Comércio varejista catarinense sofreu redução de 2,1% no mês de maio/25
Rafael Nicolo Serra Ferreira*
A Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é um indicador fundamental que acompanha o comportamento conjuntural do varejo no Brasil. A pesquisa investiga a receita bruta de revenda em empresas formalmente constituídas, com 20 ou mais pessoas ocupadas, cuja atividade principal é o comércio. Realizada mensalmente, a PMC abrange as 27 Unidades da Federação e produz indicadores de volume e receita nominal de vendas, com séries atualizadas periodicamente, tendo o ano de 2022 como base de referência. A análise também contempla o comércio varejista ampliado, que inclui os segmentos de veículos, motos, partes e peças e material de construção.
Em maio de 2025 o volume de vendas do comércio varejista nacional registrou uma variação de -0,2% em relação a abril, mantendo-se no campo da estabilidade pelo segundo mês consecutivo. Com isso, a média móvel trimestral apresentou uma variação de 0,1%. Já o comércio varejista ampliado mostrou um crescimento de 0,3% no mesmo período, indicando uma recuperação após a queda observada no mês anterior. Na comparação com maio de 2024, o varejo restrito cresceu 2,1% enquanto o varejo ampliado avançou 1,1%.
O resultado de maio de 2025 sugere um cenário de acomodação para o setor varejista, que opera próximo a um patamar recorde alcançado em março. A estabilidade observada no índice geral, após um período de forte alta, pode ser explicada pelo chamado “efeito base”, indicando que o ritmo de crescimento está se normalizando. Setorialmente, o desempenho é misto: enquanto atividades como “equipamentos e material para escritório, informática e comunicação” são beneficiadas pela desvalorização do dólar, outros setores mais dependentes de crédito e renda, como “móveis e eletrodomésticos”, mostram uma recuperação gradual, mas ainda sensível às condições macroeconômicas.
Varejo nacional se manteve estável em maio/25
O gráfico 1 demonstra a evolução do índice de volume de vendas do comércio varejista ampliado, com ajuste sazonal, abrangendo o intervalo de janeiro de 2020 a maio de 2025. A série histórica expõe os diferentes ciclos econômicos que o Brasil atravessou nesse período, com fases alternadas de expansão, retomada e arrefecimento.
No começo de 2020, é notável o efeito instantâneo da pandemia de COVID-19, que resultou em uma queda acentuada nas vendas devido às políticas de isolamento social. Contudo, essa baixa foi sucedida por uma expressiva recuperação ao longo do segundo trimestre. Em 2021, o setor varejista alcançou um patamar de maior regularidade, ainda que com flutuações pontuais causadas pela segunda onda da pandemia, a qual diminuiu de intensidade na segunda metade do ano. Com o avanço da vacinação em 2022, ocorreu um relaxamento das restrições sanitárias e uma volta progressiva das atividades comerciais.
Gráfico 1 – Índice de volume de vendas do comércio varejista ampliado com ajuste sazonal, Brasil, 2020-mai 2025 (jan 2020 = 100)
Fonte: IBGE – Pesquisa Mensal do Comércio. Elaboração: NECAT/UFSC.
Ao longo de 2023 o setor demonstrou um desempenho mais sólido, embora a partir de julho o ritmo de expansão tenha se moderado, finalizando o ano com o índice superando o patamar anterior à crise sanitária. Já em 2024, o progresso, embora tenha perdido um pouco de ímpeto, manteve certa estabilidade, com o primeiro semestre sinalizando resiliência na demanda. No início de 2025, por sua vez, sobressai uma aceleração considerável nas vendas, que culminou em um novo pico histórico do indicador em março que logo se desfez nos meses seguintes (abril e maio) com o surgimento de uma nova inflexão, sugerindo uma possível acomodação após o vigoroso crescimento registrado nos meses precedentes.
