Até agosto foram criados 100 mil postos formais de trabalho em 2022

28/10/2022 12:41

Andrey de Paula e Silva*

Pedro Henrique Batista Otero**

Dando sequência às análises mensais sobre a evolução do mercado formal de trabalho no Brasil e em Santa Catarina, analisam-se as informações relativas ao mês de agosto de 2022, de acordo com os resultados do Novo CAGED divulgados recentemente. Para isso, foram considerados os saldos mensais e as variações relativas do emprego formal por grupamento de atividades econômicas, gênero, escolaridade, faixas de remuneração e mesorregiões catarinenses, além do desempenho do indicador nas maiores cidades do estado.

De acordo com a Tabela 1, no mês de agosto o Brasil apresentou saldo positivo de 278 mil vínculos formais de trabalho, resultando em uma expansão dos estoques de 0,7% no mês, comportamento ligeiramente superior ao verificado no mês anterior. Já Santa Catarina apresentou um saldo de 10,2 mil vínculos formais no mesmo período.

Tabela 1 – Evolução mensal de estoque, admissões, desligamentos, saldo e variação percentual (Brasil e Santa Catarina, setembro de 2021 a agosto de 2022)

Fonte: Novo CAGED (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

No acumulado dos últimos 12 meses3 foram abertas 2,5 milhões de vagas de trabalho formal no Brasil e 114 mil em Santa Catarina, um crescimento de 5,3% e 4,2%, respectivamente. Sendo assim, em ambos os casos, observa-se uma contínua diminuição das taxas anuais de crescimento devido à desaceleração da criação de empregos formais, especialmente ao longo dos últimos meses de 2022.

Evolução do emprego formal no Brasil

Os dados de agosto expostos pela Tabela 2 revelam que o conjunto dos setores de atividades gerou 57.294 novos postos formais de trabalho no mês de agosto/22. Considerando-se os grupamentos de atividades, nota-se que o setor de serviços continua sendo o maior responsável pela geração de postos de trabalho, com um saldo acumulado de 141 mil vagas – mais da metade do saldo mensal. Especificamente no mês em apreço esse setor ofertou 57.399 vagas, sendo que os subsetores que mais contribuíram para esse desempenho positivo foram: atividades administrativas e serviços complementares (37 mil);  educação  (28,6 mil); transporte, armazenagem e correio (14 mil). Ainda que, em termos percentuais, a expansão do setor de serviços até agosto tenha sido inferior à média nacional de crescimento no mesmo período, o resultado dos serviços foi o grande responsável por manter um crescimento positivo da média nacional – uma vez que os demais setores decresceram ou estagnaram.

Tabela 2 – Saldo por grupamento de atividade econômica (Brasil, agosto de 2022)

Fonte: Novo CAGED (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

No mês de agosto, a indústria atingiu o seu maior saldo de empregos no ano de 2022, contabilizando 52,7 mil novas vagas e aparecendo novamente como segundo maior saldo mensal dentre os grupamentos de atividade. Ainda que tenha apresentado seu maior saldo no ano, a indústria apresentou uma variação mensal pouco expressiva dentre os setores (na ordem de 4% ), o que se explica pelos bons resultados obtidos já no mês de julho. Neste cenário, a indústria de transformação continua sendo responsável por mais de 90% dos postos formais de trabalho, que se concentram nos seguintes subsetores: fabricação de produtos alimentícios (18 mil); preparação de produtos de couro e artigos para viagem e calçados (5,2 mil); manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (3,5 mil). Especificamente no mês em apreço a contribuição da indústria para o saldo agregado foi de 2.108 vagas.

Já o setor de comércio contabilizou 42 mil novas vagas no país, chegando ao terceiro melhor resultado no ano, sustentado por uma alta de 7% com relação ao mês anterior. O varejo respondeu por aproximadamente 60% deste saldo, com 25 mil vagas distribuídas entre os subsetores de: produtos alimentícios, bebidas e fumo (5,3 mil); produtos novos não especificados anteriormente e produtos usados (3,9 mil); materiais de construção (3,7 mil); produtos farmacêuticos e perfumaria (3,5 mil). Especificamente no mês em apreço a contribuição da indústria para o saldo agregado foi de 2.761 vagas.

