Setor de serviços apresentou queda de 15% no total de postos formais de trabalho gerados em setembro/22

22/11/2022 10:45

Andrey de Paula e Silva*

Pedro Henrique Batista Otero**

 Dando sequência às análises mensais sobre a evolução do mercado formal de trabalho no Brasil e em Santa Catarina, analisam-se as informações relativas ao mês de setembro de 2022, de acordo com os resultados do Novo CAGED divulgados recentemente. Para isso, foram considerados os saldos mensais e as variações relativas do emprego formal por grupamento de atividades econômicas, gênero, escolaridade, faixas de remuneração e mesorregiões catarinenses, além do desempenho do indicador nas maiores cidades do estado.

De acordo com a Tabela 1, o Brasil apresentou saldo positivo de 278 mil vínculos formais de trabalho no mês de setembro, resultando em uma expansão dos estoques de 0,7% no mês, comportamento ligeiramente superior ao verificado no mês anterior. Já Santa Catarina apresentou um saldo de 15 mil vínculos formais no mesmo período. Esse valor representou uma expansão de 0,6% nos estoques, sendo o terceiro mês consecutivo de crescimento do saldo.

Tabela 1 – Evolução mensal de estoque, admissões, desligamentos, saldo e variação percentual (Brasil e Santa Catarina, outubro de 2021 a setembro de 2022)

Fonte: Novo CAGED (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

No acumulado dos últimos 12 meses1, o saldo de vagas formais totalizou 2,2 milhões no Brasil e 114 mil em Santa Catarina. Tais valores representam um crescimento de 4,9% e de 4,2%, nos estoques, respectivamente. Sendo assim, enquanto a nível nacional houve uma estabilização da taxa de crescimento com relação ao mês anterior (ambas em 0,7%), observa-se um ligeiro aumento dessa taxa em Santa Catarina – 0,2% em julho/22, 0,4% em agosto/22 e 0,6% em setembro/22.

Evolução do emprego formal no Brasil

Os dados de setembro/22 expostos pela Tabela 2 revelam que o conjunto dos setores de atividades apresentou uma retração de 7,2 mil postos formais de trabalho em relação ao mês anterior. Considerando-se os grupamentos de atividades, nota-se que, mesmo apresentando a maior queda mensal (-15,3%), o setor de serviços continua sendo o maior responsável pela geração de postos de trabalho, com um saldo de 122,5 mil vagas – 44% do saldo mensal. Os subsetores que mais contribuíram para esse desempenho positivo foram: atividades administrativas e serviços complementares (37 mil); alojamento e alimentação (18 mil); educação  (13,6 mil). Ainda que o setor de serviços permaneça com os maiores saldos, foi o principal responsável pela variação mensal negativa (-22 mil vagas).

Tabela 2 – Saldo por grupamento de atividade econômica (Brasil, setembro de 2022)

Fonte: Novo CAGED (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

No mês de setembro, o comércio atingiu o seu maior saldo de empregos no ano de 2022, contabilizando 58 mil novas vagas, despontando como o segundo maior saldo mensal dentre os grupamentos de atividade. Comparado ao mês anterior, o saldo do comércio em setembro/22 representou um crescimento da ordem de 34,2% (15 mil vagas). O varejo respondeu por aproximadamente 70% deste saldo, com 27 mil vagas distribuídas entre os subsetores de: produtos alimentícios, bebidas e fumo (5,3 mil); produtos novos não especificados anteriormente e produtos usados (7,4 mil); mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios (14,1 mil).

Especificamente no mês em apreço, a indústria apresentou um saldo mensal ligeiramente inferior ao comércio (56,9 mil), tendo uma contribuição de 3,7 mil vagas para o saldo agregado.  A indústria de transformação foi responsável por mais de 95% dos postos formais de trabalho, que se concentram nos seguintes subsetores: fabricação de produtos alimentícios (26 mil); preparação de produtos de couro e artigos para viagem e calçados (4,6 mil); fabricação de produtos de metal, exceto máquinas (2,9 mil). A variação mensal da indústria foi da ordem de 7%, o que representa 3.708 vagas.

A construção foi o setor que representou a segunda maior retração no mês, uma queda de 13%. O montante de 31 mil novas vagas formais de trabalho expressa uma queda de 4.697 vagas com relação ao mês anterior. Esse saldo mensal teve forte predominância dos subsetores de obras de infraestrutura (11,8 mil); serviços especializados para construção (10,7 mil); de construção de edifícios (7,7 mil).

