Setor de serviços catarinense registra retração em abril

30/06/2022 09:58

Andrey Ide[*]

Os dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS/IBGE) divulgados em junho revelam que o volume do setor de serviços no país obteve variação positiva de 0,2% em abril de 2022. Na série acumulada anual, os quatro primeiros meses do ano auferiram alta de 9,5% se comparados com o mesmo período em 2021. Neste mês, o resultado brasileiro ficou concentrado em apenas duas atividades: serviços de informação e comunicação (0,7%) e serviços prestados às famílias (1,9%).

No Gráfico 1 pode-se observar que o índice do volume de serviços de abril (110,79) está abaixo, mas muito próximo, daquele de dezembro de 2021 (111,01), caracterizando um cenário estagnativo com leve tendência de queda. Quando examinado o último trimestre (fevereiro a abril) em comparação com o trimestre anterior (janeiro a março), a PMS aponta para um crescimento de 0,5% no volume de vendas. Este dado pode ser notado no Gráfico 1 e na Tabela 1: após as quedas de janeiro (-1,6%) e fevereiro (-0,1%) há recuperação em março (1,4%) e abril (0,2%).

Gráfico 1: Índice do volume de serviços, Brasil (2018=100, com ajuste sazonal)

gra1andrey

Fonte: PMS-IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

Em abril, a variação de 0,2% em relação a março contribui para um acúmulo superavitário de 1,6% no último bimestre. Um bom resultado, mas insuficiente para recuperar a queda acumulada entre janeiro e fevereiro (-1,7%). Por enquanto, os quatro primeiros meses do ano acumulam déficit de -0,1%. Ainda assim o volume do setor se encontra 7,4% acima do patamar pré-pandêmico. Na série livre de influências sazonais, com 2018 como ano base, o índice de fevereiro de 2020 era 103,37 e agora, em abril de 2022, está em 110,79.

Na Tabela 1 é possível acompanhar a evolução mensal com ajuste sazonal. Nos últimos doze meses apenas setembro (-1,1%) e outubro de 2021 (-1,3%), além de janeiro (-1,6%) e fevereiro (-0,1%) de 2022 apresentaram déficit. A expansão de 0,2% de abril foi acompanhada por 64,5% dos 166 tipos de serviços pesquisados pela PMS.

Já na comparação com abril do ano passado, o volume do setor de serviços avançou 9,4%. Esta taxa marca o décimo quarto mês de crescimento consecutivo na série comparativo aos mesmos meses do ano anterior, resultado que mostra uma tendência expansiva estabelecida após as quedas bruscas de março e abril de 2020, meses iniciais da pandemia.

Tabela 1: Variação (%) do volume de serviços no Brasil em diversos períodos

tab1andrey

Fonte: PMS-IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

Em relação ao acumulado anual, os primeiros quatro meses de 2022 mostraram uma expansão de 9,5% frente ao mesmo período de 2021. E, após uma trajetória de 13 meses consecutivos de crescimento ascendente, o acumulado dos últimos doze meses em abril, apesar de positivo (12,8%), é menor do que o auferido em março (13,6%).

A Tabela 2 revela que a variação positiva de 0,2% é seguida por apenas dois dos cinco subsetores: os serviços prestados às famílias, expansão de 1,9%, e os serviços de informação e comunicação que expandiram 0,7%. Na contramão das expansões estão os serviços profissionais, administrativos e complementares (-0,6%), outros serviços (-1,6%) e os serviços de transportes, auxiliares aos transportes e correio (-1,7%).

No confronto entre abril de 2022 e abril de 2021, os subsetores de transportes e correio (15,5%) e os serviços prestados às famílias (60,8%) auferiram os maiores ganhos e contribuíram para um resultado total de 9,4% de expansão. O aumento veio das receitas de empresas do setor de transporte de passageiros (aéreo e rodoviário), de transporte rodoviário de cargas, da operação de aeroportos e dos serviços prestados por restaurantes e hotéis. Os serviços profissionais, administrativos e complementares cresceram 7,8% em relação a abril de 2022, os de informação e comunicação 1,6% e outros serviços caíram -7,7%. O resultado negativo advém das corretoras de títulos e valores mobiliários, da administração de bolsas e mercados de balcão organizados e das atividades de apoio à produção florestal.