A construção apresentou resultados ligeiramente inferiores aos do comércio, no montante de 35 mil novas vagas formais de trabalho, sendo o terceiro melhor saldo do setor no ano. Com relação ao mês anterior, o presente setor teve uma alta de 11%, que expressa o segundo maior crescimento mensal dentre os setores, ficando atrás somente dos serviços. Esse saldo mensal teve forte predominância dos subsetores de serviços especializados para construção (13,3 mil) e de construção de edifícios (12,5 mil). Especificamente no mês em apreço a contribuição da indústria para o saldo agregado foi de 3.421 vagas

Por fim, a agropecuária apresentou os resultados mais baixos entre os setores, com um saldo de 7,7 mil vagas, o que representa uma queda de 52% com relação a julho. Esse saldo foi puxado, principalmente, pelos cultivos de cana de açúcar (4,3 mil) e melão (2,7 mil). Já o cultivo de café representou um forte contrapeso à expansão da agropecuária, na medida em que obteve um saldo negativo na ordem de 9,7 mil vagas. Especificamente no mês em apreço a agropecuária teve um desempenho altamente negativo o que contribuiu para um corte de 8.395 das vagas setoriais agregadas.

A Tabela 3 apresenta o saldo dos vínculos formais de trabalho por sexo no Brasil. Houve maior participação masculina na composição da força de trabalho em agosto, sendo o saldo dos homens de 168,8 mil, enquanto o resultado das mulheres foi de 109,8 mil – 61% e 39%, respectivamente. A justificativa para uma maior predominância masculina é o baixo nível de admissões das mulheres em todos os setores, com destaque para a construção e a agropecuária. No saldo do ano de 2022, a participação dos homens excedeu em 246,6 mil vagas a participação das mulheres, representando percentualmente 57% das vagas formais. Todavia, analisando-se o crescimento da participação de cada sexo na força de trabalho formal total, nota-se que as mulheres apresentaram crescimento de 1,2%, de modo que não houve uma redução muito expressiva na desigualdade entre os gêneros no mercado de trabalho.

Tabela 3 – Saldo por sexo (Brasil, agosto de 2022)

Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

A Tabela 4 apresenta a distribuição do saldo de empregos formais no mês de agosto de acordo com o nível de escolaridade. Percebe-se que a grande maioria dos trabalhadores encontra-se na faixa de Ensino Médio completo, representando 67% do saldo total de agosto – percentual inferior ao do mês de julho (76%). Já a segunda maior faixa de escolaridade diz respeito aos trabalhadores com ensino superior completo, cujo saldo de 32 mil corresponde a um percentual de 11% das vagas formais de trabalho. Quanto à variação mensal, destaca-se que a faixa de escolaridade que apresentou maior crescimento percentual foi de trabalhadores com ensino superior completo, passando de 1,7 mil em julho para 32 mil em agosto, um aumento de aproximadamente 1800%. Das vagas ocupadas por pessoas com ensino médio completo, 100 mil delas estavam concentradas no setor de produção de bens e serviços industriais, enquanto 85 mil no comércio. Já as vagas dos trabalhadores com ensino superior completo estavam concentradas predominantemente entre profissionais das Ciências e das Artes.

Outro aspecto a ser destacado diz respeito à participação dos trabalhadores com ensino fundamental (completo e incompleto), somando 10% do total das vagas formais criadas, o que corresponde a mais de 27 mil trabalhadores. Esse dado representa o fato de que alguns setores do mercado de trabalho formal de Santa Catarina ainda preferem contratar trabalhadores com baixa escolaridade, o que fica mais explícito ao perceber que esses níveis de escolaridade constituem o segundo maior saldo anual (1,8 milhão).

Tabela 4 – Saldo por nível de escolaridade ajustado (Brasil, agosto de 2022)

Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

A Tabela 5 apresenta a distribuição do emprego formal por faixa de remuneração. Os dados indicam que a grande maioria dos postos formais de trabalho está localizada na faixa entre 1 e 2 salários mínimos (217 mil), respondendo por 78% do total de novas vagas criadas no mês de agosto/22. A segunda faixa de remuneração mais expressiva é a de 0,5 a 1 salário mínimo, cujo saldo de 29,2 mil equivale a 10% do total de vagas do mês. Finalmente, a faixa de até 1/2 salário mínimo respondeu por 4,5% do total de vagas em agosto/22.

