Cenário da evolução dos casos ativos em cidades de Santa Catarina entre os dias 01.02 e 22.02.2021

23/02/2021 15:49

Por: Lauro Mattei [1]

Após quatro meses de um surto bastante acelerado de contaminação da população, Santa Catarina vive o pior momento da pandemia desde os primeiros registros oficiais no mês de março de 2020. E essa aceleração está sendo bem mais expressiva no mês de fevereiro de 2021. A seguir mostraremos que, embora municípios da região Oeste estejam em evidência, a pandemia está se espraiando fortemente em municípios de todas as regiões do estado.
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A explosão da COVID-19 no oeste catarinense: a história se repete

19/02/2021 13:49

Por: Lauro Mattei [1]

Em março de 2020, ao declarar a doença provocada pelo novo coronavírus como pandemia, a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertava os governos dos países para a necessidade de se adotar medidas preventivas visando evitar o colapso dos sistemas de saúde, considerados precários em várias partes do mundo. Tal recomendação se devia ao fato de que o vírus, denominado de SARS-CoV-2[2] e que provocava a Coronavírus Disease 2019 (COVID-19), era extremamente contagioso e apresentava uma velocidade de contaminação muito rápida.

Essa mensagem não foi compreendida adequadamente pelas autoridades governamentais brasileiras. Por um lado, o governo federal negou a existência da doença enquanto uma epidemia que acometia toda a humanidade, impedindo e combatendo, inclusive, as medidas recomendadas pela OMS e, por outro, a maioria dos governos estaduais se limitou a atuar muito mais nas consequências do que nas causas, ao não adotar medidas restritivas necessárias para se evitar a propagação da virose em níveis acelerados.
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Razões para Santa Catarina apresentar o maior saldo de empregos formais entre os estados do Brasil em 2020

16/02/2021 16:03

Por: Vicente Loeblein Heinen[1]

O mercado de trabalho foi uma das áreas onde os impactos da crise da Covid-19 ficaram mais evidentes. Com isso, os resultados periódicos das principais bases de dados sobre o tema vieram para o centro do debate. A despeito da importância e do reconhecido rigor das pesquisas do IBGE, como a PNAD Contínua e a PNAD Covid-19 (versão especialmente elaborada para captar os impactos da pandemia), em Santa Catarina esse debate se deu basicamente em torno do Novo Caged, instrumento do Ministério da Economia que condensa as movimentações das carteiras de trabalho do país[2].

Tal ganho de visibilidade não se deve apenas à maior agilidade na divulgação dos dados mensais dessa base de dados, mas principalmente aos seus resultados. No acumulado de 2020, Santa Catarina apresentou o maior saldo de empregos formais dentre todas as unidades da federação, gerando 53 mil vínculos formais de trabalho[3]. Esse resultado foi amplamente repercutido pelo Governo do Estado e pelos principais veículos de comunicação catarinenses, que não perderam a oportunidade de tomá-lo como uma demonstração da “competitividade da economia catarinense”[4] e do “perfil empreendedor de quem está à frente dos negócios”[5].

Fugindo das explicações ufanistas, neste texto elencamos cinco razões pelas quais Santa Catarina liderou a geração de empregos formais em 2020:
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Tags: Blog do NecatcagedCOVID-19emprego formalmercado de trabalhopandemiasanta catarina

Santa Catarina detém a 4ª menor porcentagem da população vacinada no país

09/02/2021 00:32

Por: Lauro Mattei [1] 

Após muitas incertezas sobre o controle da pandemia provocada pelo novo coronavírus, o ano de 2021 trouxe uma luz com o início da vacinação da população brasileira, apesar de todas as ações desastrosas do governo federal, especialmente na esfera da saúde pública. Em grande parte, essa “luz no final do túnel” se deve ao trabalho fundamental de dois órgãos públicos que historicamente têm contribuído na busca de solução para todas as pandemias que afetaram o país: Instituto Butantan e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

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Emprego formal: Santa Catarina tem perda em dezembro, mas encerra 2020 com saldo de 53 mil vagas

05/02/2021 14:59

Por: Maria Eduarda Munaro e Victor Hugo Azevedo Nass[1]

Dando sequência aos acompanhamentos mensais publicados no blog do NECAT, o objetivo deste texto é analisar o comportamento do mercado formal de trabalho do Brasil e de Santa Catarina em dezembro de 2020, a partir dos resultados do Novo CAGED. Para isso, serão analisados os saldos mensais e acumulados do emprego formal por grupamento de atividade econômica, gênero, faixa etária, grupamento ocupacional e mesorregião geográfica.