Tabela 2: Evolução do volume de serviços no mês de abril, segundo grupos de atividades no Brasil

tab2andrey

Fonte: PMS-IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

No acumulado do ano, entre os 166 diferentes segmentos, 66,9% das atividades obtiveram ganhos. O ganho total foi de 9,5% neste primeiro quadrimestre (janeiro a abril) e o maior peso positivo veio igualmente do setor de transportes e correio (15,6%) e dos serviços prestados às famílias (37,3%). Também avançaram os serviços profissionais, administrativos e complementares (8,1%) e os de informação e comunicação (3,2%). O único subsetor que apresentou déficit outros serviços foi o de outros serviços (-3,8%). Esta taxa negativa foi registrada em razão das receitas apuradas por empresas no setor de corretagem de títulos e valores mobiliários, administração de bolsas e mercados de balcão, administração de fundos por contrato ou comissão, recuperação de materiais plásticos e atividades de apoio à produção florestal.

No acumulado dos últimos doze meses, novamente os serviços prestados às famílias e os serviços de transportes, auxiliares aos transportes e correio alcançaram os maiores índices de crescimento: 39% e 17,6% respectivamente. Os demais também obtiveram resultados superavitários: os serviços de informação e comunicação cresceram 8,5%, os serviços profissionais, administrativos e complementares cresceram 9,9% e outros serviços 2%.

Se a base de comparação for fevereiro de 2020 (período pré-pandêmico), o subsetor de “outros serviços” novamente volta para um patamar inferior em abril de 2022. Em fevereiro de 2020 o índice do volume de outros serviços era 114,61. Em 2021 o setor exprimiu quedas expressivas em janeiro (113,49), outubro (112,33) e novembro (114,40). Já em 2022 também esteve abaixo do nível pré-pandêmico em fevereiro (114,09) e segue caindo em abril (113,80). A trajetória do subsetor é instável e seu rumo incerto no curto prazo; nos primeiros quatro meses de 2022 o volume de outros serviços negociados ficou muito próximo daquele do início de 2020.

Diferentemente do subsetor de outros serviços que havia se recuperado, mas agora segue com déficits abaixo do nível pré-pandêmico, o subsetor de serviços prestados às famílias nunca se recuperou. Em abril de 2022 ele continua uma trajetória ascendente marcando 97,08, mas que ainda segue abaixo do 107,42 de fevereiro de 2020.

Os outros três subsetores seguem acima do patamar anterior à pandemia. Serviços de transportes, auxiliares aos transportes e correio estão 16,5% acima do nível de fevereiro de 2020, serviços de informação e comunicação estão 11,6% acima e os serviços profissionais, administrativos e complementares estão 4,9% acima.

Na Tabela 3 percebe-se que o mês de abril não foi favorável para os resultados de cada unidade federativa. Um total de 15 das 27 unidades da federação registrou quedas na comparação com o mês de março. São Paulo (-0,5%), Minas Gerais (-2,8%) e Distrito Federal (-8,2%) exerceram as influências negativas de maior peso na federação. Além disso, os três estados da região sul também recuaram: Rio Grande do Sul (-2,8%), Santa Catarina (-2,6%) e Paraná (-0,8%). Outras quedas percentualmente expressivas se encontram no Acre (-6,1%), Pernambuco (-3,9%), Sergipe (-3,1%), Paraíba (-2,7%) e Mato Grosso (-2,0%).

Entre os impactos positivos mais contundentes estão o do Rio de Janeiro (1%), Espírito Santo (3,6%), Rio Grande do Norte (7,9%) e Ceará (2,4%). Amapá (4,6%), Mato Grosso do Sul (2,6%) e Tocantins (2,1%) apresentaram resultados positivos acima dos 2%.

Tabela 3: Variação (%) do volume de serviços entre os estados brasileiros no mês de abril de 2022

tab3andrey

Fonte: PMS-IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

No comparativo com abril de 2021 um total de 24 das 27 unidades federativas expandiu. Apenas Rondônia (-4,5%), Acre (-2,4%) e Distrito Federal (-1,1%) retraíram. Os principais ganhos vieram de São Paulo (9,9%), Minas Gerais (14,2%), Rio Grande do Sul (16,8%) e Rio de Janeiro (4,3%). Quando citados “principais” ganhos, leia-se aqueles que contribuem quantitativamente mais para o resultado nacional. Já Santa Catarina cresceu 2,8% enquanto o Paraná cresceu 4%. E não poderiam deixar de ser notados aumentos percentuais expressivos de Alagoas (39,1%), Amapá (28,8%) e Ceará (20,4%).