Por fim, a agropecuária apresentou os resultados mais baixos dentre todos os setores, por razões óbvias, com um saldo de 9,4 mil vagas. No entanto, este valor expressa a segunda maior variação de setor com relação ao mês de agosto/22, de modo que as 1.185 vagas informam um crescimento de 14,3%. Esse saldo foi puxado, principalmente, pelos cultivos de cana de açúcar (4,8 mil) e soja (2,8 mil); criação de bovinos (1,9 mil). Já o cultivo de café representou um forte contrapeso à expansão da agropecuária, na medida em que obteve um saldo negativo na ordem de 7,8 mil vagas.

A Tabela 3 apresenta o saldo dos vínculos formais de trabalho por sexo no Brasil. Houve maior participação masculina na composição da força de trabalho em setembro, sendo o saldo dos homens de 169,3 mil, enquanto o resultado das mulheres foi de 108,8 mil – 60,8% e 39,2%, respectivamente. A justificativa para uma maior predominância masculina é o baixo nível de admissões das mulheres em todos os setores, com destaque para a construção e a agropecuária. No saldo do ano de 2022, a participação dos homens excedeu em 310 mil vagas a participação das mulheres, representando percentualmente 57% das vagas formais. Todavia, analisando-se o crescimento da participação de cada sexo na força de trabalho formal total, nota-se que as mulheres apresentaram uma queda de 3,4%, de modo que houve um aprofundamento na desigualdade de gênero no mercado de trabalho.

Tabela 3 – Saldo por sexo (Brasil, setembro de 2022)

Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

A Tabela 4 apresenta a distribuição do saldo de empregos formais no mês de setembro de acordo com o nível de escolaridade. Fica perceptível que a grande maioria dos trabalhadores encontra-se na faixa de Ensino Médio completo, representando mais de 70% do saldo total de setembro – participação superior à do mês de agosto/22 (67%). Já a segunda maior faixa de escolaridade diz respeito aos trabalhadores com Ensino Médio incompleto, cujo saldo de 22.728 corresponde a um percentual de 8% das vagas formais de trabalho.

Tabela 4 – Saldo por nível de escolaridade ajustado (Brasil, setembro de 2022)

Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

Quanto à variação mensal, destaca-se que as faixas de escolaridade que apresentaram maior crescimento percentual foram de trabalhadores analfabetos e com fundamental incompleto – aumentos de 62% e 30% diante de agosto. O dado em questão informa uma tendência de precarização do mercado de trabalho, dado que tal faixa de escolaridade contribuiu em mais de 6,6 mil vagas no saldo agregado. Ao verificar as faixas de escolaridade que tiveram as maiores quedas no mês, percebe-se que trabalhadores com Ensino Superior completo e com Ensino Fundamental Completo apresentaram variações de -47% e -18,2%, respectivamente, o que corresponde a mais de 17,3 mil vagas perdidas. Das vagas ocupadas por pessoas com Ensino Médio completo, 64,1 mil delas estão concentradas no setor de comércio, enquanto 46 mil situam-se na produção de bens e serviços industriais. Já as vagas dos trabalhadores com Ensino Médio incompleto estavam concentradas nos Serviços Administrativos (5,5 mil), produção de bens e serviços industriais (4 mil) e no comércio (3,9 mil).

A Tabela 5 apresenta a distribuição do emprego formal por faixa de remuneração. Os dados indicam que a grande maioria dos postos formais de trabalho está localizada na faixa entre 1 e 2 salários mínimos (231 mil), respondendo por 83% do total de novas vagas criadas no mês de setembro/22. A segunda faixa de remuneração mais expressiva é a de 0,5 a 1 salário mínimo, cujo saldo de 31,4 mil equivale a 11,3% do total de vagas do mês. Finalmente, a faixa de até 1/2 salário mínimo respondeu por 2,8% do total de vagas em setembro/22.

Desta forma, verifica-se que 97% dos postos formais de trabalho criados no mês em questão são de remuneração inferior a dois salários mínimos, evidenciando uma perspectiva clara de precarização das relações formais de trabalho com rebaixamento salarial. Deve-se frisar que esse processo afeta mais fortemente as camadas de trabalhadores com as menores faixas de remunerações, uma vez que são as primeiras a perder o poder de compra, ao mesmo tempo em que veem seu nível de endividamento aumentar.