A Tabela 1 apresenta a variação no volume de vendas do comércio varejista ampliado com base nos quatro índices de variação mensurados pela Pesquisa Mensal do Comércio (PMC). Na comparação com o mês anterior, o registro foi de 0,3%, sendo 2,2 pontos percentuais acima do mês anterior, resultado que sinaliza uma recuperação da atividade comercial, o qual pode ser explicado principalmente pelo desempenho positivo de “Veículos, motos, partes e peças”, que cresceu 1,5% após dois meses de quedas consecutivas.
Tabela 1 – Variação volume de vendas do comércio varejista ampliado em diversos períodos, Brasil
| Mês | Mês/Mês anterior (1) | Mês/igual mês ano anterior (2) | Acumulado no ano (3) | Últimos doze meses (4) |
| jun/24 | -0,2 | 1,7 | 4 | 3,2 |
| jul/24 | 0,2 | 6,9 | 4,4 | 3,6 |
| ago/24 | -0,7 | 2,8 | 4,2 | 3,5 |
| set/24 | 1,1 | 1,8 | 3,9 | 3,4 |
| out/24 | 1 | 7,4 | 4,3 | 3,9 |
| nov/24 | -2 | 2 | 4,1 | 3,7 |
| dez/24 | -1,7 | 0,8 | 3,7 | 3,7 |
| jan/25 | 3 | 2,2 | 2,2 | 3,4 |
| fev/25 | -0,3 | 2,4 | 2,3 | 2,9 |
| mar/25 | 1,7 | -1,2 | 1,1 | 3 |
| abr/25 | -1,9 | 1,1 | 1,1 | 2,7 |
| mai/25 | 0,3 | 1,1 | 1,1 | 2,4 |
Fonte: IBGE – Pesquisa Mensal do Comércio. Elaboração: NECAT/UFSC.
(1) Base: mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal; (2) Base: mesmo mês no ano anterior; (3) Base: mesmo período no ano anterior; (4) Base: período anterior de 12 meses.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, registrou-se 1,1%. No acumulado do ano, o comércio varejista ampliado nacional também registrou elevação de 1,1%, enquanto nos últimos 12 meses a variação foi de 2,4%, ligeiramente inferior aos 2,7% registrados no mês anterior (abril), evidenciando uma leve desaceleração do setor em maio. Isso pode ser atribuído à volatilidade de setores importantes, como o automotivo, que enfrentou quedas em março e abril de 2025 e à persistente retração no atacado de alimentos.
A Tabela 2 exibe a oscilação no volume de vendas do comércio varejista ampliado por atividade no Brasil nos três meses finalizados em maio de 2025. A leitura indica um quadro setorial diversificado, com determinados setores sustentando resultados favoráveis, enquanto outros demonstram indícios de arrefecimento ou queda.
O setor de Combustíveis e lubrificantes passou por mudanças expressivas no trimestre. Após crescer em fevereiro, sofreu desaceleração em março, abril e segue em desaceleração em maio (-1,7%). Ainda assim, o desempenho frente ao mês de maio/24 foi negativo (-0,6%), enquanto o acumulado do ano apresentou desempenho de (0,4%), apesar do arrefecimento.
Já o segmento de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo apresentou desempenho positivo em maio (0,4%), mas apresentou expressiva queda interanual (1,2%).
Tecidos, roupas e calçados conservaram uma dinâmica constante, apresentando avanços nas três comparações: (1,4%) no mês, (0,7%) em relação ao mesmo período do ano anterior e (1,1%) no acumulado.
O setor de móveis e eletrodomésticos apresentou variação positiva em maio (2%), após dois meses consecutivos de baixa. Os dados interanuais apresentaram forte crescimento, enquanto os acumulados do ano também indicaram recuperação com variações positivas de (7%) e (4,9%), respectivamente.
Produtos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de higiene e cosméticos continuaram em trajetória de crescimento com registro de alta de (0,2%) em maio, enquanto os demais indicadores mantiveram-se robustos: (5,5%) na comparação anual e (3,7%) no acumulado.
O segmento de Livros, jornais, revistas e materiais de papelaria apresentou perda de ritmo em relação aos meses anteriores, com recuo mensal de (-2%). Apesar disso, os dados do ano e do acumulado sinalizam recuperação e consistência: (2,5%), embora volte a registrar retração na comparação com o mesmo mês do ano passado (-2,9%).
Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação apresentaram crescimento em maio (3%) e crescimento na comparação mês/mesmo mês do ano anterior. Apesar do resultado negativo na comparação do acumulado (-1%), houve uma aceleração quando comparado com o resultado anterior (-2,4).
Tabela 2 – Índice e variação da receita nominal e do volume de vendas no comércio varejista ampliado, por atividades, Brasil (2022 = 100)
| Atividades de divulgação (Comércio) | Mês/Mês Imediatamente Anterior | Mês/Mesmo Mês do Ano Anterior | Variação acumulada no ano/Mesmo período ano anterior | ||||||
| março 2025 | abril 2025 | maio 2025 | março 2025 | abril 2025 | maio 2025 | março 2025 | abril 2025 | maio 2025 | |
| Combustíveis e lubrificantes | -1 | -1,6 | -1,7 | 1,1 | -1,8 | -0,6 | 1,5 | 0,7 | 0,4 |
| Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo |
0,4 |
-0,3 |
0,4 |
-1,4 |
7,3 |
1,2 |
0,3 |
2 |
1,8 |
|
Tecidos, vestuário e calçados |
1,4 |
0,7 |
1,1 |
1,1 |
7,7 |
7,1 |
3,9 |
4,9 |
5,4 |
|
Móveis e eletrodomésticos |
-0,5 |
-0,3 |
2 |
3 |
0,3 |
7 |
5,7 |
4,4 |
4,9 |
| Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos |
1,2 |
0,3 |
1,7 |
2,1 |
1,9 |
5,5 |
3,6 |
3,2 |
3,7 |
| Livros, jornais, revistas e papelaria |
29,4 |
1,4 |
-2 |
-7,9 |
-3,8 |
2,5 |
-3,9 |
-3,9 |
-2,9 |
| Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação |
3 |
-0,7 |
3 |
-2,1 |
-5,4 |
4,7 |
-1,4 |
-2,4 |
-1 |
| Outros artigos de uso pessoal e doméstico |
1,2 |
0,7 |
-2,1 |
-6,3 |
10,9 |
-0,4 |
0,1 |
2,7 |
2,1 |
| Veículos, motocicletas, partes e peças |
1,4 |
-2,1 |
1,5 |
-2,5 |
-7,1 |
1,5 |
5,2 |
1,8 |
1,8 |
| Material de construção | 0,5 | -0,5 | 0 | 5 | -2,7 | 4,7 | 6,1 | 3,8 | 4 |
Fonte: IBGE – Pesquisa Mensal do Comércio. Elaboração: NECAT/UFSC.
Outros artigos de uso pessoal e doméstico apresentaram resultado negativo: (- 2,1%) na comparação mensal, (-0,4%) na anual e seguiu positivo (2,1%) no acumulado. Para o segmento de Veículos, motocicletas, partes e peças, os dados indicam aceleração: crescimento mensal de (1,5%), aumento interanual de (1,5%), ainda que o acumulado no ano tenha se mantido estável em (1,8%).
Por fim, Material de construção registrou estagnação em maio (0,0%). Já na comparação interanual registrou queda (-2,5%), o acumulado do ano é positivo (4%), com sinais de recuperação.
O Gráfico 2 ilustra a variação acumulada no ano das atividades do comércio varejista ampliado até maio/25. Das 14 atividades analisadas, 10 registraram variação positiva e 4 apresentaram resultados negativos. As maiores variações positivas foram observadas nas atividades de Eletrodomésticos (6,9%); de Tecidos, vestuário e calçados (5,4%); e de Móveis e eletrodomésticos (4,9%). Por outro lado, as atividades com variações negativas foram: Atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo (-5,7%); Livros, jornais, revistas e papelaria com queda de (-2,9%); e Móveis com variação negativa de (-2,1).
Gráfico 2 – Variação do volume de vendas por segmento do comércio varejista ampliado, Brasil, acumulado no ano (maio)
Fonte: IBGE – Pesquisa Mensal do Comércio. Elaboração: NECAT/UFSC.
