Setor de serviços catarinense caiu 0,7% em junho/25
Kauê Soares Alexandre*
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) acompanha o comportamento conjuntural do setor de serviços no país e nas 27 Unidades Federativas (UFs) ao pesquisar a receita bruta de serviços em empresas juridicamente constituídas, cujo número de pessoas ocupadas que desempenham como atividade principal um serviço não financeiro, excluídas as áreas de saúde e educação, seja igual ou superior a 20. Em 11 de julho foi divulgada a trigésima segunda edição da pesquisa, relativa ao mês de junho de 2025, após o início das alterações metodológicas que visaram captar melhor as mudanças econômicas em curso3.
O setor de serviços nacionais emplacou a quinta alta seguida no índice de volume, com um saldo na casa de +0,3%, com relação ao mês imediatamente anterior (maio/25) na série dessazonalizada. No outro sentido, Santa Catarina apresentou uma queda na ordem de -0,7% no mesmo indicador, segundo mês em terreno negativo, recrudescendo o nível da atividade aos patamares de janeiro/25, como consequência da recente perda de dinamismo nos transportes e serviços prestados às famílias.
Tomado o conjunto das Unidades Federativas (UFs), foram contabilizadas 16 retrações e 11 expansões, com relação a abril/25 na série dessazonalizada. Apesar da magnitude dos avanços e quedas, a heterogeneidade dos saldos contrabalanceou o agregado nacional. Os maiores saldos tiveram a seguinte ordem: Tocantins (+4,5%), Distrito Federal (+2,3%), Mato Grosso do Sul (+2,2%), Rio Grande do Norte (+1,3%) e Espírito Santo (+0,9%). No sentido contrário, os saldos negativos se concentraram nas seguintes unidades federativas: Alagoas (-3,7%), Roraima (-2,7%), Sergipe (-2,7%), Maranhão (-2,2%) e Goiás (-2,1%).
Diante da perspectiva de desaceleração econômica observada no segundo trimestre de 2025, gestada num quadro de arrefecimento da demanda doméstica, apenas o setor de serviços a nível nacional cresceu, mesmo que modestamente sustentado diretamente pelos bons saldos nos segmentos de transportes e correio. Para pesquisadores da FIPE (2025), esse cenário restritivo causado tanto pelo ambiente externo quanto pela política restritiva interna, é contrabalanceado pelo dinamismo recente do mercado de trabalho, cujos níveis de desemprego atingiram as menores taxas desde o início da série histórica em 2012. Todavia, no caso catarinense verificou-se que seus principais segmentos perderem peso na composição do setor, indicando a possibilidade de desaceleração, particularmente nos subsetor de serviços de transportes e de serviços prestados às famílias.
O presente texto analisa o comportamento do volume de serviços no âmbito nacional no mês de junho/25 para, posteriormente, fazer as mesmas análises específicas para o estado de Santa Catarina. Essa análise de periodicidade mensal acompanha a evolução do setor de serviços segundo as estratificações em termos territoriais (UFs) e por atividades econômicas (atividades de divulgação), definidas pela PMS/IBGE segundo os parâmetros adotados na CNAE 2.0.
Setor de serviços brasileiro atinge máxima histórica em junho/25
O Gráfico 1 apresenta um recorte temporal do volume de serviços no período de janeiro/20, mês anterior ao início da pandemia, a junho/25. Novamente, neste mês o indicador de volume expandiu 0,3% em relação ao mês imediatamente anterior, livre de efeitos sazonais, chegando a um patamar de 18,4% superior ao nível pré-pandemia. Tal patamar tornou-se pico da série iniciada em 2011. Considerando-se a situação setorial no mês, a seguir será feita uma breve recapitulação dos indicadores no período recente para em seguida situar a situação dos indicadores.
