Emprego formal em Santa Catarina: serviços sustentam abertura de vagas em maio

07/07/2023 11:14

Andrey de Paula e Silva*

Pedro Henrique Batista Otero**

Em maio de 2023, o mercado formal de trabalho nacional gerou 155 mil vagas, registrando crescimento de 0,4%. Em Santa Catarina, o resultado também foi positivo, com 3,6 mil novas vagas, porém com expansão menos robusta, da ordem de 0,1%, conforme dados do Novo Caged apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 – Saldo de vínculos formais de trabalho no Brasil e em Santa Catarina (mai/23)

* Estoque de empregos em mai/23 vs. estoque em dez/22

** Estoque de empregos em mai/23 vs. estoque em mai/22

Fonte: Novo Caged (2023); Elaboração: NECAT/UFSC

Considerando os cinco primeiros meses de 2023, o Brasil acumula uma variação de 2%, enquanto no estado essa taxa foi de 2,5%. O maior crescimento de Santa Catarina nessa análise se deve ao processo de recuperação das perdas ocorridas ao final de 2022, que foram mais intensas no estado do que na média do país. Já no acumulado de 12 meses, houve expansão de 4,3% em âmbito nacional e de 3,1% no estadual. Em ambos os casos, essas taxas representam uma desaceleração no ritmo de crescimento do mercado formal de trabalho em relação aos meses anteriores.

Em maio, o setor de serviços foi o principal gerador de empregos em Santa Catarina. As 4,2 mil novas vagas formais geradas no setor foram responsáveis por sustentar o crescimento do emprego formal, como ilustra a Tabela 2. Esse saldo corresponde a uma variação relativa de 0,4%, mantendo o ritmo de crescimento do setor na análise interanual. Destaque para os serviços administrativos e complementares, em sua maioria empresas terceirizadas para atividades de vigilância e segurança privada, serviços para edifícios e atividades paisagísticas. Essas atividades estão relacionadas à expansão do setor imobiliário e à atual fase do ciclo da construção civil. A saúde também apresentou resultados significativos, muito por conta do agravamento da ocupação de leitos hospitalares, em função do aumento dos casos de dengue e de doenças respiratórias no estado[1]. No acumulado do ano, os serviços apresentam o maior saldo entre os setores (29,8 mil).

Tabela 2 – Saldo de empregos formais por setor de atividade econômica no Brasil e em SC (mai/23)

Fonte: Novo Caged (2023); Elaboração: NECAT/UFSC

A construção teve o segundo maior saldo entre os setores (671 vagas) no estado e a maior variação relativa no mês (0,6%). O desempenho do setor foi puxado pelos serviços especializados para a construção, em função do período de finalização e acabamento das obras, as quais provavelmente foram iniciadas na fase de expansão do setor, entre 2020 e 2021. Mesmo com a permanência das taxas de juros em níveis elevados, a construção mantém bom ritmo de geração de empregos, já tendo aberto mais de 10 mil vagas em 2023.

O setor industrial registrou estagnação com relação ao mês anterior e uma desaceleração comparado a maio de 2022. Grande parte desse desempenho se deve aos segmentos de vestuário e têxtil (-572 e -186 vagas, respectivamente). O resultado só não foi pior por conta do desempenho da indústria alimentícia (346 novas vagas), sobretudo no abate de suínos, que segue se beneficiando das exportações para a China, em função do fim de sua política de “Covid-Zero”. Com os resultados de maio, a indústria obteve saldo de 19 mil vagas no acumulado do ano, tendo o segundo melhor desempenho entre os setores no período, muito em função da retomada dos empregos perdidos no final de 2022.

O comércio também ficou praticamente estagnado em relação ao mês anterior (perda de 57 vagas). Houve fechamento de vagas tanto no atacado, quanto no varejo, porém aumento das contratações em oficinas mecânicas e comércio de autopeças. No atacado, as quedas foram mais expressivas no comércio de produtos alimentícios, o que se relacionada ao fim da safra da agricultura. Já no varejo, as perdas se concentraram em super e hipermercados.  Com isso, o setor apresenta a menor geração de novas vagas formais em 2023.

Embora tenha sido o principal destaque em termos do crescimento da atividade econômica no início de 2023, a agropecuária apresentou a maior retração (-2,6%) em maio, associada a um saldo de -1,2 mil vagas. No entanto, esse recuo pode ser considerado meramente sazonal, pois ainda se deve ao desligamento de trabalhadores temporários contratados para a safra da maçã, que tem seu auge entre janeiro e fevereiro. No acumulado do ano o setor registra 269 novas vagas.

Na distribuição do saldo por mesorregião, destaca-se o protagonismo do Oeste catarinense, que gerou 1,8 mil novas vagas (variação relativa de 0,4%). Esse saldo corresponde a mais da metade dos vínculos formais gerados no estado, e se relaciona à expansão da agroindústria. O Vale do Itajaí registrou saldo de 1,3 mil novas vagas e variação relativa de 0,2%, impulsionado pelo setor de construção. Nesse sentido, os primeiros meses do ano indicam uma tendência à concentração da geração de novos empregos formais nesta região.

A média salarial de admissão ficou em R$1.996,3, o que significou um crescimento real de 0,1% em relação a abril. Com isso, os salários seguem em processo de acomodação,  sem recuperar as perdas acumuladas desde 2021. Na análise interanual, o crescimento é de 3,3% em valores reais.

 

Análises mais aprofundadas a respeito do mercado de trabalho formal catarinense e informações relativas ao Novo Caged de maio de 2023 serão publicadas em breve no informativo NECAT.


*  Graduando em Ciências Econômicas na UFSC e bolsista do NECAT. E-mail: andreydps16@gmail.com

**  Graduando em Ciências Econômicas na UFSC e bolsista do NECAT. E-mail: phbo2000@gmail.com

[1] G1/SC. Governo de SC amplia decreto de situação de emergência para toda a rede hospitalar. 2023.

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