Varejo catarinense mantém estabilidade em agosto

23/10/2023 19:27

Guilherme Ronchi Razzini*

A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada na última quarta-feira (18) apresentou os dados de agosto, neste mês houve estabilidade no varejo catarinense. Na comparação com o mês imediatamente anterior, foi registrada retração leve de -0,4%, insuficiente para caracterizar de fato um movimento de retração. No resultado acumulado no ano, há expansão de 4% na comparação com o mesmo período do ano anterior (jan/22-ago/22). Por outro lado, no cenário nacional houve retração de forma mais intensa de -1,3% em agosto na comparação com o mês imediatamente anterior.

A partir do Gráfico 1 é possível visualizar os impactos dos resultados dos últimos meses no volume de vendas no cenário estadual e nacional. Neste sentido, o cenário estadual está 15,32% acima do volume de vendas do período pré-pandemia (fevereiro de 2020), no cenário nacional o resultado é de 1,6% de expansão no mesmo período.

Gráfico 1 – Índice de volume de vendas com ajuste sazonal, Santa Catarina e Brasil, 2020-ago/23

Fonte: IBGE/PMC. Elaboração: Necat-UFSC.

Como é possível visualizar no gráfico acima, o início deste ano apresentou ótimos resultados, elevando o volume de vendas tanto no cenário estadual quanto no cenário nacional. Contudo, o segundo trimestre do ano foi marcado por retrações em escala nacional e estadual, enfraquecido sobretudo pelas altas taxas de juros e o alto nível de inadimplência. Em relação aos últimos três meses, houve uma melhora no estado catarinense com duas expansões consecutivas, e neste momento com uma retração leve no mês de agosto, como é possível visualizar no gráfico. Entretanto, no cenário nacional houve fraca expansão em junho, retração no mês de julho, e novamente retração de forma intensa no mês de agosto, deste modo nesta comparação houve queda no volume de vendas nos últimos meses, retraindo o volume expandido no primeiro semestre.

Em termos regionais, houve expansão na comparação com o mês imediatamente anterior apenas em 3 das 27 unidades da federação (UFs), sendo tais resultados em Mato Grosso (2,4%), Rio Grande do Sul e Pernambuco (1,1%). Em contraste, houve retração em outras 23 UFs, com maior intensidade na Bahia (-18,4%), Pará (-15,8%) e Ceará (-10,5%). O estado de São Paulo registrou estabilidade (0%). A totalidade dos resultados pode ser visualizada no Gráfico 2.

Gráfico 2 – Indice de volume de vendas, mês frente mês anterior, por UF, ago/23

Fonte: IBGE/PMC. Elaboração: Necat-UFSC.

Ainda em relação aos resultados regionais, na relação do acumulado no ano em comparação com o mesmo período do ano anterior (jan/22-ago/22), permanece o saldo de expansão em 23 das 27 UFs. Com maior intensidade nos estados do Maranhão (13,6%), Tocantins (12,6%) e Espirito Santo (10,9%). De outro modo, segue o resultado de retração apenas nos estados de Mato Grosso do Sul (-7,5%), Roraima (-1,1%) Pernambuco (-0,3%) e Goiás (-0,3%).

Nos resultados setoriais no estado catarinense, no resultado acumulado ano em comparação com o mesmo período do ano anterior, há saldo de expansão em 6 das 11 atividades. Dentre as atividades com expansão, destaque para as atividades de equipamentos e materiais para escritório (21,7%), atacarejos (20,6%), e combustíveis e lubrificantes (13,6%). Tais resultados estão expostos na Tabela 1.

Em contraste, permanecem os resultados de queda intensa nos segmentos de outros artigos de uso pessoal (-10,8%), tecidos, vestuário e calçados (-8,6%) e móveis e eletrodomésticos (7,1%). O resultado de tais atividades, mais dependentes de acesso ao crédito segue prejudicado com o cenário de altas taxas de juros, proporcionado pela política monetária restritiva.

Tabela 1 – Variação dos segmentos no acumulado no ano em comparação com o mesmo período do ano anterior, agosto de 2023.

Fonte: IBGE/PMC. Elaboração: Necat-UFSC.         

Ainda nos resultados setoriais, na comparação com o mesmo do ano anterior, ou seja com agosto de 2022, houve resultado de expansão em 6 dos 11 segmentos do varejo ampliado. Cabe destacar o bom desempenho nos segmentos de equipamentos e materiais para escritório (34,6%), veículos, motocicletas, partes e peças (8,8%) e hipermercados e supermercados (7%). Por outro lado, houve retração em 5 dos 11 segmentos, com maior intensidade em livros, jornais, revistas e papelaria (-29,1%), móveis e eletrodomésticos (-12,4%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-11,1%).

Os dados do varejo catarinense para agosto deste ano reforçam que a tese de que há alguns setores que sustentam o desempenho do setor durante o período, tais setores como hipermercados, supermercados e produtos alimentícios e atacarejos fazem parte deste grupo. Do mesmo modo, em agosto o varejo restrito apresentou expansão de 0,6% na comparação com o mês imediatamente anterior, tal resultado é superior ao varejo ampliado. Tal resultado reflete sobretudo a alta base de comparação nos segmentos de veículos, motocicletas e atacarejos, que compõe o varejo ampliado e tiveram um bom desempenho em julho, criando uma base de comparação alta que refletiu nos resultados de agosto.

Os resultados do varejo refletem a dinâmica macroeconômica, com destaque positivo para os segmentos de atendimento a demandas essenciais, como hipermercados e supermercados, produtos médicos e farmacêuticos, e combustíveis e lubrificantes. Enquanto os segmentos mais sensíveis ao crédito impedem o avanço mais forte do varejo nos últimos meses.

Mais informações disponíveis no INFORMATIVO NECAT.

Referências

IBGE — Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Mensal do Comércio. (PMC). Rio de Janeiro (RJ): IBGE, agosto de 2023.


* Graduando em Ciências Econômicas na Universidade Federal de Santa Cataria e bolsista do Núcleo de Estudos de Economia Catarinense (NECAT-UFSC). Email: guilherme.razzini@outlook.com

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