No início de 2024 o índice de volume de serviços crescia moderadamente, mesmo após um resultado positivo expressivo ao final de 2023. É observada uma queda expressiva em maio/24, que foi, no entanto, recuperada nos meses seguintes, como resultado do crescimento na contratação de transportes. Outra queda aconteceu em agosto/24, sendo que a partir dela o setor apresentou um ritmo de crescimento acelerado e atingiu o auge da série histórica logo em outubro/24. É quando a desaceleração do índice no último trimestre de 2024 inverte a tendência e estabiliza-se em um patamar relativamente alto. Apesar do enfraquecimento constatado no início do ano, o saldo líquido do primeiro trimestre foi de uma expansão moderada, em consequência do dinamismo dos serviços de informação e comunicação. No trimestre encerrado em junho/25 o setor acumulou alta de 1,1% com relação ao trimestre anterior, ultrapassando inclusive o pico anterior da série registrado em outubro/24.
Gráfico 1: Índice de volume de serviços com ajuste sazonal, Brasil, jan/2020-jun/2025 (jan/20=100)
Fonte: PMS/IBGE. Elaboração: NECAT/UFSC.
As taxas de crescimento ou queda do setor são evidenciadas na Tabela 1. Nela constam as diferentes bases de comparação utilizadas pela PMS/IBGE. Inicialmente, a primeira coluna, que verifica a variação percentual do volume de serviços em relação ao mês imediatamente anterior (maio/25), com ajuste sazonal, apresentou leve crescimento. É notável que o desempenho observado dê continuidade a trajetória estável do setor, com tendência de queda. Ademais, as observações mensais anteriores ilustram certa instabilidade ao longo dos últimos doze meses, quando três meses apresentaram resultados negativos relevantes e os demais esboçam crescimento, porém em patamares menores.
Sob outra ótica, a segunda coluna apresenta a variação de junho/25 contra junho/24, que apresentou um saldo positivo de +2,8%. A variação confere a tendência de expansão do setor em termos interanuais em um patamar levemente inferior ao observado no mês passado. O sinal se mantém positivo desde abril/24, chegando a atingir alguns saldos positivos relevantes em alguns meses, em especial outubro/24 e fevereiro/25.
A terceira coluna mostra o saldo do volume acumulado ao longo do ano corrente (jan-jun/25) em relação ao mesmo período do ano anterior (jan-jun/24). Destaca-se que o saldo de +2,5%, o mesmo do mês anterior, persiste a continuidade da trajetória de crescimento esperada no setor, dada a base de comparação que persiste os efeitos dos bons saldos de final do ano de 2024.
Tabela 1: Variação (%) do volume de serviços segundo diferentes bases de comparação no Brasil, jul/24-jun/25.
| Mês/Mês
anterior (1) |
Mês/igual mês
ano anterior (2) |
Acumulado no
ano (3) |
Últimos doze
meses (4) |
|
| jul/24 | 0,2 | 4 | 2,9 | 2 |
| ago/24 | -0,4 | 1,8 | 2,8 | 2 |
| set/24 | 1,1 | 3,8 | 2,9 | 2,3 |
| out/24 | 1,2 | 6,3 | 3,2 | 2,7 |
| nov/24 | -1,3 | 2,5 | 3,2 | 2,8 |
| dez/24 | 0,2 | 2,8 | 3,1 | 3,1 |
| jan/25 | -0,4 | 1 | 1 | 2,8 |
| fev/25 | 0,8 | 4,3 | 2,6 | 2,8 |
| mar/25 | 0,3 | 1,7 | 2,3 | 3,1 |
| abr/25 | 0,4 | 1,8 | 2,2 | 2,7 |
| mai/25 | 0,2 | 3,8 | 2,5 | 3 |
| jun/25 | 0,3 | 2,8 | 2,5 | 3 |
Fonte: PMS/IBGE. Elaboração: NECAT/UFSC.
(1) Base: mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal; (2) Base: mesmo mês no ano anterior;
(3) Base: mesmo período no ano anterior; (4) Base: período anterior de 12 meses.
