Fuga de capitais e outros explosivos

16/10/2020 10:24

Por: José Álvaro de Lima Cardoso [1]

Desde 2019 o Brasil enfrenta a chamada “fuga de capitais”. Nos primeiros oito meses deste ano US$ 15,2 bilhões deixaram o país, o maior volume para o período desde que o Banco Central começou a realizar essas estatísticas, em 1982. Ao mesmo tempo investidores estrangeiros retiraram R$ 88,2 bilhões da Bolsa brasileira de janeiro a 29 de setembro, o dobro do registrado em todo o ano passado. No Brasil não há controle de entrada e saída de capitais externos (quarentena ou um tipo de pedágio para o capital que entra no país). O que é típico de país atrasado. Aqui na América Latina o Chile tem, na Ásia, a Malásia dispõe. Seria fundamental realizar esse tipo de controle, para preservar as economias da voracidade dos capitais especulativos, já que, no fundamental, esse tipo de capital não passa de um mecanismo de dominação e controle dos capitais sobre economias subdesenvolvidas.
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Razões para Florianópolis apresentar a cesta básica mais cara dentre todas as capitais do país

14/10/2020 17:53

Por: Lauro Mattei[1]

No dia 06/10/20 o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) divulgou os novos valores da Cesta Básica pesquisada em 17 capitais do país[2]. A pesquisa revelou que, além dessa cesta apresentar variações percentuais expressivos dos preços em todas as capitais consideradas, Florianópolis apresentou o maior valor absoluto, além de ser a capital com as maiores variações percentuais de preços dos alimentos que metodologicamente compõem tal cesta alimentar (9,80%). Por isso, é importante discutir possíveis razões que podem explicar tal comportamento, especialmente durante esse cenário de pandemia em que a capital catarinense é uma das cidades mais afetadas pelo desemprego no estado. Antes, porém, vamos apresentar algumas informações básicas sobre essa pesquisa.

O que é e o que representa a pesquisa da Cesta Básica do DIEESE

É importante registrar que o artigo segundo do Decreto Lei número 399, de 30/04/1938, regulamentando a Lei número 185, de 14/01/1936, estabeleceu que o Salário Mínimo (SM) deveria ser a remuneração que fosse capaz de satisfazer as necessidades da família de um trabalhador adulto[3] em cada região do país com gastos em alimentação, habitação, higiene e transporte. Foi nessa época também que se criou a chamada “Cesta Básica de Alimentos” composta por quantidades balanceadas de proteínas, calorias, ferro, cálcio e potássio.
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Quem foram os trabalhadores mais atingidos pela crise associada à pandemia da Covid-19 em Santa Catarina?

09/10/2020 12:38

Por: Vicente Loeblein Heinen[1] e Lauro Mattei[2]

 Conforme analisamos em texto publicado recentemente no Blog do Necat, o mercado de trabalho de Santa Catarina foi fortemente atingido no período mais agudo da crise associada à pandemia da Covid-19. Somente no 2º trimestre de 2020, considerando-se a série com ajuste sazonal, o estado perdeu 110 mil ocupações, ou então 137 mil na série sem ajustes.

Neste texto, serão caracterizados esses postos de trabalho perdidos, com o intuito de destacar os segmentos sociais mais atingidos na atual conjuntura. Para tanto, utilizaremos as séries sem ajustes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), analisando a variação da população ocupada no 2º trimestre de 2020, considerando-se os seguintes indicadores: setor de atividade econômica; posição na ocupação e categoria do emprego; sexo; e cor/raça dos trabalhadores.
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Resultado acumulado da indústria catarinense nos sete primeiros meses de 2020 continua negativo

30/09/2020 20:56

Por: Lauro Mattei[1], Lilian de Pellegrini Elias[2] e Matheus Rosa[3]

A trajetória da indústria de Santa Catarina no ano de 2020, em linhas gerais, tem acompanhado as variações observadas em nível nacional*. Como ilustra o Quadro 1, nos dois primeiros meses foram registradas pequenas variações positivas, sendo 1,1% em janeiro e 1,7% em fevereiro. O comportamento da indústria catarinense, portanto, assim como no país, não apresentava nenhum sinal de retomada para um nível maior de crescimento no período imediatamente anterior à eclosão da pandemia da Covid-19.

