Setor de serviços apresentou resultado positivo no mês de novembro em Santa Catarina, mas acumulado do ano continua negativo

21/01/2021 19:29

Por: Lauro Mattei [1]  e Lilian de Pellegrini Elias[2]

Breves comentários sobre o setor de serviços no Brasil

Os dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE do mês de novembro para o conjunto do país mostraram a continuidade da recuperação do setor, uma vez que este foi o sexto mês seguido com resultados positivos, fazendo com que a taxa acumulada desse período atingisse o patamar de 19,2%. Mesmo assim, tais resultados ainda não compensaram por completo as perdas ocasionadas entre os meses de fevereiro e maio, período em que a pandemia do novo coronavírus mais impactou o setor.

Esse movimento pode ser observado por meio do Gráfico 1, que apresenta a variação do volume de serviços desde janeiro de 2018. Com isso, é possível notar que a queda das taxas de volume de serviços se acelerou a partir do mês março de 2020 com o começo da incidência da COVID-19, atingindo seu ponto máximo ao final do mês de maio, quando caiu para 83 pontos. Após atingir esse patamar, o setor iniciou um processo de recuperação nos seis meses seguintes, ainda que de maneira lenta. Em função disso, o desempenho setorial agregado no país ainda se encontrava abaixo do valor verificado no início do ano de 2020, bem como abaixo do nível do início da série em janeiro de 2018.

Gráfico 1: Volume de serviços (índice base fixa com ajuste sazonal, 2018=100)

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Fonte: PMS (2020); Elaboração: Necat/UFSC

Conforme a Tabela 1, observa-se que o setor de serviços vem apresentando resultados positivos desde o mês de junho, porém de forma muito lenta e insuficiente para recompor sua participação relativa na economia brasileira, abalada fortemente durante os meses agudos da pandemia. No mês de novembro o avanço em relação ao mês imediatamente anterior foi de 2,6%, porém com queda de -4,8% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Já a variação acumulada até o mês de novembro em relação ao mesmo período do ano anterior foi negativa da ordem de 8,3%, enquanto a variação acumulada nos últimos 12 meses foi de -7,4%. É importante registrar que essa trajetória já teve início antes mesmo da pandemia da Covid-19 se instalar no país, indicando que esses resultados negativos sejam os mais intensos desde o início da série histórica divulgada em dezembro de 2012.

Com isso, o volume de serviços registrado no mês de novembro de 2020 ainda estava em 3,2% menor em relação ao patamar observado em fevereiro do mesmo ano. Em termos comparativos, o volume atual continua 14,1% inferior em relação ao recorde do setor observado no ano de 2014.

Tabela 1: Variação do volume de serviços no Brasil (janeiro a novembro de 2020)

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Fonte: PMS (2020); Elaboração: Necat/UFSC

Nota 1: com ajuste sazonal; Nota 2: base igual ao mesmo mês do ano anterior; Nota 3: base igual ao mesmo período do ano anterior.

A Tabela 2 apresenta os cinco grupos de atividades que sintetizam o volume de serviços analisados pela PMS. Inicialmente observa-se que todos os cinco grupos apresentaram resultados positivos em relação ao mês anterior, com destaque para o grupo de serviços prestados às famílias, que teve o melhor desempenho com crescimento de 8,2%, seguido pelo grupo de serviços profissionais, administrativos e complementares (2,5%) e grupo de transportes, serviços auxiliares de transportes e correio (2,4%).

Tabela 2: Evolução do volume de serviços no mês de novembro, segundo grupos de atividades

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Fonte: PMS (2020); Elaboração: Necat/UFSC

Todavia, quando esses resultados são comparados com o desempenho no mesmo mês do ano anterior, nota-se que somente o grupo de “outros serviços” (7,3%) e o grupo de “serviços de informação e comunicação” (1%) apresentaram resultados positivos. Já os grupos de “serviços prestados às famílias”, “serviços profissionais, administrativos e complementares” e “transportes, serviços auxiliares de transportes e correio” tiveram resultados negativos da ordem de -26,2%, -10,7% e -3,7%, respectivamente.

Mas o mais preocupante é o desempenho acumulado (janeiro-novembro) desses grupos de atividades durante o ano de 2020, quando comparado ao igual período do ano anterior. Neste caso, nota-se que apenas o grupo de “outros serviços” detém um resultado positivo da ordem de 6,5%. Todos os demais apresentaram desempenho negativo, sendo que o pior resultado foi apresentado pelo grupo de “serviços prestados às famílias” (-36,6%), seguido pelo grupo dos “serviços profissionais, administrativos e complementares” (-11,8%), de “transportes, serviços auxiliares de transportes e correio” (-8,1%) e de “serviços de informação e comunicação” (-2%).