Por fim, a quarta e última coluna apresenta o acumulado agregado dos últimos doze meses (jul/24-jun/25). Com esse indicador é possível acompanhar mais de perto a trajetória interanual. Nesse caso, o nível estabelecido por volta de 3% se manteve estável, passando por uma leve melhora no final daquele ano dado a base de comparação (2023).
O Gráfico 2 apresenta o comportamento do índice de volume de serviços em relação ao mês imediatamente anterior, na série dessazonalizada, estratificado pelas Unidades Federativas e Brasil. Segundo afirmado anteriormente, observaram-se 11 saldos positivos, sendo que as maiores expansões foram registradas nos Estados pontuados, para além de outros, como Paraná (+0,8%), Amapá (+0,8%) e Pará (+0,8%).
Gráfico 2: Variação (%) Mês/Mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal, do índice de volume de serviços segundo Unidades Federativas e Brasil, jun/25.
Fonte: PMS/IBGE. Elaboração: NECAT/UFSC.
A Tabela 2 apresenta as variações percentuais do índice de volume de serviços, estratificado pelos cinco macrossetores identificados pela PMS/IBGE, compreendendo os últimos três meses para cada diferente base de comparação.
Na comparação do mês atual com o mês imediatamente anterior, ajustado sazonalmente, observou-se avanço apenas nos “Transportes e correio” (+1,5%), como consequência da situação positiva nos transportes aéreos (+2,5%) e terrestres (+0,8%), enquanto nos demais os saldos negativos se manifestaram da seguinte forma: “Prestados às famílias” (-1,4%), como fruto dos resultados negativos em empresas de alojamento e alimentação (-1,4%); “Outros serviços” (-1,3%); “Informação e comunicação” (-0,2%), que sentiu a leve queda nos serviços de tecnologia de informação e comunicação (- 0,3%); e, finalmente, “Profissionais, adm. complementares” (-0,1%), marcado pela queda nos serviços administrativos e complementares (-0,8%), especialmente no segmento de aluguéis não imobiliários.
No segundo grupo demarcado de colunas são considerados os resultados do corrente mês em relação ao mesmo mês do ano anterior (jun/25 com jun/24). O resultado agregado pode ser decomposto em 3 setores em expansão, enquanto os demais com saldos negativos. No primeiro caso, “Informação e comunicação” (+5,7%) foi puxado pelo subsetor de tecnologia de informação e comunicação (+6,1%), especialmente pelo segmento de tecnologia da informação (TI), “Transportes e correio” (+3%) visualizou aumento expressivo nos transportes aéreos (+21,7%), enquanto “Profissionais, adm. e complementares” (+2,4%) avança em decorrência dos serviços técnico-profissionais (+6,4%). No outro sentido, “Outros serviços” (-1,3%) e “Prestados às famílias” (-1,2) apresentaram queda, neste houve queda em especial nos serviços de esgoto (-2,6%) e atividades imobiliárias (-2,2%), enquanto naquele houve um impacto negativo das atividades de alimentação (-2,2%) que é o segmento ligado ao subsetor de alojamento e alimentação.
Por fim, no terceiro grupo é visualizado o acumulado no ano com relação ao mesmo período no ano anterior (jan-jun/25 com jan-jun/24), permitindo analisar mais de perto o ritmo do setor. O saldo de +2,5% é explicado principalmente através dos resultados positivos em “Informação e comunicação” (+6,2%), que segue uma trajetória destacadamente em patamares elevados desde o início de 2024, sendo explicado diretamente pelo comportamento da atividade de TI, tecnologia da informação, que está inserida no grupo de serviços de tecnologia de informação e comunicação (+6,7%), o TIC. Em sequência, com o mesmo saldo, “Prestados às famílias (+2,2%) e “Profissionais adm. e complementares” (+2,2%), e, então, “Transportes e correio” (+1,5%) que observa uma taxa de expansão no segmento aéreo de +21,1%, a maior alta mensal registrada nos últimos 12 meses. No outro sentido ficou apenas “Outros serviços” (-2,4%).