De acordo com a Tabela 1, no mês de dezembro o Brasil apresentou saldo negativo de 67.906 vínculos formais de trabalho, enquanto Santa Catarina perdeu 11.677 vínculos. Com isso, o Brasil gerou 142.693 vínculos ao longo de 2020, o que representa uma variação de apenas 0,4% no estoque de empregos formais.

Tabela 1 – Evolução mensal de estoque, admissões, desligamentos e saldo (Brasil e Santa Catarina, janeiro a dezembro de 2020)

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Fonte: Novo CAGED (2021); Elaboração: NECAT/UFSC.

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Recuperação de vagas no comércio dá fôlego para a continuidade da retomada do emprego formal em novembro

23/01/2021 14:44

Por: Maria Eduarda Munaro[1]

Dando sequência aos acompanhamentos mensais publicados no Blog do Necat, o objetivo deste texto é analisar o comportamento do mercado formal de trabalho do Brasil e de Santa Catarina em novembro de 2020, a partir dos resultados do Novo CAGED. Para tanto, serão analisados os saldos mensais e acumulados no ano do emprego formal por setor de atividade econômica, gênero, faixa etária e grupamento ocupacional dos trabalhadores.

De acordo com a Tabela 1, no mês de novembro o Brasil apresentou saldo de 414.556 vínculos formais de trabalho, enquanto em Santa Catarina foram geradas 33.004 novas vagas. Com isso, o Brasil acumulou saldo de 227.025 vínculos entre janeiro e novembro de 2020, o que representa uma variação de 0,6% no estoque de empregos formais. Em geral, o mercado formal de trabalho catarinense permanece seguindo as tendências nacionais, mas com ritmo de recuperação mais intenso. No acumulado do ano, Santa Catarina registrou uma variação de 3,2% no estoque de vínculos formais de trabalho, com saldo de 67.134 vagas.

Tabela 1 – Evolução mensal de estoque, admissões, desligamentos e saldo (Brasil e Santa Catarina, janeiro a novembro de 2020)

1

Fonte: Novo CAGED (2021); Elaboração: NECAT/UFSC.
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Setor de serviços apresentou resultado positivo no mês de novembro em Santa Catarina, mas acumulado do ano continua negativo

21/01/2021 19:29

Por: Lauro Mattei [1]  e Lilian de Pellegrini Elias[2]

Breves comentários sobre o setor de serviços no Brasil

Os dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE do mês de novembro para o conjunto do país mostraram a continuidade da recuperação do setor, uma vez que este foi o sexto mês seguido com resultados positivos, fazendo com que a taxa acumulada desse período atingisse o patamar de 19,2%. Mesmo assim, tais resultados ainda não compensaram por completo as perdas ocasionadas entre os meses de fevereiro e maio, período em que a pandemia do novo coronavírus mais impactou o setor.

Esse movimento pode ser observado por meio do Gráfico 1, que apresenta a variação do volume de serviços desde janeiro de 2018. Com isso, é possível notar que a queda das taxas de volume de serviços se acelerou a partir do mês março de 2020 com o começo da incidência da COVID-19, atingindo seu ponto máximo ao final do mês de maio, quando caiu para 83 pontos. Após atingir esse patamar, o setor iniciou um processo de recuperação nos seis meses seguintes, ainda que de maneira lenta. Em função disso, o desempenho setorial agregado no país ainda se encontrava abaixo do valor verificado no início do ano de 2020, bem como abaixo do nível do início da série em janeiro de 2018.

