No mês de maio/25 a geração de empregos formais no setor de serviços compensou as perdas nos setores agropecuário e comércio
Tamires Boing*
João Marcelo sovinski**
Os dados do Novo Caged de maio/2025 evidenciaram que o mercado de trabalho formal do país se expandiu em 0,3%, com abertura de 148,9 mil vagas. Já em Santa Catarina foram gerados 366 novos postos de trabalho, o que corresponde a uma expansão praticamente nula e indica ausência de crescimento no mês, conforme demonstrado na Tabela 1. Quando descontados os efeitos sazonais, o crescimento do país permanece o mesmo (0,3%), enquanto em Santa Catarina, após o ajuste, ocorreu uma expansão de 0,2%.
Na análise do desempenho acumulado em 12 meses, observa-se que o estado apresentou um crescimento nos estoques de emprego formal superior à média do nacional, sendo de 3,7% comparado a 3,5%, respectivamente. No acumulado de 2025, Santa Catarina registra uma alta de 2,9% na geração de vínculos formais, frente aos 2,2% observados no âmbito nacional.
Tabela 1 – Saldo de vínculos formais de trabalho no Brasil e em Santa Catarina (Brasil e Santa Catarina, maio/2025)
Fonte: Novo Caged (2025); Elaboração: NECAT/UFSC
* Variação contra mês anterior, na série dessazonalizada
** Estoque de empregos em mai/25 vs. estoque em dez/24
*** Estoque de empregos em mai/25 vs. estoque em mai/246
Embora haja incertezas relacionadas ao ajuste sazonal na série histórica do Novo Caged7, as informações apresentadas no Gráfico 1 indicam que Santa Catarina apresentou um crescimento inferior à média nacional quando descontados esses efeitos.
Gráfico 1 – Crescimento estimado do estoque de empregos formais (Santa Catarina, 2022-2025) – Série original e com ajuste sazonal
Fonte: Novo Caged (2025) e NECAT/UFSC (2025); Elaboração: NECAT/UFSC
O objetivo deste texto é analisar o desempenho do mercado formal de trabalho catarinense em maio de 2025, à luz dos resultados nacionais. Para isso, serão analisadas a dinâmica da geração de empregos por setor de atividade econômica, seu patamar remuneratório e sua distribuição regional.
Desempenho por setor de atividade econômica
A Tabela 2 apresenta a distribuição do saldo de empregos formais por setor de atividade econômica no Brasil e em Santa Catarina no mês de maio de 2025. O setor de serviços, no caso do Brasil, evidencia-se como o responsável pela geração de metade das vagas mensais geradas e, em relação a Santa Catarina, sustentou o resultado positivo das contratações formais.
No Brasil, foi registrado um saldo de 70,1 mil vínculos formais gerados no setor de serviços, o que representou um crescimento de 0,3%. Tal resultado foi sustentado pelas admissões nas atividades de atendimento hospitalar, nos serviços de escritório e apoio administrativo e no fornecimento e gestão de recursos humanos para terceiros. Negativamente, houve os desligamentos na seleção e agenciamento de mão de obra e nas atividades de teleatendimento. No acumulado de 2025, o setor de serviço lidera a geração de vagas formais do país, contabilizando um saldo de 563 mil empregos.
O setor de comércio registrou um saldo de 23,2 mil vagas formais, com uma variação mensal de 0,2%. Esse resultado foi promovido pelas contratações no comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios, de supermercados e no comércio varejista de produtos farmacêuticos, ambos os segmentos destacados na Pesquisa Mensal do Comércio por uma variação positiva no volume de vendas. No acumulado do ano, o setor de comércio foi responsável pela geração de 56,7 mil empregos formais, apresentando o menor saldo de empregos entre os demais setores.
O setor industrial gerou 21,5 mil postos de trabalho formais, com crescimento de 0,2%. Grande parte das contratações ocorreu na fabricação de álcool e na fabricação de açúcar bruto. Destaque também na fabricação de produtos de panificação. No acumulado do ano de 2025, a indústria contabilizou um saldo de 209,6 mil vagas formais, setor responsável pelo segundo maior saldo de geração de empregos formais.