Quadro 1: Produção Física Industrial em SC, 2020 – Variação (%)

Q1

Fonte: PIM-PF/IBGE; Elaboração: Necat/UFSC.
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Santa Catarina perdeu 163 mil postos de trabalho no 1º semestre de 2020

16/09/2020 11:56

Por: Vicente Loeblein Heinen[1] e Lauro Mattei[2]

Em texto anterior mostramos que a crise associada à pandemia provocada pelo novo coronavírus afetou intensamente os principais indicadores do mercado de trabalho catarinense já no 1º trimestre de 2020, quando houve a perda de 62 mil postos de trabalho. Recentemente, o IBGE divulgou os resultados regionais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) relativos ao 2º trimestre de 2020, o que permite contextualizar o cenário estadual no período mais agudo da pandemia no país, contemplando todo o primeiro semestre de 2020.

No conjunto do país a taxa de desocupação atingiu 13,3% no trimestre compreendido entre abril e junho, registrando variação interanual de 1,5 ponto percentual (p.p.). Em Santa Catarina, essa taxa ficou em 6,9%, de modo que o estado se manteve com o menor índice de desemprego dentre todas as unidades da federação. Apesar disso, os impactos da pandemia no mercado de trabalho catarinenses não foram menos graves. No 2º trimestre de 2020, a taxa de desocupação estadual subiu 1,1 p.p. com relação ao trimestre anterior, e 1,2 p.p. com relação ao mesmo trimestre de 2019 (Gráfico 1).
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Panorama do orçamento dos domicílios catarinenses a partir da POF 2017/2018

13/09/2020 17:12

Por: Mateus Victor Fronza * Vicente Loeblein Heinen **

A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) é realizada pelo IBGE em intervalos de seis ou sete anos e tem por objetivo avaliar “as estruturas de consumo, de gastos, de rendimentos e parte da variação patrimonial das famílias, oferecendo um perfil das condições de vida da população a partir da análise dos orçamentos domésticos”[1].

A POF é realizada desde o biênio 1987-1988, com edições em 1995-1996, 2002-2003 e 2008-2009. Recentemente, foram divulgados os primeiros resultados de sua nova edição, referentes ao período 2017-2018, os quais revelam mudanças importantes nas condições de vida das famílias brasileiras e catarinenses.

Assim, este texto tem por objetivo atualizar a situação dos orçamentos domiciliares de Santa Catarina, tendo em vista sua evolução em comparação com a pesquisa anterior (2008-2009). Para tanto, ele está estruturado em duas seções: uma referente às despesas e a outra referente aos rendimentos dos domicílios.
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Os impactos da pandemia na balança comercial de Santa Catarina no primeiro semestre de 2020

07/08/2020 13:44

Por: Mateus Victor Fronza [1]

A crise associada à Covid-19 incidiu fortemente sobre o comércio mundial, provocando impactos importantes no setor externo do Brasil e de Santa Catarina. Esses impactos já podem ser captados a partir dos resultados da balança comercial do primeiro semestre de 2020, os quais serão analisados neste texto[2].

O primeiro caso de Covid-19 no Brasil foi notificado em 26 de fevereiro de 2020. Entretanto, é importante observar que mesmo antes disso o setor externo já vinha sendo afetado, “seja em função da redução da demanda mundial de bens (e também os prováveis efeitos sobre o preço dos bens comercializados, especialmente as commodities), seja por conta de restrições na capacidade de oferta em diversos setores e países em razão das medidas de isolamento social e restrição de movimentação de pessoas adotadas em grande número de países”[3].