Varejo catarinense recua em maio, porém mantém força no acumulado
No cenário estadual, Santa Catarina apresentou um desempenho negativo em maio de 2025, com retrações tanto no volume de vendas do varejo restrito (-1,8%) quanto no varejo ampliado (-2,1%) em comparação com o mês anterior. Essa foi a terceira maior queda para o varejo restrito e a segunda maior para o varejo ampliado entre todas as Unidades da Federação no período. Apesar desse recuo mensal, o estado mantém um patamar de vendas significativamente elevado em relação ao mesmo período de 2024, com o varejo restrito crescendo 3,6% e o ampliado 1,7%. Esse bom resultado na comparação anual é sustentado, em grande parte, pelo forte desempenho acumulado no início do ano, que posiciona Santa Catarina com um dos melhores resultados do país.
O Gráfico 3 apresenta a evolução do índice de volume de vendas do comércio varejista ampliado em Santa Catarina entre janeiro de 2020 e maio de 2025. Observa-se uma queda abrupta no começo de 2020, consequência direta da pandemia de Covid-19, que foi seguida por uma recuperação vigorosa ainda naquele ano. A partir de 2021, o indicador passou a oscilar em um patamar relativamente estável. Em 2023, iniciou-se uma fase de crescimento mais consistente. Durante 2024, mesmo com alguns indícios de arrefecimento, o setor comercial catarinense continuou a se expandir, atingindo novos picos históricos. Essa tendência de alta se prolongou para 2025, estabelecendo o maior nível da série no primeiro trimestre, embora se note uma ligeira retração no final do período analisado em maio/25.
Gráfico 3 – Índice de volume de vendas do comércio varejista ampliado, Santa Catarina, 2020-abr 2025 (jan/2020=100)
Fonte: IBGE – Pesquisa Mensal do Comércio. Elaboração: NECAT/UFSC
A Tabela 3 apresenta o acompanhamento temporal da evolução do comércio varejista ampliado de Santa Catarina, segundo os diversos períodos considerados pela Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), os quais explicitar um panorama mais abrangente da evolução do setor à luz de informações relevantes, tanto conjunturais quanto estruturais.
Tabela 3 – Variação do volume de vendas do comércio varejista ampliado em diversos períodos, Santa Catarina
| Mês | Mês/Mês anterior | Mês/igual mês ano anterior | Acumulado no ano | Últimos doze meses |
| jun/24 | 2,5 | 11 | 7 | 6,2 |
| jul/24 | -1,7 | 12,1 | 7,8 | 7,2 |
| ago/24 | -0,8 | 6,1 | 7,5 | 7,4 |
| set/24 | 3 | 5 | 7,3 | 7,2 |
| out/24 | 1,1 | 12,1 | 7,8 | 7,7 |
| nov/24 | -2,2 | 5,9 | 7,6 | 7,5 |
| dez/24 | -0,8 | 2,2 | 7 | 7 |
| jan/25 | 2,3 | 7,8 | 7,8 | 7,5 |
| fev/25 | 0,3 | 5,5 | 6,7 | 7,1 |
| mar/25 | 1,6 | 5,8 | 6,4 | 7,7 |
| abr/25 | -1,6 | 4,7 | 6 | 7,2 |
| mai/25 | -2,1 | 1,7 | 5,1 | 6,5 |
Fonte: IBGE – Pesquisa Mensal do Comércio. Elaboração: NECAT/UFSC.
(1) Base: mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal; (2) Base: mesmo mês no ano anterior; (3) Base: mesmo período no ano anterior; (4) Base: período anterior de 12 meses.
Na comparação com o mês anterior, o comércio varejista ampliado em Santa Catarina registrou retração de -2,1% em maio de 2025, mantendo-se em retração. Em relação ao mesmo mês de 2024, a variação foi de 1,7%, indicando maior desaceleração frente à tendência de recuperação observada no primeiro trimestre. No acumulado do ano houve uma leve desaceleração para 5,1%, sendo 0,9 pontos percentuais abaixo do resultado de abril. Já na variação dos últimos doze meses, a taxa ficou em 6,5%, havendo uma queda de 0,7 pontos percentuais.