O setor agropecuário apresentou um saldo de 17,3 mil postos formais, o que representou a maior expansão entre os setores, na ordem de 0,9%. Tal crescimento foi sustentado, sobretudo, pelas admissões sazonais na colheita de café, com uma variação estabilizada, quando analisado o mesmo período nos anos anteriores. Segundo dados divulgados pela Conab, se estima um crescimento na produção do café em relação ao ano anterior.8 Outros destaques que contribuíram positivamente com os resultados do setor foram as contratações no cultivo de laranja e no cultivo de cana-de-açúcar. Negativamente, houve os desligamentos sazonais no cultivo de alho e nas atividades de apoio a agricultura, subsetor com um desempenho inferior quando analisado a comparação interanual. No recorte do acumulado de 2025, o setor agropecuário gerou um saldo de 72,6 mil vínculos formais.
Por fim, o setor de construção gerou um saldo de 16,6 mil postos formais, com uma variação de 0,6%, resultado sustentado pelas admissões na construção de rodovias e na construção de estações e redes de distribuição de energia elétrica. Apesar do resultado positivo e importante para o desempenho do setor, a construção de edifícios apresentou um resultado baixo quando comparado ao mês imediatamente anterior e ao mesmo mês dos anos anteriores. Tal comportamento está sendo impactado pelo cenário macroeconômico que vem trazendo incertezas quanto ao desempenho da atividade ao longo do ano. Mesmo assim, em 2025 o setor de construção contabilizou um saldo de 149,2 mil empregos formais.
Tabela 2 – Saldo por setor de atividade econômica no Brasil e em Santa Catarina (maio/25)
Fonte: Novo Caged (2025); Elaboração: NECAT/UFSC
Em Santa Catarina, o setor de serviços registrou um saldo de 1,3 mil postos de trabalho, o que representou uma variação de 0,1%. Grande parte das admissões se concentrou na limpeza em prédios e domicílios, apresentando um crescimento superior aos analisados anteriormente no mesmo período. Negativamente, o saldo foi impactado pelos desligamentos na locação de mão de obra temporária e na seleção e agenciamento de mão de obra, assim como observado no cenário nacional. No acumulado de 2025, o setor de serviços contabilizou um saldo de 27,9 mil vínculos formais, ocupando a segunda posição na geração de vagas no estado.
O setor industrial contou com a abertura de 239 postos de trabalho com uma variação mensal inalterada. Positivamente, o saldo foi impactado pelas contratações na fabricação de aparelhos telefônicos, possivelmente puxados por consumidores e empresas em processo de modernização tecnológica (FIESC,2025), e na fabricação de material elétrico e eletrônico para veículos, influenciada por incentivos fiscais, como o programa Mover, e pelo impulso do consumo das famílias no primeiro trimestre. Apesar do cenário econômico desafiador, o aumento nas vendas contribuiu para esse resultado (FIESC,2025). Destacam-se, ainda, as admissões no abate e fabricação de produtos de carne, em especial no abate de aves. Impactando negativamente o resultado do setor, destacam-se os desligamentos na confecção de peças do vestuário e na tecelagem de fios de algodão. Em 2025, o setor industrial catarinense lidera na geração de vagas de emprego formais, com um saldo de 28,8 mil postos.
O setor de construção apresentou um saldo de 11 empregos formais, representando uma variação mensal inalterada. Contribuindo positivamente, houve admissões nos serviços especializados para construção e nas obras de acabamento. Negativamente, os desligamentos na montagem de instalações industriais e estruturas metálicas. No recorte do acumulado de 2025, o setor de construção registrou um saldo de 11,4 mil postos formais.
O comércio catarinense registrou o fechamento de 248 vagas, apresentando uma retração de 0,1% em maio. A maior parte dos desligamentos ocorreu no comércio varejista de materiais de construção, no comércio atacadista de hortifrutigranjeiros e no comércio atacadista de cereais e leguminosas beneficiados. No ano de 2025, o setor de comércio apresentou um saldo de 5,6 mil vínculos de emprego formais.
Por fim, o setor agropecuário apresentou um saldo negativo de 980 vagas, o que representou uma retração de 2%. A maior parte dos desligamentos se concentrou no cultivo da maçã, fenômeno sazonal do fim da colheita do fruto. No acumulado de 2025, a agropecuária gerou um saldo negativo de 108 vínculos formais.
Evolução salarial
O Gráfico 2 apresenta a evolução do salário médio real de admissão entre 2020- 2025, tanto para o Brasil quanto para santa Catarina. No mês de maio de 2025 o salário médio de admissão registrou um crescimento de 0,6% em Santa Catarina e uma retração de 0,5% no Brasil, chegando às cifras de R$2.304,47 e R$2.2248,71, respectivamente.