No acumulado do ano apenas Rondônia (-1,5%) registrou déficit, as demais 26 unidades federativas aumentaram o volume de serviços negociados nestes quatro primeiros meses. As expansões de maior peso vieram de São Paulo (11%), Minas Gerais (11,2%), Rio Grande do Sul (16,3%) e Bahia (14,2%). No caso de Santa Catarina e Paraná os crescimentos foram respectivamente 4% e 6%. Alagoas também obteve uma expansão percentual expressiva de 27,5%. Agora olhando para o acumulado dos últimos doze meses, todos os 26 estados e o Distrito Federal permanecem com taxas positivas. Santa Catarina expande 11,3%, Paraná 10,3% e Rio Grande do Sul 17,1%.

Crescimento mensal do volume de serviços catarinense apresenta déficit de -2,6% em abril. Taxa expressiva de março (4,2%) é revisada para baixo (3,7%).

Apesar dos resultados positivos a nível nacional, o ano de 2022 não apresentou desempenhos favoráveis em Santa Catarina. O Gráfico 1 mostra que o único pico positivo desse ano se deu em março (3,7%). Em janeiro, fevereiro e abril as quedas foram respectivamente de -4,6%, -2% e -2,6%. Observa-se que a trajetória do índice caminha para o mesmo nível de fevereiro de 2021 quando marcou 115,23. Mesmo assim, abril de 2022 (116,28) segue acima do patamar anterior a pandemia de fevereiro de 2020 (104,1), uma diferença de mais de 12%.

Gráfico 2: Índice do volume de serviços, Santa Catarina (2018=100, com ajuste sazonal)

gra2andrey

Fonte: PMS-IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

A acomodação do nível de serviços prestados em Santa Catarina pode ser observada desde junho de 2021 quando o índice marca 116,56. Após este mês há um pico em dezembro de 2021 (123,18) mas a linha caminha para o mesmo nível agora em abril: 116,28 – uma diferença de – 0,28% em relação a junho de 2021.

A série de evolução mensal, vista na Tabela 4, mostra esse padrão de acomodação. Nos últimos dois meses inicia-se a série com dois resultados positivos em maio (1,7%) e junho (2,6%); logo após há um déficit em julho (-0,2%) e dois superávits em agosto (0,6%) e setembro (0,4%), um déficit de -2,1% em outubro e dois superávits significativos em novembro (3,4%) e dezembro (3,7%). Novamente aparecem dois déficits no primeiro bimestre de 2022: em janeiro (-4,6%) e fevereiro (-2%). Esses são seguidos de um superávit de 3,7% em maio e agora um déficit de -2,6% em abril. Praticamente duas taxas de crescimento positivas seguidas de uma negativa. A exceção está em 2022 que emplacou duas taxas negativas nos dois primeiros meses do ano.

Tabela 4: Variação (%) do volume de serviços de Santa Catarina em diversos períodos

tab4andrey

Fonte: PMS-IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

Na comparação com o mesmo mês do ano anterior o volume do setor de serviços em Santa Catarina cresce pelo segundo mês consecutivo após a taxa negativa de -0,1% de fevereiro. O crescimento de abril (2,8%) comparado com abril de 2021 está bem abaixo daquele visto em março de 2022 (7,9%). E para as demais séries o crescimento também está abaixo daqueles vistos em março.

A variação acumulada anual apresenta um crescimento de 4% em abril, abaixo do encontrado em março (4,4%). E no acumulado dos últimos doze meses o superávit de 11,3% segue abaixo dos 13,3% de março que por sua vez estavam abaixo dos 13,8% resultantes de fevereiro. E o índice de fevereiro também está abaixo dos 14,7% vistos em janeiro e este por sua vez está abaixo dos 14,8% encontrados em dezembro de 2021. Em suma, as perdas mensais estão refletidas no acumulado dos últimos doze meses que, apesar de resultados positivos, segue uma trajetória descendente desde o início do ano.

De modo geral, desde o início da recuperação do setor iniciada em maio de 2020, a quantidade de variações positivas mensais em Santa Catarina prevalece frente às negativas. São dezesseis superávits frente a oito déficits encontrados em novembro de 2020, março, abril, julho e outubro de 2021 além de janeiro, fevereiro e abril de 2022.

Na Tabela 5 percebe-se que todos os índices do mês de abril são inferiores aos do mês de março na série de variação “mês/mesmo mês do ano anterior”. Os serviços prestados às famílias avançaram 51,2%, outros serviços expandiram 6,9%, serviços de informação e comunicação obtiveram superávit de 4,9%, serviços de transportes, auxiliares aos transportes e correio cresceram 2,5%.

