Indústria Catarinense apresenta expansão em novembro, mas setores ainda apresentam acumulado negativo

19/01/2021 21:11

Por: Matheus Rosa [1] e Lauro Mattei [2]

Breves notas sobre o cenário da indústria nacional ao final de 2020

No início de janeiro de 2021 o IBGE divulgou a Pesquisa Mensal da Indústria (PIM) relativa ao mês de novembro, revelando a situação da indústria brasileira ao final do ano de 2020. De um modo geral, observa-se que o setor industrial superou as grandes quedas provocadas pelo novo coronavírus nos meses de março e abril, além de que muitos dos setores de atividades já retomaram seus níveis de produção aos patamares anteriores ao início da pandemia. Isto porque os dados do último mês de novembro revelaram que, dos 26 ramos pesquisados, 17 deles já apresentaram resultados positivos, inclusive mantendo um ritmo de crescimento positivo ao redor de 1% ao mês. Obviamente que não se trata de um grande percentual, mas contextualizando-o no cenário adverso enfrentado em 2020 podemos ter noção da importância desse resultado.

O Quadro 1 apresenta a evolução percentual da atividade industrial ao longo do ano de 2020. Os dados de novembro mostram uma tendência de recuperação dos níveis de produção, ainda que num ritmo moderado, uma vez que a expansão da produção física nesse mês foi de 1,2% em relação ao mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal. Essa expansão no mês a mês é a sétima alta seguida após as bruscas quedas verificadas nos meses de março e abril.

Quadro 1: Atividade Industrial no Brasil, 2020

Tabela 1, PIM NOV

Fonte: PIM-PF/IBGE; Elaboração: Necat/UFSC

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Mercado de trabalho catarinense bate recorde de informalidade no 3º trimestre de 2020

19/01/2021 11:37

Por: Vicente Loeblein Heinen[1]

Apesar dos saldos positivos registrados recentemente pelo Novo Caged e pela PNAD Covid-19, a PNAD Contínua indica que o mercado de trabalho catarinense permaneceu em queda ao longo do 3º trimestre de 2020[2]. O objetivo deste texto é verificar quais grupos de trabalhadores contribuíram para esse resultado, analisando o comportamento da população ocupada em Santa Catarina segundo os indicadores de setor de atividade econômica; posição na ocupação e categoria do emprego; sexo; e cor/raça.

Setor de atividade econômica

Considerando os três primeiros trimestres de 2020, o setor industrial foi o que mais contribuiu para a queda do emprego em Santa Catarina. Conforme a Tabela 1, a Indústria de transformação foi responsável pelo fechamento de 76 mil postos de trabalho entre janeiro e setembro de 2020, o que equivale a 28% de todas as ocupações perdidas no período. Esse desempenho foi puxado pela queda abrupta nas contratações dos segmentos têxtil-vestuário, alimentício e de papel e celulose, bem como nas indústrias de bens de capital e de material de transporte.

Tabela 1 – População ocupada por grupamento de atividade econômica em Santa Catarina (mil pessoas).

T119jan

Fonte: PNADC/T (2020); Elaboração: Necat/UFSC.
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Santa Catarina foi um dos estados que menos fez testes para Covid-19 em 2020

15/01/2021 00:35

Por: Lauro Mattei [1]

Desde o mês de março de 2020, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a COVID-19 como uma pandemia, a testagem rápida da população foi sempre colocada como uma ação estratégica para combater a doença. Isto porque “as informações sobre testagem são de extrema importância para a avaliação da epidemia e possibilitam entender como a doença está se disseminando. Do ponto de vista epidemiológico, é uma das ferramentas mais importantes para conter, desacelerar e reduzir a propagação da Covid-19” (FIOCRUZ, 2020, p. 03).

A testagem pode identificar rapidamente a parcela de pessoas contaminada em uma determinada cidade, região ou país, possibilitando a adoção de mecanismos adequados e eficazes para controlar a doença, ao mesmo tempo em que permitem às autoridades públicas a adoção de medidas relativas aos demais setores de atividades econômicas e sociais também afetados pela pandemia.