Tabela 5 – Saldo por faixa de remuneração (Brasil, setembro de 2022)

Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

Nota: Faixas de remuneração em salários mínimos de 2022 (R$ 1.212)

Evolução do emprego formal em Santa Catarina

A Tabela 6 apresenta a evolução do emprego formal em Santa Catarina no mês de setembro/22 segundo os grupos de atividades econômicas. Inicialmente, verifica-se que no mês em apreço foram gerados 4,4 mil novos postos formais de trabalho no estado. Nesse sentido, houve a criação de 118 mil vagas formais de trabalho desde janeiro de 2022.

Santa Catarina acompanhou a tendência nacional de protagonismo do setor de serviços na criação de empregos, sendo este setor responsável por um saldo de 6,8 mil vagas de trabalho no estado em setembro/22 (45% do total de vagas do mês). Dentre as atividades dos serviços, o subsetor de transporte, armazenagem e correio foi o que mais se destacou, contribuindo com 1,3 mil vagas. No ano de 2022, o setor de serviços foi responsável pela criação de mais de 60 mil postos formais de trabalho no estado, acumulando uma alta de 5% no crescimento mensal. Todavia, no mês em apreço o saldo foi de 326 vagas formais de trabalho a mais que no mês anterior.

O comércio registrou o segundo maior saldo mensal dentre os setores em Santa Catarina, proporcionando 3,8 mil novas vagas, quantia consideravelmente superior ao saldo de agosto/22. Desse valor, o comércio varejista não especializado correspondente a ⅓ do saldo do comércio, sendo equivalente a 25% do total de vagas do referido mês. O setor de comércio acumulou um saldo de aproximadamente 10 mil vagas formais de trabalho em 2022, sendo o setor com a segunda menor influência no saldo total do ano. Entretanto, foi o setor econômico que mais gerou empregos no mês, tendo atingido a maior quantidade de vagas criada no ano até então – totalizando 2,5 mil vagas de trabalho no mês e um crescimento percentual de 200% em relação ao mês anterior.

Tabela 6 – Saldo por grupamento de atividade econômica (Santa Catarina, setembro de 2022)

Fonte: Novo CAGED (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

O setor industrial atingiu o saldo de 2,8 mil novos vínculos formais de trabalho em setembro/22. Neste caso, destaca-se o elevado índice de admissões no subsetor da fabricação de produtos alimentícios, que contabilizou o saldo de 1,2 mil vínculos formais de trabalho. Já no agregado, a indústria catarinense foi responsável pela criação de aproximadamente 30 mil vagas formais de trabalho em 2022, sendo que em setembro/22 foram criadas 762 a mais em relação ao mês anterior.

Em setembro/22, o setor de construção criou uma quantidade ligeiramente inferior de vagas de trabalho em relação ao mês anterior, atingindo o desligamento de 36 vagas de trabalho formal no mês. Ainda que o saldo tenha sido de 1  mil  novas vagas formais de trabalho neste mês, o valor representa uma queda de 3,3% comparado ao saldo de agosto/22. O subsetor de serviços especializados para a construção compôs 60% das vagas referentes ao saldo deste mês. No acumulado, a construção criou 17 mil vagas formais de trabalho no ano de 2022.

Finalmente, embora a agropecuária tenha apresentado a menor fração das vagas formais no mês, o setor mostrou uma recuperação  comparativamente ao mês anterior, na medida em que obteve um saldo de 611 vagas. Deste dado, pode-se inferir que o setor agropecuário criou mais de 900 vagas no mês, com um crescimento percentual de 300%. Essa taxa de crescimento permitiu que abandonasse a posição de único com saldo negativo de vagas no ano em agosto/22, de modo que, com o resultado apresentado em setembro/22, seu saldo anual passa a representar 126 vagas formais de trabalho no ano.

A Tabela 7 apresenta a evolução dos vínculos formais de trabalho no mês de setembro/22 segundo o sexo dos trabalhadores. Neste caso, verifica-se que houve uma predominância da força de trabalho masculina no mês, porém com uma discrepância ligeiramente superior em relação ao mês anterior – tendência essa que se mantém ao observarmos o saldo acumulado no ano. Se no mês de agosto o saldo entre os gêneros foi composto por 52% de homens e 48% por mulheres, entre agosto e setembro essa diferença aumentou consideravelmente, passando para uma proporção de 58% e 42%, respectivamente. Em termos de grupamento de atividades, observa-se que os homens lideraram as contratações no setor da construção e na agropecuária, enquanto as mulheres nos serviços e no comércio.