O único subsetor que apresentou déficit foi o de serviços profissionais, administrativos e complementares. Em Santa Catarina, particularmente, há mais de um ano o setor vem diminuindo seus resultados na série comparativa com o “o mesmo mês do ano anterior”.

Tabela 5: Variação (%) do volume das atividades de serviços em Santa Catarina entre fevereiro e abril de 2022

tab5andrey

Fonte: PMS-IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

Assim permanece a trajetória dos serviços profissionais, administrativos e complementares. O subsetor está em queda desde abril de 2021 quando alcançara um crescimento de 43,4%. Daquele momento em diante estas atividades apresentam resultados cada vez mais baixos, sendo que o mês de abril já conta como o sétimo mês consecutivo em que há um déficit, desta vez de -21,4%.

Na série “acumulado no ano” os serviços prestados às famílias cresceram 28,7%, e os serviços de informação e comunicação cresceram 3,8%. Ambos apresentam resultados melhores do que os vistos em fevereiro e março. As atividades de outros serviços (8,7%) e serviços de transportes e correio (7,9%) também obtiveram superávits, mas diminuem sua variação positiva desde janeiro de 2022. Outros serviços haviam acumulado anualmente 10,2% em fevereiro, 9,4% em março e agora 8,7%. Já os transportes e correio haviam acumulado 11,4% em fevereiro, 9,7% em março e agora 7,9%. Os serviços profissionais, administrativos e complementares continuam caindo, neste acumulado anual até abril a retração foi de -19,5%.

No acumulado dos últimos doze meses a expansão total até abril é a menor das últimas três medições (11,3%). Todos os demais resultados também são inferiores se comparados com o acumulado até março. Os serviços prestados às famílias obtiveram resultado superavitário de 28,5%, os serviços de transportes, auxiliares aos transportes e correio cresceram 15%, outros serviços expandiram 13,3% e os serviços de informação e comunicação 10,9%. Como esperado, os serviços profissionais, administrativos e complementares acumulam uma queda de -5,7% nos últimos doze meses, o maior nível até então.

Considerações Finais

A variação no volume de serviços brasileiro foi positiva, porém de pouca magnitude em abril de 2022. O avanço de 0,2% é o segundo seguido, mas os meses de marços e abril não conseguem recuperar o que foi perdido em janeiro e fevereiro. Ainda assim o setor de serviços se encontra 7,4% acima do patamar pré-pandêmico segundo a série com base 100 em 2018 elaborada pelo NECAT com dados do IBGE.

É fato que o mês de abril não é um o mês mais pujante para o setor. Não foi em 2021 e não é em 2022. Neste último período apenas dois dos cinco subsetores de serviços acompanharam o crescimento positivo, os serviços prestados às famílias (1,9%) e os serviços de informação e comunicação (0,7%). Esses últimos seguem representando o subsetor com maior impacto no crescimento total das atividades de serviços. Há também que se levar em conta que, regionalmente, a maioria das unidades federativas apresentou déficit na passagem de março para abril. Os maiores impactos positivos vieram do Rio de Janeiro, que obteve crescimento de 1% e do Espírito Santo (3,6%). Na contramão estão São Paulo (-0,5%) e Minas Gerais (-2,8%). Ao total, 64,5% dos 166 tipos de serviços pesquisados apresentaram crescimento – percentual inferior aos de outros meses.

Os serviços prestados às famílias seguem sem se recuperar dos efeitos causados pela pandemia de Covid-19 e o subsetor de “outros serviços” voltam novamente a um nível inferior ao daquele visto em fevereiro de 2020. Isto mostra a instabilidade do setor dado que a sua trajetória de recuperação já dava alguns sinais de voltar passos atrás.

Do lado positivo, se a base de comparação for abril de 2021, as atividades exercidas em hotéis, restaurantes, portais, provedores de conteúdo, serviços de informação na internet, transportes de carga e passageiros, tanto aéreo como rodoviário foram grandes contribuintes para o crescimento de 0,2%. Também estão na lista os serviços de locação de automóveis e desenvolvimento e licenciamento de softwares. Do lado negativo, as atividades de telecomunicações, logística de transportes, recuperação de materiais plásticos, limpeza geral, atividades de arquitetura e engenharia, bem como a corretagem de títulos e valores mobiliários acabaram pesando negativamente para o resultado total.

