Setor de serviços catarinense contraiu 0,9% em maio/25
Kauê Soares Alexandre*
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) acompanha o comportamento conjuntural do setor de serviços no país e nas 27 Unidades Federativas (UFs) ao pesquisar a receita bruta de serviços em empresas juridicamente constituídas, cujo número de pessoas ocupadas que desempenham como atividade principal um serviço não-financeiro, excluídas as áreas de saúde e educação, seja igual ou superior a 20. Em 11 de julho foi divulgada a vigésima nona edição da pesquisa, relativa ao mês de maio de 2025, após o início das alterações metodológicas que visaram captar melhor as mudanças econômicas em curso2.
Em sequência aos três resultados positivos verificados após a queda de janeiro/25, a tônica da pesquisa para o setor de serviços brasileiro foi de crescimento leve, com um saldo de +0,1% no indicador de volume de serviços contratados, com relação ao mês imediatamente anterior (abril/25) na série dessazonalizada. Em sentido contrário, Santa Catarina apresentou uma queda da ordem de -0,9% no mesmo indicador, recrudescendo o nível da atividade aos patamares de fevereiro/25, como consequência da recente perda de dinamismo nos transportes e serviços profissionais e administrativos.
Tomado o conjunto das Unidades Federativas (UFs), foram contabilizadas 9 expansões, 17 retrações e um saldo nulo (Goiás), com relação a abril/25 na série dessazonalizada. Apesar da magnitude dos avanços e quedas, a heterogeneidade dos saldos contrabalanceou o agregado nacional. As Unidades Federativas com os maiores saldos foram: Amapá (+2,7%), Mato Grosso (+2,5%), Rondônia (+2,3%), Rio de Janeiro (+1,8%) e Maranhão (+1%). No sentido inverso, os saldos negativos se concentraram nos seguintes estados: Tocantins (-5,3%), Pernambuco (-3,9%), Distrito Federal (-3,2%), Mato Grosso do Sul (-3,1%) e Acre (-1,7%).
Como será abordado mais adiante, a situação do setor de serviços a nível nacional continua com “moderação no crescimento”, cenário que é compatível com as implicações da estabilização da taxa de juros básica da economia em um nível elevado, em especial da “suavização das flutuações do nível de atividade econômica” (BCB, 2025), além de ser impactado negativamente pelo cenário internacional de elevadas incertezas decorrentes das recentes mudanças na política comercial estadunidense. A tendência, segundo pesquisadores, é de enfraquecimento do setor ao longo do ano, observado a resiliência da inflação de serviços, “cuja natureza inercial dificulta uma resposta rápida à política monetária”, e à “desaceleração” na taxa de crescimento da massa de rendimentos (IPEA, p. 13, 2025). Em Santa Catarina, por outro lado, houve retração no mês em análise, sendo que tal queda acompanha os demais estados da Região Sul. Tal situação ocorre mesmo diante de uma estabilização do nível de atividade do setor, que mantém um elevado crescimento interanual.
O presente texto analisa o comportamento do volume de serviços no âmbito nacional no mês de maio/25 para, posteriormente, fazer as mesmas análises específicas para o estado de Santa Catarina. O trabalho do NECAT, de periodicidade mensal, acompanha a evolução do setor de serviços de acordo com as estratificações territoriais (UFs) e de atividade econômica (atividades de divulgação), definidas pela PMS/IBGE segundo os parâmetros adotados na CNAE 2.0.
Crescimento de maio/25 sugere arrefecimento da trajetória expansiva do setor de serviços no agregado do país
No Gráfico 1 apresenta-se um recorte temporal do volume de serviços no período de janeiro/20, mês anterior ao início da pandemia, a maio/25. Novamente, em abril/25 o indicador de volume expandiu +0,1% com relação ao mês imediatamente anterior, livre de efeitos sazonais, chegando a um patamar de 17,9% superior ao nível pré-pandemia, sendo este o mesmo nível observado no pico da série histórica (outubro/24). Considerando-se a situação setorial no mês, a seguir será feita uma breve recapitulação dos indicadores no período recente para em seguida situar a situação dos indicadores.
