econômico demonstrada no Gráfico 1.

Note às bruscas quedas ocorridas em março, abril e maio decorrentes da pandemia e logo após uma recuperação entre junho de 2020 e fevereiro de 2021. Com a pressão para prorrogar o auxílio emergencial em setembro de 2020, o poder Executivo decidiu estender o auxílio até o final do ano reduzindo-o de R$ 600,00 para R$ 300,00 além de estreitar as exigências, diminuindo o número de beneficiados. Esse enfraquecimento se refletiu na demanda do consumidor que move o setor de serviços. Esse fator, aliado ao agravamento dos níveis de inflação medido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e à instabilidade econômica, bem como a falta de planos diretivos de recuperação econômica, interrompem a sequência de resultados positivos registrada na trajetória de recuperação iniciada em junho de 2020. Segundo o IBGE, no acumulado de 12 meses, a inflação (IPCA) era 4,56% em janeiro de 2021, agora em novembro atinge impressionantes 10,74%. Uma pressão inflacionária que saltou 6,18% em 10 meses.

Com as revisões feitas pela PMS-IBGE deste mês torna-se perceptível a sequência de queda no índice do volume de serviços do último bimestre pesquisado. De setembro para outubro a queda superou um ponto percentual.

Gráfico 1: Índice do volume de serviços, Brasil (2018=100, com ajuste sazonal)

G1

Fonte: PMS-IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

Ao acompanhar a série mês a mês com ajuste sazonal, descrita na Tabela 1, depara-se com a segunda maior retração no período, atrás apenas do mês de março, anterior ao pico de mortes por Covid-19 no Brasil. Esta variação de -1,2% na passagem de setembro para outubro já é a terceira do ano. Nos 7 meses restantes, foram registradas expansões, resultando num saldo agregado de 5,6% no período entre janeiro outubro de 2021. O cenário do curto prazo no último bimestre é de queda, contudo o setor de serviços ainda mantém o desempenho em um nível acima do período pré-pandêmico, mais exatamente 2,1% acima do patamar de fevereiro de 2020.

Na confrontação com o mesmo mês do ano passado houve um acréscimo de 7,5% no volume de serviços prestados por empresas formalmente constituídas, registradas no CNPJ, com 20 ou mais pessoas ocupadas que desempenham atividades de serviços não-financeiros, excluídas as áreas de saúde e educação. Um resultado tão expressivo quanto os de crescimento anual (11%) e o acumulado de doze meses (8,2%). Assim, apesar da retração mensal, o resultado acumulado nos últimos doze meses em outubro é o mais expressivo da série. A recuperação iniciada em junho/2021, quando o volume de serviços no brasil cresceu 0,4% após seguidos períodos de quedas, segue consistente. Novamente, é necessário ressaltar: os índices positivos nas taxas acumuladas são decorrentes, primariamente, das retrações presentes no período base de comparação. Um período excepcional de crise sanitária, política e econômica.

Tabela 1: Variação (%) do volume de serviços no Brasil em diversos períodos

T1

Fonte: PMS-IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

O índice geral reflete o desempenho dos cinco setores de atividades que compõem a PMS. Quatro entre os cinco subsetores apresentaram queda, e três deles cravam a segunda queda consecutiva: o de serviços de informação e comunicação caiu -1,6%, o de transportes caiu -0,3% e o de outros serviços caiu -6,7%. Já o de serviços profissionais, administrativos e complementares caiu -1,8%; esta é a terceira queda consecutiva do subsetor que acumula -3,2% de retração. O destaque positivo ficou com os serviços prestados às famílias, alta de 2,7% e um crescimento acumulado de 57,3%. Esta categoria composta por negócios de alojamento e alimentação, lazer, cultura, beleza e estética, consultoria, assessoria, esportes, funerárias, cursos de educação não continuada, etc. estão mais relacionadas ao consumo de serviços de necessidades básicas, demandados por toda a população.