Nesta direção, nota-se que muitos países que adotaram um bom planejamento de testagem são exatamente aqueles mais exitosos no controle da pandemia. Já o Brasil faz parte do grupo de países que menos testes realizou para detectar a presença da doença em sua população, sendo superado por países com o Chile e a Eslováquia, que realizam quase quatro vezes mais testes que os realizados no país. 
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A COVID-19 mês a mês em Santa Catarina: um breve balanço

04/01/2021 20:37

Por: Lauro Mattei [1] 

Ontem (03.01.2021) o estado de Santa Catarina atingiu a marca de 497.345 pessoas contaminadas pela doença provocada pelo novo coronavírus. Com isso, passou a ser o terceiro estado do país com maior número de contaminados, apesar de ser o décimo primeiro estado em termos de população. Além disso, após atingir a marca de 5.314 óbitos, situa-se entre os dez estados com maior número de mortes.

É importante registrar que desde o mês de março de 2020, quando teve início no Brasil a pandemia provocada pelo novo coronavírus, o assunto vem sendo tratado de forma irresponsável por parte de diversas autoridades públicas, seja desqualificando a real dimensão da doença, seja ignorando as recomendações das autoridades sanitárias do país, especialmente em termos das medidas de proteção capazes de evitar a transmissão da doença.

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A covid-19 em Santa Catarina e as falácias do governador

27/12/2020 10:31

Por Lauro Mattei[1]

No dia 23.12.2020 o estado de Santa Catarina já tinha registrado que 472.199 pessoas haviam sido contaminadas pela COVID-19, sendo que 99.654 delas foram contaminadas apenas no mês de dezembro. Além disso, 4.885 pessoas tinham perdido a vida, sendo 1.076 delas apenas nos primeiros vinte e três dias do referido mês. Esses dados revelam a gravidade da situação da doença no estado, o qual apresenta a terceira maior proporção de casos do país, quando feita a proporcionalidade por cada 100 mil habitantes.

Nesse mesmo dia, o governador de SC foi entrevistado no Jornal do Almoço, do Grupo NSC. Tal entrevista foi marcada por respostas evasivas, contraditórias e, até mesmo, distantes da realidade da doença no estado. Neste sentido, esse artigo tem por objetivo discutir muitos pontos controversos apresentados pelo governador, além de apresentar informações oficiais que contradizem a própria fala do referido governador.

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O ritmo de crescimento do setor de serviços em Santa Catarina arrefeceu em outubro de 2020

27/12/2020 10:28

Por Lauro Mattei[1] e Lilian de Pellegrini Elias[2]

O volume de serviços atingiu no mês de outubro o melhor patamar no ano de 2020 no estado de Santa Catarina, ou seja, esse volume situou-se acima dos resultados observados no período imediatamente anterior ao início da pandemia de COVID-19 (março de 2020). Desta forma, nota-se que o desempenho de outubro de 2020 equivale ao patamar verificado no mês de maio de 2019, que é considerado o melhor resultado de 2019, conforme Gráfico 1. No entanto, o resultado positivo em relação aos meses precedentes deve ser observado com certa cautela. Os anos de 2017 a 2020 foram marcados pelo baixo dinamismo do setor de serviços quando comparado com o final de 2014, sendo que o mês de novembro de 2014 marcou o ponto de melhor desempenho do setor de serviços em toda a série da Pesquisa Mensal de Serviços iniciada em janeiro de 2011.

Gráfico 1: Volume de serviços em SC (índice base fixa com ajuste sazonal, out/2014=100)

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Fonte: PMS (2020); Elaboração: Necat/UFSC

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Qual a dimensão do desemprego gerado pela crise da Covid-19 em Santa Catarina?

21/12/2020 19:20

Por: Vicente Loeblein Heinen[1] e Lauro Mattei[2]

Ao contrário do que ocorreu em outros momentos de crise, a queda da produção associada à pandemia da Covid-19 foi transmitida de forma quase imediata para o nível de emprego em todas as regiões do país. Com o rompimento abrupto das atividades de diversas cadeias produtivas e o início das medidas de isolamento social em meados de março de 2020, o mercado de trabalho brasileiro foi fortemente atingido, deteriorando-se em ritmo sem precedentes na história recente do país. A dinâmica desse processo, bem como seus reflexos em Santa Catarina, foi examinada em artigo recentemente publicado na Revista Necat. Este texto visa analisar o comportamento da força de trabalho no Brasil e no estado de Santa Catarina a partir dos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, relativos ao 3º trimestre de 2020.