A Tabela 4 exibe a variação do volume de vendas do comércio varejista ampliado em Santa Catarina, segmentada por atividades nos três últimos meses (março a maio de 2025). Observa-se que na comparação com março e abril, o mês de maio apresentou um desempenho com franca desaceleração.
O segmento de Combustíveis e lubrificantes inverteu sua tendência em relação aos meses de março e abril, dado que apresentou resultado negativo em maio (0,8%), além de leve retração no acumulado do ano (4,1%). Já Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo registraram quedas em maio (5,5%) com consequente perda de força no acumulado (7,8%).
Tecidos, vestuário e calçados apresentaram expressiva queda na comparação mensal interanual (-1,3%) e leve queda no acumulado do ano (7,2%). Móveis e eletrodomésticos também apresentaram resultado negativo (-4,2%) frente ao mesmo mês do ano anterior, inclusive perdendo força no acumulado (3,9%).
O ramo de artigos farmacêuticos e cosméticos apresentou resultados positivos atingindo (8,1%) na comparação mensal interanual e (6,2%) no acumulado. Já Livros, jornais, revistas e papelaria apresentaram leve queda mensal interanual (12,9%), porém demonstrando aumento no ano (1,6%).
Entre os destaques negativos estão os equipamentos de escritório, informática e comunicação, que apresentaram melhores resultados comparativamente ao mês de abril, ou seja, (-6,1%) frente ao mesmo mês de 2024 e (-10,5%) no acumulado.
O segmento de Outros artigos de uso pessoal e doméstico resultou em forte queda no mês de maio (-3,4%), inclusive com desempenho anual também negativo da ordem de 15,5%. Em contrapartida, o setor de veículos e peças registrou recuperação, mesmo que tenha resultado negativo interanual (1,8%) e perda de força no acumulado (3,6%).
O setor de material de construção acelerou fortemente na comparação interanual (13,8%), inclusive mantendo crescimento estável ao longo do ano (8,8%).
Por fim, o Atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo variou negativamente (-6,1%) na comparação mensal interanual. Já no acumulado houve variação negativa de (-2,1%).
Tabela 4 – Índice e variação da receita nominal e do volume de vendas no comércio varejista ampliado, por atividades, Santa Catarina (2022 = 100)
| Atividades de divulgação (Comércio) | Mês/Mesmo Mês do Ano Anterior | Variação acumulada no ano/Mesmo período ano anterior | ||||
| mar/25 | abr/25 | mai/25 | mar/25 | abr/25 | mai/25 | |
| Combustíveis e lubrificantes | 5,2 | 5,4 | 0,8 | 4,7 | 4,8 | 4,1 |
| Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo |
4,2 |
16,3 |
5,5 |
6 |
8,4 |
7,8 |
|
Tecidos, vestuário e calçados |
6,8 |
10,3 |
-1,3 |
9,9 |
10 |
7,2 |
|
Móveis e eletrodomésticos |
5,5 |
3,4 |
-4,2 |
7 |
6,1 |
3,9 |
| Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos |
5,2 |
5,7 |
8,1 |
5,8 |
5,7 |
6,2 |
| Livros, jornais, revistas e papelaria | 3,6 | 14,2 | 12,9 | -3,5 | -0,4 | 1,6 |
| Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação |
-6,4 |
-15,1 |
-6,1 |
-10,3 |
-11,6 |
-10,5 |
| Outros artigos de uso pessoal e doméstico | 8,6 | 24,4 | 3,4 | 17,2 | 18,9 | 15,5 |
| Veículos, motocicletas, partes e peças | 10,2 | -5,1 | -1,8 | 9,1 | 5,1 | 3,6 |
| Material de construção | 14,5 | 1,4 | 13,8 | 9,7 | 7,6 | 8,8 |
| Atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo |
-2,1 |
-3,4 |
-6,1 |
-0,4 |
-1,1 |
-2,1 |
Fonte: IBGE – Pesquisa Mensal do Comércio. Elaboração: NECAT/UFSC.
