PNADC – Divulgações mensais (2022)

Esta página apresenta um acompanhamento dos principais destaques das divulgações mensais (trimestres móveis) da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do IBGE, ao longo de 2022. Um resumo da estrutura da PNADC pode ser conferido neste link. Para um maior detalhamento da metodologia e dos indicadores da Pesquisa, clique aqui. Os acompanhamentos mensais referentes a 2021 podem ser conferidos nesta página e para os de 2020 nesta página.


Fev-mar-abr/2022

Desocupação:

  • A taxa de desemprego recuou para 10,5% no trimestre encerrado em abril de 2022. Esse percentual representa uma queda de 0,7 p.p. com relação ao trimestre anterior e uma queda de 4,3 p.p. na comparação com o mesmo período de 2021. Nesse trimestre, a taxa de desemprego é 1,4 p.p. menor do que a observada no mesmo período de 2020, quando a pandemia chegava ao seu segundo mês. Mesmo tendo superado as perdas da pandemia, o Brasil ainda conta com 11,3 milhões de desempregados.

Ocupação:

  • A população ocupada aumentou em quase 1,1 milhão de pessoas no trimestre móvel e é 9 milhões maior do que no mesmo período de 2021. Esse salto da ocupação se deve a demora da volta das pessoas ao mercado de trabalho, onde os estoques estavam muito baixos, visto que em relação ao mesmo período de 2020, a diferença é de 7,2 milhões de vagas.

Força de trabalho:

  • No primeiro trimestre de 2022, a população na força de trabalho apresentou crescimento de quase 400 mil vagas. Com isso, a taxa de participação na força de trabalho ficou em 62,4%, dado que se aproxima do visto no mesmo período em 2019 (que tinha uma taxa de participação de 61,9%, 0,5 p.p. a menos). 

Subutilização da força de trabalho:

  • Com a geração de novos empregos, a população desempregada se reduziu em 700 mil pessoas no trimestre. A força de trabalho potencial também segue sendo enxugada, tendo uma redução de 600 mil pessoas. A subocupação por insuficiência de horas também apresentou queda, da ordem de 370 mil pessoas, indicando uma diminuição da ociosidade da economia. Com isso, a subutilização da força de trabalho (a junção dessas três medidas) recuou para 22,5% no trimestre, uma redução de 1,4 p.p.em relação ao trimestre móvel anterior e de 7,1 p.p. quanto ao mesmo período de 2021.

Posição na ocupação e categoria no emprego:

  • As divulgações recentes da PNAD Contínua têm assinalado uma expansão do emprego com carteira de trabalho assinada no setor privado, que teve alta de quase 700 mil de pessoas no último trimestre,representando um crescimento de 9,4% na comparação com o mesmo período de 2020. O trimestre também aponta para uma estagnação do emprego informal, visto que todos os outros tipos de ocupação se mantiveram estagnados. No entanto, essa estagnação não retrai o crescimento histórico dos trabalhadores por conta própria, que desde o início da pandemia, a categoria está 9,2% maior do que no mesmo período de 2020.

Setor de atividade econômica:

  • O principal setor responsável pelo aumento da ocupação no trimestre foi a administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e outros serviços, com alta de 251 mil trabalhadores. Houve alta em serviços pessoais (233 mil) e transporte, armazenagem e correios (152 mil), os demais setores registraram pequenas oscilações. Só a agropecuária registrou saldo negativo em relação ao último trimestre, com baixa de 150 mil vagas.

Rendimentos do trabalho:

  •  O rendimento médio real cresceu 3% no trimestre. No entanto, vale destacar que esse resultado se deve basicamente ao encolhimento do trabalho informal (geralmente pior remunerado), não significando uma retomada dos níveis de renda no país. Prova disso é que o rendimento habitual médio acumula queda de 7,9% nos últimos 12 meses. Esse resultado se deve à combinação de desemprego ainda em patamares elevados e à aceleração inflacionária em curso, que têm feito com que os trabalhadores não consigam reivindicar sequer a manutenção de seu poder de compra.