A situação do mercado de trabalho catarinense diante da calamidade nacional

Em comparação com a média nacional, a queda nas ocupações em Santa Catarina foi relativamente mais severa no 1º trimestre de 2020 e menos intensa no 2º trimestre, a despeito do agravamento do cenário em ambos os períodos. Com isso, no acumulado do 1º semestre o Brasil já havia perdido 11,1% e Santa Catarina 4,5% de todos os seus postos de trabalho (Gráfico 1).
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Produção Industrial de Santa Catarina cresceu em outubro, mas produção acumulada do ano ainda é negativa

18/12/2020 19:48

Por: Matheus Rosa[1] e Lauro Mattei[2]

Os dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal do IBGE (PIM-PF) do mês de outubro revelaram uma possível estagnação da produção industrial do país, uma vez que sete das quinze unidades da federação pesquisadas apresentaram resultados negativos e/ou estagnados. Com isso, verifica-se que, diferentemente dos meses imediatamente posteriores ao período agudo da crise da Covid-19 (março e abril), o mês de outubro registrou baixas taxas de crescimento nas diversas comparações mensais, mantendo-se, desta forma, o cenário negativo para a produção acumulada do ano, quando comparada ao igual período do ano anterior.

No âmbito nacional, como podemos observar no Quadro 1, a produção física teve uma expansão de apenas 1,1% em relação ao mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal. Com isso, o mês de outubro registrou a menor taxa de expansão da produção desde o início da recuperação (9,6% em junho, 8,6% em julho, 3,4% em agosto, 2,8% em setembro e 1,1% em outubro).

Quadro 1: Atividade Industrial no Brasil, 2020

Fonte: PIM-PF IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.<

Dentre as 14 Unidades da Federação pesquisadas no mês de outubro, apenas quatro delas, PR (3,4%), PE (2,9%), SC (2,8%) e MT (1,1%), apresentaram taxas superiores à média nacional, que foi de 1,1%. Além dessas, mais três unidades apresentaram resultados positivos: CE (0,5%), SP (0,5%) e MG (0,4%). Todas as demais apresentaram resultados negativos ou estagnados, destacando-se os seguintes percentuais: RJ (-3,9%), GO (-3,2%), ES (-1,8%), PA (-1,8%), AM (-1,1%) e BA (-0,1%). Apenas no RS a produção ficou estagnada (0,0%) em relação ao mês anterior.

Em relação ao desempenho acumulado do ano (janeiro-outubro), o cenário geral do país ainda é negativo da ordem de -6,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Dentre as 14 unidades da federação pesquisadas apenas quatro delas apresentaram resultados positivos: PE (2,4%), RJ (1,4%), GO (0,7%) e PA (0,1%). Todas as demais detêm um saldo negativo, destacando-se o ES (-17%), CE (-9,8%), RS (-9%), AM (-8,9%), SP (-8,2%), SC (-7,8%), BA (-6,9%) PR (-6,0%), MG (-5,8%) e MT (-4,6%). Tais retrações acumuladas contribuíram significativamente para a geração de um cenário nacional negativo no mesmo período.

Para o conjunto da produção industrial do país, a taxa de apenas 1,1% em relação ao mês anterior, mais do que representar uma mera recomposição de bases comparativas, revela diversos fatores estruturais, com destaque para o arrefecimento da recuperação que estava em curso; para uma queda importante da taxa de crescimento em relação ao mesmo mês do ano anterior; além de descompassos entre os diversos setores, em particular dos bens de consumo duráveis e não duráveis. Tais fatores, sem dúvida, estão indicando uma clara perda generalizada de dinamismo e de ritmo da produção industrial que, em última instância, reflete a dimensão da crise econômica em curso no país.