Tabela 2: Comportamento de diferentes grupos de atividades de divulgação segundo indicadores utilizados na PMS, Brasil, jul/25-jun/25.
| Mês/Mês imediatamente
anterior (1) |
Mês/Mesmo mês ano
anterior (2) |
Acumulado no ano (3) | |||||||
| abr/25 | mai/25 | jun/25 | abr/25 | mai/25 | jun/25 | abr/25 | mai/25 | jun/25 | |
| Total | 0,4 | 0,2 | 0,3 | 1,8 | 3,8 | 2,8 | 2,2 | 2,5 | 2,5 |
| Prestados às famílias | 0,4 | -0,2 | -1,4 | 4,7 | 3,1 | -1,2 | a2,3 | 2,5 | 1,9 |
| Informação e comunicação | 0,4 | 0,8 | -0,2 | 5,2 | 6,8 | 5,7 | 6,1 | 6,3 | 6,2 |
| Profissionais, adm. e
complementares |
0,4 |
0,9 |
-0,1 |
1,3 |
4 |
2,4 |
1,8 |
2,2 |
2,3 |
| Transportes e correio | 0,4 | -0,3 | 1,5 | 1 | 3,3 | 3 | 1 | 1,4 | 1,7 |
| Outros serviços | 0,4 | 1,5 | -1,3 | -5,1 | -1,4 | -1,3 | -2,6 | -2,4 | -2,2 |
Fonte: PMS/IBGE. Elaboração: NECAT/UFSC.
Base: (1) mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal; (2) Base: mesmo mês no ano anterior;
(3) Base: mesmo período no ano anterior
Queda de junho/25 gera uma inflexão na trajetória do setor de serviços catarinense
De forma semelhante ao Gráfico 1, o comportamento do índice de volume de serviços em âmbito estadual é ilustrado no Gráfico 3. Seguindo de perto o comportamento do mês anterior o setor de serviços catarinense desacelerou o referido índice em -1 p. p. com relação à média nacional. Com isso, o volume de serviços cai a um nível 37,6% superior a janeiro/20 (pré-pandemia), estando -2% abaixo do pico histórico de outubro/24. A fim de compreender tais resultados, em especial do por que da recente maré negativa, cabe a seguir um breve retrospecto do comportamento do índice de volume de serviços estadual no período recente.
Embora a instabilidade no setor percebida desde o segundo semestre de 2023, a tônica do primeiro semestre de 2024 foi de aceleração nos indicadores mensais e consolidação do alto nível de atividade. Com uma queda verificada em maio/24, os saldos mensais positivos verificados a partir junho daquele ano apontaram para uma tendência consolidada de expansão, seguindo a trajetória nacional. Contudo, ao final do ano foram registradas duas quedas agudas (mais robustas que a média nacional), fazendo o agregado setorial retroagir para os níveis registrados em meados do ano.
Nesse sentido, o saldo líquido positivo no primeiro trimestre4 de 2025 que indicava uma possível retomada, em princípio moderada, do crescimento no setor de serviços estadual é contrastado com o enfraquecimento observado neste segundo trimestre, sendo praticamente nulo o crescimento. Tal situação acaba fomentando maiores incertezas acerca do comportamento do setor nos próximos meses.
Gráfico 3: Índice de volume de serviços com ajuste sazonal, Brasil e Santa Catarina, 2020-jun/2025 (jan/20=100).
Fonte: PMS/IBGE. Elaboração: NECAT/UFSC.
A situação do volume de serviços segundo as diferentes bases de comparação utilizadas pelo IBGE é apresentada na Tabela 3, registrando-se que as quatro séries temporais em tela são semelhantes àquelas apresentadas na Tabela 1.