Quadro Sintético


Jan-fev-mar/2022

Desocupação:

  • A taxa de desemprego ficou em 11,1% no 1º trimestre de 2022. Esse percentual representa uma estagnação com relação ao trimestre anterior e uma queda de 3,8 p.p. na comparação com o mesmo período de 2021. Nesse trimestre, a taxa de desemprego é 1,1 p.p. menor do que a observada no mesmo período de 2020, de modo que agora é possível dizer que esse indicador retornou à trajetória em que vinha antes da pandemia. Apesar disso, o Brasil ainda conta com quase 12 milhões de desempregados.

Ocupação:

  • A população ocupada diminuiu em 470 mil pessoas no primeiro trimestre de 2022. Apesar disso, o número de ocupados é 3 milhões maior do que no mesmo período de 2022. Esse resultado praticamente acompanha o crescimento populacional registrado no período, fazendo com que o nível da ocupação (participação dos ocupados na população em idade ativa) seja praticamente o mesmo de antes da pandemia.

Força de trabalho:

  • No primeiro trimestre de 2022, a população na força de trabalho apresentou leve retração, com queda em quase meio milhão de pessoas. Com isso, a taxa de participação na força de trabalho ficou em 62,1%, o que mantém esse indicador em níveis superiores ao período pré-pandemia (alta de 1,5 p.p. em relação ao mesmo período em 2020). 

Subutilização da força de trabalho:

  • Sem a geração de novos empregos, a população desempregada estagnou, tendo uma pequena redução de 62 mil pessoas no trimestre. Entretanto, segue sendo enxugada a força de trabalho potencial (pessoas que desejariam trabalhar, mas não procuraram emprego ou não puderam assumir uma vaga), que teve baixa trimestral de 610 mil pessoas. Já a subocupação apresentou uma queda de 860 mil pessoas, indicando uma diminuição da ociosidade da economia. Com isso, a subutilização da força de trabalho (que engloba essas três medidas) recuou para 23,2% no trimestre, uma redução de 1,1 p.p em relação ao trimestre móvel anterior e de 6,4 p.p. quanto ao mesmo período de 2021.

Posição na ocupação e categoria no emprego:

  • As divulgações recentes da PNAD Contínua têm assinalado uma expansão do emprego com carteira de trabalho assinada no setor privado, que teve alta de 380 mil de pessoas no último trimestre,representando um crescimento de 5,3% na comparação com o mesmo período de 2020. O trimestre também aponta para uma queda do emprego informal, puxada pelos trabalhadores por conta própria (-660 mil, sendo 475 mil destes sem CNPJ). No entanto, nota-se que essa queda não compensou o crescimento histórico dos trabalhadores por conta própria acumulado desde o início da pandemia, visto que a categoria está 4,6% maior do que no mesmo período de 2020.

Setor de atividade econômica:

  • O principal setor responsável pela queda da ocupação no trimestre foi a construção, com baixa de 252 mil trabalhadores. Os demais setores registraram pequenas oscilações.  Houve alta nos serviços de alojamento e alimentação (142 mil) e transporte, armazenagem e correio (124 mil); mas queda na indústria (-90 mil), no comércio (-104 mil) e na agropecuária (-138 mil).

Rendimentos do trabalho:

  •  O rendimento médio real cresceu 1,5% no trimestre. No entanto, vale destacar que esse resultado se deve basicamente ao encolhimento do trabalho informal (geralmente pior remunerado), não significando uma retomada dos níveis de renda no país. Prova disso é que o rendimento habitual médio acumula queda de 8,7% nos últimos 12 meses. Esse resultado se deve à combinação de desemprego ainda em patamares elevados e à aceleração inflacionária em curso, que têm feito com que os trabalhadores não consigam reivindicar sequer a manutenção de seu poder de compra.

Quadro Sintético


Dez-Jan-Fev/2022

Desocupação:

  • A taxa de desemprego ficou em 11,2% no trimestre encerrado em fevereiro de 2022. Esse percentual representa uma queda de 0,4 p.p. com relação ao trimestre anterior e de 3,4 p.p. na comparação com o mesmo período de 2021. Nesse trimestre, a taxa de desemprego é 0,4 p.p. menor do que a observada no mesmo período de 2019/20, de modo que agora é possível dizer que o aumento do desemprego associado à crise da Covid-19 foi quase completamente sanado. Apesar disso, o Brasil ainda conta com 12 milhões de desempregados, cerca de 300 mil pessoas a menos do que antes da pandemia.