No estado, observa-se que o salário médio apresenta uma tendência de crescimento registrada desde o início do ano, enquanto que na esfera nacional observa-se uma tendência de estabilidade, ao mesmo tempo em que continua a apresentar um crescimento menor daquele observado em Santa Catarina, que apresenta componentes setoriais de contratações com atuação industrial e de serviços administrativos, setores que tipicamente pagam melhores salários na média.
Gráfico 2 – Salário médio real de admissão (Brasil e Santa Catarina, 2020- 2025
Fonte: Novo Caged (2025); Elaboração: NECAT/UFSC
Nota: seguindo a metodologia adotada pelo MTE, o salário médio foi deflacionado pelo INPC e calculado desconsiderando vínculos de trabalho intermitente e salários declarados abaixo de 0,3 SM ou acima de 150 SM.
Conforme demonstrado pelos dados da Tabela 3, no mês de maio aproximadamente 90% dos trabalhadores admitidos estão agrupados em faixas salariais de até 2 salários mínimos. Do total de catarinenses contratados em maio/25, 8,7 mil (6,2%) receberam até 1 salário mínimo, 117,8 mil (83,4%) receberam de 1 até 2 salários mínimos e apenas 14,6 mil trabalhadores receberam salários acima de 2 salários mínimos (pouco mais de 10% do total de contratados).
Tabela 3 – Admissões por faixa salarial (Santa Catarina, maio/25)
Fonte: Novo Caged (2025) e RAIS (2025); Elaboração: NECAT/UFSC.
Distribuição geográfica dos empregos em Santa Catarina
A Tabela 4 apresenta o saldo e a variação mensal de empregos formais nas mesorregiões de Santa Catarina em maio de 2025. Em termos absolutos, a região da Grande Florianópolis despontou com o maior saldo de contratações nos últimos dois meses, com a abertura de 1,2 mil vagas formais, representando uma variação de 0,2%. Tal resultado foi impulsionado majoritariamente pelo setor de serviços, em especial na limpeza em prédios e domicílios em São José. Destaque também para a construção de edifícios nas cidades de Biguaçu e Nova Trento. No acumulado do ano, a região da Grande Florianópolis registrou um saldo de 10,5 mil empregos formais.
A região Oeste registrou um saldo de 1 mil vagas formais, com um crescimento de 0,2%. Parte significativa das contratações ocorreu nos setores de abate e fabricação de produtos de carne no município de Chapecó e nas obras de terraplanagem em Concórdia. No acumulado de 2025, a região Oeste contabilizou o segundo maior saldo entre as demais regiões, com a geração de 14,8 mil vínculos de trabalho formal.
A região Norte contabilizou um saldo de 285 postos de trabalho formais, com uma variação relativa de 0,1%. O setor industrial despontou com o maior número de contratações, especialmente na fabricação de aparelhos telefônicos e outros aparelhos de comunicação, em Joinville, e na fabricação de peças e acessórios para veículos automotores em Campos Novos. Negativamente, a região foi afetada pelos desligamentos na locação de mão de obra temporária e no segmento de tecelagem em Joinville. Em 2025, a região Norte contabilizou um saldo de 14,5 mil vínculos de trabalho formal.
A região Sul registrou um saldo negativo em maio, no qual os 505 desligamentos representaram uma retração de 0,1%. Negativamente, o desempenho da região foi impactado pelos desligamentos no setor de construção, principalmente nos subsetores de montagem de instalações e estruturas metálicas e na construção de edifícios, e no setor industrial de fabricação de estruturas metálicas em Tubarão. Os serviços de saúde contribuíram positivamente, em especial nas atividades de apoio à gestão da saúde, em Jaguaruna, e nas atividades de atendimento hospitalar em Criciúma. No recorte do acumulado do ano, a região Sul catarinense contabilizou um saldo de 10 mil empregos formais.
Tabela 4 – Saldo de empregos formais por mesorregião (Santa Catarina, maio/25)
Fonte: Novo Caged (2025); Elaboração: NECAT/UFSC.
A região Serrana registrou 771 desligamentos, representando uma retração de 0,6%. Os desligamentos sazonais no cultivo da maçã em Urupema, bem como o fechamento de vagas nas atividades de apoio à agricultura e na colheita da maçã em São Joaquim, afetaram negativamente o saldo da região. No acumulado de 2025, a região Serrana apresentou um saldo de 4,1 mil vagas, o menor resultado quando comparado às demais regiões.