Segundo Rodrigo Lobo, gerente da PMS do IBGE, as atividades de serviços que estão tendo as maiores dificuldades para retomar seu ritmo são aquelas prestadas de forma presencial, o que justificaria esses resultados acumulados bastante elevados ao longo de 2020. Para ele, “atividades como bares, restaurantes, hotéis e demais serviços prestados às famílias continuam com dificuldades, sendo que o transporte de passageiros – aéreo, rodoviário ou metroviário – até mostrou alguma melhora, mas a necessidade de isolamento social não permitiu que o setor voltasse ao patamar pré-pandemia”.

Neste sentido, é importante observar as atividades com dificuldades em cada um desses grupos de serviços no acumulado entre janeiro e novembro de 2020. No caso do primeiro grupo, as atividades de alojamento e alimentação estão tendo desempenho negativo da ordem de 37,9%, enquanto as atividades de outros serviços às famílias atingiram o patamar negativo de 29,5%. Já no grupo de serviços de informação e comunicação, as atividades de telecomunicações (-3,5%) e de serviços audiovisuais (-18,8%) são aquelas que mais afetam negativamente o desempenho do setor. No grupo de serviços profissionais, nota-se que as atividades de serviços técnicos profissionais (-5,9%) e de serviços administrativos complementares (-13,9%) são aquelas com os maiores resultados negativos. Finalmente, no grupo de transportes, as atividades de transporte aéreo (-37,1%) de transporte terrestre (-12%) são aquelas com os piores desempenhos.

A figura 1 mostra a distância (em %) do patamar pré-pandemia por grupos de atividades do setor de serviços, destacando-se que a distância do país era de 3,2%. Como vimos anteriormente, apenas dois grupos de atividades (Serviços de informação e comunicação e outros serviços) já retornaram ao período pré-pandemia, sendo que ambos superaram o patamar de fevereiro em 2,6% e 1,6%, respectivamente.

Já a maior distância diz respeito ao grupo de atividades de “serviços prestados às famílias” (25,5%), seguido pelo grupo de “serviços profissionais, administrativos e complementares” (-8,7%) e “transportes, serviços auxiliares de transportes e correio” (-5,1%). Para recuperar essas distâncias e retomar o patamar pré-pandemia, esses grupos precisariam crescer 34,2%, 9,5% e 5,4%.

Figura 1: Distância (em %) do patamar de fevereiro de 2020 por grupo de atividade

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A tabela 3 variação percentual do volume de serviços entre as unidades da federação para vários períodos. No caso da variação em relação ao mês imediatamente anterior (outubro), nota-se que sete unidades federativas apresentaram resultados negativos, destacando-se os maiores percentuais no DF (-9,9%), MS (-5,7%) e Roraima (-4%). Na comparação com igual mês do ano anterior, apenas cinco estados apresentaram resultados positivos: PA (4,8%), SC (4,6%), AM (3,9%), AC (1,4%) e MS (0,5%). Todas as demais (22) apresentaram resultados negativos, destacando-se o DF (-18,6%), RO (-17,9%), SE (-15,1%), PI (-12,2%), CE (-10,4%) e RN -10,4%).

Tabela 3: Variação (%) do volume de serviços entre os estados brasileiros no mês de novembro de 2020

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Fonte: PMS (2020); Elaboração: Necat/UFSC

Nota 1 – Base: mês imediatamente anterior – com ajuste sazonal; Nota 2 – Base: igual mês do ano anterior; Nota 3 – Base: igual período do ano anterior; Nota 4 – Base: 12 meses anteriores

Finalmente, no acumulado do ano de 2020 (janeiro-novembro) em relação ao mesmo período do ano anterior observa-se que todas as unidades federativas apresentaram resultados negativos, sendo que 14 delas ficaram com valores negativos abaixo de 10% e o restante com valores acima desse percentual, destacando-se os casos de AL (-17,7%), BA e RN (-16%), SE (15,6%) e PI (15,5%), todos estado da região Nordeste do país.