No início de 2024 o índice de volume de serviços crescia moderadamente, mesmo após um relevante resultado positivo no final de 2023. É observada uma queda expressiva em maio/24, que foi, no entanto, recuperada nos meses seguintes, como resultado do crescimento do setor de transportes. Outra queda aconteceu em agosto/24, sendo que a partir dela o setor apresentou um ritmo de crescimento acelerado e atingiu o auge da série histórica logo em outubro/24. É quando a desaceleração do índice no último trimestre de 2024 inverte a tendência e se estabiliza em um patamar relativamente alto.
Gráfico 1: Índice de volume de serviços com ajuste sazonal, Brasil, jan/2020-mai/2025 (jan/20=100)
Fonte: PMS/IBGE. Elaboração: NECAT/UFSC.
Tal perda de dinamismo é evidenciada pela Tabela 1. Nela constam as diferentes bases de comparação utilizadas pela PMS. Inicialmente, a primeira coluna, que verifica a variação percentual do volume de serviços em relação ao mês imediatamente anterior (abril/24), com ajuste sazonal, que como já destacado, apresentou leve crescimento. Ou seja, com esse resultado fica evidente a desaceleração em curso. Ademais, as observações mensais ilustram a instabilidade crônica no setor de serviços ao longo dos últimos doze meses, quando três meses apresentaram resultados negativos relevantes, além de significativos saldos positivos no meio do ano.
Sob outra ótica, a segunda coluna apresenta a variação de maio/25 contra maio/24, que apresentou um saldo positivo da ordem de +3,6%. A variação confere a tendência de expansão do setor em termos interanuais, em um patamar superior ao verificado anteriormente. O sinal se mantém positivo desde abril/24, chegando a atingir alguns saldos positivos relevantes em alguns meses, em especial outubro/24 e fevereiro/25.
A terceira coluna mostra o saldo do volume acumulado ao longo do ano corrente (jan-mai/25) em relação ao mesmo período do ano anterior (jan-mai/24). Destaca-se que o saldo de +2,5%, levemente superior ao mês anterior, persiste a continuidade da trajetória de crescimento esperada no setor. Mesmo com a manifesta instabilidade no decorrer do ano anterior, o indicador se estabilizou em um patamar superior ao registrado em dezembro/24.
Tabela 1: Variação (%) do volume de serviços segundo diferentes bases de comparação no Brasil, jun/24-mai/25.
| Mês/Mês
anterior (1) |
Mês/igual mês
ano anterior (2) |
Acumulado no
ano (3) |
Últimos doze
meses (4) |
|
| jun/24 | 1,6 | 1,9 | 2,7 | 2 |
| jul/24 | 0,2 | 4 | 2,9 | 2 |
| ago/24 | -0,4 | 1,8 | 2,8 | 2 |
| set/24 | 1,1 | 3,8 | 2,9 | 2,3 |
| out/24 | 1,2 | 6,3 | 3,2 | 2,7 |
| nov/24 | -1,3 | 2,5 | 3,2 | 2,8 |
| dez/24 | 0,2 | 2,8 | 3,1 | 3,1 |
| jan/25 | -0,5 | 1 | 1 | 2,8 |
| fev/25 | 0,9 | 4,3 | 2,6 | 2,8 |
| mar/25 | 0,3 | 1,7 | 2,3 | 3,1 |
| abr/25 | 0,4 | 1,8 | 2,2 | 2,7 |
| mai/25 | 0,1 | 3,6 | 2,5 | 3 |
Fonte: PMS/IBGE. Elaboração: NECAT/UFSC.
(1) Base: mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal; (2) Base: mesmo mês no ano anterior;
(3) Base: mesmo período no ano anterior; (4) Base: período anterior de 12 meses.
Por fim, a quarta e última coluna apresenta o acumulado agregado dos últimos doze meses (jun/24-mai/25) com relação ao período anterior de 12 meses (jun/23-mai/24). Com esse indicador é possível acompanhar mais de perto a trajetória interanual. Nesse caso, o nível estabelecido por volta de 3% a partir de outubro/24 se manteve estável, passando por uma leve melhora no final daquele ano dado a base de comparação.
O Gráfico 2 apresenta o comportamento do índice de volume de serviços em relação ao mês imediatamente anterior, na série dessazonalizada, estratificado pelas Unidades Federativas e Brasil. Segundo afirmado anteriormente, observaram-se 18 saldos positivos, sendo que as maiores expansões foram registradas nos Estados pontuados, para além de outros, como São Paulo (+0,8%), Alagoas (+0,8%) e Minas Gerais (+0,5%). Vale destacar que as expansões de grandes Estados, como São Paulo e Minas Gerais, decididamente contribuíram para o agregado se manter positivo em maio.
