Mercado formal de trabalho catarinense desacelera em outubro de 2022

03/02/2023 10:28

Andrey de Paula e Silva[*]

Pedro Henrique Batista Otero[*]

Dando seguimento às análises mensais sobre a evolução do mercado formal de trabalho no Brasil e em Santa Catarina, analisam-se as informações referentes ao mês de outubro de 2022, de acordo com os resultados do Novo CAGED divulgados ainda em 2022. Para isso, foram considerados os saldos mensais e as variações relativas do emprego formal por grupamento de atividades econômicas, gênero, escolaridade, faixas de remuneração e mesorregiões catarinenses, além do desempenho do indicador nas maiores cidades do estado.

De acordo com a Tabela 1, no mês de outubro/22 o Brasil apresentou saldo positivo de 159 mil vínculos formais de trabalho, resultando em uma expansão dos estoques de 0,4% no mês, comportamento ligeiramente inferior ao verificado no mês anterior. Já Santa Catarina apresentou um saldo de 6,8 mil vínculos formais no mesmo período. Esse valor representou uma expansão de apenas 0,3% nos estoques, reduzindo o ritmo de crescimento após três meses consecutivos de aceleração.

Tabela 1 – Evolução mensal de estoque, admissões, desligamentos, saldo e variação percentual (Brasil e Santa Catarina, outubro de 2021 a outubro de 2022)

Fonte: Novo CAGED (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

No acumulado dos últimos 12 meses[1], o saldo de vagas formais totalizou 2,3 milhões no Brasil e 103 mil em Santa Catarina. Tais valores representam um crescimento de 4,9% e de 3,7% nos estoques, respectivamente. Sendo assim, tanto a nível nacional quanto estadual houve uma queda no ritmo de crescimento com relação ao mês anterior (ambas na ordem de 0,3%), de modo que a variação em Santa Catarina (-0,29%) foi levemente inferior à do Brasil (0,37%).

Evolução do emprego formal no país

Os dados de outubro/22 expostos pela Tabela 2 revelam que, no conjunto dos setores de atividades, ocorreu uma retração de 117 mil postos formais de trabalho no mês, uma vez que todos os setores apresentaram retração no período. Considerando-se os grupamentos de atividades, nota-se que, mesmo apresentando a segunda maior queda mensal (-31 mil vagas), o setor de serviços aumentou sua participação percentual no saldo, passando a fornecer mais da metade das vagas (91,3 mil), resultado que mantém sua preponderância frente aos demais setores. Ainda assim, há de se ressaltar que este foi o segundo menor saldo mensal do setor de serviços no ano de 2022. Os subsetores que mais contribuíram para esse desempenho positivo foram: atividades administrativas e serviços complementares (33 mil); alojamento e alimentação (14,6 mil); transporte, armazenagem e correio (10,4 mil). Mesmo apresentando resultados negativos neste mês, ao analisar o saldo do ano percebe-se que o setor de serviços é o mais importante no país, uma vez que sua contribuição com 1,2 milhão de vagas significa 54% do saldo total no ano de 2022.

Tabela 2 – Saldo por grupamento de atividade econômica (Brasil, outubro de 2022)

Fonte: Novo CAGED (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

No mês de outubro, o comércio foi o setor menos afetado pela retração, contabilizando 49 mil novas vagas, o que o coloca como segundo maior setor no mês – somente atrás dos serviços. Apesar disso, esse valor representa uma queda de 15% com relação ao mês anterior, o que em números absolutos indica uma redução de 8,7 mil vagas, sendo a menor queda entre os setores. O varejo respondeu por mais de 70% deste saldo, com 35 mil vagas distribuídas entre os subsetores de: comércio varejista não-especializado (12,2 mil) e produtos novos não especificados anteriormente e produtos usados (12 mil). Já no comércio por atacado, destaca-se o segmento especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo (3,3 mil). Quanto ao saldo do ano, o comércio aparece como sendo o segundo setor mais fraco (somente atrás da agropecuária), na medida em que as 257 mil vagas geradas correspondem à fração de 11% do total.