O comportamento do setor de serviços em Santa Catarina até novembro de 2020

No mês de novembro de 2020 o volume de serviços no estado de Santa Catarina atingiu o patamar equivalente a meados de 2016, conforme Gráfico 1. No entanto, a dinâmica do setor ainda está distante do melhor desempenho da série histórica da PMS iniciada em 2012, que ocorreu em novembro de 2014. Analisando-se de forma mais detalhada o desempenho do setor nos meses impactados pela pandemia de COVID-19, é possível observar que em novembro o volume de serviços apresentava o sétimo resultado positivo consecutivo após duas quedas abruptas ocorridas em março e abril. Nos últimos três meses – setembro a novembro – o ritmo de recuperação desacelerou, sinalizando uma acomodação do setor neste novo patamar, que pode ser equiparado ao verificado em meados de 2019.

Gráfico 2: Volume de serviços (índice base fixa com ajuste sazonal, nov/2014=100) em Santa Catarina

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Fonte: PMS (2020); Elaboração: Necat/UFSC.

A tabela 4 apresenta a evolução do volume de serviços no estado de Santa Catarina para diversos períodos. No caso do mês de novembro de 2020 em comparação com mês de outubro observa-se uma taxa de 0,7%, patamar que claramente evidencia uma desaceleração em relação aos meses anteriores. Já na comparação entre novembro de 2020 com o mesmo mês do ano anterior verifica-se um aumento de 4,6%. Finalmente, no comparativo do acumulado do ano (janeiro-novembro) em relação ao mesmo período do ano anterior, nota-se a existência de um resultado negativo da ordem de 4,7%, patamar bem inferior ao verificado em meados de 2020.

Tabela 4: Variação (%) do volume de serviços em Santa Catarina (janeiro a novembro de 2020)

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Fonte: PMS (2020); Elaboração: Necat/UFSC

Nota 1 – Base: mês imediatamente anterior – com ajuste sazonal; Nota 2 – Base: igual mês do ano anterior; Nota 3 – Base: igual período do ano anterior; Nota 4 – Base: 12 meses anteriores

A tabela 5 apresenta uma comparação das variações entre Santa Catarina e o Brasil no último trimestre, ou seja, no período entre setembro e novembro. No que se refere à variação mensal em relação ao mês imediatamente anterior, tanto o Brasil quanto Santa Catarina vêm apresentando resultados positivos nos últimos meses, já que a variação do volume do setor de serviços em novembro em relação ao mês de outubro para o Brasil foi de 2,6%, enquanto para Santa Catarina foi de 0,7%. Nos meses anteriores, essa mesma comparação mostrou que o estado havia se destacado ao apresentar variações acima do valor nacional. Todavia, nesse último mês houve uma inversão de posições, indicando uma desaceleração do ritmo de crescimento desse setor no estado catarinense.

Tabela 5: Comparação da variação (%) do volume de serviços em Santa Catarina e do Brasil (agosto a novembro de 2020)

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Fonte: PMS (2020); Elaboração: Necat/UFSC

Nota 1 – Base: mês imediatamente anterior – com ajuste sazonal; Nota 2 – Base: igual mês do ano anterior; Nota 3 – Base: igual período do ano anterior; Nota 4 – Base: 12 meses anteriores

Quando se compara o volume de serviços em novembro de 2020 com o mesmo mês do ano anterior, verifica-se que Santa Catarina apresentou um desempenho positivo de 4,6% – o segundo melhor percentual dentre todas as unidades da federação -, enquanto o agregado do país apresentou resultado negativo de -4,8%. Finalmente, quando se compara o desempenho acumulado no ano de 2020 (janeiro-novembro) em relação ao mesmo período do ano anterior, observa-se que o valor negativo do país (8,3) é quase o dobro de Santa Catarina (-4,7%).

A tabela 6 apresenta a variação desagregada por grupos de atividades de serviços ao longo dos meses de setembro e novembro, procedimento que contribui para se entender o avanço de 4,6% registrado no último mês do trimestre considerado. No geral, nota-se que no último mês todos os grupos de atividades apresentaram desempenho positivo, exceto os “serviços prestados às famílias”, o qual mantém altas taxas negativas desde o início da pandemia, seguramente sendo este o setor mais afetado até o momento. Como registro, vale lembrar que os valores de novembro são praticamente idênticos àqueles apresentados no mês de setembro. Com isso, a ligeira redução do acumulado negativo observada no mês de outubro já se desfez, indicando que o setor ainda não conseguiu ter um ritmo sustentado de recuperação dos impactos da doença. Essa situação é muito semelhante ao que vem ocorrendo no país, uma vez que a continuidade das medidas restritivas para controlar a pandemia ainda exerce suas influências negativas sobre o setor. Em grande parte, as medidas de isolamento social impactam bastante as atividades de diversos subsetores, como são os casos de hotéis, bares e restaurantes, que estão operando com capacidades reduzidas, bem como o impedimento de realização de feiras, congressos, etc. Com isso, o desempenho da atividade no acumulado do ano de 2020 em relação ao mesmo período de 2019 foi negativo da ordem de 26,1%. Acredita-se que esse cenário somente será revertido quando ocorrer a vacinação completa da população.