Desta forma, verifica-se que 92,5% dos postos formais de trabalho criados no mês em questão são de remuneração inferior a dois salários mínimos, o que traz um indicativo de precarização das relações formais de trabalho. Deve-se frisar que esse processo de precarização afeta mais fortemente as faixas de trabalhadores com as menores remunerações, uma vez que são as primeiras a perder o poder de compra, ao mesmo tempo em que vêem seu nível de endividamento aumentar.

Tabela 5 – Saldo por faixa de remuneração (Brasil, agosto de 2022)

Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

Nota: Faixas de remuneração em salários mínimos de 2022 (R$ 1.212)

Evolução do emprego formal em Santa Catarina

A Tabela 6 apresenta a evolução do emprego formal em Santa Catarina no mês de agosto/22 segundo os grupos de atividades econômicas. Inicialmente, verifica-se que no mês em apreço foram gerados 5.525 novos postos formais de trabalho no estado, em comparação com somente 4,7 mil vagas criadas no mês anterior. Nesse sentido, houve uma expansão de 3% dos estoques de vagas formais desde janeiro de 2022.

Santa Catarina acompanhou a tendência nacional de protagonismo do setor de serviços na criação de empregos, sendo este setor responsável pela geração de 4.800 mil novas vagas de trabalho no estado (87% do total de vagas do mês). Dentre as atividades dos serviços, o subsetor de atividades administrativas e serviços complementares foi quem mais se destacou, contribuindo com 1,6 mil vagas. No ano de 2022, o setor de serviços foi responsável pela criação de mais de 50 mil postos formais de trabalho no estado, acumulando uma alta de 5% nos estoques.

Seguindo com o segundo maior saldo do mês, o setor industrial criou 1.199 novos vínculos formais de trabalho em agosto/22. Neste caso, destaca-se o elevado índice de admissões no subsetor da fabricação de produtos alimentícios, que contabilizou o saldo de 933 vínculos formais de trabalho. A indústria catarinense, em 2022, foi responsável pela criação de 26,8 mil vagas formais de trabalho, apresentando uma variação de 2% nos estoques de vagas desde janeiro.

Tabela 6 – Saldo por grupamento de atividade econômica (Santa Catarina, agosto de 2022)

Fonte: Novo CAGED (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

O comércio registrou o quarto maior saldo mensal dentre os setores em Santa Catarina, com apenas 218 novas vagas, o que corresponde a 4% do total de vagas do referido mês. O setor de comércio acumulou um saldo de 6 mil vagas formais de trabalho em 2022, sendo o setor com a segunda menor influência no saldo total do ano.

No mês de agosto, o setor de construção criou menos vagas que no mês anterior. Ainda que o saldo tenha sido de 1,1 mil  novas vagas formais de trabalho neste mês, o valor representa uma queda de 30% comparada ao saldo de julho. Os subsetores de construção de edifícios e serviços especializados para a construção compuseram 83% das vagas referentes ao saldo deste mês. No acumulado, a construção criou 16 mil vagas formais de trabalho no ano de 2022, o que representa um aumento de 11% nos estoques.

Finalmente, a agropecuária foi o setor que apresentou maior retração de vagas formais no mês, atingindo um saldo negativo de 302 vagas. Em agosto/22, alguns dos subsetores que tiveram saldo positivo foram os da pecuária (60 vagas), horticultura e floricultura (46 vagas) e de produção de sementes e mudas certificadas (15 vagas), sendo que todos os demais subsetores da agropecuária apresentaram saldos inferiores a 10 vagas ou saldos negativos, em especial o de produção florestal (-201 vagas). O setor foi o único que até então, tem saldo negativo no ano de 2022 com uma retração de 488 vagas formais de trabalho.

A Tabela 7 apresenta a evolução dos vínculos formais de trabalho no mês de agosto/22, segundo o sexo dos trabalhadores. Neste caso, verifica-se que houve uma predominância da força de trabalho masculina no mês, porém com menor discrepância entre os gêneros em relação ao mês anterior, tendência que se mantém ao observarmos o saldo acumulado no ano. Se no mês de julho o saldo entre os gêneros foi composto 65% por homens e 35% por mulheres, em agosto essa diferença diminuiu consideravelmente, passando para uma proporção de 52% e 48% respectivamente. Em termos de grupamento de atividades, observa-se que os homens lideraram as contratações no setor da construção e na agropecuária, enquanto as mulheres nos serviços e no comércio. Uma vez que os setores de predominância feminina apresentaram maior expansão de vagas do que os de maioria masculina, isso explica o aumento considerável na proporção de mulheres participando no saldo de vagas formais no mês de agosto.