Se no mês de setembro/22 a indústria contribuiu com mais de 20% do saldo, no mês em apreço sua participação se viu reduzida a menos de 10%, uma vez que apresentou uma queda mensal de 73,7% (-41,8 mil vagas) – a terceira maior queda dentre todos os setores. Desse modo, seu saldo no mês contabilizou cerca de 15 mil vagas, constituindo o segundo menor saldo mensal da indústria no ano de 2022. A indústria de transformação foi responsável por 88% dos postos formais de trabalho, que se concentram nos seguintes subsetores: fabricação de produtos alimentícios (4 mil); fabricação de produtos de metal, exceto máquinas (2,3 mil); manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (2,1 mil). Quanto ao saldo do ano, a indústria ocupa o posto de segundo setor mais importante com participação de 17% no saldo total que, em termos absolutos, representa o montante de 391 mil vagas.

A construção foi o setor que apresentou a segunda maior retração no mês, representando uma queda de 82%. O montante de 5,3 mil novas vagas formais de trabalho expressa o menor saldo mensal desse setor no ano atual, resultado de uma queda de 25 mil vagas com relação ao mês anterior – a segunda maior dentre os setores em termos percentuais  (-82,6%). Mais de 90% do saldo mensal ficou concentrado no subsetor de serviços especializados para construção (5 mil). Quanto ao saldo anual, percebe-se que a construção ocupa o posto de terceiro setor mais numeroso, onde as 288 mil vagas denotam um percentual de 12% de participação no total.

Por fim, a agropecuária apresentou os resultados mais baixos dentre todos os setores, sendo o único com saldo negativo de vagas. Além disso, no mês de outubro/22, este setor foi responsável pela maior queda percentual com relação ao mês antecedente, cuja variação de -115% equivale a uma variação no saldo de -11 mil vagas. Essa queda foi puxada, principalmente, pelos cultivos de café (-2,3 mil), alho (-1,4 mil), cana de açúcar e batata inglesa (-1,1 mil). Já a produção de sementes e mudas certificadas representou um contrapeso à retração da agropecuária, na medida em que obteve um saldo positivo da ordem de 3,6 mil vagas. No saldo do ano, a agropecuária mantém a mesma posição de setor menos numeroso, na medida em que sua participação de 5% equivale a 119,6 mil vagas.

A Tabela 3 apresenta o saldo dos vínculos formais de trabalho por sexo no Brasil. O mês de outubro/22 se destacou por uma maior participação feminina na composição da força de trabalho formal (o que não ocorria desde março/22), sendo o saldo das mulheres de 88 mil, enquanto o resultado dos homens foi de 71,5 mil (55% e 45%, respectivamente). O mês em questão registrou a segunda maior participação percentual das mulheres na composição da força de trabalho formal em 2022, simultaneamente ao segundo pior saldo absoluto entre os homens. A justificativa para uma maior predominância feminina é a maior participação nos setores de comércio e de serviços administrativos, responsáveis pelos maiores saldos. Apesar disso, no saldo do ano de 2022, a participação dos homens excedeu em 288 mil vagas a participação das mulheres, representando percentualmente 56% das vagas formais. Isso indica que a preponderância feminina em outubro não foi suficiente para reverter a prevalência masculina no mercado de trabalho no saldo total de 2022.

Tabela 3 – Saldo por sexo (Brasil, setembro de 2022)

Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

A Tabela 4 apresenta a distribuição do saldo de empregos formais no mês de outubro de acordo com o nível de escolaridade. Fica perceptível que a grande maioria dos trabalhadores encontra-se na faixa de Ensino Médio completo, representando mais de 70% do saldo total de setembro – participação superior à do mês de agosto/22 (67%). Já a segunda maior faixa de escolaridade diz respeito aos trabalhadores com Ensino Médio incompleto, cujo saldo de 22.728 corresponde a um percentual de 8% das vagas formais de trabalho.

