Produção industrial catarinense com bom ritmo em junho

10/08/2023 10:58

Matheus Souza da Rosa*

A produção física industrial em Santa Catarina expandiu 2,6% na passagem entre junho e maio. Esse resultado reverteu, na íntegra, a queda verificada no mês anterior e se localizou acima do indicador nacional (0,1%) para o mesmo período. A comparação com junho de 2022 e os acumulados, contudo, seguem negativos, sendo de -1,2% a variação em relação a junho de 2022 e de -3,8% a queda pelas perspectivas do acumulado do ano e do acumulado de doze meses. No período entre janeiro de 2020 e junho de 2023, o desempenho do índice segue a trajetória exposta pelo Gráfico 1, onde pode-se notar que: o saldo do período é apenas ligeiramente positivo, com variação de 2,26% em relação a janeiro de 2020; em 2023, a norma é de instabilidade, com resultados positivos e negativos se alternando desde janeiro; e o resultado de junho ampliou a vantagem do índice catarinense em relação ao nacional para o período.

Gráfico 1 – Índice de produção física com ajuste sazonal, Santa Catarina, 2020-maio/23

Fonte: IBGE, PIM-PF Regional. Elaboração: Necat-UFSC

Na comparação com as demais unidades da federação (UFs) o desempenho catarinense se localiza conforme exposto no Gráfico 2. A expansão de 2,6% foi a terceira maior do país, perdendo em ritmo apenas para os resultados de Espírito Santo (4,6%) e Rio de Janeiro (3,2%). No saldo, expandiram os índices produtivos de 7 das 14 UFs pesquisadas, sendo que se destacaram no polo negativo as variações no Ceará (-6,4%), no Amazonas (-4,0%) e no Paraná (-3,3%). São Paulo, estado signatário do maior parque industrial do país, também regrediu, com variação de -2,7% ante o índice de maio.

Gráfico 2 – Produção física industrial, mês frente mês anterior, por UF, jun/23

Fonte: IBGE, PIM-PF Regional. Elaboração: Necat-UFSC.

Em termos desagregados por setores de atividades, destacaram-se as atividades de produtos de metal (7,1%), produtos alimentícios (6,6%), produtos de borracha e material plástico (4,0%), máquinas e equipamentos (3,8%) e produtos químicos (3,4%), conforme ilustra o Gráfico 3. Essas atividades puxaram o desempenho positivo no mês, sendo as mais representativas entre as 6 expansões registradas pela comparação com junho de 2022. Na contramão, fabricação de móveis (-20,8%), metalurgia (-15,0%), artigos de vestuário e acessórios (-11,6%), produtos de minerais não metálicos (-9,1%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-6,3%) representaram as maiores quedas.

Em relação aos resultados acumulados em 2023, nota-se uma hegemonia retrativa, reforçando o dado de mesmo sinal que aparece no agregado por essa base de comparação. Entre os 14 setores pesquisados, 10 estão no negativo em 2023, sendo as quedas mais representativas localizadas nas atividades de fabricação de móveis (-14,5%), produtos de minerais não metálicos (-14,4%), produtos de madeira (-12,6%) e metalurgia (-10,8%). Já os 4 setores que se situam em posição favorável em 2023 são produtos de borracha e material plástico (5,7%), máquinas e equipamentos (2,7%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (0,7%) e produtos químicos (0,2%), cujas variações, como se nota, são menos aceleradas do que as quedas registradas na maioria das atividades.

Gráfico 3 – Produção física industrial, mês em relação ao mesmo mês do ano anterior e acumulado do ano, por setor de atividade da indústria, Santa Catarina, junho/23

Fonte: IBGE, PIM-PF Regional. Elaboração: Necat-UFSC.

Esses resultados indicam que, a despeito da variação positiva no mês a mês, o setor industrial em Santa Catarina ainda se encontra numa posição de ritmo produtivo vacilante. As comparações que retroagem a 2022, especialmente, mostram a manutenção do descompasso que se justifica pelas quedas registradas entre agosto e dezembro, as quais ainda não foram superadas. Similarmente, a desagregação por setores de atividades mostra que setores importantes para a indústria estadual seguem com problemas, como nos casos de metalurgia, de artigos de vestuário e acessórios e de produtos alimentícios. À medida que o segundo semestre iniciar, espera-se que esses resultados melhorem paulatinamente, tanto porque notam-se ligeiras melhoras nos indicadores de demanda e de confiança no setor industrial, como porque as bases de comparação de 2022 se reduzirão consideravelmente.

Uma análise mais detalhada sobre os dados e as informações relativos à PIM-PF/IBGE de junho de 2023 será publicada em breve no Informativo NECAT.

Referências

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Industrial Mensal. Produção Física Regional. (PIM-PF). Rio de Janeiro (RJ): IBGE, junho de 2023.


* Graduando em Ciências Econômicas na Universidade Federal de Santa Catarina e bolsista do Núcleo de Estudos de Economia Catarinense (Necat/UFSC). Email: matheusrosa.contato@outlook.com.