Gráfico 1: Volume de serviços (índice base fixa com ajuste sazonal, 2018=100)

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Fonte: PMS (2020); Elaboração: Necat/UFSC

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Indústria Catarinense apresenta expansão em novembro, mas setores ainda apresentam acumulado negativo

19/01/2021 21:11

Por: Matheus Rosa [1] e Lauro Mattei [2]

Breves notas sobre o cenário da indústria nacional ao final de 2020

No início de janeiro de 2021 o IBGE divulgou a Pesquisa Mensal da Indústria (PIM) relativa ao mês de novembro, revelando a situação da indústria brasileira ao final do ano de 2020. De um modo geral, observa-se que o setor industrial superou as grandes quedas provocadas pelo novo coronavírus nos meses de março e abril, além de que muitos dos setores de atividades já retomaram seus níveis de produção aos patamares anteriores ao início da pandemia. Isto porque os dados do último mês de novembro revelaram que, dos 26 ramos pesquisados, 17 deles já apresentaram resultados positivos, inclusive mantendo um ritmo de crescimento positivo ao redor de 1% ao mês. Obviamente que não se trata de um grande percentual, mas contextualizando-o no cenário adverso enfrentado em 2020 podemos ter noção da importância desse resultado.

O Quadro 1 apresenta a evolução percentual da atividade industrial ao longo do ano de 2020. Os dados de novembro mostram uma tendência de recuperação dos níveis de produção, ainda que num ritmo moderado, uma vez que a expansão da produção física nesse mês foi de 1,2% em relação ao mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal. Essa expansão no mês a mês é a sétima alta seguida após as bruscas quedas verificadas nos meses de março e abril.

Quadro 1: Atividade Industrial no Brasil, 2020

Tabela 1, PIM NOV

Fonte: PIM-PF/IBGE; Elaboração: Necat/UFSC

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Mercado de trabalho catarinense bate recorde de informalidade no 3º trimestre de 2020

19/01/2021 11:37

Por: Vicente Loeblein Heinen[1]

Apesar dos saldos positivos registrados recentemente pelo Novo Caged e pela PNAD Covid-19, a PNAD Contínua indica que o mercado de trabalho catarinense permaneceu em queda ao longo do 3º trimestre de 2020[2]. O objetivo deste texto é verificar quais grupos de trabalhadores contribuíram para esse resultado, analisando o comportamento da população ocupada em Santa Catarina segundo os indicadores de setor de atividade econômica; posição na ocupação e categoria do emprego; sexo; e cor/raça.

Setor de atividade econômica

Considerando os três primeiros trimestres de 2020, o setor industrial foi o que mais contribuiu para a queda do emprego em Santa Catarina. Conforme a Tabela 1, a Indústria de transformação foi responsável pelo fechamento de 76 mil postos de trabalho entre janeiro e setembro de 2020, o que equivale a 28% de todas as ocupações perdidas no período. Esse desempenho foi puxado pela queda abrupta nas contratações dos segmentos têxtil-vestuário, alimentício e de papel e celulose, bem como nas indústrias de bens de capital e de material de transporte.

Tabela 1 – População ocupada por grupamento de atividade econômica em Santa Catarina (mil pessoas).

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Fonte: PNADC/T (2020); Elaboração: Necat/UFSC.
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Santa Catarina foi um dos estados que menos fez testes para Covid-19 em 2020

15/01/2021 00:35

Por: Lauro Mattei [1]

Desde o mês de março de 2020, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a COVID-19 como uma pandemia, a testagem rápida da população foi sempre colocada como uma ação estratégica para combater a doença. Isto porque “as informações sobre testagem são de extrema importância para a avaliação da epidemia e possibilitam entender como a doença está se disseminando. Do ponto de vista epidemiológico, é uma das ferramentas mais importantes para conter, desacelerar e reduzir a propagação da Covid-19” (FIOCRUZ, 2020, p. 03).

A testagem pode identificar rapidamente a parcela de pessoas contaminada em uma determinada cidade, região ou país, possibilitando a adoção de mecanismos adequados e eficazes para controlar a doença, ao mesmo tempo em que permitem às autoridades públicas a adoção de medidas relativas aos demais setores de atividades econômicas e sociais também afetados pela pandemia.