Por fim, a região do Vale do Itajaí registrou o maior número de desligamentos no mês de maio, com o fechamento de 916 vagas, representando uma retração de 0,1%. Boa parte dos desligamentos acumulou-se no setor de serviços, sobretudo nos segmentos de seleção e agenciamento de mão de obra e na locação de mão de obra no município de Itajaí. Também afetaram o saldo da região, o fechamento das vagas na confecção de peças do vestuário nas cidades de Brusque e Luiz Alves. No acumulado de 2025, a região do Vale do Itajaí contabilizou um saldo de 19,6 mil vagas formais, o maior resultado quando comparado às demais regiões.
A Tabela 5 apresenta o saldo e a variação mensal dos empregos nas cidades catarinenses com mais de 100 mil habitantes. Especificamente, em relação a estas cidades, nota-se que os municípios que mais se destacaram na criação de empregos em maio foram São José, com 845, Chapecó, com 341, seguidas por Palhoça, Blumenau e Jaraguá do Sul.
Em São José, parte majoritária das admissões ocorreu no setor de serviços, em especial na atividade de limpeza em prédios e domicílios e nos serviços em restaurantes. Na cidade de Chapecó as contratações foram puxadas nos subsetores de abate e fabricação de produtos de carne e no comércio varejista. Em contrapartida, Tubarão foi a cidade com mais de 100 mil habitantes a apresentar o menor saldo, devido aos desligamentos no segmento de montagem de instalações industriais e estruturas metálicas.
Tabela 5 – Saldo das cidades com mais de 100 mil habitantes (Santa Catarina, maio/25)
Fonte: Novo Caged (2025); Elaboração: NECAT/UFSC.
Considerações Finais
No mês de maio o mercado formal de trabalho em Santa Catarina apresentou um saldo positivo de 366 novas vagas, obtendo assim uma variação inalterada. Quando descontados os efeitos sazonais, essa variação passa para 0,2%. Nacionalmente, a variação foi de 0,3%, e, após o ajuste sazonal, o crescimento permaneceu no patamar de 0,3%..
O principal destaque, absoluto e relativo, foi o setor de serviços, impulsionado pela criação de vínculos na limpeza em prédios e domicílios. No recorte regional, merecem destaque os serviços de limpeza em prédios e domicílios em São José e as contratações na construção de edifícios nas cidades de Biguaçu e Nova Trento.
A média salarial dos catarinenses contratados apresentou um crescimento de 0,6%, chegando a R$2.304,47 no mês de maio. A predominância de trabalhadores em faixas salariais de até 2 salários mínimos sugere a necessidade de atenção às condições salariais e à qualidade dos empregos gerados.
* Graduanda em Ciências Econômicas na UFSC e bolsista do NECAT. Email:tmrsbng@gmail.com
** Graduando em Ciências Econômicas na UFSC e bolsista do NECAT. Email:Sovinskiapc@gmail.com
6 Embora à primeira vista possa parecer que de mai/24 a mai/25 contabiliza-se 13 meses, por se tratar de uma medida de variação do estoque mês a mês, o valor acumulado compreende o período de 12 meses.
7 Qualquer dessazonalização feita a partir dos dados do Novo Caged deve ser analisada com muita cautela. Como a série tem início em 2020, a observação de seus padrões sazonais deve ser complementada com os dados do Caged antigo. No entanto, conforme temos alertado constantemente, essas bases não são plenamente comparáveis entre si, uma vez que a transição para o Novo Caged inchou as estatísticas do emprego formal, seja pela inclusão de novas categorias de vínculos, ou pela maior abrangência de captação. Com isso, é possível que haja um viés de alta nos resultados dessazonalizados.
8https://agenciagov.ebc.com.br/noticias/202505/safra-dos-cafes-do-brasil-estimada-para-ano-cafeeiro-
de-2025-totaliza-volume-fisico-equivalente-a-55-67-milhoes-de-sacas
MINISTÉRIO DO TRABALHO (Brasil). Programa de Disseminação das Estatísticas do Trabalho (org.). NOVO CAGED. 2025. Disponível em: http://pdet.mte.gov.br/novo- caged/. Acesso em: 10 de julho de 2025.
FIESC – Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina. Análise do Emprego Industrial. Boletim do Emprego Industrial. 2025. Disponível em: https://observatorio.fiesc.com.br/publicacoes/industria-e-servicos-puxam-geracao-de- empregos-catarinenses-em-maio. Acesso em: 10 de julho de 2025.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Mensal do Comércio. Rio de Janeiro (RJ). Disponível em:https: //agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia- noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/43923-com-segundo-resultado-no-campo- negativo-varejo-registra-0-2-em-maio. Acesso em: 10 de julho de 2025.