Gráfico 2: Variação (%) Mês/Mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal, do índice de volume de serviços segundo Unidades Federativas e Brasil, mai/25.
Fonte: PMS/IBGE. Elaboração: NECAT/UFSC.
A Tabela 2 apresenta as variações percentuais do índice de volume de serviços, estratificado pelos cinco macrossetores, compreendendo os últimos três meses para cada diferente base de comparação. Na comparação do mês atual com o mês imediatamente anterior, ajustado sazonalmente, nota-se a heterogenia dos saldos, com três positivos e dois negativos, sendo que o macrossetor que mais contribuiu para o agregado foi “Profissionais, adm. e complementares” (+0,9%), como efeito do avanço nos serviços técnico-profissionais (+2,2%), seguido por “Outros serviços” (+1,5%) e “Informação e comunicação” (+0,4%), sendo que neste último os serviços de tecnologia da informação (TI) contribuíram decisivamente para o saldo positivo nos serviços de tecnologia de informação e comunicação (+0,6%), o TIC. Nos setores impactados negativamente observamos: “Serviços Prestados às famílias” (-0,6%), que sofreu uma queda concentrada nos serviços de alojamento e alimentação (-1,1)3; por fim, nos “Transportes” (-0,3%) o resultado advém majoritariamente da queda no grupo de armazenagem e serviços auxiliares (-2,4%).
Tabela 2: Comportamento de diferentes grupos de atividades de divulgação segundo indicadores utilizados na PMS, Brasil, mar/25-mai/25.
| Mês/Mês imediatamente
anterior (1) |
Mês/Mesmo mês ano
anterior (2) |
Acumulado no ano (3) | |||||||
| mar/25 | abr/25 | mai/25 | mar/25 | abr/25 | mai/25 | mar/25 | abr/25 | mai/25 | |
| Total | 0,3 | 0,4 | 0,1 | 1,7 | 1,8 | 3,6 | 2,3 | 2,2 | 2,5 |
| Prestados às famílias | 1,6 | -0,2 | -0,6 | 3,7 | 4,6 | 2,1 | 1,5 | 2,3 | 2,2 |
| Informação e comunicação | -1 | 0,1 | 0,4 | 3,7 | 5,2 | 6,2 | 6,4 | 6,1 | 6,1 |
| Profissionais, adm. e
complementares |
0,6 |
0 |
0,9 |
1,3 |
1,2 |
3,9 |
1,9 |
1,7 |
2,2 |
| Transportes e correio | 1,9 | 0,6 | -0,3 | 1,3 | 1,1 | 3,2 | 1 | 1,1 | 1,5 |
| Outros serviços | -0,2 | -1,9 | 1,5 | -2,7 | -5,2 | -1,4 | -1,8 | -2,6 | -2,4 |
Fonte: PMS/IBGE. Elaboração: NECAT/UFSC.
Base: (1) mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal; (2) Base: mesmo mês no ano anterior;
(3) Base: mesmo período no ano anterior
No segundo grupo demarcado de colunas são considerados os resultados do corrente mês em relação ao mesmo mês do ano anterior (maio/25 com maio/24). Todos os agrupamentos, com exceção de “Outros serviços” (-1,4%), tiveram saldos positivos, em patamares levemente superiores aos meses antecedentes, no caso do referido setor o comportamento negativo é explicado por um baixo dinamismo nas atividades auxiliares ao setor financeiro e atividades imobiliárias ao longo do ano. O setor mais favorecido, e que vem em uma crescente, é “Informação e comunicação” (+6,2%), puxado por serviços de tecnologia de informação e comunicação (+6,8%). Na sequência aparece “Profissionais, adm. e complementares” (+3,9%), resultado do aumento interanual de contratação de serviços técnico-profissionais (+4,8%). Posteriormente, “Transportes e correio” (+3,2%), que observou um aumento notável de +37,3% nos transportes aéreos, e “Prestados às famílias” (+2,1%).