Atentando-se ao mesmo mês do ano anterior, novamente “outros serviços” evidenciaram uma retração, com variação de -6,1%. A queda advém principalmente dos serviços de reparação e manutenção de computadores, atividades de seguradoras, corretores e de previdência complementar, bem como os serviços de pós-colheita. Os demais setores cresceram, com destaques positivos para serviços auxiliares aos transportes e correio (9,9%) e serviços de informação e comunicação (6,5%). Tais índices foram alavancados pelo saldo lucrativo nas receitas de organizações dos ramos de transporte rodoviário de cargas; pelo transporte aéreo e rodoviário de passageiros; além dos setores ligados à administração portuária e navegação marítima. Também cresceram as organizações provedoras de conteúdo, tráfego, hospedagem e busca online, bem como os serviços de desenvolvimento de softwares, tecnologia da informação e atividades na TV aberta.

Tabela 2: Evolução do volume de serviços no mês de outubro, segundo grupos de atividades no Brasil

T2

Fonte: PMS-IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

Novamente, os serviços prestados às famílias apresentaram o crescimento mais expressivo (26,4%). Com restrições menos rígidas em todo Brasil, apesar da nova variante Ômicron SARS-CoV-2, tais serviços que dependem da presença do público, muitas vezes em locais fechados seguem funcionando normalmente. Apesar da diminuição de casos e fatalidades, apesar do menor número de mortes deste ano ter sido registrado em outubro, novas restrições não estão previstas, tampouco na temporada de maior pujança do consumo das famílias: dezembro e janeiro. Portanto, espera-se uma expansão do consumo, todavia mais intensa, principalmente neste subsetor para os meses subsequentes.

No acumulado do ano até outubro houve uma ampliação do volume de serviços de 11,0% e todos os cinco setores pesquisados também acompanharam a alta. As contribuições mais significativas ficaram com transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (15,2%) e informação e comunicação (9,2%). Já os serviços profissionais, administrativos e complementares subiram 7,5%; os serviços prestados às famílias 17,6% e os outros serviços 7,0%. No acumulado dos últimos doze meses, também há um aumento generalizado no volume; perceba que em níveis percentuais menores, pois o período contém os meses de novembro e dezembro de 2020, totalizando um crescimento de 8,2%. Sobressaíram-se os serviços de transportes e correio (11,8%) e os serviços de informação e comunicação (7,8%).

De maneira geral, analisando o volume total pautado no número índice de base fixa em 2018, o setor de serviços brasileiro se encontra em melhor situação se comparado aos períodos de janeiro de 2018 (100,00), janeiro de 2019 (101,82), fevereiro de 2020 (102,16). Em setembro de 2021 pontuam-se positivamente 105,57 e em outubro um total de 104,32. Uma queda consecutiva de aproximadamente um ponto percentual a cada mês se comparados com o pico em agosto de 2021 (106,36). Quando separados, os serviços prestados às famílias, visivelmente não se recuperou; apesar do crescimento consecutivo desde março de 2021 quando marcava 57,82, em outubro o país segue arrefecido (90,92), bem abaixo do índice pré-Covid 19 (105,17) de fevereiro de 2020 e bem acima do nível calamitoso observado em abril de 2020 (40,23). Outro setor que não se recuperou é o de serviços profissionais, administrativos e complementares; logo após o seu vale em maio de 2020 (83,35), consecutivos meses de recuperação se sucederam, interrompidos pelo bimestre de março (95,10) e abril (94,98) deste ano e também pelo último trimestre de quedas contínuas em agosto (97,67), setembro (96,70) e outubro (94,98), todos abaixo do nível pré-pandêmico visto em fevereiro de 2020 (98,65). Na contramão dos citados, estão os setores de “transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio” e o de “outros serviços”. O primeiro, apesar de apresentar quedas desde setembro, já está acima dos registros anteriores à pandemia, pontuando 105,09 em outubro. O segundo em queda também desde setembro já havia se recuperado em setembro de 2020 quando pontuou 119,68, acima do patamar de fevereiro de 2020 (115,80), mas sua trajetória é inconsistente: em janeiro de 2021 marcava 111,06, em março 120,78, em agosto 125,76 e agora em outubro cai novamente para 109,84.