Tabela 7 – Saldo por sexo (Santa Catarina, setembro de 2022)

Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

A Tabela 8 apresenta o saldo do emprego formal catarinense no mês de setembro/22 segundo o grau de escolaridade. Da mesma forma que o observado no país, as pessoas com Ensino Médio completo foram aquelas que mais ocuparam vagas formais de emprego no estado, sendo 3,4 mil vagas do saldo no mês somente nesta faixa de instrução. Também no acumulado do ano essa faixa se mantém como a predominante, constituindo aproximadamente 60% do saldo total de 2022. Vale destacar, ainda, que a faixa de instrução de Ensino Fundamental incompleto criou aproximadamente 1,1 mil vagas formais de trabalho no mês, quantidade bastante superior ao que foi visto no mês de agosto/22, fato que também pode estar contribuindo para a precarização da qualificação da força de trabalho no estado catarinense. Com isso, observa-se que nestas duas faixas de escolaridade (médio completo e incompleto) estavam concentradas basicamente a totalidade do saldo do estado descontando os saldos negativos.

Tabela 8 – Saldo por nível de escolaridade (Santa Catarina, setembro de 2022)

Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

A Tabela 9 apresenta a distribuição do emprego formal no mês de setembro/22, segundo as faixas de remuneração. A faixa entre 1 e 2 salários mínimos, com saldo de 9,6 mil novos vínculos, representa 93% do saldo mensal, indicando uma forte tendência de rebaixamento salarial. O segundo maior saldo ocorreu na faixa de 0,5 a 1 salário mínimo, mas com somente 1,1 mil vagas.

Tabela 9 – Saldo por faixa de remuneração (Santa Catarina, setembro de 2022)

Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

As faixas salariais superiores a 2 salários mínimos sofreram retração de 507 vagas no mês de setembro, aprofundando ainda mais a concentração de vagas nas faixas de remuneração inferiores. Esse comportamento de Santa Catarina é consideravelmente mais expressivo que o verificado para o conjunto do país, sendo cada vez mais uma tendência do mercado formal de trabalho catarinense. Tal fato produz implicações negativas diretas sobre a capacidade de reprodução das condições de vida dessas camadas de assalariados (que recebem, no máximo, até dois salários mínimos mensais).

A Tabela 10 mostra a distribuição mesorregional dos empregos formais no mês de setembro/22. Inicialmente destaca-se que a região do Vale do Itajaí registrou o maior saldo do mês e o maior saldo de 2022, somando 5,2 mil e 38,3 mil vagas, respectivamente. Desse modo, a região foi responsável pela criação de 1,7 mil vagas formais de trabalho no mês. Em setembro/22, o saldo da região correspondeu a 35% da totalidade das vagas criadas no estado, sendo que o seu desempenho foi impulsionado pelo setor de serviços, especialmente pelas atividades de informação e comunicação. Já no agregado do ano no estado, a região responde por 32,5% do total de postos formais de trabalho.

Na sequência, a região Sul apresentou um saldo positivo de 2,7 mil vínculos formais, gerando 1,1 mil vagas formais de trabalho no mês, com crescimento de 75%. O setor de serviços e comércio foram os principais responsáveis por esse aumento das vagas. Ao longo do ano, a mesorregião Sul catarinense teve 17 mil novas vagas de trabalho. Já no agregado do ano no estado, a região responde por 14,5% do total de postos formais de trabalho.

Tabela 10 – Saldo por mesorregião (Santa Catarina, setembro de 2022)

Fonte: Novo CAGED (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

A região Norte manteve-se no ritmo de crescimento do estado, com alta mensal de 40% ao final do mês considerado e a criação de 635 vagas de trabalho, com um saldo de 2,2 mil vagas formais de trabalho. Esse resultado foi muito influenciado pelo setor de serviços, com destaque para as atividades administrativas e serviços complementares. Já no agregado do ano no estado, a região responde por 13% do total de postos formais de trabalho

O Oeste Catarinense gerou 1 mil vagas no mês, e teve saldo de 2,1 mil em setembro/22, com uma variação de 94% em comparação ao mês anterior. Os serviços foram os protagonistas do saldo do oeste catarinense. Com isso, a região atingiu um saldo em 2022 de 11,6 mil vínculos formais de trabalho. Já no agregado do ano no estado, a região responde por 10% do total de postos formais de trabalho

Em termos absolutos, a região da Grande Florianópolis produziu o segundo menor saldo nos postos formais de trabalho no mês, com 2 mil vagas. Além de ter o segundo menor saldo de setembro/22, foi a região gerou a maior retração na quantidade de vagas de trabalho, com perda de 672 vagas, o que equivale a uma queda de 25% frente aos resultados de agosto/22. Apesar dessa baixa recente, a região citada foi a segunda do estado em termos de contribuição anual nos postos de trabalho, situação que ilustra 28 mil novos postos formais de trabalho em 2022. Essas vagas foram criadas, majoritariamente, pelos setores de serviços e do comércio. Com isso, no agregado do ano no estado, a região responde por 24% do total de postos formais de trabalho.