Somando-se aos fatores externos, em meados de março também começaram as medidas de isolamento social em algumas regiões do país, de modo que muitas empresas passaram a operar com capacidade reduzida, o que também contribuiu para uma redução das transações com o restante do mundo.  Diante desse cenário, há projeções de que as exportações do Brasil apresentem uma queda entre 10% e 20% em 2020[4].
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O setor de serviços no Brasil e em Santa Catarina no mês de maio

05/08/2020 11:12

Por: Lauro Mattei [1] e Vicente Loeblein Heinen [2]

A pandemia causada pelo novo coronavírus afetou a economia em praticamente todos os países do mundo, causando grandes quedas nas atividades ao longo do primeiro semestre de 2020. Com isso, organizações internacionais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Nacional, estimam que o Produto Interno Bruto (PIB) da economia mundial poderá recuar em até cinco pontos percentuais no corrente ano, sendo que em alguns blocos regionais esse valor poderá atingir até 10 pontos negativos. Para o Brasil, esses organismos estimaram um resultado negativo entre 6 a 8 pontos percentuais.

Diante do peso do setor de serviços na composição do PIB brasileiro[3], é importante analisar a trajetória recente desse setor, tanto no país como em Santa Catarina, conforme Gráfico 1. Os indicadores relativos aos serviços nos últimos três anos (2017-2019) revelaram que, independentemente de algumas particularidades da economia catarinense, seu comportamento guarda estreita relação com os movimentos da economia nacional. De um modo geral, observa-se que em ambos os casos o volume de serviços registrado nos últimos anos ficou muito abaixo do patamar observado no período anterior à crise econômica iniciada em 2015. Com isso, nota-se que o volume de serviços auferidos no Brasil ao longo do ano de 2019 foi aproximadamente 10% inferior ao verificado no ano de 2014 (data-base da série histórica), enquanto o volume de Santa Catarina ficou cerca de 15% abaixo desse nível
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Desemprego seguiu crescendo em Santa Catarina em junho, aponta PNAD Covid-19

30/07/2020 20:57

Por: Vicente Loeblein Heinen[1] e Lauro Mattei[2]

O IBGE divulgou na última quinta-feira (23/07) os resultados da PNAD Covid-19 para o mês de junho de 2020. Esses dados revelam a continuidade do processo de degradação do mercado de trabalho nacional diante da crise associada à Covid-19, além de permitir analisar o desdobramento dessa tendência a nível estadual.

No conjunto do país, a taxa de desocupação atingiu 12,4% em junho, abrangendo um total de 11,8 milhões de brasileiros. Em comparação com maio, esse percentual representa um aumento de 1,7 pontos percentuais (p.p.). Essa elevação resultou do aumento do número de pessoas procurando alocação no mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que as vagas ofertadas seguem em declínio. Nesse sentido, cabe registrar que o número de desocupados no Brasil cresceu em 1,7 milhão em junho, enquanto os ocupados diminuíram em aproximadamente 1 milhão de pessoas.

Esse comportamento está associado à dinâmica das pessoas que foram afastadas de seus postos de trabalho em razão da pandemia. Essa população diminuiu em aproximadamente em 4 milhões em junho, representando cerca de ¼ do total de pessoas que se encontravam afastadas em maio. No entanto, essa população foi apenas parcialmente reincorporada às suas atividades prévias, uma vez que o crescimento do número de ocupados não-afastados (3,2 milhões) foi inferior à redução da população afastada. Apesar disso, o Brasil ainda conta com 11,8 milhões de pessoas afastadas do trabalho que exerciam devido ao distanciamento social, sendo que 7,1 milhões deles ainda continuam sem rendimentos do trabalho.

Outro fator que agrava este cenário é a manutenção de um número muito elevado de pessoas que necessitaria trabalhar, mas não procurou emprego nas semanas de referência da pesquisa. Essa população seguiu crescendo em junho, atingindo 26,7 milhões de pessoas. Desse total, 17,8 milhões estavam “desalentados pela pandemia”, ou seja, não buscaram trabalho por conta da pandemia ou por falta de trabalho na localidade em que habitam.

