Núcleo de Estudos de Economia Catarinense

Guilherme Ronchi Razzini*

A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada na última quarta-feira, 8 de novembro, apresentou os dados relativos ao desempenho da atividade varejista no último mês de setembro. Neste mês, houve expansão de 1,6% do volume de vendas no varejo catarinense na comparação com o mês de agosto. Com este resultado, e com a revisão dos dados de agosto, este é o quarto mês com expansões consecutivas no varejo catarinense. No cenário nacional, houve variação de 0,2% na comparação com o mês imediatamente anterior, resultado suficiente apenas para estabilidade do segmento durante o mês.

A partir do Gráfico 1, é possível visualizar o desempenho do segmento varejista desde janeiro de 2020. Com destaque para o presente ano, o volume de vendas do estado catarinense segue sustentavelmente acima do desempenho nacional. Com o resultado de setembro, configurou-se a expansão de 2,6% no acumulado no ano, a qual é ligeiramente superior ao mesmo indicador em nível nacional, o qual registra expansão de 2,4%. 

Gráfico 1 – Índice de volume de vendas com ajuste sazonal, Santa Catarina e Brasil, 2020-set/23

Fonte: IBGE/PMC. Elaboração: Necat-UFSC.

Ainda referente ao Gráfico supramencionado, é possível visualizar que o varejo catarinense apresenta tendência expansiva desde junho, após fortes quedas em abril e maio. Por outro lado, o resultado nacional é de estabilidade desde março, com pequenas expansões e retrações no período, com o acumulado no ano variando próximo a cerca de 2% durante este período. 

Nos resultados regionais, o Gráfico 2, ilustra o desempenho por unidade da federação, na comparação com o mês imediatamente anterior houve expansão em 8 das 27 UFs. Com destaque para as UFs de Rio de Janeiro (2,5%), Maranhão (2,2%) e Ceará (2,1%), por outro lado, houve resultado de retração em 17 UFs. Houve ainda estagnação no volume de vendas em duas UFs, com São Paulo e Tocantins (0%).

Gráfico 2 – Indice de volume de vendas, mês frente mês anterior, por UF, set/23

Fonte: IBGE/PMC. Elaboração: Necat-UFSC.

Deste modo, Santa Catarina teve o quarto melhor desempenho entre as unidades da federação no mês de setembro na comparação com agosto. No resultado acumulado no ano (jan/23-set/23), o estado catarinense tem o 11º melhor desempenho entre as UFs, com expansão de 2,6% no período. 

Nos resultados setoriais em Santa Catarina, expostos na Tabela 1, no resultado acumulado no ano em comparação com o mesmo período do ano anterior, há saldo expansivo em 6 das 11 atividades pesquisadas. Na relação das atividades com expansão, há destaque para as atividades de equipamentos e materiais para escritório (20,7%), combustíveis e lubrificantes (11,5%) e veículos, motos, partes e peças (5,4%). 

Tabela 1 – Variação dos segmentos no acumulado no ano em comparação com o mesmo período do ano anterior, setembro de 2023.

Fonte: IBGE/PMC. Elaboração: Necat-UFSC.

Em contraste, há resultado de retração no acumulado no ano em 5 das 11 atividades, com maior intensidade em outros artigos de uso pessoal e doméstico (-9,8%), livros, jornais, revistas e papelaria (-8,6%) e tecidos, vestuário e calçados (-7,9%). 

Deste modo, é possível visualizar através dos resultados setoriais uma tendência de expansão nos segmentos sensíveis à renda e de necessidades básicas, dado que 4 dos 6 segmentos com expansão no acumulado no ano apresentam estas características. É o caso dos segmentos de supermercados, atacarejos, artigos farmacêuticos e médicos e combustíveis e lubrificantes. 

Tal resultado pode ser explicado em parte pela desaceleração da inflação e o crescimento da renda, suportado sobretudo por um mercado de trabalho aquecido, tais fatores ancoram o varejo frente as altas taxas de juros vigentes. Os resultados de expansão estão focalizados sobretudo em segmentos mais sensíveis à renda, por outro lado, os segmentos mais sensíveis ao crédito continuam com dificuldade frente ao ainda vigente aperto monetário. 

A previsão para os últimos meses do ano pode surpreender positivamente, com o crescimento dos níveis de renda, e a queda do endividamento e inadimplência proporcionados pelo programa Desenrola Brasil. Tais fatores tendem a influenciar o varejo para um resultado além do esperado para os meses de novembro e dezembro, com os eventos da Black Friday e as vendas de Natal e Ano Novo. 

Diante de tais resultados positivos, a Confederação Nacional do Comércio revisou a expectativa de crescimento do varejo para este ano de 2% para 2,4%. Tal expectativa é ancorada sobretudo pela melhoria das condições de preços e da perspectiva da redução das taxas de juros, que devem contribuir para o melhor resultado das vendas de Natal desde 2013. (CNC, 2023)

Referências

 IBGE — Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Mensal do Comércio. (PMC). Rio de Janeiro (RJ): IBGE, setembro de 2023

CNC – CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO. VENDAS DO VAREJO REGISTRAM MAIOR AVANÇO TRIMESTRAL EM 3 ANOS. Analise da PMC de setembro de 2023.  08 nov. 2023. Disponível em: https://portal-bucket.azureedge.net/wp-content/2023/11/Analise_PMC_setembro_2023.pdf Acesso em 09 nov. 2023.

* Graduando em Ciências Econômicas na UFSC e bolsista do Núcleo de Estudos de Economia Catarinense (Necat/UFSC). Email: guilhermerazzini@gmail.com.