O setor mais bem posicionado é o de serviços de informação e comunicação que vem crescendo desde maio de 2020 quando seu número índice era 97,63. Claro, houveram alguns meses de retração, mas o seu percurso é ascendente: em agosto de 2021 chegou a 115,38, caiu em setembro (114,30) e continuou caindo em outubro (105,09). Ainda assim, acima do patamar de fevereiro de 2020 (104,19). Esta subida consecutiva com alguns decréscimos momentâneos pode ser explicada pela necessidade crescente de tecnologias da informação, comunicação e aceleramento da dependência dos canais online para se fazer negócios. Todos os outros setores demandam mais os serviços de telecomunicações, de tecnologia, serviços audiovisuais, de edição, edição integrada à impressão, agências de notícias e outros serviços de informações. Atividades de criação de conteúdo online, no rádio, televisão aberta, cinematografia, streaming e outros serviços on demand dispararam. Bem como todos àqueles relacionados às vendas online que demandam serviços técnicos e aparelhos eletrônicos para agilizar processos, facilitar pedidos, entregas, diminuir a necessidade de contato físico e, claro, os custos materiais e de tempo de espera.

Ao apreciar os resultados da Tabela 3 e as estatísticas regionais, percebe-se que três unidades a mais da federação apresentaram retrações. Na comparação com o mês imediatamente anterior, em setembro eram 20 dos 27 estados, agora em outubro são 23. Salvaram-se apenas Rondônia (0,3%), Ceará (1,4%), Paraíba (0,5%) e Mato Grosso do Sul, estagnado com 0% de crescimento. Piauí (-4,5%), Sergipe (-4%) e Tocantins (-3,9%) registraram os mais altos percentuais de decrescimento. Dados os devidos pesos, as quedas mais impactantes no volume de serviços advêm do Mato Grosso (-6,0%), Rio Grande do Sul (-4,0%), Rio de Janeiro (-3,2%), São Paulo (-0,5%) e Paraná (-2,1%).

Na comparação com outubro de 2020, apenas o Piauí (-2,8%) e o Mato Grosso (-1,7%) retraíram o volume de serviços. As contribuições mais impactantes de crescimento procedem de  São Paulo (8,2%), Rio de Janeiro (5,5%), Minas Gerais (7,4%) e Rio Grande do Sul (11,4%). No acumulado de 2021, comparado ao mesmo período de 2020, o crescimento do volume de serviços foi positivo em todos os estados, até mesmo em Rondônia (2,3%). Os impactos mais relevantes ocorrem em São Paulo (11,3%), Minas Gerais (15,0%), Rio de Janeiro (8,0%), Rio Grande do Sul (12,2%) e Santa Catarina (15,3%). No acumulado de doze meses, os mesmos estados desempenham bem, destaque para São Paulo (8,3%), Minas Gerais (12,4%) e inclusive Santa Catarina com +13,4%.

Tabela 3: Variação (%) do volume de serviços entre os estados brasileiros no mês de outubro de 2021

T3

Fonte: PMS-IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

O desempenho do setor de serviços de Santa Catarina em outubro

O Gráfico 2 apresenta a trajetória do volume de serviços em Santa Catarina a partir de janeiro de 2018, semelhante à do Brasil vista no Gráfico 1. O volume de serviços prestados despenca logo após o início da pandemia de Covid-19 como pode ser observado no trimestre de queda (fevereiro-abril/2020).