O desempenho da Indústria Catarinense em outubro de 2020

O Gráfico 1, que ilustra o desempenho oscilante em curso na indústria catarinense há pelo menos dois anos, evidencia a perda de ritmo para a retomada da produção industrial. Assim como no cenário nacional, as altas expressivas após os impactos iniciais da pandemia serviram apenas para recuperar parcialmente os baixos índices de março e abril, porém sem a força necessária para uma recuperação mais efetiva. Com isso, observa-se que também no estado catarinense começou a se desenhar um retorno próximo ao patamar de 2019, caracterizado por baixas variações que configuravam um cenário próximo à estagnação.

Gráfico 1: Produção Física Industrial em Santa Catarina, variação (%) no mês (com ajuste sazonal) – 24 meses

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Fonte: PIM-PF IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

Como é mostrado pelo Quadro 1, a variação mensal de outubro, em comparação com o mês imediatamente anterior, foi de 2,8%. Mantendo uma correlação muito próxima aos resultados do agregado nacional, a expansão da produção industrial de SC no mês de outubro apresentou a menor magnitude desde que se iniciou a recuperação das quedas de março e abril. Como consequência, o resultado acumulado do ano continuou apresentando uma retração da ordem de -7,8%. Em grande medida, esse montante está sendo agravado pela perda de ritmo das taxas mensais de recuperação, mesmo que o parâmetro de comparação seja o baixo resultado apresentado no ano de 2019. Isso significa que ainda há um longo caminho para que a produção industrial de Santa Catarina supere os impactos da pandemia e apresente um cenário de crescimento mais estável e sustentável.

Em comparação ao mesmo mês do ano anterior, a expansão em outubro voltou a ser de 7,6%, repetindo o auferido em setembro. Mais uma vez é importante destacar que esses dados positivos dizem mais sobre a debilidade da indústria catarinense em 2019 do que propriamente uma expansão da produção em 2020. Por isso que o acumulado dos últimos doze meses também é negativo da ordem de -6,8%.

Quadro 2: Atividade Industrial em Santa Catarina, 2020

quad2

Fonte: PIM-PF IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

Comparando-se o desempenho da indústria catarinense em relação às demais UFs pesquisadas (Gráfico 2), observa-se que o estado possui o sexto pior desempenho acumulado, ficando à frente apenas dos estados do Espírito Santo (-17%), Ceará (-9,8%), Rio Grande do Sul (-9%), Amazonas (-8,9%) e São Paulo (-8,2). Além disso, é preciso destacar, ainda, que o acumulado catarinense de -7,8 % continua abaixo da própria média nacional (-6,3%).

Gráfico 2: Produção Física Industrial, acumulado em 2020, por UFs

graf2

Fonte: PIM-PF IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

Esse resultado decorre do desempenho dos diferentes setores que compõe a planta industrial catarinense. Como se pode observar no Gráfico 3, apenas dois dos 12 setores pesquisados apresentaram taxas positivas no acumulado: máquinas, aparelhos e materiais elétricos (2,7%) e máquinas e equipamentos (2,5%).  Já os setores de produtos de borracha e material plástico e de celulose, papel e produtos de papel registraram estagnação em relação ao acumulado do mesmo período de 2019.

Os oito setores restantes continuaram apresentando retrações significativas. Os piores cenários são verificados nos setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (-27,3%), metalurgia (-21,8%) e artigos de vestuário e acessórios (-21,5%). Nos dois primeiros casos, esse fraco desempenho poder estar associada à taxa de investimentos que se situa em patamares baixos atualmente. Já o baixo desempenho do terceiro caso, enquadrado no macro setor de bens de consumo não duráveis, pode estar associado ao dinamismo do mercado interno, o qual sofre os efeitos dos graves problemas atuais, especialmente do elevado nível de desemprego. A continuidade do desempenho desses setores novamente nesses patamares é preocupante, uma vez que poderão afetar bastante a dinâmica econômica do estado também em 2021.

Gráfico 3: Produção Física Industrial em Santa Catarina, acumulado em 2020, por setores

graf3

Fonte: PIM-PF IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

O Quadro 3 apresenta a variação dos setores em outubro, em relação ao mesmo mês do ano anterior. De maneira geral, é possível visualizar um cenário positivo em relação aos níveis de outubro 2019. Dos doze setores pesquisados, 10 deles apresentaram taxas de variação positivas, sendo as mais expressivas registradas nos setores de máquinas e equipamentos (35,5%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (29,5%). As altas expressivas desses setores, que também tinham ocorrido nos meses anteriores, são responsáveis pela elevação das taxas acumuladas.

