Varejo catarinense registra queda intensa em maio

20/07/2023 13:47

Guilherme Ronchi Razzini*

A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC/IBGE) divulgada nesta semana apresentou um cenário de retração no varejo ampliado em Santa Catarina em maio. Na comparação com o mês imediatamente anterior com ajuste sazonal, foi registrado retração de -3,1%. No resultado acumulado no ano, o estado catarinense registra saldo de expansão de 4,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior (jan/22-maio/22), entretanto tal saldo vem apresentando queda nos últimos dois meses em virtude das quedas recentes.

A partir do Gráfico 1 é possível visualizar os impactos das recentes quedas no volume de vendas em Santa Catarina e no Brasil, apesar disso tanto o cenário nacional quanto o cenário estadual permanecem acima do patamar de vendas pré-pandemia.

Gráfico 1 – Índice de volume de vendas com ajuste sazonal, Santa Catarina e Brasil, 2020-mai/23

Fonte: IBGE/PMC. Elaboração: Necat-UFSC.

Em termos regionais, houve resultado de expansão na comparação com o mês imediatamente anterior com ajuste sazonal em apenas 5 das 27 Unidades da Federação, enquanto 22 UFs registraram retração, como ilustra a Figura 1, incluso neste último grupo o estado de Santa Catarina, com queda mais acentuada que a média nacional de -1,1% na mesma comparação.

Figura 1 – Indice de volume de vendas, mês frente mês anterior, por UF, mai/23

Fonte: IBGE/PMC. Elaboração: Necat-UFSC.

Houve expansão somente nos estados de Pará (5,8%), Ceará (2,3%), Amazonas (1,9%), Amapá (1%) e Rondônia (0,9%), em contraste as maiores quedas se concentraram em Mato Grosso do Sul (-7%), Maranhão (-4,8%) e Minas Gerais (-4,7%).

Figura 2 – Acumulado no ano em comparação com o mesmo período do ano anterior, por segmento, em SC, mai/23

Fonte: IBGE/PMC. Elaboração: Necat-UFSC.

Em relação aos resultados setoriais, no acumulado no ano em comparação com mesmo período do ano anterior (jan/23-mai/23) em Santa Catarina, permanecem 7 segmentos com saldo positivo no ano, e 4 segmentos com resultado de retração na comparação, conforme ilustrado na Figura 2. Os maiores saldos de expansão seguem com os segmentos de equipamentos e materiais para escritório (23,6%), atacarejos (21,5%) e combustíveis e lubrificantes (21,1%). Em contraste, há saldo de retração mais intenso nos segmentos de outros artigos de uso pessoal e doméstico (-10,6%), material de construção (-9,6%) e tecidos, vestuário e calçados (-7,8%). Entretanto, cabe destacar que todos os segmentos apresentaram piora no saldo na comparação com o resultado apresentado no mês anterior, ilustrando a piora do varejo catarinense no mês de maio.

Os resultados setoriais indicam que o impacto das altas taxas de juros reais estão afetando de forma intensiva o varejo, deste modo foram registradas retrações nos últimos dois meses que demonstram uma desaceleração da economia, no varejo tal indicador afeta principalmente os segmentos de bens duráveis e semiduráveis que demandam crédito para serem comercializados. Apesar das taxas de juros nominais estarem altos patamares desde agosto de 2022, os efeitos da política monetária restritiva têm um delay para atingir os consumidores, do mesmo modo o relaxamento da política monetária prevista para os próximos meses deve surtir efeitos somente no final do ano.

Diante deste cenário com resultados mais pessimistas do que o esperado, e analisando outros agregados macroeconômicos, a Confederação Nacional do Comércio revisou a expectativa de crescimento das vendas deste ano de 1,8% para 1,4% (CNC).

REFERÊNCIAS

IBGE — Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Mensal do Comércio. (PMC). Rio de Janeiro (RJ): IBGE, maio de 2023.

CNC – CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO. VAREJO REGISTRA PRIMEIRA QUEDA ANUAL EM 10 MESES. Analise da PMC de maio de 2023. 14 de jul. 2023.


* Graduando em Ciências Econômicas na Universidade Federal de Santa Cataria e bolsista do Núcleo de Estudos de Economia Catarinense (NECAT-UFSC). Email: guilherme.razzini@outlook.com