Por fim, no terceiro grupo é visualizado o acumulado no ano com relação ao mesmo período no ano anterior (jan-maio/25 com jan-maio/24), permitindo analisar mais de perto o ritmo do setor. O saldo de +2,5% é explicado pelos resultados positivos obtidos em “Informação e comunicação” (+6,1%), que segue em uma trajetória com patamares elevados desde o início de 2024, sendo explicado diretamente pelo comportamento da atividade de tecnologia da informação, que está inserida no grupo de serviços de tecnologia de informação e comunicação (+6,7%), o TIC. Em sequência, com o mesmo saldo, “Serviços Prestados às famílias (+2,2%) e “Profissionais adm. e complementares” (+2,2%), e “Transportes e correio” (+1,5%) que observa a uma taxa de expansão no segmento aéreo de +21,1%, a maior registrada. No outro sentido ficou apenas “Outros serviços” (-2,4%).
Setor de serviços de Santa Catarina visualiza queda expressiva em maio/25
De forma semelhante ao Gráfico 1, o comportamento do índice de volume de serviços em âmbito estadual é ilustrado pelo Gráfico 3. Contrariando a tendência nacional, o setor de serviços catarinense desacelerou o referido índice em -1 p. p. com relação à média nacional. Com isso, o volume de serviços cai a um nível 39,1% superior a janeiro/20 (pré-pandemia), porém estando -1,15% abaixo do pico histórico de outubro/24. A fim de compreender tais resultados, cabe a seguir um breve retrospecto do comportamento do índice de volume de serviços estadual no período recente.
Embora se mantenha um instabilidade persistente no setor desde o segundo semestre de 2023, a tônica do primeiro semestre de 2024 foi de aceleração nos indicadores mensais e consolidação do alto nível de atividade. Com uma queda verificada em maio/24, os saldos mensais positivos verificados a partir junho daquele ano apontaram para uma tendência consolidada de expansão, seguindo a trajetória nacional. Contudo, ao final do ano de 2024 foram registradas duas quedas agudas (mais robustas que a média nacional), fazendo o agregado setorial retroagir para os níveis de volume de meio de ano.
Nesse sentido, o saldo líquido positivo no primeiro trimestre de 2025 que indicava uma possível retomada do crescimento no setor de serviços estadual, ainda que moderada, é contrastado com o enfraquecimento recente dos indicadores. Tal situação acaba fomentando maiores incertezas acerca do comportamento do setor nos próximos meses.
Gráfico 3: Índice de volume de serviços com ajuste sazonal, Brasil e Santa Catarina, 2020-mai/2025 (jan/20=100).
Fonte: PMS/IBGE. Elaboração: NECAT/UFSC.
A situação do volume de serviços segundo as diferentes bases de comparação utilizadas pelo IBGE é apresentada na Tabela 3, destacando-se que as quatro séries temporais em tela são semelhantes àquelas apresentadas na Tabela 1.
Na comparação do mês atual com o mês imediatamente anterior (abril/25) o percentual atual (-0,9%) representa o maior impacto negativo na série desde a queda acumulada de -5,7% entre novembro e dezembro/24. Além disso, se sobressai no indicador a trajetória instável, característica do setor de serviços catarinense, dado que nos últimos 12 meses observaram-se 5 saldos negativos e demais positivos.
Seguindo com a comparação com o mesmo mês do ano anterior (mai/24), se verifica que o saldo de +5% evidencia um processo expansivo do setor de serviços no Estado em termos interanuais, muito superior à média nacional. Isso se deve à escalada ao pico da série em outubro/24, estabilizando o indicador em um nível que eleva a base de comparação.
O acumulado do ano com relação ao mesmo período no ano anterior (jan- mai/24) apresentou crescimento com relação ao mês anterior, mas ainda segue abaixo da média dos resultados do meio do ano passado, indicando um possível arrefecimento nas altas taxas de crescimento do setor em termos acumulados, mas ainda superior ao caso nacional.
Por fim, no acumulado dos últimos doze meses com relação ao período anterior de doze meses o resultado retornou para +6,2%. Ademais, com base nessa informação é possível indicar a consolidação da trajetória de expansão. Contudo, a verificação da sustentação do crescimento dependerá das próximas estimativas e de um possível ambiente de negócios menos incerto nos meses em sequência.