Somando-se a categoria dos desocupados com a dos afastados de seus trabalhos de forma não-remunerada e a dos “desalentados pela pandemia”, chega-se a 36,7 milhões de pessoas. Essa população equivale a cerca de ⅓ do total da força de trabalho ampliada pelo desalento.
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Emprego formal: Santa Catarina tem saldo negativo de 53 mil vagas no primeiro semestre de 2020

29/07/2020 22:41

Por: Lauro Mattei [1]

Conforme explicamos em artigo anterior publicado no Blog do Necat, no início de 2020 o Ministério da Economia percebeu que houve problemas com as informações do chamado “Novo CAGED”, uma vez que foi constatado que muitas empresas deixaram de informar os desligamentos no eSocial, fato que comprometeu a transferência da base de dados. Esse problema, somado às dificuldades decorrentes das consequências da pandemia sobre as empresas, levou a Secretaria Especial da Previdência e Trabalho do Ministério da Economia (SEPRT-ME) a suspender a divulgação mensal do CAGED até o mês de abril, visando promover uma readequação das duas bases de dados (CAGED e eSocial). Com isso, as informações relativas aos meses de janeiro a abril de 2020 foram divulgadas somente no final do mês de maio de 2020, ao passo que as informações relativas a esse mês foram divulgadas somente no dia 29 de junho de 2020. Finalmente, em 28 de julho foram divulgadas as informações relativas ao mês de junho de 2020.

Registre-se que a partir do mês de maio, conforme mostramos no artigo anterior acima mencionado, as informações dizem respeito a um conjunto de quesitos que atualizam a situação do mercado formal de trabalho no país, as quais também podem contribuir para uma maior qualificação das análises sobre essa parte importante do mercado de trabalho no estado catarinense.

O objetivo do presente artigo é atualizar as análises dessas informações divulgadas recentemente com o intuito de compreender a dinâmica atual do mercado formal de trabalho em SC à luz do cenário geral de pandemia que tomou conta de todo o país e impactou fortemente o nível de emprego, especialmente os vínculos formais de trabalho.
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A Covid-19 em SC: Gasto do governo catarinense com a doença

24/07/2020 18:51

Por: Juliano Giassi Goularti[1] e Lauro Mattei[2]

A crise de saúde pública decorrente da pandemia provocada pelo novo coronavírus impôs a necessidade de isolamento social como medida de contensão do avanço da contaminação da população, fato que provocou fortes retrações nas economias brasileira e catarinense. Em Santa Catarina, o atual governo do estado também foi obrigado a adotar políticas de distanciamento social e quarentena para impedir o avanço da COVID-19.

Seguido orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de infectologistas e pesquisadores, foram adotadas medidas restritivas que provocaram a interrupção das atividades normais de circulação das pessoas, da produção de mercadorias, do consumo corrente, das trocas comerciais, dos investimentos programados e das linhas de crédito. Diante disto, acabou ocorrendo uma ruptura de todos os circuitos econômicos e fluxos de pessoas, traduzida na chamada “coronacrise”, cuja essência revela uma escalada acentuada das desigualdades sociais e regionais.
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Brasil perdeu cerca de 8 milhões de postos de trabalho entre março e maio de 2020

23/07/2020 09:49

Por: Vicente Loeblein Heinen[1] e Lauro Mattei[2]

O IBGE divulgou recentemente os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) para o trimestre entre março e maio de 2020, período que se encontra completamente compreendido pela pandemia provocada pelo novo coronavírus. A análise desse período é importante porque a partir do mês de março praticamente todos os indicadores econômicos do país já começaram a refletir os impactos da nova crise associada à Covid-19. Com isso, tais informações já permitem um dimensionamento mais preciso dos principais efeitos dessa crise sobre o mercado de trabalho brasileiro.

A queda do emprego no Brasil

De acordo com as informações contidas no Gráfico 1, a pandemia agravou ainda mais a situação do desemprego no país, indicador que já se encontrava em patamares elevados no período anterior à crise. Ao final do trimestre em análise, a taxa de desocupação brasileira atingiu 12,9%, o que corresponde a um montante de 12,7 milhões de pessoas desocupadas. Essa taxa é 1,3 pontos percentuais (p.p.) maior do que a taxa registrada no trimestre anterior (dez-fev), e 0,6 p.p. superior à observada no mesmo trimestre do ano anterior.
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Desemprego pode ter atingido 17% dos catarinenses em maio

09/07/2020 16:56

Por: Vicente Loeblein Heinen[1] e Lauro Mattei[2]

As características da atual crise associada à Covid-19 estão provocando mudanças muito rápidas e profundas nas esferas econômica e social, com impactos expressivos nas condições gerais de vida da população. Assim, a conjuntura exige um acompanhamento cada vez mais ágil e sequencial dos indicadores de saúde e de trabalho no país e nas respectivas unidades da federação.