Tabela 7 – Saldo por sexo (Santa Catarina, agosto de 2022)

Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

A Tabela 8 apresenta o saldo do emprego formal catarinense no mês de agosto/22 segundo o grau de escolaridade. Da mesma forma que o observado no país, as pessoas com ensino médio completo foram aquelas que mais conseguiram as vagas formais de emprego no estado, sendo 6,1 mil vagas do saldo somente nesta faixa de instrução. Também no acumulado do ano essa faixa se mantém como a predominante, constituindo 60% do saldo total de 2022. Já a faixa de ensino médio incompleto, com 2.036 vagas, respondeu por aproximadamente 20% do total mensal. Com isso, observa-se que nestas duas faixas de escolaridade estavam concentradas em torno de 80% da totalidade do saldo do estado.

Tabela 8 – Saldo por nível de escolaridade (Santa Catarina, agosto de 2022)

Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

Quanto à variação mensal, percebe-se que a faixa com resultados mais generosos foi entre trabalhadores com Ensino Superior Incompleto, com um aumento quase cinco vezes maior. O aumento de trabalhadores contratados que possuíam Ensino Fundamental completo e Ensino Superior completo também foi bastante significativo, sendo da ordem de 260% e 196%.

A Tabela 9 apresenta a distribuição do emprego formal no mês de agosto/22, segundo as faixas de remuneração. A faixa entre 1 e 2 salários mínimos, com saldo de 9,6 mil novos vínculos, representa 94% do saldo mensal, indicando uma forte tendência de rebaixamento salarial. O segundo maior saldo ocorreu na faixa de 0,5 a 1 salário mínimo, mas com somente 1,4 mil vagas.

Tabela 9 – Saldo por faixa de remuneração (Santa Catarina, agosto de 2022)

Fonte: Novo CAGED e RAIS (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

As faixas salariais superiores a 2 salários mínimos sofreram retração de 1,1 mil vagas no mês de agosto, com inexpressivas 54 vagas formais de trabalho criadas na faixa superior a 5 salários mínimos, aumentando ainda mais a concentração de vagas nas faixas de remuneração inferiores. Esse comportamento de Santa Catarina é consideravelmente mais expressivo que o verificado para o conjunto do país, indicando que a precarização das condições salariais pode estar sendo mais expressiva em Santa Catarina, comparativamente ao conjunto do país. E isso tem implicações diretas sobre a capacidade de reprodução das condições de vida dessas camadas de assalariados que recebem, no máximo, até dois salários mínimos mensais.

A Tabela 10 mostra a distribuição mesorregional dos empregos formais no mês de agosto/22. Inicialmente destaca-se que a região do Vale do Itajaí registrou o maior saldo do mês e o maior saldo de 2022, mediante a abertura de 3,4 mil e 36,8 mil vagas, respectivamente. Em agosto, o saldo da região correspondeu a 32% da totalidade das vagas criadas no estado, sendo que o desempenho dessa região foi impulsionado pelo setor de serviços, especialmente pelas atividades de informação e comunicação. Com isso, no percentual de crescimento do ano a região cresceu 6%, a segunda maior taxa dentre todas as regiões.

Em termos absolutos, a região da Grande Florianópolis foi a segunda com o maior número de postos formais de trabalho não só no mês, como em 2022, ou seja, 2,6 empregos no último mês e 28,8 mil vagas de trabalho ao longo do ano. Essas vagas foram criadas pelos setores de serviços e do comércio. Diante disto, a região apresentou a maior variação positiva dentre todas as regiões no acumulado do ano, da ordem de 7%.

Na sequência, a região Sul apresentou um saldo positivo de 1,5 mil vínculos formais, com crescimento de 5,3% no mês. O setor de serviços e comércio foram os principais responsáveis por esse aumento das vagas. Ao longo do ano, a mesorregião Sul catarinense teve 16,6 mil novas vagas formais e um crescimento de 6%.

A região Norte manteve-se no ritmo de crescimento do estado, com alta mensal de 3,3% ao final do mês considerado, fruto de um saldo idêntico à região Sul, de 1,5 mil vagas formais de trabalho. Esse resultado foi muito influenciado pelo setor de serviços, com destaque para as atividades administrativas e serviços complementares. A região aparece com o segundo menor acumulado no ano de 2022 dentre todas as mesorregiões (3,6%).