Ocupação:

  • A população ocupada aumentou em 300 mil pessoas no trimestre entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022. Com isso, percebe-se uma desaceleração no ritmo de contratações, visto que o nível da ocupação
  •  (participação dos ocupados na população em idade ativa) não variou no trimestre. Em comparação com o mesmo período antes da pandemia, observamos que hoje o número de ocupados é 1,5 milhão maior, o que praticamente acompanha o crescimento populacional registrado no período.

Força de trabalho:

  • Em compasso com a desaceleração do emprego, a força de trabalho se estagnou, tendo uma perda de 85 mil pessoas no último trimestre. Com isso, a taxa de participação na força de trabalho ficou em 62,2%, o que mantém esse indicador em níveis condizentes ao período pré-pandemia, uma vez que essa taxa está até 0,5 p.p. maior do que estava no mesmo período em 2020. 

Subutilização da força de trabalho:

  • Mesmo com a desaceleração na geração de novos empregos, a população desempregada diminuiu em 389 mil pessoas no trimestre. Complementarmente, também segue sendo enxugada a força de trabalho potencial (pessoas que desejariam trabalhar, mas não procuraram emprego ou não puderam assumir uma vaga), que teve baixa trimestral de 510 mil pessoas. Já a subocupação apresentou uma queda de 950 mil pessoas, indicando uma diminuição da ociosidade da economia. Com isso, a subutilização da força de trabalho (que engloba essas três medidas) recuou para 23,5% no trimestre, uma redução de 1,5 p.p em relação ao trimestre móvel anterior e de 5,7 p.p. quanto ao mesmo período de 2021.

Posição na ocupação e categoria no emprego:

  • As divulgações recentes da PNAD Contínua têm assinalado uma expansão do emprego com carteira de trabalho assinada no setor privado, que teve alta de 371 mil de pessoas no último trimestre, o que representa um crescimento de 2,8% na comparação com o mesmo período de 2020. O trimestre também aponta para uma queda do emprego informal, puxada pelos trabalhadores por conta própria (-488 mil, sendo 355 mil destes sem CNPJ). No entanto, nota-se que essa queda não compensou o crescimento histórico dos trabalhadores por conta própria acumulado desde o início da pandemia, visto que a categoria está 3,5% maior do que no mesmo período de 2020.

Setor de atividade econômica:

  • O principal setor responsável pelos empregos gerados no trimestre móvel é, mais uma vez, o comércio, que teve saldo de 244 mil vagas. Além disso, os serviços pessoais (190 mil novas ocupações), a administração pública (90 mil vagas) e os serviços de alojamento e alimentação (74 mil vagas) também contribuíram para o saldo do trimestre. Por outro lado, a indústria teve uma queda de 55 mil ocupações, a agricultura, de 114 mil ocupações e a construção de 261 mil ocupações.

Rendimentos do trabalho:

  • Um dos fenômenos que chama a atenção na conjuntura é que, ao contrário do que ocorre com o nível da ocupação, os rendimentos do trabalho ainda permanecem muito abaixo do patamar pré-pandemia. A despeito do crescimento de 0,5% na massa de rendimentos habituais no último trimestre, , esse indicador ainda se encontra 0,2% abaixo do que era no mesmo período de 2021 (quando o nível de ocupação encontrava-se nos menores patamares da série histórica). Com isso, o rendimento médio real cresceu somente 0,3% no trimestre, já acumulando queda de 8,8% em um ano. Esse resultado se deve à combinação de desemprego ainda em patamares elevados e aceleração inflacionária, que têm feito com que os trabalhadores não consigam reivindicar sequer a manutenção de seu poder de compra.

Quadro Sintético


Nov-Dez-Jan/2022

Desocupação:

  • A taxa de desemprego ficou em 11,2% no trimestre encerrado em janeiro de 2022. Esse percentual representa uma queda de 0,9 p.p. com relação ao trimestre anterior e de 3,3 p.p. na comparação com o mesmo período de 2021. Nesse trimestre móvel, a taxa de desemprego é exatamente igual à observada no mesmo período de 2019/20, de modo que agora é possível dizer que o aumento do desemprego associado à crise da Covid-19 foi quase completamente sanado. Apesar disso, o Brasil ainda conta com 12 milhões de desempregados, cerca de 135 mil pessoas a mais do que antes da pandemia.