Ciente da necessidade de se fazer esse acompanhamento, o IBGE passou a elaborar uma pesquisa complementar à sua tradicional pesquisa contínua de amostragem por domicílios (PNAD Contínua). Esse novo instrumento estatístico foi denominado de PNAD Covid-19 e, segundo nota técnica do IBGE, seus objetivos “incluem estimar número de pessoas com sintomas de COVID-19 e quantificar alguns dos impactos da pandemia no mercado de trabalho[3].

Um dos principais benefícios da PNAD Covid-19 em relação à PNAD Contínua é a sua periodicidade. A nova pesquisa está sendo realizada semanalmente e divulgada igualmente de forma semanal no que se refere aos principais indicadores nacionais. Já a edição divulgada mensalmente contém uma gama maior de indicadores, incluindo também dados para todas as unidades da federação. Como essa pesquisa é de caráter experimental, seus dados devem ser interpretados com cautela, no entanto esse instrumento já permite um acompanhamento mais preciso do mercado de trabalho diante do cenário de pandemia, o que pode auxiliar na formulação e na implementação de políticas públicas pontuais, por exemplo.

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O emprego formal diante da pandemia da COVID-19: Santa Catarina perdeu cerca de 103 mil postos formais de trabalho em três meses

03/07/2020 17:17

Por: Lauro Mattei ¹

Inicialmente é importante mencionar que o país registrou o primeiro caso da doença Covid-19 ao final de fevereiro de 2020, sendo que as principais medidas para seu controle começaram a ser adotadas no início do mês de março. Diante do fato de que ainda não existe uma vacina capaz de controlar tal doença, tais medidas se restringiram praticamente a adoção da política de isolamento social como forma de reduzir o nível de contágio da população.

O primeiro caso da Covid-19 provocada pelo novo coronavírus em Santa Catarina (SC) foi registrado no início do mês de março de 2020. Daí em diante a doença se espraiou por todo estado e atingiu graus elevados de contágio. Com isso, medidas de isolamento social também foram adotadas visando controlar a epidemia. Tais medidas restringiram o funcionamento de um conjunto de atividades econômicas consideradas não essenciais, causando efeitos sobre mercado de trabalho catarinense.
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O que fazer para o crédito chegar nas micro e pequenas empresas?

01/07/2020 10:53

Por: Luiz Fernando de Paula* e Mateus Coelho Ferreira**.

O episódio da pandemia do Coronavírus (Covid-19) e os efeitos adversos causados pelas medidas de isolamento social pela consequência direta no fechamento parcial ou total da maioria das empresas e prestadoras de serviços, vem se apresentando um cenário bastante desafiador para concessão de crédito no Brasil especialmente em relação as micros, pequenas e médias empresas (MPME). Isso acontece diante da necessidade crescente dos diferentes setores da economia em obter recursos suficientes para conciliar uma queda brutal das suas vendas esperadas em relação as suas obrigações financeiras. Por outro lado, o aumento da incerteza sobre os rumos da economia incentiva o sistema bancário a promover um racionamento de crédito, isto é, uma seleção mais cautelosa dos seus clientes, assim, apertando as condições de financiamento da economia. Este fato se agrava pela percepção negativa de como o consumo das famílias e os investimentos privados poderão reagir na flexibilização gradual das atividades e nas possíveis mudanças de comportamento pós-pandemia, em função das dúvidas quanto a extensão da crise sanitária no Brasil. Neste caso, as pequenas e médias empresas acabam sendo as mais afetadas, com seus pedidos de empréstimos sendo recusados, normalmente pela falta de garantias, ou tendo que aceitar taxa de juros mais elevadas. De fato, os dados do Banco Central do Brasil,  entre 16 de março e 15 de maio de 2020 (2 meses), apontam que foram concedidos no total R$ 441,8 milhões, porém, com uma desigualdade evidente, no qual foram destinadas: 57, 9% para grandes empresas, 22,6% para pessoas físicas, 11,6% para as médias e apenas 7,9% para micro e pequenas.
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