Tabela 3: Variação (%) do volume de serviços segundo diferentes bases de comparação em Santa Catarina, jun/24-mai/25.
| Mês/Mês anterior (1) | Mês/igual mês ano anterior (2) | Acumulado no ano (3) | Últimos doze meses (4) | |
| jun/24 | 3,6 | 3,1 | 5,4 | 5,3 |
| jul/24 | 1,2 | 8,6 | 5,8 | 5,2 |
| ago/24 | -0,6 | 6,2 | 5,9 | 5,2 |
| set/24 | 1 | 8,5 | 6,2 | 5,8 |
| out/24 | 2,7 | 13,3 | 6,9 | 6,5 |
| nov/24 | -1,6 | 8,1 | 7 | 6,8 |
| dez/24 | -4,1 | 1,8 | 6,5 | 6,5 |
| jan/25 | 3 | 3,8 | 3,8 | 6,1 |
| fev/25 | 2,1 | 5,2 | 4,5 | 5,8 |
| mar/25 | -0,1 | 5,2 | 4,8 | 6,2 |
| abr/25 | 0,6 | 5,2 | 4,9 | 5,9 |
| mai/25 | -0,9 | 5,7 | 5 | 6,2 |
Fonte: PMS/IBGE. Elaboração: NECAT/UFSC.
(1) Base: mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal; (2) Base: mesmo mês no ano anterior;
(3) Base: mesmo período no ano anterior; (4) Base: período anterior de 12 meses.
Setorialmente, a Tabela 4 apresenta a estratificação da pesquisa segundo os cinco grupos de atividades de divulgação publicadas pela PMS/IBGE4, conforme também foi apresentado na Tabela 2. No caso da comparação do mês com mesmo mês do ano anterior o resultado agregado (+5,7%) é decomposto com quatro agrupamentos apresentando resultados positivos e uma retração, semelhante situação foi observado no mês anterior. O grupo que ocupou lugar de destaque foi “Transportes e correio” (+7,4%), seguido por “Prestado às famílias” (+6,5%), “Informação e comunicação” (+4,7%) e “Profissionais, adm. e complementares” (+4,4%). No sentido polo encontram-se “Outros serviços” (-2,6%). Com isso, nota-se que o último segmento mencionado5 possivelmente teria sido responsável pela desaceleração estadual anteriormente constatada.
O acumulado do ano em relação ao mesmo período do ano anterior apresentou um setor de “Profissionais, administrativos e complementares” com retração de (-1,5%), comportamento semelhante ao verificado nos últimos dois meses, mas em um patamar levemente superior. Em seguida, observam-se resultados positivos para os grupos de atividades: “Prestados às famílias” (+10,9%); “Transporte e correio” (+7,1%); “Informação e comunicação” (+4,3%) e “Outros serviços” (+0,4%).
Tabela 4: Saldo (%) de diferentes atividades de divulgação em Santa Catarina segundo indicadores utilizados pela PMS, mai/25.
| Atividades de divulgação | Mês/Mesmo mês
ano anterior (1) |
Acumulado no
ano (2) |
Últimos doze
meses (3) |
| Prestados às famílias | 6,5 | 10,9 | 8,2 |
| Informação e comunicação | 4,7 | 4,3 | 4,6 |
| Profissionais, adm. e complementares | 4,4 | -1,5 | 1,5 |
| Transportes e correio | 7,4 | 7,1 | 8,8 |
| Outros serviços | -2,6 | 0,4 | 0,3 |
| Agregado do Estado | 5,7 | 5 | 6,2 |
Fonte: PMS/IBGE. Elaboração: NECAT/UFSC.
(1) Base: mesmo mês no ano anterior; (2) Base: mesmo período no ano anterior; (3) Base: período
anterior de 12 meses.
No acumulado dos últimos 12 meses com relação ao período anterior de 12 meses, é verificado que todos os grupos apresentaram percentuais positivos. O destaque, como tem sido nos meses precedentes, ficou por conta da atividade “Transportes, serviços e correio” (+8,8%), seguido por “Prestados às famílias” (+8,2%). Os demais setores de atividade econômica abrangidos pela pesquisa, “Informação e comunicação” (+4,6%), “Profissionais, administrativos e complementares” (+1,5%), e “Outros serviços” (+0,3%), ficaram em níveis normais comparativamente ao mês de abril. Por fim, registra-se que em termos interanuais, apesar do arrefecimento nos índices dos subsetores, os indicadores interanuais se mantiveram em um nível elevado de expansão.
Considerações finais
Como foi abordado ao longo do texto, os resultados fornecidos pela PMS de maio/25 indicam continuidade da trajetória de enfraquecimento do ritmo de serviços, tanto para o caso nacional quanto no estadual, porém com este último expressando uma queda mais acentuada. Desta forma, as informações analisadas sinalizam moderação do crescimento dos indicadores do segundo trimestre de 2025, a qual poderá se repetir nas próximas edições da pesquisa. Se isso ocorrer, a trajetória verificada nos primeiros meses do ano poderá ser interrompida.
