Núcleo de Estudos de Economia Catarinense

Guilherme Ronchi Razzini^*

            A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC/IBGE) divulgada nesta semana apresentou um cenário de estabilidade no varejo ampliado em Santa Catarina em junho. Na comparação com o mês imediatamente anterior com ajuste sazonal, foi registrada expansão de 0,6%, o que caracteriza estabilidade no mês. No resultado acumulado no ano, o estado catarinense registra saldo de expansão de 4,1%, na comparação com o mesmo período do ano anterior (jan/22-junho/22), entretanto tal saldo vem desacelerando desde março deste ano.

            A partir do Gráfico 1 é possível visualizar os impactos das recentes quedas no volume de vendas em Santa Catarina e no Brasil, apesar disso tanto o cenário nacional quanto o cenário estadual permanecem acima do patamar de vendas pré-pandemia.

Gráfico 1 – Índice de volume de vendas com ajuste sazonal, Santa Catarina e Brasil, 2020-jun/23

_{Fonte: IBGE/PMC. Elaboração: Necat-UFSC.}

            Conforme o gráfico acima, o inicio deste ano apresentou bons resultados, elevando o volume de vendas do setor varejista ampliado em Santa Catarina e no Brasil. Contudo, desde março o segmento apresentou consecutivas retrações, interrompidas pelo resultado deste mês de junho. Tal movimento caracteriza algo comum no setor, a falta de crescimento estruturado ao longo dos meses, o resultado do mês de junho se deve em parte as vendas do dia dos namorados, que aliviaram o setor frente ao cenário macroeconômico.

            Em termos regionais, houve resultado de expansão na comparação com o mês imediatamente anterior com ajuste sazonal em 24 das 27 Unidades da Federação, enquanto 2 UFs registraram retração. O Gráfico 2 ilustra o resultado por UF, nesta relação há destaque para os estados do Maranhão (7,6%), Alagoas (6,7%) e Bahia (6,6%). Em contraste, houve retração apenas nos estados de Pernambuco (-1,8%) e Tocantins (-1,1%).

Gráfico 2 – Indice de volume de vendas, mês frente mês anterior, por UF, jun/23

_{Fonte: IBGE/PMC. Elaboração: Necat-UFSC.}

Ainda analisando os resultados regionais, na relação do resultado acumulado ano em comparação com o mesmo período do ano anterior, ou seja jan/22-jun/22, há saldo de expansão em 24 das 27 UFs. Com destaque para os saldos de expansão em Tocantins (15,1%), Acre (10,9%) e Maranhão (10,3%), por outro lado há saldo de retração apenas em Mato Grosso do Sul (-6,7%), Pernambuco (-1,6%) e Goiás (-0,1%).

Nos resultados setoriais no estado catarinense, da perspectiva da relação com o mesmo mês do ano anterior, há expansão em apenas 4 dos 11 segmentos pesquisados, como ilustra a Tabela 1. Há maior destaque para as expansões nos segmentos de atacarejos (26,3%) e combustíveis e lubrificantes (14,7%). Contudo, os segmentos de outros artigos de uso pessoal e doméstico (-14,8%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-12,8%) registram forte retração nesta comparação.

Tabela 1 – Variação dos segmentos na comparação com o mesmo mês do ano anterior, junho de 2023.

_{Fonte: IBGE/PMC. Elaboração: Necat-UFSC.}

Na comparação acumulada no ano, há saldo de expansão em 6 dos 11 segmentos que compõem o varejo ampliado em Santa Catarina. Nesta relação, os ramos do varejo que apresentam melhor desempenho no ano até o momento são os de atacarejos (22,4%), equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (20,9%) e combustíveis e lubrificantes (20%). Em contraste, os segmentos de outros artigos de uso pessoal e doméstico (-11,3%), tecidos, vestuário e calçados (-9%) e material de construção (-7,3%) registram as maiores retrações durante o ano corrente.

Com os resultados de junho é possível afirmar que o estado catarinense tem apresentado ao longo dos últimos três meses fracos resultados. Deste modo, apesar do saldo positivo de 0,6% na comparação com maio, tal resultado é insuficiente para afirmar que houve expansão no setor varejista no mês de junho. Sendo assim, as expectativas do setor estão ancoradas na perspectiva das quedas de juros, que se iniciou neste mês de agosto. Neste sentido, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) confiante no processo de corte das taxas de juros revisou a expectativa de crescimento para este ano de 1,6% para 1,8%. (CNC, 2023)

REFERÊNCIAS

IBGE — Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Mensal do Comércio. (PMC). Rio de Janeiro (RJ): IBGE, junho de 2023.

CNC – CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO. SEM CRESCIMENTO HÁ 3 MESES, VAREJO APOSTA NA QUEDA DOS JUROS PARA RECUPERAR VENDAS. Analise da PMC de junho de 2023. 09 de ago. 2023.

^* Graduando em Ciências Econômicas na Universidade Federal de Santa Cataria e bolsista do Núcleo de Estudos de Economia Catarinense (NECAT-UFSC). Email: guilherme.razzini@outlook.com