Quadro 3: Produção Física Industrial de Santa Catarina, variação dos meses de 2020 em relação ao mesmo mês do ano anterior (2019), por seções e atividades industriais

quadr

Fonte: PIM-PF IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

Os setores de fabricação de produtos alimentícios (-4,5%) e de fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (-10,3%) foram os que apresentaram taxas negativas no desempenho mensal. Destaca-se, novamente, o desempenho da indústria de veículos automotores, uma vez que com a queda brusca de outubro,  registra-se que o setor somou quedas expressivas ao longo de todos os meses de 2020, exceção apenas no mês de fevereiro, quando ocorreu uma expansão bem tímida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O cenário da indústria nacional no ano de 2020 continua muito desfavorável, fato que não pode ser creditado apenas aos impactos da Covid-19, uma vez que esse baixo desempenho já está em curso desde a crise de 2014. Após sofrer fortes impactos nos meses de março e abril de 2020, em função das medidas adotadas para conter a expansão da doença no país, o processo de recuperação tem sido lento, sendo que nos dois últimos meses se observou um arrefecimento que pode estar indicando uma perda de dinamismo da atividade industrial. De alguma forma, os resultados negativos do acumulado do ano, sobretudo no setor de bens de capital (-15,4%) e no setor de bens de consumo duráveis (-24,6%), revelam a dimensão da crise econômica atual que perpasse, inclusive, a esfera específica do setor industrial.

No caso particular de Santa Catarina, notou-se que esse mesmo cenário nacional está em curso na atividade industrial catarinense, uma vez que seu desempenho nos dois últimos meses parece ter retornado ao patamar com baixas taxas de crescimento, sendo que algumas delas praticamente estagnadas. Isto porque, depois de superar os impactos das quedas bruscas verificadas nos meses de março e abril, desenha-se para os próximos meses o retorno para variações produtivas bastante modestas, especialmente em alguns setores essenciais do parque industrial estadual.

Neste caso, acendeu-se o sinal de alerta para os setores de veículos automotores, metalurgia e artigos de vestuário e acessórios, os quais continuam apresentando taxas acumuladas de retração muito expressivas. Em um sentido contrário, despontam com saldos positivos acumulados os setores de máquinas, aparelhos e materiais elétricos e máquinas e equipamentos, em função das variações positivas registradas, sobretudo no último mês.

Desta forma, nota-se que a sustentabilidade do crescimento dos setores com bom desempenho e a recuperação dos setores que hoje ainda apresentam baixas taxas de crescimento dependerá da capacidade dos agentes governamentais em estabelecerem políticas que garantam a efetividade da retomada econômica. Sem esse arcabouço de políticas, articuladas regional e nacionalmente, que tenha como objetivo a retomada dos níveis de produção, renda e emprego, de forma paralela à imunização da população, não haverá possibilidade de recuperação automática do conjunto da indústria catarinense.

[1] Estudante de Economia na UFSC e Bolsista do NECAT. E-mail: matheusrosa.contato@outlook.com

[2] Professor Titular do Departamento de Economia e Relações Internacionais e do Programa de Pós-Graduação em Administração, ambos da UFSC. Coordenador Geral do NECAT-UFSC e Pesquisador do OPPA/CPDA/UFRRJ. Email: l.mattei@ufsc.br

Covid-19 e os preços dos alimentos em Santa Catarina

16/12/2020 15:20

Por: Lilian de Pellegrini Elias[1]

O aumento do preço dos alimentos em Santa Catarina ganhou os noticiários nos últimos meses em função de alguns dos itens mais consumidos pela população terem atingido altas históricas de preço. Este é o caso do arroz, um dos itens mais consumidos no domicílio, que se destacou ao apresentar aumento de 84% no preço nominal no atacado entre fevereiro e novembro de 2020 como pode ser visto no Gráfico 1. A variação de fevereiro a novembro havia atingido 88%. Os preços no atacado são considerados aqui um bom sinalizador para o que ocorre nas gôndolas do supermercado, visto que variações de preços são usualmente repassadas ao consumidor.