De alguma forma, esse cenário extremamente negativo está sendo amenizado pelos bons resultados apresentados pelos demais grupos de atividades. Assim, verifica-se que o grupo de “serviços de informação e comunicação”, após meses operando no negativo, finalmente reverteu a situação no mês de novembro, quando teve uma taxa positiva da ordem de 1,4%. Todavia, deve-se registrar que esse ritmo é ainda muito lento, uma vez que o acumulado do ano (janeiro-novembro) em relação ao mesmo período do ano anterior continua negativo da ordem de 6,9%.

Tabela 6: Variação (%) das atividades de serviços em Santa Catarina entre setembro e novembro de 2020

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Fonte: PMS (2020); Elaboração: Necat/UFSC

Nota 1 – Base: igual mês do ano anterior; Nota 2 – Base: igual período do ano anterior; Nota 3 – Base: 12 meses anteriores.

Sem dúvida alguma, é o grupo dos “Serviços profissionais, administrativos e complementares” que, com uma taxa de crescimento acima dos 30% durante dois meses seguidos, está impactando positivamente o agregado geral do estado. Registre-se que essa recuperação já vem sendo expressiva desde o mês de julho, quando esse grupo de atividade teve uma variação positiva ao redor de 15%, patamar que superou os 20% nos meses de agosto e setembro. Neste grupo estão incluídos os serviços técnico-profissionais, como atividades jurídicas, de contabilidade, consultoria empresarial, publicidade e pesquisa de mercado, bem como serviços administrativos e complementares (locação de automóveis, aluguéis não-imobiliários, como equipamentos esportivos e máquinas e equipamentos para construção e demolição, para escritório entre outros), seleção de mão de obra, agências de viagens entre outros. Grande parte dessas atividades guarda relações próximas com outros ramos de atividades, como são os casos da indústria e do comércio. No setor industrial geral, vimos que a indústria de transformação foi um dos ramos de atividades que mais cresceu em 2020, levando a uma ampliação expressiva de sua demanda por emprego. Da mesma forma, o comércio apresentou resultados positivos nos últimos cinco meses. Com isso, pode-se dizer que o desempenho positivo de outros ramos de atividades está causando efeitos positivos também neste grupo, impulsionando suas atividades. Outro fato que pode ter impactado esses resultados positivos foi o apoio creditício de vários programas governamentais, tanto no âmbito federal como regional. Registre-se que no caso de Santa Catarina, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) informa que o montante do crédito disponibilizado para os setores do comércio e serviços aumentou em 120%, comparativamente ao montante disponibilizado em 20193. A consequência é que esse grupo de atividades apresentou o melhor desempenho acumulado em 2020, comparativamente a todos os demais grupos de atividades que apresentaram desempenho negativo, exceto o de “outros serviços”.

O grupo de “transportes, serviços auxiliares de transportes e correios” manteve seus resultados positivos no trimestre, chamando atenção para a variação expressiva no mês de outubro, quando o setor quase retornou ao patamar negativo. Todavia, a recuperação verificada em novembro ainda não foi suficiente para que no acumulado do ano o resultado fosse positivo. Assim, quando se compara o desempenho no período de janeiro-novembro de 2020 com igual período do ano anterior, o resultado continua sendo negativo da ordem de 2,8%. Em grande parte, esse percentual está sendo impacto pelos setores de transportes aéreos e terrestres, os quais continuam apresentando taxas negativas expressivas. Mais uma vez, deve-se reforçar que esse comportamento setorial está sendo influenciado pelas medidas necessárias para a contenção da pandemia no estado.

Por fim, o grupo “outros serviços” apresentou desempenho positivo no trimestre, porém com taxas bem reduzidas nos dois últimos meses. Essas oscilações dizem respeito à própria composição desse grupo, cujas ações dependem muito do humor dos mercados, destacando-se as atividades de corretoras de títulos e de valores mobiliários, administração de bolsas, mercados de balcão, administração de fundos por contrato ou comissão, etc. Embora com taxa pouca expressiva, esse grupo de atividade também mantém resultado positivo no acumulado do ano.