Na comparação do mês atual com o mês imediatamente anterior (mai/25), livre de efeitos sazonais, o saldo negativo (-0,9%) representa continuidade no recrudescimento do setor, provavelmente ligado a efeitos de base comparativa, uma vez que o setor vem mantendo o nível de atividade desde dezembro/24. Neste ínterim, se sobressai no indicador a trajetória instável, característica do setor de serviços, dado que nos últimos 12 meses (inclusive junho), metade dos saldos mensais foram negativos.
Seguindo com a comparação com o mesmo mês do ano anterior (jun/24), se verifica que o saldo de +2,6% evidencia um processo expansivo do setor de serviços no Estado em termos interanuais, superior à média nacional, mas que vem mostrando sinais de enfraquecimento desde o pico da série estadual atingido em outubro/24.
O acumulado do ano com relação ao mesmo período no ano anterior (jan- jun/24) apresentou queda de -0,4 p. p. com relação ao mês passado, seguindo, inclusive, abaixo da média dos resultados do ano passado, indicando um possível arrefecimento nas altas taxas de crescimento do setor em termos acumulados. É válido evidenciar que tal indicador ainda exibe maior dinamismo com relação à média nacional.
Por fim, no acumulado dos últimos doze meses com relação ao período anterior de doze meses o resultado ficou em +6,1%. Ademais, com base nesse indicador é possível confirmar a consolidação da trajetória de expansão. A verificação da sustentação do crescimento, contudo, dependerá das próximas estimativas e de um possível ambiente de negócios menos incerto e com maior disponibilidade de renda nos meses em sequência.
Tabela 3: Variação (%) do volume de serviços segundo diferentes bases de comparação em Santa Catarina, jul/24-jun/25.
| Mês/Mês anterior (1) | Mês/igual mês ano anterior
(2) |
Acumulado no ano (3) | Últimos doze meses (4) | |
| jul/24 | 1 | 8,6 | 5,8 | 5,2 |
| ago/24 | -0,6 | 6,2 | 5,9 | 5,2 |
| set/24 | 1,1 | 8,5 | 6,2 | 5,8 |
| out/24 | 2,5 | 13,3 | 6,9 | 6,5 |
| nov/24 | -1,5 | 8,1 | 7 | 6,8 |
| dez/24 | -4,1 | 1,8 | 6,5 | 6,5 |
| jan/25 | 2,9 | 3,8 | 3,8 | 6,1 |
| fev/25 | 2,1 | 5,3 | 4,5 | 5,8 |
| mar/25 | -0,1 | 5,3 | 4,8 | 6,2 |
| abr/25 | 0,5 | 5,1 | 4,9 | 5,9 |
| mai/25 | -1,1 | 5,8 | 5 | 6,2 |
| jun/25 | -0,7 | 2,6 | 4,6 | 6,1 |
Fonte: PMS/IBGE. Elaboração: NECAT/UFSC.
(1) Base: mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal; (2) Base: mesmo mês no ano anterior;
(3) Base: mesmo período no ano anterior; (4) Base: período anterior de 12 meses.
Setorialmente, a Tabela 4 apresenta a estratificação da pesquisa segundo os cinco grupos de atividades de divulgação publicadas pela PMS/IBGE5, conforme também foi apresentado na Tabela 2. No caso da comparação do mês com mesmo mês do ano anterior o resultado agregado (+2,6%), em desaceleração, é decomposto com três agrupamentos apresentando resultados positivos e duas retrações, quebrando a tendência positiva no caso dos serviços “Prestados às famílias” (-1%)6. Em terreno positivo, os setores que mais se destacaram: “Informação e comunicação” (+6,1%), com uma trajetória ascendente no trimestre; e “Profissionais, adm. e complementares” (+6,2%), que consegue atingir um patamar superior neste mês. Cabe nota a situação dos “Transportes e correio” (+1,2%) que apresentou uma quebra de tendência. Por fim, houve a queda, novamente nos “Outros serviços” (-5%).