Nesta direção, nota-se que muitos países que adotaram um bom planejamento de testagem são exatamente aqueles mais exitosos no controle da pandemia. Já o Brasil faz parte do grupo de países que menos testes realizou para detectar a presença da doença em sua população, sendo superado por países com o Chile e a Eslováquia, que realizam quase quatro vezes mais testes que os realizados no país. 
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A COVID-19 mês a mês em Santa Catarina: um breve balanço

04/01/2021 20:37

Por: Lauro Mattei [1] 

Ontem (03.01.2021) o estado de Santa Catarina atingiu a marca de 497.345 pessoas contaminadas pela doença provocada pelo novo coronavírus. Com isso, passou a ser o terceiro estado do país com maior número de contaminados, apesar de ser o décimo primeiro estado em termos de população. Além disso, após atingir a marca de 5.314 óbitos, situa-se entre os dez estados com maior número de mortes.

É importante registrar que desde o mês de março de 2020, quando teve início no Brasil a pandemia provocada pelo novo coronavírus, o assunto vem sendo tratado de forma irresponsável por parte de diversas autoridades públicas, seja desqualificando a real dimensão da doença, seja ignorando as recomendações das autoridades sanitárias do país, especialmente em termos das medidas de proteção capazes de evitar a transmissão da doença.

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A covid-19 em Santa Catarina e as falácias do governador

27/12/2020 10:31

Por Lauro Mattei[1]

No dia 23.12.2020 o estado de Santa Catarina já tinha registrado que 472.199 pessoas haviam sido contaminadas pela COVID-19, sendo que 99.654 delas foram contaminadas apenas no mês de dezembro. Além disso, 4.885 pessoas tinham perdido a vida, sendo 1.076 delas apenas nos primeiros vinte e três dias do referido mês. Esses dados revelam a gravidade da situação da doença no estado, o qual apresenta a terceira maior proporção de casos do país, quando feita a proporcionalidade por cada 100 mil habitantes.

Nesse mesmo dia, o governador de SC foi entrevistado no Jornal do Almoço, do Grupo NSC. Tal entrevista foi marcada por respostas evasivas, contraditórias e, até mesmo, distantes da realidade da doença no estado. Neste sentido, esse artigo tem por objetivo discutir muitos pontos controversos apresentados pelo governador, além de apresentar informações oficiais que contradizem a própria fala do referido governador.

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O ritmo de crescimento do setor de serviços em Santa Catarina arrefeceu em outubro de 2020

27/12/2020 10:28

Por Lauro Mattei[1] e Lilian de Pellegrini Elias[2]

O volume de serviços atingiu no mês de outubro o melhor patamar no ano de 2020 no estado de Santa Catarina, ou seja, esse volume situou-se acima dos resultados observados no período imediatamente anterior ao início da pandemia de COVID-19 (março de 2020). Desta forma, nota-se que o desempenho de outubro de 2020 equivale ao patamar verificado no mês de maio de 2019, que é considerado o melhor resultado de 2019, conforme Gráfico 1. No entanto, o resultado positivo em relação aos meses precedentes deve ser observado com certa cautela. Os anos de 2017 a 2020 foram marcados pelo baixo dinamismo do setor de serviços quando comparado com o final de 2014, sendo que o mês de novembro de 2014 marcou o ponto de melhor desempenho do setor de serviços em toda a série da Pesquisa Mensal de Serviços iniciada em janeiro de 2011.

Gráfico 1: Volume de serviços em SC (índice base fixa com ajuste sazonal, out/2014=100)

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Fonte: PMS (2020); Elaboração: Necat/UFSC

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Qual a dimensão do desemprego gerado pela crise da Covid-19 em Santa Catarina?