Por fim, a região Serrana teve saldo de  633 novas vagas. Apesar de ter sido o menor saldo do mês de setembro/22, tal região apresentou fortes tendências de aceleração na geração de vagas formais de trabalho, uma vez que, em comparação ao mês anterior, criou 561 postos no mês em questão. No ano de 2022, a região em questão foi responsável pela criação de 3,5 mil postos formais de trabalho. Todavia, sua participação no agregado do ano no estado atinge apenas 3% do total de postos formais de trabalho.

A Tabela 11 analisa os saldos das vagas formais nas 13 cidades de Santa Catarina que possuem mais de 100 mil habitantes, destacando-se que as mesmas foram responsáveis por 52% de todos os postos formais criados no estado durante o mês de setembro/22. Isso indica que os novos empregos formais no estado estão sendo gerados de forma consideravelmente concentrada nos municípios mais populosos, porém de maneira menos concentrada em setembro do que no mês anterior. Os municípios que tiveram a maior representatividade dentre os analisados foram Joinville e Itajaí, ambos com saldo de 1,4 mil vagas formais de trabalho, tornando-se responsáveis por 20% do saldo total do estado. Os setores de serviços e comércio são os responsáveis, em sua maioria, pela representatividade nos saldos destes municípios.

Tabela 11 – Saldo das cidades com mais de 100 mil habitantes (Santa Catarina, setembro de 2022)

Fonte: Novo CAGED (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

Considerações Finais

Enquanto no conjunto do país verificou-se uma variação negativa no saldo de setembro/22 em relação ao mês anterior, em Santa Catarina o número de postos formais de trabalho criados no mês em apreço demonstrou um considerável crescimento. Em grande medida, esse resultado está associado à recuperação das contratações no setor de serviços, o qual vinha sustentando os bons resultados apurados nos meses anteriores. A isso se somam o maior crescimento apresentado pelo setor de comércio no agregado anual, uma vez que em setembro esse setor teve uma participação muito mais marcante comparativamente aos meses anteriores, especialmente em função da expansão das admissões no subsetor de varejo. Com isso, no mês de setembro, o estado catarinense atingiu a marca de aproximadamente 115 mil empregos formais gerados em 2022.

Regionalmente, nota-se um ritmo mais acelerado das contratações especificamente nas regiões do Vale do Itajaí, com o maior volume de contratações formais. À exceção da região Serrana, que criou a menor quantidade de vagas de trabalho no estado, as demais regiões mantiveram-se em paridade. Destaca-se que os municípios de Joinville e Blumenau dispararam em comparação aos demais municípios, uma vez que concentram 20% do saldo total das vagas de trabalho no estado, o que revela a manutenção do elevado índice de concentração das vagas de trabalho no mês de setembro, porém em menor escala comparado ao mês de agosto/22.

Além disso, nota-se uma tendência de concentração das novas vagas nas faixas de remuneração inferiores que, somada ao elevado índice de desligamentos de vagas de emprego nos setores de melhor remuneração, empurram cada vez mais o mercado formal de trabalho catarinense para um estado de precarização. Esse comportamento de Santa Catarina é bem mais expressivo que o verificado para o conjunto do país, indicando que a precarização das condições salariais pode estar sendo mais expressiva em Santa Catarina comparativamente ao conjunto do país. Tal cenário produz impactos diretos sobre a capacidade de reprodução das condições de vida dessas camadas de remuneração inferior (assalariados que recebem, no máximo, até dois salários mínimos mensais), uma vez que representam a corrosão do poder de compra e uma elevação cada vez maior do custo de vida.

Referências

MINISTÉRIO DO TRABALHO (Brasil). Programa de Disseminação das Estatísticas do Trabalho (org.). NOVO CAGED. 2022. Disponível em: http://pdet.mte.gov.br/novo-caged. Acesso em: 10 nov. 2022.


*  Graduando em Ciências Econômicas na UFSC e bolsista do NECAT. E-mail: andreydps16@gmail.com

**  Graduando em Ciências Econômicas na UFSC e bolsista do NECAT. E-mail: phbo2000@gmail.com

1 A variação acumulada em 12 meses se refere ao crescimento do estoque de empregos formais entre outubro de 2021 e setembro de 2022.