Mercado de trabalho formal catarinense permanece aquecido em abril
Andrey de Paula e Silva*
Pedro Henrique Batista Otero**
Em abril de 2023, o mercado formal de trabalho nacional e de Santa Catarina demonstraram resultados positivos, segundo os dados do Novo Caged. O Brasil gerou 180 mil novas vagas de trabalho formal, enquanto em Santa Catarina foram abertas 7 mil novas vagas.
Em termos relativos, houve uma expansão de 0,4% no país e de 0,3% em Santa Catarina, conforme a Tabela 1. No estado, essa taxa mantém o ritmo de crescimento observado no mês anterior, quando descontados os efeitos sazonais. Já no país, o resultado veio um pouco abaixo da tendência observada nos últimos meses.
Tabela 1 – Saldo de vínculos formais de trabalho no Brasil e em Santa Catarina (abr/23)
Considerando o primeiro quadrimestre de 2023, o Brasil acumula uma variação de 1,7%, enquanto no estado essa taxa foi de 2,4%. O maior crescimento de Santa Catarina nesta análise se deve ao processo de recuperação das perdas ocorridas ao final de 2022, que foram mais intensas no estado do que na média do país. Já na análise do acumulado de 12 meses, houve expansão de 4,6% em âmbito nacional e de 3,3% no estadual.
Em abril, o setor de serviços foi o principal gerador de empregos em Santa Catarina. As 4,6 mil novas vagas formais geradas no setor representam praticamente dois terços do saldo total, como ilustra a Tabela 2. Esse saldo corresponde a uma variação relativa de 0,4%, mantendo o ritmo de crescimento do setor na análise interanual. Destaque para os serviços prestados às empresas (em sua maioria empresas terceirizadas para atividades de segurança e limpeza) e para o setor de saúde. No acumulado do ano, os serviços apresentam o maior saldo entre os setores (25,8 mil), refletindo a continuidade do crescimento do consumo das famílias no estado.
Tabela 2 – Saldo de empregos formais por setor de atividade econômica no Brasil e em SC (abr/23)
Fonte: Novo Caged (2023); Elaboração: NECAT/UFSC
A construção teve o segundo maior saldo entre os setores (1,7 mil vagas) e a maior variação relativa no mês (1,5%). O desempenho do setor foi puxado tanto pela construção de edifícios, quanto pelos serviços especializados para a construção. Apesar das taxas de juros permanecerem em patamares elevados, o setor mantém o bom ritmo de geração de empregos observado desde meados de 2021, já tendo aberto 9,4 mil vagas desde o início do ano.
No comércio, foram geradas 1,2 mil novas vagas em abril. O desempenho do setor foi puxado pelo comércio atacadista, de automóveis e de combustíveis; e varejista de produtos farmacêuticos, associado ao crescimento dos serviços de saúde. Com isso, o comércio recuperou as perdas registradas no primeiro trimestre de 2023.
O setor industrial gerou 651 novas vagas no mês, o que corresponde a uma variação relativa de 0,1%. Grande parte desse saldo se deve à fabricação de produtos alimentícios (603 vagas), com destaque para o abate e a fabricação de produtos de carne. Os frigoríficos catarinenses seguem se beneficiando das exportações para a China, em função do fim de sua política de “Covid-Zero”. A atividade de confecção foi o principal destaque negativo neste mês, uma vez que fechou 560 vagas. Tal desempenho está relacionado à perda de fôlego na recuperação dessa atividade, além das fortes quedas nas vendas de artigos de vestuário registradas em mar./23[1]. Com os resultados de abril, a indústria obteve saldo de 25,8 mil vagas no acumulado do ano, finalmente conseguindo recuperar os postos de trabalho perdidos em dezembro de 2022.
Embora seja o principal destaque em termos do crescimento da atividade econômica no início de 2023, a agropecuária foi o único grande setor a apresentar saldo (-1,1 mil vagas) e variação relativa (-2,5%) negativos em abril. No entanto, esse recuo pode ser considerado meramente sazonal, pois ainda está associado ao desligamento de trabalhadores temporários contratados para a safra da maçã em janeiro e fevereiro. Prova disso é que o setor segue em expansão no acumulado do ano, com abertura de 1,5 mil vagas e variação relativa acima da média estadual (3,2%, ante 2,4%).
Na distribuição do saldo por mesorregião, destaca-se o protagonismo do Vale do Itajaí, que gerou 2,2 mil novas vagas (variação relativa de 0,3%). Esse saldo corresponde a quase um terço dos vínculos formais gerados no estado e foi impulsionado, principalmente, pelas atividades de construção e serviços relacionados.
O salário médio de admissão no estado ficou em R$ 1.987,7, o que significou um crescimento real de 0,9% em relação a março. Com isso, Santa Catarina registra três meses de expansão salarial, compensando as perdas acumuladas desde out/22. Na análise interanual, o crescimento é de 3,4% em valores reais.
Análises mais aprofundadas a respeito do mercado de trabalho formal catarinense e informações relativas ao Novo Caged de março de 2023 serão publicadas em breve no informativo NECAT.
* Graduando em Ciências Econômicas na UFSC e bolsista do NECAT. E-mail: andreydps16@gmail.com
** Graduando em Ciências Econômicas na UFSC e bolsista do NECAT. E-mail: phbo2000@gmail.com
[1] Para mais, ver: RAZZINI, Guilherme. Varejo catarinense cresce 7% no primeiro trimestre de 2023. NECAT/UFSC, Briefing nº 10, mai/23.
Este texto compõem a série de Briefings de conjuntura do NECAT/UFSC, sendo a edição de número 12.