De modo geral, das últimas 12 observações sobre a série de variações mensais no volume de serviços brasileiro, 25% delas foram negativas: setembro (-1,1%) e outubro (-1,3%) de 2021 e janeiro (-1,6%) e fevereiro (-0,1%) de 2022. A situação em Santa Catarina é bem diferente.

O padrão nas variações mensais do volume de serviços catarinenses é de um mês deficitário seguido por dois meses de crescimento – à exceção dos meses de janeiro e fevereiro de 2022 que lograram duas quedas seguidas. Apesar de estar mais de 12% acima do nível pré-pandêmico e do setor catarinense de serviços ter se recuperado como um todo, há sim uma instabilidade da trajetória. O “sobe e desce” na evolução mensal coloca o mês de abril com um índice abaixo daquele visto em junho de 2021. Ou seja, nove meses após, o setor volta para um nível inferior.

Em abril o decrescimento do volume de serviços em SC foi de -2,6%, bem abaixo do apresentado pelo Paraná (-0,8%), e bem próximo do resultado do Rio Grande do Sul (-2,8%). Há que se ressaltar que se considerados os últimos três meses (fevereiro – abril), apenas Santa Catarina acumula um déficit de -0,9%. Paraná e Rio Grande do Sul crescem 1,5% e 6,9% respectivamente. Se comparado com abril de 2021, SC cresceu 2,8% em abril de 2022. No acumulado anual a expansão foi de 4% e o no acumulado dos últimos doze meses de 11,3%.

O setor de serviços profissionais, administrativos e complementares catarinense permanece em trajetória descendente, sendo que os últimos seis resultados foram negativos e neste último mês a queda foi de -21,4%. Vale ressaltar também que tanto no Brasil como em SC, os serviços prestados às famílias continuam crescendo, mas crescem abaixo da margem de volume vista no período anterior à pandemia de Covid-19.

Outros fatores também influenciam o consumo. Um dos mais recentes a ser observado é a elevação da taxa Selic a 13,25% ao ano, o décimo primeiro aumento consecutivo. Na tentativa de conter a inflação persistente o Comitê de Política Monetária aumenta a taxa básica de juros da economia e sinaliza que a tendência é de que ela continue subindo. (BCB, 2022). Dadas as pressões globais nas altas dos preços e o elevado nível de incerteza, entre diversos outros fatores, a inflação deve continuar em alta. Nos últimos doze meses o IPCA acumula um aumento de 11,73% (IBGE, 2022).

A alta dos juros, com intuito de conter a inflação influencia negativamente no consumo da população e nos possíveis investimentos produtivos. Esta política contracionista impacta negativamente o crescimento do PIB, a oferta de emprego e consequentemente a renda de cada brasileiro. Mesmo os serviços prestados às famílias desempenhando resultados positivos, ainda seguem abaixo do nível pré-pandêmico. Em um cenário com preços substancialmente inflacionados, um recuo de 3,5% nos investimentos (FBCF) (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2022), baixa produtividade e política monetária de contração, não há no horizonte próximo um aumento extraordinário do consumo das famílias.

REFERÊNCIAS

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Copom eleva a taxa Selic para 13,25% a.a. Brasília: BCB, 2022. Disponível em < https://www.bcb.gov.br/detalhenoticia/17683/nota >. Acesso em: 20 jun. 2022.

IBGE. IBGE Explica: Inflação. Disponível em: < https://www.ibge.gov.br/explica/inflacao.php >. Acesso em: 20 jun. 2022.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Mensal de Serviços (PMS). Rio de Janeiro: IBGE, 2022a. Disponível em: < https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/2419/pms_2022_abr.pdf >. Acesso em: 15 jun. 2022

IBGE – Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA). Pesquisa Mensal de Serviços (PMS). Rio de Janeiro: IBGE, 2022b. Disponível em: < https://sidra.ibge.gov.br/home/pms/brasil >. Acesso em: 15 jun. 2022.

MINISTÉRIO DA ECONOMIA. Nota informativa: consolidação da retomada econômica. Brasília: Governo Federal – Secretaria de Política Econômica, 2022. Disponível em: < https://www.gov.br/economia/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/notas-informativas/2022/junho/2022_1t-resultado-pib.pdf >. Acesso em: 10 jun. 2022.


[*] Graduando em Ciências Econômicas na UFSC, bolsista do NECAT, Internacionalista. Email: ide.andrey@gmail.com