Tabela 10 – Saldo por mesorregião (Santa Catarina, agosto de 2022)

Fonte: Novo CAGED (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

O Oeste Catarinense abriu 1,1 mil vagas em agosto/22, com uma variação de 2,7% em seu estoque de vagas formais de trabalho. Os serviços foram os protagonistas do saldo do oeste catarinense. Com isso, a região atingiu um saldo em 2022 de 11,7 mil vínculos formais de trabalho e um aumento de 2,9% no ano, configurando a variação percentual mais baixa entre todas as mesorregiões.

Por fim, na região Serrana ocorreu a abertura de somente 41 novas vagas, a única região que abriu menos vagas que o mês anterior. O fator responsável por essa baixa quantidade mensal de novas vagas pode estar relacionado ao fechamento e ao baixo índice de admissões de vagas em alguns subsetores devido à sazonalidade desse ramo de atividade econômica. Mesmo assim, o acumulado de 2022 da região atingiu uma taxa de 3,9%, a terceira maior dentre todas as mesorregiões.

A Tabela 11 analisa os saldos das vagas formais nas 13 cidades de Santa Catarina que possuem mais de 100 mil habitantes, destacando-se que as mesmas foram responsáveis por 58% de todos os postos formais criados no estado durante o mês de agosto/22. Isso indica que os novos empregos formais no estado estão sendo gerados de forma consideravelmente concentrada nos municípios mais populosos. O município que teve a maior representatividade dentre os analisados foi a capital Florianópolis, com saldo de 1,2 mil vagas formais de trabalho, tornando-se responsável por 12,1% do saldo total do estado. Vale salientar que dos 60% do saldo ocupados por estes 13 municípios, 48% está concentrado em somente 5 cidades, sendo elas Florianópolis, Itajaí, Joinville, Blumenau e São José. Os setores de serviços e comércio são os responsáveis, em sua maioria, pela representatividade nos saldos destes municípios.

Tabela 11 – Saldo das cidades com mais de 100 mil habitantes (Santa Catarina, agosto de 2022)

Fonte: Novo CAGED (2022); Elaboração: NECAT/UFSC

Considerações Finais

O número de postos formais de trabalho criados no mês de agosto/22 demonstrou uma expressiva recuperação em comparação ao mês anterior, que possuiu grande parte das maiores baixas do ano de 2022. Em grande medida, esse resultado está associado à recuperação das contratações no setor de serviços, o qual vinha sustentando os bons resultados apurados nos meses anteriores. Com isso, no mês de agosto o estado catarinense ultrapassou a marca de mais de 100 mil empregos formais gerados em 2022.

Regionalmente, nota-se um ritmo mais acelerado das contratações especificamente nas regiões do Vale do Itajaí com o maior volume de contratações formais e da Grande Florianópolis. Já os municípios de Florianópolis, Itajaí, Joinville, Blumenau e São José concentram 48% do total do saldo das vagas de trabalho do estado, demonstrando assim elevado índice de concentração das vagas de trabalho no mês de agosto.

Além disso, notou-se uma tendência de concentração das novas vagas nas faixas de remuneração inferiores somado ao elevado índice de desligamentos de vagas de emprego nos setores onde há melhor remuneração, demonstrando cada vez mais a precarização do mercado de trabalho catarinense. Esse comportamento de Santa Catarina é bem mais expressivo que o verificado para o conjunto do país, indicando que a precarização das condições salariais pode estar sendo mais expressiva em Santa Catarina, comparativamente ao conjunto do país. E isso tem implicações diretas sobre a capacidade de reprodução das condições de vida dessas camadas de assalariados que recebem, no máximo, até dois salários mínimos mensais em função da corrosão do poder de compra e do cada vez mais elevado custo de vida.

Referências

MINISTÉRIO DO TRABALHO (Brasil). Programa de Disseminação das Estatísticas do Trabalho (org.). NOVO CAGED. 2022. Disponível em: http://pdet.mte.gov.br/novo-caged. Acesso em: 29 jul. 2022.


*  Graduando em Ciências Econômicas na UFSC e bolsista do NECAT. E-mail: andreydps16@gmail.com

**  Graduando em Ciências Econômicas na UFSC e bolsista do NECAT. E-mail: phbo2000@gmail.com

3 A variação acumulada em 12 meses se refere ao crescimento do estoque de empregos formais entre setembro de 2021 e agosto de 2022.