21/12/2020 19:20

Por: Vicente Loeblein Heinen[1] e Lauro Mattei[2]

Ao contrário do que ocorreu em outros momentos de crise, a queda da produção associada à pandemia da Covid-19 foi transmitida de forma quase imediata para o nível de emprego em todas as regiões do país. Com o rompimento abrupto das atividades de diversas cadeias produtivas e o início das medidas de isolamento social em meados de março de 2020, o mercado de trabalho brasileiro foi fortemente atingido, deteriorando-se em ritmo sem precedentes na história recente do país. A dinâmica desse processo, bem como seus reflexos em Santa Catarina, foi examinada em artigo recentemente publicado na Revista Necat. Este texto visa analisar o comportamento da força de trabalho no Brasil e no estado de Santa Catarina a partir dos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, relativos ao 3º trimestre de 2020.

A situação do mercado de trabalho catarinense diante da calamidade nacional

Em comparação com a média nacional, a queda nas ocupações em Santa Catarina foi relativamente mais severa no 1º trimestre de 2020 e menos intensa no 2º trimestre, a despeito do agravamento do cenário em ambos os períodos. Com isso, no acumulado do 1º semestre o Brasil já havia perdido 11,1% e Santa Catarina 4,5% de todos os seus postos de trabalho (Gráfico 1).
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Produção Industrial de Santa Catarina cresceu em outubro, mas produção acumulada do ano ainda é negativa

18/12/2020 19:48

Por: Matheus Rosa[1] e Lauro Mattei[2]

Os dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal do IBGE (PIM-PF) do mês de outubro revelaram uma possível estagnação da produção industrial do país, uma vez que sete das quinze unidades da federação pesquisadas apresentaram resultados negativos e/ou estagnados. Com isso, verifica-se que, diferentemente dos meses imediatamente posteriores ao período agudo da crise da Covid-19 (março e abril), o mês de outubro registrou baixas taxas de crescimento nas diversas comparações mensais, mantendo-se, desta forma, o cenário negativo para a produção acumulada do ano, quando comparada ao igual período do ano anterior.

No âmbito nacional, como podemos observar no Quadro 1, a produção física teve uma expansão de apenas 1,1% em relação ao mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal. Com isso, o mês de outubro registrou a menor taxa de expansão da produção desde o início da recuperação (9,6% em junho, 8,6% em julho, 3,4% em agosto, 2,8% em setembro e 1,1% em outubro).

Quadro 1: Atividade Industrial no Brasil, 2020

Fonte: PIM-PF IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.<

Dentre as 14 Unidades da Federação pesquisadas no mês de outubro, apenas quatro delas, PR (3,4%), PE (2,9%), SC (2,8%) e MT (1,1%), apresentaram taxas superiores à média nacional, que foi de 1,1%. Além dessas, mais três unidades apresentaram resultados positivos: CE (0,5%), SP (0,5%) e MG (0,4%). Todas as demais apresentaram resultados negativos ou estagnados, destacando-se os seguintes percentuais: RJ (-3,9%), GO (-3,2%), ES (-1,8%), PA (-1,8%), AM (-1,1%) e BA (-0,1%). Apenas no RS a produção ficou estagnada (0,0%) em relação ao mês anterior.

Em relação ao desempenho acumulado do ano (janeiro-outubro), o cenário geral do país ainda é negativo da ordem de -6,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Dentre as 14 unidades da federação pesquisadas apenas quatro delas apresentaram resultados positivos: PE (2,4%), RJ (1,4%), GO (0,7%) e PA (0,1%). Todas as demais detêm um saldo negativo, destacando-se o ES (-17%), CE (-9,8%), RS (-9%), AM (-8,9%), SP (-8,2%), SC (-7,8%), BA (-6,9%) PR (-6,0%), MG (-5,8%) e MT (-4,6%). Tais retrações acumuladas contribuíram significativamente para a geração de um cenário nacional negativo no mesmo período.

Para o conjunto da produção industrial do país, a taxa de apenas 1,1% em relação ao mês anterior, mais do que representar uma mera recomposição de bases comparativas, revela diversos fatores estruturais, com destaque para o arrefecimento da recuperação que estava em curso; para uma queda importante da taxa de crescimento em relação ao mesmo mês do ano anterior; além de descompassos entre os diversos setores, em particular dos bens de consumo duráveis e não duráveis. Tais fatores, sem dúvida, estão indicando uma clara perda generalizada de dinamismo e de ritmo da produção industrial que, em última instância, reflete a dimensão da crise econômica em curso no país.