O acumulado do ano em relação ao mesmo período do ano anterior apresentou dois setores em retração, é o caso de “Profissionais, administrativos e complementares” (-0,2%), indicando uma possível recuperação no setor, e “Outros serviços” (-0,2%) que vem perdendo espaço na composição setorial. Em seguida, observam-se resultados positivos para os grupos de atividades: “Prestados às famílias” (+9,2%), que demonstra perda de fôlego recente; “Transporte e correio” (+6,1%), seguindo a tendência anterior; e, finalmente, “Informação e comunicação” (+4,6%), que se mantém estável.
No acumulado dos últimos 12 meses é verificado apenas um saldo nulo e demais saldos positivos. O destaque, como tem sido nos meses precedentes, ficou por conta da atividade “Transportes, serviços e correio” (+8,4%), seguido por “Prestados às famílias” (+7,8%). Os demais setores de atividade econômica abrangidos pela pesquisa, “Informação e comunicação” (+4,7%), “Profissionais, administrativos e complementares” (+2,5%), e “Outros serviços” (0%) variaram levemente, para cima nos dois primeiros, e para baixo no caso do último. Destaca-se que, apesar do arrefecimento nos índices dos subsetores, mantém-se um nível elevado de expansão em termos interanuais.
Tabela 4: Saldo (%) de diferentes atividades de divulgação em Santa Catarina segundo indicadores utilizados pela PMS, jun/25.
| Mês/Mesmo mês ano
anterior (1) |
Acumulado no ano (2) | Últimos doze meses (3) | |||||||
| abr/25 | mai/25 | jun/25 | abr/25 | mai/25 | jun/25 | abr/25 | mai/25 | jun/25 | |
| Total | 5,1 | 5,8 | 2,6 | 4,9 | 5 | 4,6 | 5,9 | 6,2 | 6,1 |
| Prestados às famílias | 6,6 | 7 | -1 | 11,9 | 11 | 9,2 | 8,2 | 8,3 | 7,8 |
| Informação e
comunicação |
3,7 |
5 |
6,1 |
4,1 |
4,3 |
4,6 |
4,2 |
4,6 |
4,7 |
| Profissionais, adm. e
complementares |
4,3 | 4,5 | 6,2 | -2,9 | -1,5 | -0,2 | 1,5 | 1,5 | 2,5 |
| Transportes e correio | 6,3 | 7,3 | 1,2 | 7 | 7 | 6,1 | 8,3 | 8,8 | 8,4 |
| Outros serviços | 0 | -1,8 | -5 | 1,4 | 0,7 | -0,2 | 0,9 | 0,5 | 0 |
Fonte: PMS/IBGE. Elaboração: NECAT/UFSC.
(1) Base: mesmo mês no ano anterior; (2) Base: mesmo período no ano anterior; (3) Base: período
anterior de 12 meses.
Considerações finais
Os dados analisados da PMS de junho/25 indicam que há certa continuidade na trajetória de enfraquecimento do ritmo do setor de serviços, tanto para o caso nacional quanto no estadual, sendo visualizada uma queda em Santa Catarina à despeito do pico da série atingido no âmbito nacional. As informações relacionadas ao segundo trimestre de 2025 revelam uma trajetória menos ascendente que o verificado nos primeiros meses do ano, muito provavelmente ligados aos efeitos da política monetária contracionista em curso que encarece o custo do crédito e freia a demanda por serviços, mesmo diante de um mercado de trabalho em expansão.