Considerações finais

O setor de serviços, que possui importante participação na composição do Produto Interno Bruto (PIB) do país, foi um dos mais impactados pela pandemia, além de estar tendo uma recuperação bem mais lenta, comparativamente ao comércio e à indústria. Essa lentidão, em grande medida, pode ser creditada ao fato de que são setores que dependem da presença das pessoas, bem como de uma maior mobilidade da população. Exatamente essas duas questões são essenciais para o controle da pandemia enquanto uma parcela expressiva da população não for vacinada.

No agregado do país, apesar do setor apresentar resultados positivos nos últimos seis meses, nota-se que ainda há um déficit no acumulado do ano (janeiro-novembro) em relação ao mesmo período do ano anterior da ordem de -8,3%. Já o patamar atual encontra-se -3,2% abaixo do volume de serviços observado em fevereiro de 2020. Parte expressiva desse recuo se deve aos resultados precários obtidos pelo grupo de “serviços prestados às famílias”, cuja taxa acumulada no ano é de -36,6%, quando comparada ao mesmo período do ano anterior. Isso significa que a distancia para se chegar ao patamar do início de 2020 ainda é muito longa, especialmente para os grupos de atividades mais afetados, uma vez que a maioria das unidades da federação continua apresentando desempenho negativo nesse comparativo.

Embora o estado de Santa Catarina venha apresentando crescimento no volume de serviços nos últimos meses, isso não significa que o setor ganhou impulso ou tende a seguir uma dinâmica de crescimento distinta do conjunto do país. Por um lado, nota-se que o desempenho acumulado do volume de serviços segue sendo negativo e, por outro, não há indícios de que o desempenho no próximo mês possa promover uma recuperação que seja suficiente para tornar positivo o saldo acumulado de 2020.

No caso catarinense, há dois movimentos opostos em termos do volume de serviços. Por um lado, o grupo de “serviços profissionais, administrativos e complementares”, que cresceu com taxas acima dos 30% durante dois meses seguidos, é o principal responsável pelo impacto positivo no agregado geral, sendo que nestas atividades estão incluídos os serviços técnico-profissionais, como atividades jurídicas, de contabilidade, consultoria empresarial, publicidade e pesquisa de mercado, bem como serviços administrativos e complementares (locação de automóveis, aluguéis não-imobiliários, como equipamentos esportivos e máquinas e equipamentos para construção e demolição, para escritório entre outros), seleção de mão de obra, agências de viagens entre outros. Por outro, os “serviços prestados às famílias” seguramente são os mais afetados e contribuem expressivamente para os resultados negativos registrados até o momento. As principais influências negativas dizem respeito aos setores de alojamento, alimentação fora de casa, atividades culturais, de recreação, lazer e esportivas, bem como serviços pessoais (cabeleireiro, lavanderias, etc.) e de educação não-continuada (ensino de arte, cultura, esportes, idiomas, etc.). Tais atividades foram fortemente afetadas pelas medidas de isolamento social e pela perda de renda que muitas famílias enfrentaram ao longo de 2020.

Essa situação é muito semelhante ao que vem ocorrendo no país, uma vez que a continuidade das medidas restritivas para controlar a pandemia ainda exerce suas influências negativas sobre o setor de serviços, uma vez que as medidas de isolamento social impactam bastante as atividades desses diversos subsetores. Com isso, acredita-se que o desempenho negativo da atividade no acumulado do ano de 2020 somente será revertido quando ocorrer a vacinação completa da população e a economia puder voltar a funcionar sem qualquer impeditivo.


[1] Professor Titular do Departamento de Economia e Relações Internacionais e do Programa de Pós-Graduação em Administração, ambos da UFSC. Coordenador Geral do NECAT-UFSC e Pesquisador do OPPA/CPDA/UFRRJ. Email: l.mattei@ufsc.br

[2] Economista com doutorado em Desenvolvimento Econômico pela Unicamp. Pesquisadora do NECAT-UFSC. Email: lilianpellegrini@gmail.com

[3] GOVERNO DE SANTA CATARINA. Valor em crédito do BRDE para os setores de comércio e serviços cresce 120% em SC. Governo de Santa Catarina, 13 de jan. de 2021. Disponível em: https://www.sc.gov.br/. Acesso em: 15 de jan. 2021.