É fato que o setor de serviços brasileiro apresentou uma trajetória ascendente no ano de 2024 (especialmente a partir de agosto/24), mesmo que tenha apresentado alguns saldos negativos, além de expansões leves. Todavia, o resultado final foi uma base de comparação mais elevada. Considerando-se tal fato, registra-se que o relativo dinamismo do primeiro trimestre de 2025 não anula a asserção de que o fôlego nos indicadores entre setembro e outubro de 2024 se esgotava. Em termos dos grupos de atividades, nota-se que nos meses anteriores o subgrupo que mais contribuiu para a manutenção mensal do índice de volume nacional foi o de transportes. Todavia, no mês em apreço o destaque foi o segmento de “outros serviços” (vide nota 4), que conjuga atividades sensíveis à renda e ao emprego.
No caso estadual o setor de serviços continua em uma situação de crescimento interanual muito acima da média nacional, a despeito da retração observada no mês em análise. Tal situação decorre do desempenho, principalmente, dos macrossetores de serviços prestados às famílias e de serviços de transportes.
Além disso, em análises anteriores foi sustentado que à medida que o indicador se aproxima do pico da série histórica (outubro/24) as variações vêm se mostrando cada vez menores, indicando uma desaceleração em curso, muito provavelmente ancorada no aperto monetário em curso que acaba refletindo negativamente nas perspectivas futuras de empresários e encarecendo o crédito das famílias. Diante dessa situação pode-se afirmar que o setor de serviços estadual, apesar de mais dinâmico que a média nacional, encontra-se ainda restringido pela conjuntura nacional (pressão inflacionária com juros altos) e internacional. Com isso, nota-se que a manutenção do crescimento em Santa Catarina dependerá, em primeira instância, de melhoria nas variáveis macroeconômicas do país que acabam tendo seus efeitos também no estado, particularmente porque o PIB catarinense é composto majoritariamente pelo setor de serviços.
2 No início de 2023 a PMS passou por uma revisão metodológica, cujos principais pontos foram: 1) redução do tamanho da amostra, que passou para 11.124 empresas; 2) mudanças nos pesos e importâncias de determinados serviços; 3) maior estratificação, com nova tabulação, adicionando 11 subsetores; e 4) atualizações nos deflatores, para além do deslocamento do período de referência, que passa a ser o ano- base de 2022. Para mais informações, consultar: “Mattei, L. Breves notas sobre as mudanças metodológicas realizadas pelo IBGE nas pesquisas mensais. Informativo NECAT, nº 13, mar/23. Florianópolis, 2023”.
3 Segundo Roberto Lobo, gerente da PMS, o comportamento negativo do grupo foi influenciado diretamente pela queda nas receitas do segmento hoteleiro (disponível aqui, acessado em 22/07/2025).
4 Cabe notar que no caso das Unidades Federativas a PMS/IBGE não divulga de forma agregada as atividades de seleção estaduais, isto é, dos subsetores que compõem os grupos de atividades, não permitindo, nas fronteiras do presente texto, maiores inferências acerca do comportamento subsetorial.
5 O agrupamento “Outros serviços” é relativo à Atividade de Divulgação 5 (AD5), que congrega atividades relativas à gestão de resíduos e esgoto, atividades imobiliárias, atividades auxiliares dos serviços financeiros, além de atividades de apoio ao primeiro setor e manutenção de bens diversos. Para maiores informações, consultar < https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/servicos/9229-pesquisa-mensal-de-servicos.html>.
BCB – Banco Central do Brasil. Comunicado do Copom: Copom mantém a taxa Selic em 15,00% a.a. – 272ª reunião 29 e 30 de julho/25. Brasília: BCB, julho de 2025.
Disponível aqui. Acesso em: 31/07/25
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Mensal de Serviços (PMS). Rio de Janeiro: IBGE, maio de 2025.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Volume de serviços varia 0,1% em maio. Agência de Notícias IBGE. Publicado em: 11/07/25. Disponível aqui. Acesso em: 20/07/25.
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Visão Geral da Conjuntura, julho de 2025, nº 67, nota 26, 2T/2025. Brasília: IPEA. Disponível aqui. Acesso em: 20/07/25.





