Varejo catarinense inicia segundo semestre com expansão

21/09/2023 14:30

Guilherme Ronchi Razzini*

A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada na última sexta-feira (15) apresentou os dados de julho, neste mês houve expansão no varejo catarinense. Na comparação com o mês imediatamente anterior, foi registrada expansão de 2,2%, iniciando o terceiro trimestre do ano com expansão. No resultado acumulado no ano, segue a expansão de 4,1% na comparação com o mesmo período do ano anterior (jan/22-jul/22). Por outro lado, no cenário nacional houve retração de 0,3% em julho na comparação com o mês imediatamente anterior.

A partir do Gráfico 1 é possível visualizar os impactos dos resultados dos últimos meses no volume de vendas no cenário estadual e nacional. Neste sentido, o cenário estadual está 15,4% acima do volume de vendas do período pré-pandemia (fevereiro de 2020), no cenário nacional o resultado é de 4,6% de expansão no mesmo período.

 Gráfico 1 – Índice de volume de vendas com ajuste sazonal, Santa Catarina e Brasil, 2020-jul/23

Fonte: IBGE/PMC. Elaboração: Necat-UFSC.

Como é possível visualizar no gráfico acima, o início deste ano apresentou ótimos resultados, elevando o volume de vendas tanto no cenário estadual quanto no cenário nacional. Contudo, o segundo trimestre do ano foi marcado por retrações em escala nacional e estadual, enfraquecido sobretudo pelas altas taxas de juros e o alto nível de inadimplência. Em relação aos últimos dois meses, houve uma melhora no estado catarinense com duas expansões consecutivas, como é possível visualizar no gráfico. Entretanto, no cenário nacional houve fraca expansão em junho e retração no mês de julho, mantendo certo ritmo de estabilidade.

Em termos regionais, houve expansão na comparação com o mês imediatamente anterior em 10 das 27 unidades da federação (UFs), com destaque para Paraíba (4,9%), Espírito Santo (4%) e Rio Grande do Sul (3,9%). Em contraste, houve retração nas outras 17 UFs, com maior intensidade em Pará (-6,7%), Tocantins (-4,8%) e Rondônia (-4,5%). A totalidade dos resultados pode ser visualizada no Gráfico 2.

Gráfico 2 – Índice de volume de vendas, mês frente mês anterior, por UF, jul/23

Fonte: IBGE/PMC. Elaboração: Necat-UFSC.

Ainda em relação aos resultados regionais, na relação do acumulado no ano em comparação com o mesmo período do ano anterior (jan/22-jun/22), há saldo de expansão em 23 das 27 UFs. Com maior intensidade nos estados de Tocantins (14,8%), Maranhão (12,8%) e Bahia (12%). De outro modo, segue o resultado de retração nos estados de Mato Grosso do Sul (7,5%), Pernambuco (-1%) e Goiás (-0,2%).

Nos resultados setoriais no estado catarinense, no resultado acumulado ano em comparação com o mesmo período do ano anterior, há saldo de expansão em 6 das 11 atividades. Dentre as atividades com expansão, destaque para as atividades de atacarejos (23,1%), equipamentos e materiais para escritório (19,7%) e combustíveis e lubrificantes (16,3%).

Em contraste, permanecem os resultados de queda intensa nos segmentos de outros artigos de uso pessoal (-10,7%), tecidos, vestuário e calçados (-8,4%) e material de construção (-7,5%). Tais atividades são mais dependentes do crédito, e com o cenário de altas taxas de juros seu desempenho segue afetado pela política monetária implantada.

Tabela 1 – Variação dos segmentos no acumulado no ano em comparação com o mesmo período do ano anterior, julho de 2023

Fonte: IBGE/PMC. Elaboração: Necat-UFSC.

Com o resultado do mês de julho, e o primeiro resultado referente ao segundo semestre do ano, é possível estabelecer alguns pontos de atenção referentes ao varejo. O varejo restrito tem apresentado desempenho inferior ao varejo ampliado, este último influenciado sobretudo pelo bom desempenho dos segmentos de veículos, motocicletas, partes e peças e do segmento de atacarejos, estes dois últimos pertencentes somente ao varejo ampliado. Neste sentido, se considerarmos apenas os segmentos do varejo restrito no estado catarinense há um saldo de expansão de 2,6% no ano, saldo menor que o resultado no ano do varejo ampliado, que registra expansão de 4,1%.

Com o cenário mais favorável para o crédito neste segundo semestre, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) revisou a expectativa de crescimento do setor no ano de 1,8% para 2%. Tal decisão foi influenciada sobretudo pela consolidação do recuo da inflação e os sinais positivos advindos do mercado de trabalho. Deste modo, a CNC espera que ao longo do segundo semestre com o efeito dos juros mais baixos haverá um impacto maior nas condições de consumo.

Mais informações disponíveis no INFORMATIVO NECAT.

Referências

IBGE — Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Mensal do Comércio. (PMC). Rio de Janeiro (RJ): IBGE, julho de 2023.

CNC – CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO. VAREJO INICIA SEGUNDO SEMESTRE COM ALTA DE 0,7%. Analise da PMC de julho de 2023. 15 de set. 2023.


* Graduando em Ciências Econômicas na Universidade Federal de Santa Cataria e bolsista do Núcleo de Estudos de Economia Catarinense (NECAT-UFSC). Email: guilherme.razzini@outlook.com