Geração de empregos no setor de serviços compensa perdas da indústria em junho

02/08/2023 10:43

Andrey de Paula e Silva[1]

Pedro Henrique Batista Otero[2]

Em junho de 2023, o mercado formal de trabalho nacional gerou 157,2 mil vagas, registrando crescimento de 0,4%. Em Santa Catarina, o resultado ficou próximo da estabilidade, com 1,9 mil novas vagas e crescimento de 0,1%, conforme dados do Novo Caged apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 – Saldo de vínculos formais de trabalho no Brasil e em Santa Catarina (jun/23)

* Estoque de empregos em jun/23 vs. estoque em dez/22
** Estoque de empregos em jun/23 vs. estoque em jun/22
Fonte: Novo Caged (2023); Elaboração: NECAT/UFSC

Considerando o primeiro semestre de 2023, o Brasil acumula uma variação de 2,4%, enquanto no estado essa taxa foi de 2,6%. No primeiro trimestre essa diferença foi mais expressiva, por Santa Catarina ter recuperado mais rapidamente as perdas ocorridas no final de 2022. Já no segundo trimestre, essa lógica se inverteu, com o estado apresentando resultados inferiores à média nacional.. No acumulado de 12 meses, houve expansão de 4% em âmbito nacional e de 2,7% no estadual. Em ambos os casos, essas taxas representam uma desaceleração no ritmo de crescimento do mercado formal de trabalho em relação aos meses anteriores.

Em junho, o setor de serviços foi o principal gerador de empregos em Santa Catarina, com expansão de 0,3%. As 3,3 mil novas vagas formais geradas no setor foram responsáveis por sustentar o crescimento do emprego formal, como ilustra a Tabela 2. Destaque para os serviços administrativos e complementares, em sua maioria serviços para edifícios, relacionados à expansão do setor imobiliário e à atual fase do ciclo da construção civil. Além disso, chama a atenção o aumento da participação das atividades de seleção, agenciamento e locação de mão-de-obra, em que a maioria dos novos vínculos são de jovens de 18 a 24 anos, geralmente contratados como estagiários. Em ambos os casos, tratam-se de vínculos com salários baixos e maior instabilidade em comparação aos demais celetistas, seja por seu caráter temporário ou pela relação com empresas terceirizadas. No acumulado do ano, os serviços apresentam o maior saldo entre os setores (33,2 mil).

Tabela 2 – Saldo de empregos formais por setor de atividade econômica no Brasil e em SC (jun/23)

* Estoque de empregos em jun/23 vs. estoque em dez/22
Fonte: Novo Caged (2023); Elaboração: NECAT/UFSC

O comércio gerou 538 novas vagas no mês, equivalente a uma variação relativa de 0,1%. Tal resultado indica uma desaceleração do setor na análise interanual. O saldo de junho foi puxado pelas contratações no comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas. No atacado, as quedas foram mais expressivas no comércio de produtos alimentícios, o que se relacionada ao fim de algumas safras agrícolas importantes, particularmente de grãos. Já no varejo, as perdas se concentraram em super e hipermercados.  Com isso, o setor apresenta a segunda menor geração de vagas formais em 2023.

A agropecuária apresentou variação de 0,2% no mês, com um saldo de 101 vagas formais de trabalho. No cultivo de cebolas, registrou-se a maior alta do setor, compensando os desligamentos sazonais do cultivo de maçã

A construção teve redução de 469 postos de trabalho (-0,4% de variação relativa) no mês. Esse desempenho foi influenciado pelos desligamentos na construção de edifícios e, principalmente, pelo subsetor de construção de rodovias, responsável pelo desligamento de 567 vagas, contribuindo significativamente para esse cenário.

O setor industrial apresentou o pior saldo no mês, contando com o fechamento de 1,6 mil postos formais de trabalho e uma variação relativa de -0,2%. Aproximadamente mil vínculos de trabalho foram fechados somente no subsetor de confecção de artigos do vestuário e acessórios, sendo o principal fator que justifica o resultado negativo do setor em junho.

A distribuição do saldo por mesorregião revela um protagonismo do Vale do Itajaí, que gerou 1,2 mil novas vagas, com crescimento de 0,2%. Esse saldo corresponde a mais da metade dos vínculos formais gerados no estado, influenciado pela manutenção dos saldos positivos na construção do litoral norte e pelo cultivo de cebola. Enquanto região Sul registrou um saldo de 758 novas vagas e uma variação relativa de 0,2%, também impulsionada pelo setor de serviços. Vale destacar também o fechamento de 712 vagas de trabalho na região da Grande Florianópolis, em função dos elevados índices de desligamentos presentes dentro do setor industrial.

A média salarial de admissão ficou em R$2.019,7, representando um crescimento real de 1,3% em relação a maio e marcando o maior valor registrado em 2023. Esse desempenho se deve ao resultado do INPC, que apresentou deflação em junho. Na análise interanual, o crescimento real é de apenas 3%.

Análises mais aprofundadas a respeito do mercado de trabalho formal catarinense e informações relativas ao Novo Caged de maio de 2023 serão publicadas em breve no informativo NECAT.


[1]  Graduando em Ciências Econômicas na UFSC e bolsista do NECAT. E-mail: andreydps16@gmail.com

[2]  Graduando em Ciências Econômicas na UFSC e bolsista do NECAT. E-mail: phbo2000@gmail.com

Tags: mercado de trabalho