Tabela 4 – Saldo por nível de escolaridade ajustado (Brasil, setembro de 2022)

Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

Quanto à variação mensal, destaca-se que as faixas de escolaridade que apresentaram maior crescimento percentual foram de trabalhadores analfabetos e com fundamental incompleto. O dado em questão informa uma tendência de precarização do mercado de trabalho, dado que tal faixa de escolaridade contribuiu em mais de 6,6 mil vagas no saldo agregado. Ao verificar as faixas de escolaridade que tiveram as maiores quedas no mês, percebe-se que trabalhadores com Ensino Superior completo e com Ensino Fundamental Completo apresentaram variações de -47% e -18,2%, respectivamente, o que corresponde a mais de 17,3 mil vagas perdidas. Das vagas ocupadas por pessoas com Ensino Médio completo, 64,1 mil delas estão concentradas no setor de comércio, enquanto 46 mil situam-se na produção de bens e serviços industriais. Já as vagas dos trabalhadores com Ensino Médio incompleto estavam concentradas nos Serviços Administrativos (5,5 mil), produção de bens e serviços industriais (4 mil) e no comércio (3,9 mil).

A Tabela 5 apresenta a distribuição do emprego formal por faixa de remuneração. Os dados indicam que a grande maioria dos postos formais de trabalho está localizada na faixa entre 1 e 2 salários mínimos (137 mil), respondendo por 86% do total de novas vagas criadas no mês de outubro/22 – concentração maior do que no mês anterior. A segunda faixa de remuneração mais expressiva é a de 0,5 a 1 salário mínimo, cujo saldo de 20,8 mil equivale a 13% do total de vagas do mês. Percebe-se que as faixas onde houve queda mensal mais expressiva foram nos extremos, uma vez que os trabalhadores com mais de 5 salários mínimos passaram por uma variação de -200%, enquanto os que recebem até 0,5 salário mínimo tiveram uma retração mensal de -90%. Também no saldo do ano essas duas faixas apresentam as maiores quedas percentuais, na ordem de -110%. Já a faixa de 0,5 a 1 salário mínimo respondeu pela maior variação no ano, acumulando uma alta de 90% desde janeiro/22, o que lhe rendeu o segundo maior saldo anual (292 mil), somente atrás da faixa de 1 a 2 salários mínimos (1,6 milhão).

Desta forma, verifica-se que 99,4% dos postos formais de trabalho criados no mês em  questão correspondem a uma remuneração inferior a dois salários mínimos, evidenciando uma perspectiva clara de precarização das relações formais de trabalho com rebaixamento salarial. Deve-se frisar que esse processo afeta mais fortemente as camadas de trabalhadores com as menores faixas de remunerações, uma vez que são as primeiras a perder o poder de compra, ao mesmo tempo em que veem seu nível de endividamento aumentar.

Tabela 5 – Saldo por faixa de remuneração (Brasil, setembro de 2022)

Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

Nota: Faixas de remuneração em salários mínimos de 2022 (R$ 1.212)

Evolução do emprego formal em Santa Catarina

A Tabela 6 apresenta a evolução do emprego formal em Santa Catarina no mês de outubro/22 segundo os grupos de atividades econômicas. Inicialmente, verifica-se que no mês em apreço foram gerados 6,8 mil novos postos formais de trabalho no estado, representando uma queda expressiva na criação de vagas formais de trabalho em comparação ao mês anterior. Nesse sentido, houve a criação de 124 mil vagas formais de trabalho no ano de 2022.

Santa Catarina acompanhou a tendência nacional de protagonismo do setor de serviços na criação de empregos, sendo este setor responsável por um saldo de 4 mil vagas de trabalho no estado em outubro/22 (58% do total de vagas do mês). Dentre as atividades dos serviços, os subsetores de alojamento de alimentação, somados ao subsetor de transporte, armazenagem e correio, correspondem a 50% do saldo do setor de serviços. No ano de 2022, o setor de serviços foi responsável pela criação de mais de 65 mil postos formais de trabalho no estado.

 O comércio registrou o segundo maior saldo mensal dentre os setores em Santa Catarina, proporcionando 2,8 mil novas vagas. Registre-se que esse foi o único setor que não teve quedas tão expressivas dentro deste mês que, mesmo apresentando saldos mais baixos. Desse valor, o comércio varejista não especializado corresponde a aproximadamente 60% do saldo do comércio, sendo equivalente a 41% do total de vagas do referido mês. Com isso, verifica-se que os setores de serviços e do comércio fossem responsáveis pela totalidade das vagas formais de trabalho criadas no mês de outubro, obviamente descontando-se os saldos negativos dos demais setores. No ano de 2022 o setor de comércio acumulou um saldo de aproximadamente 13 mil vagas formais de trabalho, porém sendo o setor com a segunda menor influência no saldo total do ano.