O desempenho da Indústria Catarinense em outubro de 2020

O Gráfico 1, que ilustra o desempenho oscilante em curso na indústria catarinense há pelo menos dois anos, evidencia a perda de ritmo para a retomada da produção industrial. Assim como no cenário nacional, as altas expressivas após os impactos iniciais da pandemia serviram apenas para recuperar parcialmente os baixos índices de março e abril, porém sem a força necessária para uma recuperação mais efetiva. Com isso, observa-se que também no estado catarinense começou a se desenhar um retorno próximo ao patamar de 2019, caracterizado por baixas variações que configuravam um cenário próximo à estagnação.

Gráfico 1: Produção Física Industrial em Santa Catarina, variação (%) no mês (com ajuste sazonal) – 24 meses

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Fonte: PIM-PF IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

Como é mostrado pelo Quadro 1, a variação mensal de outubro, em comparação com o mês imediatamente anterior, foi de 2,8%. Mantendo uma correlação muito próxima aos resultados do agregado nacional, a expansão da produção industrial de SC no mês de outubro apresentou a menor magnitude desde que se iniciou a recuperação das quedas de março e abril. Como consequência, o resultado acumulado do ano continuou apresentando uma retração da ordem de -7,8%. Em grande medida, esse montante está sendo agravado pela perda de ritmo das taxas mensais de recuperação, mesmo que o parâmetro de comparação seja o baixo resultado apresentado no ano de 2019. Isso significa que ainda há um longo caminho para que a produção industrial de Santa Catarina supere os impactos da pandemia e apresente um cenário de crescimento mais estável e sustentável.

Em comparação ao mesmo mês do ano anterior, a expansão em outubro voltou a ser de 7,6%, repetindo o auferido em setembro. Mais uma vez é importante destacar que esses dados positivos dizem mais sobre a debilidade da indústria catarinense em 2019 do que propriamente uma expansão da produção em 2020. Por isso que o acumulado dos últimos doze meses também é negativo da ordem de -6,8%.

Quadro 2: Atividade Industrial em Santa Catarina, 2020

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Fonte: PIM-PF IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

Comparando-se o desempenho da indústria catarinense em relação às demais UFs pesquisadas (Gráfico 2), observa-se que o estado possui o sexto pior desempenho acumulado, ficando à frente apenas dos estados do Espírito Santo (-17%), Ceará (-9,8%), Rio Grande do Sul (-9%), Amazonas (-8,9%) e São Paulo (-8,2). Além disso, é preciso destacar, ainda, que o acumulado catarinense de -7,8 % continua abaixo da própria média nacional (-6,3%).

Gráfico 2: Produção Física Industrial, acumulado em 2020, por UFs

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Fonte: PIM-PF IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

Esse resultado decorre do desempenho dos diferentes setores que compõe a planta industrial catarinense. Como se pode observar no Gráfico 3, apenas dois dos 12 setores pesquisados apresentaram taxas positivas no acumulado: máquinas, aparelhos e materiais elétricos (2,7%) e máquinas e equipamentos (2,5%).  Já os setores de produtos de borracha e material plástico e de celulose, papel e produtos de papel registraram estagnação em relação ao acumulado do mesmo período de 2019.

Os oito setores restantes continuaram apresentando retrações significativas. Os piores cenários são verificados nos setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (-27,3%), metalurgia (-21,8%) e artigos de vestuário e acessórios (-21,5%). Nos dois primeiros casos, esse fraco desempenho poder estar associada à taxa de investimentos que se situa em patamares baixos atualmente. Já o baixo desempenho do terceiro caso, enquadrado no macro setor de bens de consumo não duráveis, pode estar associado ao dinamismo do mercado interno, o qual sofre os efeitos dos graves problemas atuais, especialmente do elevado nível de desemprego. A continuidade do desempenho desses setores novamente nesses patamares é preocupante, uma vez que poderão afetar bastante a dinâmica econômica do estado também em 2021.