Gráfico 1: Preços* Médios do Arroz beneficiado tipo 1 – parbolizado – 30 kg no atacado de Santa Catarina de janeiro de 2014 a novembro de 2020

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Fonte: Cepa/Epagri (2020); *Preços nominais.

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Recuperação do emprego formal acelera em outubro com retomada dos serviços e do comércio

12/12/2020 18:32

Por: Maria Eduarda Munaro[1]

Conforme apresentamos em artigo recentemente publicado na Revista NECAT, a crise associada à pandemia da Covid-19 impactou de forma intensa o mercado formal de trabalho em Santa Catarina e no Brasil[2]. O objetivo deste texto é atualizar a análise do processo de recuperação do emprego formal no estado à luz da dinâmica nacional, dando atenção aos resultados do Novo CAGED do mês de outubro.

De acordo com os dados contidos na Tabela 1, no mês de outubro o Brasil apresentou saldo de 394.989 vínculos formais de trabalho, enquanto Santa Catarina gerou 32.911 novos vínculos. Com isso, o Brasil acumulou a perda de 171.139 vínculos desde o início do ano, o que representa uma queda de 0,4% no total de empregos formais ativos. Em geral, o mercado formal de trabalho catarinense permanece seguindo as tendências nacionais, no entanto o ritmo de sua recuperação tem sido mais intenso do que a média do país. Com o resultado de outubro, o estado retomou o patamar atingido ao final de 2019, acumulando uma variação de 1,7% no estoque de vínculos formais de trabalho desde o início de 2020.
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Produção Industrial de Santa Catarina em setembro continuou tímida e acumulado permanece negativo

21/11/2020 14:37

Por: Matheus Rosa [1] e Lauro Mattei [2]

Os dados divulgados recentemente pela Pesquisa Industrial Mensal do IBGE (PIM-PF) revelam que ainda há um longo caminho para a reversão dos impactos negativos causados pela crise da pandemia da COVID-19 no desempenho industrial de Santa Catarina.

No âmbito do país a produção física se expandiu 2,6% em setembro, reafirmando uma queda do ritmo de recuperação em relação aos meses imediatamente anteriores (3,6% em agosto, 8,6% em Julho e 9,6% em Junho). Nas diversas unidades da federação pesquisadas, em apenas sete delas foi verificado um desempenho acima da média nacional, bem como um desempenho inferior ao país nos outros sete estados. Dentre aquelas unidades federativas que mais expandiram a produção física destacam-se o Paraná (7,7%), Amazonas (5,8%) e Espírito Santo (5%). Já dentre aquelas com piores desempenhos encontra-se o Mato Grosso (-3,7%), Rio de Janeiro (-3,1%) e Pará (-2,8%).
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No mês de setembro de 2020 o setor de serviços atingiu o patamar pré-pandemia no estado de Santa Catarina

19/11/2020 16:11

Por: Mateus Victor Fronza *Lilian de Pellegrini Elias ** e Lauro Mattei ***

A pandemia da COVID-19 provocou um efeito abrupto e profundo no setor de serviços da economia catarinense entre os meses de março e abril, como mostra a série histórica apresentada pelo Gráfico 1. A partir de maio o setor vem apresentando uma recuperação lenta, porém, consistente, de tal forma que em setembro retornou ao patamar semelhante ao período anterior ao início da pandemia. No entanto, como já discutido nos textos anteriores, o setor já não apresentava grande dinamismo no ano anterior e no início de 2020, período pré-pandemia. O indicador de volume de serviços do início de 2020 apresentava o mesmo patamar do início de 2011, quando essa série passou a ser disponibilizada pelo IBGE. Todavia, o resultado de setembro de 2020 ainda está longe do patamar obtido em 2014, quando se verificou o auge da série. (IBGE, 2020).