Entre maio de 2020 e fevereiro de 2021 foram 10 meses de recuperação consecutiva, leve queda em março e abril de 2021, recuperação em maio e junho do mesmo ano, estagnação em julho, recuperação pouco expressiva em agosto e agora dois meses consecutivos de queda: setembro (116,59) e outubro (113,92); ainda assim, acima do patamar anterior ao isolamento social.

Enquanto a curva de Santa Catarina se estabilizou e agora repete o resultado decrescente de setembro, a do agregado nacional cresceu consecutivamente por cinco meses com recuo de -0,6% em setembro e -1,2% em outubro. O desempenho destes dez de 2021 podem indicar uma recuperação se comparados a 2020, mas uma recuperação instável entre sobes, desces e estagnação. Exceto por abril deste ano, o volume de serviços em Santa Catarina manteve índices bastante superiores aos do primeiro mês do ano.

As revisões nos dados da PMS-IBGE de setembro foram atualizadas e publicadas na pesquisa sobre outubro, tornando mais evidente o cenário de retração e estagnação no curto prazo.

Gráfico 2: Índice do volume de serviços, Santa Catarina (2018=100, com ajuste sazonal)

G2

Fonte: PMS-IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

Na Tabela 4, uma dimensão mais detalhada da variação do volume de serviços em Santa Catarina pode ampliar a compreensão sobre o último bimestre de queda acumulada em -2,4%. O IBGE revisou os dados para outubro, portanto, o crescimento visto no mês de setembro (+0,3%) foi atualizado para -0,1% na última PMS; assim como julho, anteriormente em estagnação, foi atualizado para -0,2%, maio atualizado de +3,1% para +2,9%, março de -3,2% para -3,7%. Ou seja, uma série de revisões para baixo. Tais revisões são mais bem evidenciadas se comparadas as duas pesquisas e seus respectivos gráficos: enquanto na pesquisa sobre setembro, os dois últimos meses (agosto e setembro) apresentavam fraca recuperação, agora na pesquisa sobre outubro, os dois últimos meses (setembro e outubro) são marcados por quedas.

A avaliação do desempenho mensal em relação ao mês correspondente do ano anterior deve considerar o forte baque do ano de 2020. Observando apenas o nível descrito no Gráfico 2, para o mês de outubro de 2020 o índice marcava 107,38, já em outubro de 2021 marcava 113,92. Portanto, na confrontação de outros meses com seguidos resultados negativos, Santa Catarina segue melhor em 2021 do que em 2020 por razões do avanço na vacinação, retomada dos serviços que antes tinham restrições, e claro, por razões macroeconômicas de um cenário desfavorável de arrefecida atividade econômica. Acompanhando a trajetória, este mês cresceu apenas 5,5%, muito abaixo dos dois dígitos que vinham sendo registrados desde fevereiro de 2021.

Tabela 4: Variação (%) do volume de serviços de Santa Catarina em diversos períodos

T4

Fonte: PMS-IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

Esta consideração, ulteriormente explicitada, também vale para o acumulado do ano: os índices permanecem negativos em 2020 e melhoram a partir de janeiro de 2021, chegando a crescer 15,3% em outubro deste ano. O mesmo para os valores dos últimos doze meses: o crescimento tímido apenas em abril (2,3%), não crescendo muito de setembro (13,1%) para outubro (13,4%), apenas 0,3%.

No comparativo com as demais unidades federativas da região sul, Santa Catarina segue com o pior desempenho médio no último trimestre, como avalizável na Tabela 5. Julgando apenas o mês de outubro, o Rio Grande do Sul apresentou a maior retração (-4%), enquanto Santa Catarina retraiu -2,3%. Mas, se somados os resultados do trimestre, Santa Catarina crava -2%, o Paraná -1,6% e o Rio Grande do Sul -1,5%. São dois meses consecutivos de retração para os três do Sul, acompanhando as tendências vistas nos Gráficos 1 e 2.  Essa retração expressiva de -2,3% levanta preocupações. No que concerne o comparativo com o mesmo mês (outubro) do ano anterior, os resultados foram positivos para os três estados, haja visto os resultados pífios deste mesmo trimestre em 2020. Ainda assim o menor crescimento foi de Santa Catarina (5,5%). Em contrapartida, nas variações acumuladas Santa Catarina obteve as performances percentuais mais significativas da região sul. De janeiro até setembro deste ano cresceu 15,3% e no acumulado dos últimos doze meses cresceu 13,4%.

