Núcleo de Estudos de Economia Catarinense

Pedro Henrique Batista Otero*

Joana Lara Fernandes Feller**

Os dados do Novo Caged de outubro revelam que o mercado formal de trabalho no Brasil continua em crescimento, registrando a criação de 190,4 mil novas vagas e um aumento de 0,4% na análise mensal. Em Santa Catarina, houve geração de 12 mil empregos formais, representando uma variação de 0,5% no período, conforme demonstrado na Tabela 1. O principal destaque do mês é que o estado interrompeu a tendência de desaceleração observada até setembro, registrando um crescimento superior ao mês passado, quando descontados os efeitos sazonais da série histórica.

Tabela 1 – Saldo de vínculos formais de trabalho no Brasil e em Santa Catarina

_{* Estoque de empregos em out/23 vs. estoque em dez/22}

_{** Estoque de empregos em out/23 vs. estoque out/22}

_{Fonte: Novo Caged (2023); Elaboração: NECAT/UFSC}

Ao analisar o desempenho acumulado do ano, que abrange o período de janeiro a outubro, o Brasil registrou um acréscimo de 4,2% no volume de empregos formais, enquanto em Santa Catarina o crescimento foi de 4,0%. No acumulado de 12 meses, o estado catarinense apresentou uma variação de 2,5%, contrastando com a média nacional de 3,4%. No caso catarinense, os resultados interanuais apresentaram melhora em relação ao mês anterior, fato que não ocorria desde março de 2023.

Novamente, o setor de serviços foi o principal responsável pelo aumento de empregos em Santa Catarina, conforme evidenciado na Tabela 2. No mês de outubro, o setor contribuiu com a criação de 6,7 mil novos empregos formais, apresentando acréscimo de 0,7%. Dos empregos gerados, 1,3 mil foram em empresas especializadas na contratação de mão de obra temporária, uma modalidade que continua em expansão desde a implementação da contrarreforma trabalhista. Outro destaque foi o setor de transporte rodoviário, que registrou saldo de quase 900 vagas, impulsionado pelo escoamento da produção agrícola e pela desinflação dos preços de combustíveis. Além disso, é relevante mencionar o crescimento sazonal nos subsetores de alojamento e alimentação, que geraram 1,2 mil novas vagas.

Tabela 2 – Saldo de empregos formais por setor de atividade econômica no Brasil e em Santa Catarina

_{* Estoque de empregos em out/23 vs. estoque em dez/22}

_{Fonte: Novo Caged (2023); Elaboração: NECAT/UFSC}

No setor de comércio, houve criação de 3,4 mil postos de trabalho, representando um acréscimo de 0,7%. O principal destaque recai sobre o subsetor varejista que sozinho gerou 2,4 mil novas vagas. Esse resultado apresenta forte componente sazonal, entretanto, ao compará-lo com o mesmo período do ano anterior, observa-se uma expansão no setor.

Em outubro, o setor agropecuário apresentou abertura de 777 vagas formais e obteve a maior expansão no volume de empregos formais entre os setores no estado, com crescimento na ordem de 1,7%. Destaque para a abertura de vagas nos cultivos de maçã e nas lavouras temporárias de milho. No acumulado do ano, o setor apresentou saldo de 1,3 mil novos postos formais de trabalho.

O setor industrial apresentou o menor crescimento mensal, de 0,1%, sendo responsável pela geração de 732 novos postos formais de trabalho. A fabricação de produtos de material plástico, em especial embalagens e artigos descartáveis, destaca-se por impulsionar o saldo do setor, beneficiando-se da manutenção do consumo das famílias. Por outro lado, tal resultado foi influenciado negativamente pelas atividades de confecção, que apresentaram saldo negativo pelo oitavo mês consecutivo. No acumulado do ano, a indústria catarinense gerou um total de 19,2 mil novas vagas.

No setor de construção, foram criados 501 novos empregos formais, representando um crescimento de 0,4%. O principal destaque recai sobre a construção de rodovias, sobretudo no município de Palhoça, responsável por gerar 207 novas vagas neste subsetor, devido às obras do contorno viário da Grande Florianópolis, a maior obra viária em andamento no Brasil atualmente. Por outro lado, destaca-se de forma negativa o setor de construção de edifícios, que registrou o fechamento de 365 vagas. No acumulado do ano, o saldo do setor de construção foi de 12,9 mil vagas.

A média salarial real de admissão no estado  apresentou crescimento de 0,4%. Dessa forma, o indicador atingiu R$2.043,60. Na comparação com o mesmo período de 2022, foi registrado crescimento real de 2,8%. Nesse caso, o estado também reverteu a tendência de desaceleração observada nos meses anteriores.

Análises mais aprofundadas a respeito do mercado de trabalho formal catarinense e informações relativas ao Novo Caged de outubro de 2023 serão publicadas em breve no informativo NECAT.

_*  Graduando em Ciências Econômicas na UFSC e bolsista do NECAT. E-mail: phbo2000@gmail.com

_** Graduanda em Ciências Econômicas na UFSC e bolsista do NECAT. E-mail: joanalarafernandesfeller@gmail.com.