Tabela 6 – Saldo por grupamento de atividade econômica (Santa Catarina, setembro de 2022)

Fonte: Novo CAGED (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

Já a agropecuária apresentou, no mês de outubro, a criação de 308 postos de trabalho, correspondendo a uma quantia 51% inferior ao que foi criado no mês anterior correspondente. Garantiram o saldo positivo dessas vagas de trabalho o subsetor de cultivo de plantas de lavoura temporária, não especificados neste mês. Desde o início de 2022, o setor agropecuário criou somente 450 vagas formais de trabalho, sendo o valor mais baixo dentre os demais setores da economia catarinense.

A construção criou uma quantidade de vagas de trabalho positiva, ainda que expressivamente mais baixa comparada às tendências apresentadas ao longo do ano, uma vez que apresentou valores inferiores ao mês anterior em 98%, o que corresponde a um saldo de somente 13 vagas formais de trabalho no mês de outubro/22. O subsetor de construção de edifícios apresentou elevado índice de desligamentos no mês em questão, fator que provavelmente afetou a queda do saldo. No acumulado do ano de 2022, a construção criou 22 mil vagas formais de trabalho.

O setor industrial foi o único setor que teve saldo negativo no mês de outubro/22, com uma baixa de 326 postos formais de trabalho. Neste caso, dentre diversos saldos negativos presentes dentro dos subsetores industriais, os desligamentos na indústria madeireira foram os mais impactantes. Já no agregado, a indústria catarinense foi responsável pela criação de aproximadamente 30 mil vagas formais de trabalho em 2022.

A Tabela 7 apresenta a evolução dos vínculos formais de trabalho no mês de outubro/22 segundo o sexo dos trabalhadores. Neste caso, verifica-se que atipicamente houve uma predominância da força de trabalho feminina no saldo de outubro, tendência essa que se vê contrária ao observarmos o saldo acumulado no ano e com fortes quedas em ambos os gêneros na criação de vagas no mês. Se no mês de setembro o saldo entre os gêneros foi composto por 53% de homens e 47% por mulheres, em outubro essa diferença aumentou consideravelmente, passando para uma proporção de 57% de vagas preenchidas por mulheres e 43%, por homens, representando a menor quantidade de vagas formais de trabalho preenchida por homens no ano de 2022. Em termos de grupamento de atividades, observa-se que o elevado índice de desligamentos dos homens ocorreu no setor industrial e na construção, o que inverteu a disparidade entre os gêneros verificada no mês anterior. Por fim, destaca-se que no último mês as mulheres lideraram a criação de postos formais de trabalho em todos os setores, exceção apenas no setor de serviços.

Tabela 7 – Saldo por sexo (Santa Catarina, outubro de 2022)

Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

A Tabela 8 apresenta o saldo do emprego formal catarinense no mês de outubro/22 segundo o grau de escolaridade. Da mesma forma que o observado no país, as pessoas com Ensino Médio Completo foram aquelas que mais ocuparam vagas formais de emprego no estado, sendo 4 mil vagas do saldo do mês de outubro somente nesta faixa de instrução, correspondendo a aproximadamente 58% da totalidade do saldo mensal do estado. Também no acumulado do ano essa faixa se mantém como a predominante, constituindo aproximadamente 58% do saldo total de 2022. Vale destacar, ainda, que a faixa de instrução de Ensino Superior incompleto criou aproximadamente 335 vagas formais de trabalho no mês, sendo a única faixa de instrução que teve saldo positivo no mês. Este elevado índice de desligamentos, especialmente nas vagas de trabalho que exigem maior instrução dos trabalhadores, pode estar contribuindo para a precarização da qualificação da força de trabalho no estado catarinense. Com isso, observa-se que nestas duas faixas de escolaridade (médio completo e incompleto) estavam concentradas cerca de 80% do saldo estadual.