Gráfico 1: Volume de serviços em Santa Catarina (índice base fixa com ajuste sazonal, 2014=100)

Fonte: PMS 2020 (IBGE); Elaboração: Necat/UFSC

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Recuperação do setor de serviços em Santa Catarina nos primeiros oito meses de 2020 foi incapaz de reverter as perdas sofridas na pandemia

28/10/2020 10:00

Por: Mateus Victor Fronza *Lilian de Pellegrini Elias ** e Lauro Mattei ***

A série histórica do setor de serviços se inicia em 2018 com o objetivo de mostrar a forte oscilação provocada pela greve dos caminhoneiros que ocorreu no primeiro semestre de 2018. Tal episódio, apesar de ter tido uma curta duração, provocou efeitos expressivos sobre o Produto Interno Bruto (PIB) daquele ano. Já a pandemia da COVID-19 provocou efeitos abruptos e profundos entre os meses de março e maio, conforme pode ser observado por meio do Gráfico 1. Tal figura também revela que o processo de recuperação das perdas é bastante lento, sendo que no mês de agosto o índice ainda se encontrava cinco pontos abaixo do valor observado no mês de janeiro de 2020.

Gráfico 1: Volume de serviços (índice base fixa com ajuste sazonal, 2018=100)

 Fonte: PMS (2020); Elaboração: Necat/UFSC

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A queda dos rendimentos do trabalho em Santa Catarina durante a pandemia da Covid-19

20/10/2020 19:09

Por: Vicente Loeblein Heinen [1] e Lauro Mattei [2]

A perda de rendimentos do trabalho é um dos aspectos mais críticos da crise associada à pandemia do novo coronavírus no Brasil. Com a queda abrupta do número de horas trabalhadas e o fechamento massivo de postos de trabalho em diversos setores, houve um aumento rápido da população sem renda do trabalho, ao mesmo tempo em que os trabalhadores que conseguiram se manter ocupados tiveram seus rendimentos efetivos reduzidos. No conjunto do país, esses movimentos provocaram uma queda da massa salarial da ordem de 20%, com resultados negativos em todas as unidades da federação.

Embora essa queda tenha sido parcialmente compensada por rendimentos de outras fontes (com destaque para o Auxílio Emergencial), ela acabou agravando ainda mais a situação do mercado de trabalho de Santa Catarina, onde os rendimentos do trabalho representam aproximadamente 75% da renda total das famílias[3], uma vez que esses rendimentos já se encontravam praticamente estagnados desde 2014[4].
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Caiu o ritmo de recuperação da Indústria Catarinense no mês de agosto e acumulado do ano ainda é negativo

19/10/2020 18:35

Por: Matheus Rosa [1] Lauro Mattei [2]

Breves notas sobre a produção industrial no país

O crescimento da produção industrial do país no mês de agosto (3,2%) caiu em relação ao mês de julho, quando essa taxa de crescimento foi de 8,3%. Essa desaceleração atingiu onze das 15 unidades da federação pesquisadas, sendo que apenas sete delas cresceram acima da média nacional. Chama atenção que três unidades da federação apresentaram resultados negativos em relação mês anterior: PE (-3,9%); ES (-2,7%) e MG (-0,4%).

Quando se analisa a produção de agosto de 2020 em relação ao mesmo mês do ano anterior, verifica-se que o agregado do país permaneceu negativo da ordem de 2,7%. Apenas cinco unidades da federação apresentaram resultados positivos: PE (+10%); CE (+5,3%); RJ (+4%); GO (+3,1%) e AM (+0,7%). Já Santa Catarina apresenta um desempenho negativo da ordem de 1,3%.

Do ponto de vista do acumulado do ano (jan-ago/20) em relação a igual período do ano anterior, apenas três das quinze unidades da federação pesquisadas apresentaram resultados positivos: Rio de Janeiro (2,4%), GO (1,8%) e PE (0,9%). Todas as demais unidades da federação apresentaram resultados negativos expressivos, com destaque para os casos de ES (-18,9%), CE (-14,8%), AM(-13,7%), RS (-12,4%), SC (-11,9%) e São Paulo (-11,1%), todas com taxas acima de dez pontos percentuais. Já o percentual do país ficou próximo a 9%.

Essas informações são bastante reveladoras do quadro dramático presente na indústria brasileira, o qual foi apenas agravado pela pandemia, uma vez que desde o início da crise econômica em 2015 a produção física da indústria do país vinha dando demonstrações de crises sistêmicas.
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