Gráfico 3: Produção Física Industrial em Santa Catarina, acumulado em 2020, por setores

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Fonte: PIM-PF IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

O Quadro 3 apresenta a variação dos setores em outubro, em relação ao mesmo mês do ano anterior. De maneira geral, é possível visualizar um cenário positivo em relação aos níveis de outubro 2019. Dos doze setores pesquisados, 10 deles apresentaram taxas de variação positivas, sendo as mais expressivas registradas nos setores de máquinas e equipamentos (35,5%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (29,5%). As altas expressivas desses setores, que também tinham ocorrido nos meses anteriores, são responsáveis pela elevação das taxas acumuladas.

Quadro 3: Produção Física Industrial de Santa Catarina, variação dos meses de 2020 em relação ao mesmo mês do ano anterior (2019), por seções e atividades industriais

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Fonte: PIM-PF IBGE; Elaboração: NECAT-UFSC.

Os setores de fabricação de produtos alimentícios (-4,5%) e de fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (-10,3%) foram os que apresentaram taxas negativas no desempenho mensal. Destaca-se, novamente, o desempenho da indústria de veículos automotores, uma vez que com a queda brusca de outubro,  registra-se que o setor somou quedas expressivas ao longo de todos os meses de 2020, exceção apenas no mês de fevereiro, quando ocorreu uma expansão bem tímida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O cenário da indústria nacional no ano de 2020 continua muito desfavorável, fato que não pode ser creditado apenas aos impactos da Covid-19, uma vez que esse baixo desempenho já está em curso desde a crise de 2014. Após sofrer fortes impactos nos meses de março e abril de 2020, em função das medidas adotadas para conter a expansão da doença no país, o processo de recuperação tem sido lento, sendo que nos dois últimos meses se observou um arrefecimento que pode estar indicando uma perda de dinamismo da atividade industrial. De alguma forma, os resultados negativos do acumulado do ano, sobretudo no setor de bens de capital (-15,4%) e no setor de bens de consumo duráveis (-24,6%), revelam a dimensão da crise econômica atual que perpasse, inclusive, a esfera específica do setor industrial.

No caso particular de Santa Catarina, notou-se que esse mesmo cenário nacional está em curso na atividade industrial catarinense, uma vez que seu desempenho nos dois últimos meses parece ter retornado ao patamar com baixas taxas de crescimento, sendo que algumas delas praticamente estagnadas. Isto porque, depois de superar os impactos das quedas bruscas verificadas nos meses de março e abril, desenha-se para os próximos meses o retorno para variações produtivas bastante modestas, especialmente em alguns setores essenciais do parque industrial estadual.

Neste caso, acendeu-se o sinal de alerta para os setores de veículos automotores, metalurgia e artigos de vestuário e acessórios, os quais continuam apresentando taxas acumuladas de retração muito expressivas. Em um sentido contrário, despontam com saldos positivos acumulados os setores de máquinas, aparelhos e materiais elétricos e máquinas e equipamentos, em função das variações positivas registradas, sobretudo no último mês.

Desta forma, nota-se que a sustentabilidade do crescimento dos setores com bom desempenho e a recuperação dos setores que hoje ainda apresentam baixas taxas de crescimento dependerá da capacidade dos agentes governamentais em estabelecerem políticas que garantam a efetividade da retomada econômica. Sem esse arcabouço de políticas, articuladas regional e nacionalmente, que tenha como objetivo a retomada dos níveis de produção, renda e emprego, de forma paralela à imunização da população, não haverá possibilidade de recuperação automática do conjunto da indústria catarinense.

[1] Estudante de Economia na UFSC e Bolsista do NECAT. E-mail: matheusrosa.contato@outlook.com

[2] Professor Titular do Departamento de Economia e Relações Internacionais e do Programa de Pós-Graduação em Administração, ambos da UFSC. Coordenador Geral do NECAT-UFSC e Pesquisador do OPPA/CPDA/UFRRJ. Email: l.mattei@ufsc.br