Tabela 8 – Saldo por nível de escolaridade (Santa Catarina, setembro de 2022)

Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

A Tabela 9 apresenta a distribuição do emprego formal no mês de outubro/22, segundo as faixas de remuneração. A faixa entre 1 e 2 salários mínimos, com saldo de 7,3 mil novos vínculos, representa mais que a totalidade do saldo do mês descontando os saldos negativos, indicando uma forte tendência de rebaixamento salarial. O segundo maior saldo ocorreu na faixa de até 0,5  salário mínimo, mas com somente 503  vagas de trabalho criadas.

Tabela 9 – Saldo por faixa de remuneração (Santa Catarina, setembro de 2022)

Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

As faixas salariais superiores a 2 salários mínimos sofreram retração de aproximadamente 1,4 mil vagas no mês de outubro, concentrando essa nova leva de trabalhadores nas faixas de menor remuneração. Esse comportamento de Santa Catarina é consideravelmente mais expressivo que o verificado para o conjunto do país, sendo cada vez mais uma tendência do mercado formal de trabalho catarinense. Tal fato produz implicações negativas diretas sobre a capacidade de reprodução das condições de vida dessas camadas de assalariados que recebem, no máximo, até dois salários mínimos mensais.

A Tabela 10 mostra a distribuição mesorregional dos empregos formais no mês de outubro/22. Inicialmente destaca-se que a região do Vale do Itajaí registrou o maior saldo do mês e o maior saldo de 2022, somando 2,8 mil e 47,1 mil vagas, respectivamente. Desse modo, a região apesar de ter sido quem mais criou vagas em outubro/22 foi onde ocorreu a maior queda em comparação ao mês anterior, resultando na retração de 2,3 mil vagas formais de trabalho no mês. No mês em apreço, o saldo da região correspondeu a 35% da totalidade das vagas criadas no estado, sendo que o seu desempenho foi impulsionado pelo setor de serviços, especialmente pelas atividades de informação e comunicação. Já no agregado do ano no estado, a região responde por 42,5% do total de postos formais de trabalho.

O Oeste Catarinense apresentou uma retração de 618 vagas no mês, mas teve  o segundo maior saldo do mês considerado com 1,5 mil vagas de trabalho, o que corresponde a 22% da totalidade do saldo estadual, com uma variação negativa de 28,5% em comparação ao mês anterior, sendo o menor percentual dentre as demais regiões. Os serviços foram os protagonistas do saldo do oeste catarinense. Com isso, a região atingiu um saldo em 2022 de 15,4 mil vínculos formais de trabalho.

A região Norte manteve-se no ritmo observado nas outras regiões do estado, com uma retração de 1,1 mil vagas de trabalho em comparação com o mês anterior. Assim, o saldo de mil vagas formais de trabalho no último mês correspondia a 13% dos postos formais de trabalho criados no estado no período analisado. Esse resultado foi muito influenciado pelo setor de serviços, com destaque para as atividades administrativas e serviços complementares.

Tabela 10 – Saldo por mesorregião (Santa Catarina, setembro de 2022)

Fonte: Novo CAGED (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

Em termos absolutos, a região da Grande Florianópolis produziu o terceiro menor saldo nos postos formais de trabalho no mês de outubro/22, com somente 642 vagas. Além de ter o terceiro menor saldo de outubro, foi a região que gerou a terceira maior retração na quantidade de vagas de trabalho, com perda de 1,3 mil vagas, o que equivale a uma queda de 68% frente aos resultados de agosto/22. Apesar dessa baixa recente, a região citada foi a segunda do estado em termos de contribuição anual nos postos de trabalho, situação que ilustra 31 mil novos postos formais de trabalho em 2022. Essas vagas foram criadas, majoritariamente, pelos setores de serviços e do comércio.

Na sequência, a região Sul apresentou um saldo positivo de 626 vínculos formais, o que corresponde a 9% do saldo do mês de outubro/22, com uma retração de mais de 2 mil vagas formais de trabalho no mês, implicando em um decréscimo de 77%, a segunda pior queda no mês. O setor de serviços e comércio foram os principais responsáveis por manter o saldo da região no positivo. Ao longo do ano, a mesorregião Sul catarinense teve aproximadamente 20 mil novas vagas de trabalho.