O Gráfico 4 apresenta a variação acumulada no ano do volume de vendas do comércio varejista ampliado com base na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) de abril. Dos catorze grupos analisados, doze registraram resultados positivos, enquanto dois apresentaram quedas.
Entre os destaques positivos, o segmento de Outros artigos de uso pessoal e doméstico manteve a liderança, com o resultado de (15,5%), porém com baixa de 3,4 pontos percentuais em relação ao mês anterior. O segmento de Material de construção registrou desempenho expressivo, com variação de (8,8%). Já o setor de Hipermercados e supermercados registrou (8,1%), mantendo-se estável.
Em contraste, alguns segmentos apresentaram resultados negativos. Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação recuaram (10,5%), avançando 1,1 pontos percentuais quando comparado ao mês passado. O Atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo teve variação de (-2,1%), sendo 1 ponto percentual abaixo do mês passado.
Gráfico 4 – Variação do volume de vendas por segmento do comércio varejista ampliado, Santa Catarina, acumulado no ano (maio)
Fonte: IBGE – Pesquisa Mensal do Comércio. Elaboração: NECAT/UFSC.
Considerações finais
O desempenho do comércio varejista em maio de 2025 evidenciou um cenário de estabilização após o pico histórico registrado em março/25, sugerindo que o setor opera num patamar ainda elevado. Todavia, a leve retração no varejo restrito ao mesmo tempo em que ocorreu uma recuperação no ampliado reflete a existência de movimentos de ajustes após um período de forte expansão. Tal situação manteve o setor em níveis historicamente robustos, apesar do ambiente macroeconômico desincentivador que se caracteriza por juros elevados e expectativas de inflação ainda fora da meta prevista.
Em Santa Catarina o recuo pontual observado em maio não compromete a trajetória consistentemente superior do estado em relação à média nacional. A manutenção de resultados expressivos no acumulado do ano evidencia a capacidade da economia catarinense de sustentar crescimento mesmo que em contextos adversos. Tal situação é beneficiária de uma estrutura produtiva diversificada e diferenciada regionalmente. A heterogeneidade setorial observada ilustra como diferentes segmentos respondem de forma distinta às condições de crédito e às variações na demanda.
A perspectiva para os próximos meses continuará sendo influenciada pela tensão entre a necessidade de controle inflacionário e a manutenção do dinamismo econômico. Conforme destacado pela FGV, a autoridade monetária sinalizou a manutenção de juros em patamar elevado por período prolongado, cenário que tende a impactar de forma distinta os diversos segmentos do varejo. Enquanto atividades menos dependentes de financiamento podem encontrar sustentação na robustez do mercado de trabalho, setores de bens duráveis enfrentam maior pressão das condições restritivas de crédito.
Santa Catarina, com sua capacidade demonstrada de adaptação e inovação, tende a manter um desempenho diferenciado no cenário nacional. O acompanhamento da evolução das condições macroeconômicas, particularmente no que se refere à política monetária e às dinâmicas do mercado de trabalho, será fundamental para avaliar a sustentabilidade do crescimento do varejo catarinense no segundo semestre de 2025, em um contexto onde a busca por equilíbrio entre estabilidade de preços e crescimento econômico permanece como desafio central da política econômica brasileira.
* Graduando em Ciências Econômicas na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Bolsista do Núcleo de Estudos de Economia Catarinense (NECAT/UFSC). Email: rafaelnserra@gmail.com
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Mensal do Comércio.
Rio de Janeiro (RJ): IBGE, maio de 2025.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estatísticas Econômicas. Disponível em https: file:///C:/Users/usuario/Downloads/comercio.noticia%20(2).pdf
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estatísticas Econômicas. Disponível em https:// file:///C:/Users/usuario/Downloads/noticiasssscomercio%20(2).pdf
FGV – Fundação Getúlio Vargas. Boletim Macro. Disponível em: <https:// https:// https://portalibre.fgv.br/publicacoes/economia-aplicada/boletim-macro/conflitos- internacionais-e-domesticos