Tabela 5: Comparação da variação (%) do volume de serviços na região sul e no Brasil

T5

Fonte: PMS-IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

Na Tabela 6 é possível obter uma análise do desempenho do volume de serviços discriminado por grupo de atividades no estado catarinense. Note que o crescimento mensal permanece positivo, mas cai a cada mês; em agosto era 17,2%, em setembro 11,9% e agora está abaixo dos dois dígitos (5,5%). De setembro para outubro houveram resultados positivos, principalmente no setor de serviços de informação e comunicação (11,8%) que também acompanha o percurso ascendente do Brasil. Contudo, todos os níveis de crescimento/retração em outubro estão abaixo daqueles registrados em setembro, prevê-se esta tendência de queda para os próximos meses. O crescimento setembrino de 23% dos serviços prestados às famílias em outubro encolhe para 8,7% (amplitude de -14,3), o de serviços profissionais administrativos e complementares também em queda sai de 0,7% para -12,1%, e o de outros serviços que era 22% em agosto de 2021 cai para -0,1%.

No acumulado anual todas as categorias cresceram em relação a outubro de 2020, mas o desempenho segue em baixa se comparado ao crescimento acumulado de setembro; todos os níveis ficaram abaixo daqueles registrados em setembro de 2021. Novamente o setor de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correios obteve uma alta expressiva de 19,2%, enquanto os serviços de informação e comunicação repetem o desempenho de setembro (11,3%). Esta alta é plausível, pois os serviços de transporte são fundamentais, necessários para o funcionamento das demais atividades e mesmo com a pressão exorbitante nos preços dos combustíveis (aéreo, terrestre, marítimo) o setor segue crescendo. A sociedade como um todo depende da logística pelos modais de escoamento, não apenas para passageiros, mas para todos os demais produtos e serviços.

Tabela 6: Variação (%) do volume das atividades de serviços em Santa Catarina entre agosto e outubro de 2021

T6

Fonte: PMS-IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

Já no acumulado dos últimos doze meses há um crescimento total de 13,4%, apenas 0,3% acima do resultado de setembro. Outros serviços e serviços profissionais, administrativos e complementares cresceram em níveis menores dos que os de setembro, 10,3% e 18,1% respectivamente. Entre os demais, vale a pena ressaltar os serviços de informação e comunicação que registraram alta de 9,7%, um total de 1,3% a mais se comparado com setembro. Nota-se também um efeito positivo no setor de transportes e correio (17%), um total de 0,7% a mais comparado com setembro.

Em suma, apesar dos resultados positivos no setor de serviços em Santa Catarina, no curto prazo houve uma queda de -2,3% de setembro para outubro. Esta, subsequente àquela de -0,1% entre agosto e setembro. Entretanto, refletindo sobre os acumulados anual e dos últimos doze meses, ainda há um saldo positivo. A inconstância captada pelos dados mês a mês demonstram um cenário recente instável. Com dois meses pendentes de análise, novembro e dezembro, não há previsões para o comportamento da demanda de serviços, mas espera-se que o resultado de dezembro seja superavitário.

Considerações Finais

Apesar do aprofundamento expressivo da queda nos últimos dois meses, o saldo do setor de serviços no ano de 2021 permanece positivo, como mostra a trajetória do índice vistas nos gráficos 1 e 2. Destarte, a variação do saldo anual consolidada pelo resultado de outubro é de 4,89%, em nível nacional, e de 2,66% no âmbito catarinense. O sinal amarelo citado na pesquisa anterior, devido às expansões muito tímidas em agosto e setembro é confirmado também pela retração em outubro e interpõe um alerta para o último bimestre de 2021.