Por fim, a região Serrana teve saldo de 118 novas vagas de trabalho formal, correspondendo a menos de 2% do saldo estadual no mês em apreço. No ano de 2022, a região em questão foi responsável pela criação de 4,6 mil postos formais de trabalho. Todavia, sua participação no agregado do ano no estado atinge apenas 4% do total de postos formais de trabalho.

A Tabela 11 analisa os saldos das vagas formais nas 13 cidades de Santa Catarina que possuem mais de 100 mil habitantes, destacando-se que as mesmas foram responsáveis por 36% de todos os postos formais criados no estado durante o mês de outubro/22. Isso indica que os novos empregos formais no estado foram sendo gerados de forma menos concentrada nos municípios mais populosos dentro do mês em apreço, provavelmente em função do saldo que foi atipicamente inferior. Dentre os municípios considerados, aqueles que tiveram a maior representatividade foram Itajaí e Balneário Camboriú, que somaram  1,2 mil vagas formais de trabalho, patamar que os coloca como responsáveis por 17% do saldo mensal do estado. Os setores de serviços (informação e comunicação) e comércio (atacadista especializado em alimentos) são os maiores responsáveis pela representatividade nos saldos destes municípios.

Tabela 11 – Saldo das cidades com mais de 100 mil habitantes (Santa Catarina, setembro de 2022)

Fonte: Novo CAGED (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

Considerações Finais

O comportamento negativo observado no país no saldo de outubro/22 em relação ao mês anterior, também foi registrado no estado de Santa Catarina, uma vez que o número de postos formais de trabalho criados no mês em apreço teve quedas expressivas. Em grande medida, esse resultado está associado aos elevados desligamentos na indústria e na construção, somado ao ritmo abaixo do esperado do setor de serviços que vinha sendo o carro chefe do saldo estadual. Com isso, no mês de outubro, o estado catarinense atingiu a marca de aproximadamente 124 mil empregos formais gerados em 2022.

Regionalmente, notou-se uma tendência de desaquecimento do ritmo das contratações, uma vez que todas as regiões apresentaram quedas em comparação ao mês anterior, mesmo que tenham sido mantidos saldos positivos, particularmente na região do Vale do Itajaí, espaço com o maior volume de contratações formais. Do ponto de vista dos municípios, destacam-se Itajaí e Balneário Camboriú, os quais se sobressaíram em relação aos demais, uma vez que concentram 17,8% do total das vagas de trabalho no estado. Todavia, verificou-se que no mês de outubro/22 ocorreu uma menor concentração das vagas formais de trabalho nos grandes municípios, fato que ocasionou uma melhor distribuição do emprego.

Além disso, nota-se uma tendência de concentração das novas vagas nas faixas de remuneração inferiores que, somada ao elevado índice de desligamentos de vagas de emprego nos setores de melhor remuneração, empurram cada vez mais o mercado formal de trabalho catarinense para um estado de precarização. Esse comportamento de Santa Catarina é bem mais expressivo que o verificado no conjunto do país, indicando que a precarização das condições salariais pode estar sendo mais expressiva em Santa Catarina comparativamente ao observado no país. Tal cenário produz impactos diretos sobre a capacidade de reprodução das condições de vida dessas camadas da população com remuneração inferior (assalariados que recebem, no máximo, até dois salários mínimos mensais), uma vez que representam a corrosão do poder de compra e uma elevação cada vez maior do custo de vida.

Referências

MINISTÉRIO DO TRABALHO (Brasil). Programa de Disseminação das Estatísticas do Trabalho (org.). NOVO CAGED. 2022. Disponível em: http://pdet.mte.gov.br/novo-caged. Acesso em: 10 nov. 2022.


[*]  Graduando em Ciências Econômicas na UFSC e bolsista do NECAT. E-mail: andreydps16@gmail.com

[**]  Graduando em Ciências Econômicas na UFSC e bolsista do NECAT. E-mail: phbo2000@gmail.com

[1] A variação acumulada em 12 meses se refere ao crescimento do estoque de empregos formais entre outubro de 2021 e setembro de 2022.