Mercado formal de trabalho catarinense apresenta segundo pior resultado nacional em julho

31/08/2023 14:05

Andrey de Paula e Silva*

Pedro Henrique Batista Otero**

Os dados do Novo Caged de julho revelam que o mercado formal de trabalho brasileiro segue em expansão, com abertura de 142,7 mil novas vagas e crescimento de 0,3% na análise mensal. Já em Santa Catarina, foram gerados 2,2 mil novos empregos formais, o que representou uma variação de 0,1%, conforme Tabela 1. Além de representar o segundo mês com taxas próximas à estabilidade, esse resultado foi o segundo pior do país em termos relativos, ficando atrás somente do Rio Grande do Sul (-0,1%).

Tabela 1 – Saldo de vínculos formais de trabalho no Brasil e em Santa Catarina

* Estoque de empregos em jul/23 vs. estoque em dez/22
** Estoque de empregos em jul/23 vs. estoque em jul/22
Fonte: Novo Caged (2023); Elaboração: NECAT/UFSC

Considerando o acumulado do ano (janeiro a julho), tanto Brasil quanto Santa Catarina apresentam expansão de 2,7% no volume de empregados. Entretanto, no acumulado de 12 meses o estado apresenta resultados piores, com crescimento de 2,6%, ante 3,7% da média nacional. Essa discrepância se explica, principalmente, pelo forte fechamento de vagas ocorrido em Santa Catarina ao final de 2022, de modo que grande parte do saldo registrado no início do ano representou tão somente a recuperação dessas perdas.

A exemplo do que vem ocorrendo sistematicamente desde o ano passado, o setor de serviços sustentou novamente a abertura de vagas no mercado de trabalho estadual. Em julho, o setor foi responsável por 1,8 mil novos postos formais de trabalho, com expansão de 0,2%, conforme ilustra a Tabela 2. Diferentemente do que ocorreu no início do ano, porém, o saldo foi puxado pelos serviços prestados às empresas, enquanto as atividades relacionadas ao consumo das famílias perderam dinamismo. Praticamente todo o saldo positivo do mês concentrou-se no subsetor de atividades administrativas e serviços complementares, que foi responsável pela abertura de 1,2 mil vagas. Esse resultado compensou as perdas observadas na educação e na administração pública. No acumulado do ano, os serviços têm saldo de 35 mil vagas, o que representa 54% de todos os empregos gerados no estado.

Tabela 2 – Saldo de empregos formais por setor de atividade econômica no Brasil e em Santa Catarina

* Estoque de empregos em jul/23 vs. estoque em dez/22
Fonte: Novo Caged (2023); Elaboração: NECAT/UFSC

Após recuo no mês anterior, a construção voltou a apresentar resultado positivo em julho, de 1,1 mil vagas. O destaque ficou por conta das obras para geração e distribuição de energia elétrica, em especial no município de Navegantes. De janeiro a julho, o setor acumula saldo de 10,6 mil vagas, mantendo bom ritmo de crescimento, apesar da desaceleração do setor imobiliário.

O comércio gerou quase mil vagas no mês, equivalente a uma expansão de 0,2%. O saldo foi impulsionado pelas contratações em concessionárias, devido ao aumento dos fluxos de loja provocado pelo programa de descontos para carros-zero promovido pelo Governo Federal. Apesar disso, o setor segue praticamente estagnado no acumulado do ano.

A indústria teve novamente a maior queda no mês, tendo encerrado 1,4 mil postos de trabalho. Esse recuo permanece inclusive na série livre de efeitos sazonais e reflete, principalmente, o mau momento das indústrias de confecção de roupas e calçados, que fecharam cerca de 900 vagas em julho. Além de sofrer com o aumento da penetração de importados, a demanda interna por produtos de vestuário tem sido prejudicada pelos altos repasses de preços ao consumidor promovidas pelas empresas do setor. O setor industrial segue em franca desaceleração na análise interanual. Considerando o período de janeiro a julho, o setor apresenta saldo de 16 mil vínculos (bem abaixo das cerca de 25 mil vagas geradas no mesmo período de 2022).

A agropecuária apresentou o maior recuo em termos relativos no mês, de -0,5%. O resultado segue condicionado pelo fechamento de vagas no cultivo de maçã que, agora, registra recuo no acumulado do ano. Essas perdas foram parcialmente compensadas pelo cultivo de cebola, que não evitaram, contudo, o resultado negativo da agropecuária no acumulado de janeiro a julho.

A média salarial real de admissão no estado também ficou estagnada na análise mensal, em R$2.018,3. Também houve desaceleração na análise interanual, em que o crescimento real foi de apenas 2,9%.

Análises mais aprofundadas a respeito do mercado de trabalho formal catarinense e informações relativas ao Novo Caged de julho de 2023 serão publicadas em breve no informativo NECAT.


*  Graduando em Ciências Econômicas na UFSC e bolsista do NECAT. E-mail: andreydps16@gmail.com

**  Graduando em Ciências Econômicas na UFSC e bolsista do NECAT. E-mail: phbo2000@gmail.com

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