O setor de serviços no país apresentou uma trajetória ascendente no ano de 2024 (especialmente a partir de agosto/24), apesar de momentos com instabilidade, ao intercalar alguns saldos negativos com leves expansões. Considerando-se o relativo dinamismo do primeiro trimestre de 2025, verificou-se que foi mantido o nível de atividade, fato que no segundo trimestre foi mais moderado em alguns setores, como os serviços prestados às famílias e o TIC, subsetores que contrastaram com a sustentação de bons saldos no setor nacional de transportes e correios (especialmente os transportes aéreos), fato muito provavelmente correlacionado tanto com a estabilização do consumo das famílias no meio do ano e a queda recente no preço das passagens aéreas.
Em Santa Catarina o setor de serviços continua numa situação de crescimento interanual muito acima da média nacional, a despeito das duas retrações no indicador mensal. Tal comportamento está sendo sustentado, principalmente pelos serviços prestados às famílias e pelo setor de transportes, que nesse mês apresentaram uma perda de fôlego. É também sustentado nas análises anteriores que à medida que o indicador se aproxima do pico da série histórica (outubro/24), as variações vêm se mostrando cada vez menores, inclusive mais recentemente até negativas.
A essa situação se pode afirmar que o setor de serviços estadual, apesar de ser geralmente mais dinâmico comparativamente ao país, encontra-se ainda restringido devido à pressão de preços e à sazonalidade do consumo do meio de ano (especialmente no ramo hoteleiro e alimentício), bem como a situação de desaceleração internacional que dificulta novas inversões produtivas. Por outro lado, e como a situação nacional demonstra, o dinamismo recente do mercado de trabalho brasileiro serve como âncora para sustentação, tanto de preços quanto do nível de atividade do setor de serviços.
3 No início de 2023 a PMS passou por uma revisão metodológica, cujos principais pontos foram: 1) redução do tamanho da amostra, que passou para 11.124 empresas; 2) mudanças nos pesos e importâncias de determinados serviços; 3) maior estratificação, com nova tabulação, adicionando 11 subsetores; e 4) atualizações nos deflatores, para além do deslocamento do período de referência, que passa a ser o ano- base de 2022. Para mais informações, consultar: “Mattei, L. Breves notas sobre as mudanças metodológicas realizadas pelo IBGE nas pesquisas mensais. Informativo NECAT, nº 13, mar/23. Florianópolis, 2023”.
4 A variação de 1T/2025 contra 4T/2025 foi de aproximadamente 1%, enquanto no atual trimestre (2T/2025) contra o anterior o crescimento foi nulo.
5 Cabe notar que no caso das Unidades Federativas a PMS/IBGE não divulga de forma agregada as atividades de seleção estaduais, isto é, dos subsetores que compõem os grupos de atividades, não permitindo, nas fronteiras do presente texto, maiores inferências acerca do comportamento subsetorial. 6 Segundo o relatório do índice Abrasel-Stone, índice de vendas em bares e restaurantes produzido pela ABRASEL – Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, em junho/25 houve uma queda nacional de 3,7% nas vendas do segmento, enquanto em Santa Catarina uma queda de 13,3%. Se torna válido elucidar que tal índice leva em conta a variação nas vendas medidas por “informações financeiras da Stone” (empresa de capital aberto brasileira). Disponível em: https://abrasel.com.br/noticias/noticias/vendasbares-restaurantes-registram-queda-3-7-junho-indice-abrasel-stone/.
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Mensal de Serviços (PMS). Rio de Janeiro: IBGE, junho de 2025.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Volume de serviços varia 0,3% em junho. Agência de Notícias IBGE. Publicado em: 14/08/25. Disponível aqui. Acesso em: 20/08/25.
FIPE – Fundação Instituto de Pesquisa Econômica. Informações fipe, nº 539, agosto/2025. ISSN 16786335. São Paulo: FIPE. 2025. Disponível aqui. Acesso em: 25/08/2025.
FGV – Fundação Getúlio Vargas. Boletim Macro, nº 170, agosto/2025. Rio de Janeiro: FGV/IBRE. 2025. Disponível aqui. Acesso em: 27/08/2025.