Ocupação:

  • A população ocupada aumentou em 1,5 milhão no trimestre entre novembro de 2021 e janeiro de 2022. Com isso, percebe-se uma desaceleração no ritmo de contratações, que variou 1,6% no trimestre. Em comparação com o mesmo período antes da pandemia, observamos que hoje o número de ocupados é 1,2 milhão maior, o que praticamente acompanha o crescimento populacional registrado no período.

Força de trabalho:

  • Em compasso com a desaceleração do emprego, a força de trabalho incorporou 612 mil pessoas no último trimestre. Com isso, a taxa de participação na força de trabalho subiu para 62,3%, o que mantém esse indicador em níveis condizentes ao período pré-pandemia

Subutilização da força de trabalho:

  • O ritmo de crescimento do emprego continua absorvendo parte da população desempregada, que diminuiu em 860 mil pessoas no trimestre. Complementarmente, também segue enxugando a força de trabalho potencial (pessoas que desejariam trabalhar, mas não procuraram emprego ou não puderam assumir uma vaga), que teve baixa trimestral de 550 mil pessoas. Já a subocupação apresentou uma queda de 740 mil pessoas, indicando uma diminuição da ociosidade da economia. Com isso, a subutilização da força de trabalho (que engloba essas três medidas) recuou para 23,9% no trimestre, uma redução de 1,9 p.p em relação ao trimestre móvel anterior e de 5,1 p.p. quanto ao mesmo período de 2021.

Posição na ocupação e categoria no emprego:

  • As divulgações recentes da PNAD Contínua têm assinalado uma recuperação do emprego com carteira de trabalho assinada no setor privado, que teve alta de 681 mil de pessoas no último trimestre, representando um crescimento de 2,5% na comparação com o mesmo período de 2020. No entanto, nota-se que essa retomada não tem sido suficiente para conter o avanço da informalidade, tendo em vista que o emprego sem carteira no setor privado ainda segue em alta (saldo de 475 mil ocupações no trimestre, já acumulando alta de 6% nos últimos dois anos). A boa notícia da conjuntura é a queda no número de trabalhadores por conta própria (-62 mil pessoas, sendo -125 mil sem CNPJ). Contudo, considerando apenas os últimos 12 meses, essa categoria aumentou em quase 2,4 milhões de pessoas, o que equivale a uma alta de 10,3%.

Setor de atividade econômica:

  • O principal setor responsável pelos empregos gerados no trimestre móvel é, mais uma vez, o comércio, que teve saldo de 436 mil vagas. Além disso, os serviços pessoais, com saldo de 310 mil vagas, bem como outros segmentos dos serviços tiveram papel importante na geração de novas vagas no último trimestre, como os de administração pública (280 mil vagas), informação e comunicação (240 mil vagas) e alojamento e alimentação (206 mil vagas). Por outro lado, a indústria teve uma fraca expansão, com saldo de 113 mil ocupações, enquanto a agricultura e a construção tiveram perdas que, somadas, chegam a quase 260 mil vagas.

Rendimentos do trabalho:

  • Um dos fenômenos que mais chama a atenção na conjuntura é que a retomada do emprego tem sido acompanhada por perdas na massa salarial. Em outras palavras, mais trabalho tem sido realizado, e menores salários vêm sendo recebidos. Nesse sentido, nota-se que, enquanto a ocupação cresceu 1,6%, a massa de rendimentos habituais caiu 0,5% na comparação com o trimestre anterior. Com isso, o rendimento médio real recuou 1,1%. Esse resultado se deve à combinação de desemprego ainda em patamares elevados e aceleração inflacionária, que têm feito com que os trabalhadores não consigam reivindicar sequer a manutenção de seu poder de compra.

Quadro Sintético


Responsáveis

Vicente Loeblein Heinen: Economista pela UFSC e bolsista do Necat. E-mail: vicenteheinen@gmail.com.

Victor Hugo Azevedo Nass: Estudante de Economia na UFSC e bolsista do Necat. E-mail: victorhugonass@gmail.com.