No âmbito nacional, ao recuar -1,2% em outubro de 2021, o volume de serviços segue perdendo fôlego. Os últimos seis meses marcam a perda de com taxas de crescimento cada vez mais diminutas: 2,0% em maio, 1,8% em junho, 0,9% em julho, 0,5% em agosto, até chegar aos resultados negativos de -0,7% em setembro e -1,2% em outubro. Deste modo, o volume de serviços no Brasil, apesar de ainda estar acima do nível pré-pandêmico, diminui sua margem de distância, situando-se ainda 2,1% acima do patamar de fevereiro de 2020.

Segundo o índice de difusão de outubro de 2021 (PMS-IBGE), houve uma expansão no setor de serviços. Este espalhamento refletiu-se no aumento em 107 dos 166 serviços investigados pela pesquisa, quase 65% do total.

Os indicativos de estagnação e queda permaneceram, mas ainda não foram suficientemente significativos para neutralizar os ganhos auferidos nos primeiros meses do ano. A conjuntura do menor nível de mortes por Covid-19 registrada em outubro de 2021, bem como o avanço da vacinação com doses de reforço colabora para uma prospecção de cenários mais otimistas nos últimos meses do ano. Contudo, as patinadas dos últimos meses também refletem a alta inflacionária (10,67% no acumulado de 12 meses em outubro), bem como a permanente da taxa de desemprego, a incerteza sobre o ajuste fiscal, a aprovação da PEC dos precatórios para o pagamento do auxílio Brasil e reverberam em outros âmbitos, basta um olhar atento para um país cujos habitantes não conseguem se alimentar. Mais de 125 milhões de brasileiros estão em situação de insegurança alimentar (Grupo de Pesquisa Alimento para Justiça, 2020). Como o consumo pode ser estimulado, considerando que quase 20 milhões de brasileiros não possuem nada para comer?

Apesar do Índice de Confiança dos Serviços (ICS/FGV), ter registrado um aumento de 1,8%, recuperando-se da queda de -2% vista em setembro (FGV, 2021). E, apesar de uma realidade com mais segurança sobre estar em ambientes fechados, com o avanço da vacinação, ainda há uma recente retração em alguns setores. Para além da situação sanitária, outros fenômenos econômicos precisam entrar em curso para aumentar a demanda.

Até o final deste ano, o NECAT estará atento ao instável setor de “outros serviços” e aos setores que ainda não se recuperaram após a pandemia. São eles: os “serviços profissionais, administrativos e complementares” e os “serviços prestados às famílias”. E para que o desempenho nesta reta final seja superavitário, também se espera uma retomada no setor de “transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio”, afetado negativamente nos últimos dois meses.

Referências Bibliográficas

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Mensal de Serviços. (PMS). Rio de Janeiro (RJ): IBGE, setembro de 2021.

FGV – Fundação Getúlio Vargas. Índice de Confiança de Serviços (ICS). São Paulo (SP): FGV, setembro de 2021.

GALINDO, Eryka; TEIXEIRA, Marco Antonio; ARAÚJO, Melissa de; MOTTA, Renata; PESSOA, Milene; MENDES, Larissa e RENNÓ, Lúcio. “Efeitos da pandemia na alimentação e na situação da segurança alimentar no Brasil.” Food for Justice Working Paper Series, no. 4. Berlin: Food for Justice: Power, Politics, and Food Inequalities in a Bioeconomy. DOI 10.17169/ refubium-29554. Disponível em: < https://refubium.fuberlin.de/bitstream/handle/fub188/29813/WP_%234_final_version.pdf?sequence=2&isAllowed=y >. Acesso em: nov. 2021.


[1] Graduando em Ciências Econômicas na UFSC, bolsista do NECAT, Internacionalista. Email: ide.andrey@gmail.com