Vicente Loeblein Heinen[*]
O IBGE divulgou recentemente os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) relativos ao 1º trimestre de 2022, revelando que, tanto no Brasil quanto em Santa Catarina, o desemprego retornou à trajetória registrada antes da pandemia da Covid-19. A taxa de desocupação nacional caiu para 11,1%, ficando abaixo dos 12,4% registrados no mesmo período de 2020. No caso de Santa Catarina, esse indicador ficou em 4,5% no trimestre, também abaixo dos 5,7% do período pré-pandemia.
Vistos de forma isolada, esses números podem ser considerados bastante positivos. No entanto, a diminuição do desemprego não tem garantido alento para a maior parte da população, uma vez que tem sido acompanhada por significativas perdas de renda em todas as regiões do Brasil. Prova disso é que, mesmo com o número de ocupados no país já sendo 2,3% maior que antes da pandemia, a massa salarial ainda é 6% menor, fazendo com que a proporção de trabalhadores recebendo até 1 salário mínimo atinja o maior patamar desde 2012, quando teve início a série histórica da PNAD Contínua[1].
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Por: Vicente Loeblein Heinen[1]
O mercado de trabalho foi uma das áreas onde os impactos da crise da Covid-19 ficaram mais evidentes. Com isso, os resultados periódicos das principais bases de dados sobre o tema vieram para o centro do debate. A despeito da importância e do reconhecido rigor das pesquisas do IBGE, como a PNAD Contínua e a PNAD Covid-19 (versão especialmente elaborada para captar os impactos da pandemia), em Santa Catarina esse debate se deu basicamente em torno do Novo Caged, instrumento do Ministério da Economia que condensa as movimentações das carteiras de trabalho do país[2].
Tal ganho de visibilidade não se deve apenas à maior agilidade na divulgação dos dados mensais dessa base de dados, mas principalmente aos seus resultados. No acumulado de 2020, Santa Catarina apresentou o maior saldo de empregos formais dentre todas as unidades da federação, gerando 53 mil vínculos formais de trabalho[3]. Esse resultado foi amplamente repercutido pelo Governo do Estado e pelos principais veículos de comunicação catarinenses, que não perderam a oportunidade de tomá-lo como uma demonstração da “competitividade da economia catarinense”[4] e do “perfil empreendedor de quem está à frente dos negócios”[5].
Fugindo das explicações ufanistas, neste texto elencamos cinco razões pelas quais Santa Catarina liderou a geração de empregos formais em 2020:
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